More Than Love escrita por anniemione


Capítulo 31
Hearts Don't Break Around Here




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POV JASON

“O tempo é relativo e não pode ser medido exatamente do mesmo modo e por toda a parte.” Albert Einstein
Essa frase era a perfeita descrição das férias. É assustador como a aula de matemática demora três anos para acabar, mas minhas férias de fim de ano corriam mais rápido que Usain Bolt, principalmente quando estava ao lado de Piper, aí sim o tempo passava em um piscar de olhos.
Comecei a pensar nela, coisa que fazia com muita frequência nos últimos meses, ela era maravilhosa em todos os sentidos... A menina mais linda que já havia visto, a mais interessante, a mais perfeita... Eu ri com esse pensamento, há algum tempo atrás eu nem cogitaria pensar assim sobre alguma menina, mas se bem que ela não era qualquer menina.
— Irmãozinhooo. - Thalia abriu, ou melhor, quase arrombou a porta do meu quarto. - Você deixou seu telefone na cozinha.
— Sai daqui, Thalia. Já disse que não é pra ficar invadindo meu quarto! - Respondi irritado.
— Hm... Eu ein, só achei que você fosse querer atender o celular.
— Você sabe muito bem que eu detesto atender ligações, pode deixar tocar. Agora sai!
— Vou dizer para Piper então que você não tá afim de atender ela. - Meus olhos arregalaram. - Alô? - Thalia disse saindo do quarto.
Meu coração deu um pulo, é claro que se eu soubesse quem era eu adoraria atender. Saltei da cama e fui correndo atrás de Thalia antes que ela dissesse alguma besteira. Para meu desespero ela realmente estava conversando com Piper, trancada dentro do seu quarto. Comecei a bater na porta.
— Me dá esse celular!
— Mas então, cunhadinha, como você está? - Ouvi a voz abafada de Thalia.
— Me da isso agora! - Continuei tentando abrir a porta.
— Jason... Ah não, ele está meio ocupado... - Ouvi mais alguns ruídos.
— Pelo amor de Deus, Thalia!
— Sabe, Piper. Aqui em casa a gente tem um mecanismo para saber quando é você no telefone, quando você liga o Jason fica vermelho, só falta desmaiar. - Ela disse e o desespero tomou conta de mim. Thalia sempre me zoava por causa disso... Conclui: eu odiava minha irmã. 
— Thalia, eu juro por tudo que eu vou...
Para a minha felicidade, ela abriu a porta. Suspirei aliviado enquanto tomava o telefone da mão dela e ela me encarava com uma cara de tédio. Voltei para o meu quarto e só assim que fechei a porta disse:
— Oi Pips... Me desculpa por isso, a minha irma pegou meu celular e ela fica inventando um tanto de mentira...
— Oi Jason. - Ela riu. - Então você não fica vermelho quando eu ligo? - Seu tom irônico denunciava que ela estava brincando, mas não deixei de corar, que droga! Isso sempre acontecia, implorei para que Thalia não me visse agora.
— Ah, - Gaguejei. - ela é louca... Inventa casa coisa.
— Ah sei. - Ela continuou, não muito convencida. - Mas então, eu te liguei porque hoje vai ser o natal no orfanato, você sabe.
Assenti, mas percebi que ela não conseguia me ver.
— Sim.
— Annie pediu para que eu comprasse alguns brinquedos com o dinheiro arrecadado, vou ir para o shopping a tarde, eu pensei... Claro, se você quiser e não estiver ocupado... Podemos ir juntos.
— Eu gostaria muito, que horas nos vamos? - Percebi que ela sorriu.
— Umas duas?
— Por mim está ótimo.
— Se você não quiser não precisa ir, já é mais que o suficiente você ter concordado em passar a noite no orfanato... E eu sei que esse tipo de coisa não é sua programação favorita...
— Piper, qualquer lugar com você é minha programação favorita.
— Ah, certo. - Ela limpou a garganta.  - Obrigada.
Sorri comigo mesmo, eu gostava do jeito que ela ficava sem graça com o que eu falava.
— Te busco aí às duas então.
— Ok.
Ficamos alguns segundos em silêncio, até eu quebra-lo:
— Fiquei feliz que você me chamou, eu estava com saudades de você.
Ela disse mais baixo:
— Eu também. - Então desligou depois de alguns segundos.
Suspirando fui me arrumar, cada dia que passava eu gostava mais dela.

~~

Enquanto andávamos pelo shopping Piper analisava cada vitrine, com nossos dedos enlaçados eu tentava fazer ela andar mais rápido, só que ela insistia em observar cada loja.
— Eu não acredito que a nova coleção da Hudson saiu! Meu Deus, que calça maravilhosa! - Seus olhos brilhavam de animação.
— Vamos Pips! - Disse revirando os olhos, já impaciente.
— Jason... Vamos entrar aqui rapidinho, só quero dar uma olhada na nova coleção.
— Essa calça é mais cara que minha casa! E, aliás, não foi para isso que viemos aqui. Ainda nem terminamos de comprar todos os brinquedos. - Ela desviou os olhos da loja e me encarou, sabendo que eu tinha razão. Já tínhamos comprado mais da metade dos brinquedos, deixamos no carro para não ter que ficar carregando. A Best Toys ficava apenas dois corredores dali.
— OK... - Ela disse derrotada. - Você está com fome? Estou quase desmaiando aqui. - Eu ri quando ela começou a se abanar, fingindo estar desesperada.
— Pips, você só está nos atrasando.
— Ah Jason, vai ser muito rápido e, aliás, se eu estiver fraca não vou conseguir comprar os brinquedos.
— Hm...
— Por favor... - Ela fez uma cara igual ao gato do Shrek, involuntariamente abri um sorriso.
— OK. - Disse contrariado, ela sorriu e me deu um rápido celinho, já me puxando para a praça de alimentação.
Pedimos uma batata frita no Burger King e sentamos para conversar enquanto a dividíamos.
— Então... - Eu disse molhando a batata no ketchup. - Desde aquela festa você já sabia que gostava de mim?
Ela riu, mas eu não entendi a graça. Ela me encarou com um olhar irônico e então disse:
— Qual é, Jason. Até a escola inteira já sabe a resposta.
— Mas eu não. E como assim a escola inteira sabe? Sabe o que?
— Que eu gosto de você, ora.
— Claro que sabem, estamos juntos.
— Eu digo antes disso, todo mundo já sabia. - Ela deu de ombros.
— Espera, eu não sabia que você gostava de mim antes.
— Sério? Nunca suspeitou? Ninguém nunca falou sobre isso com você? Nenhuma vez?
— Bom, algumas pessoas alheias já comentaram, mas eu achava que estavam apenas brincando com você. Percy e Frank nunca falaram nada, mas se bem que eles são meio lerdos...
— Você também. - Ela sorriu enquanto balançava a cabeça. - Não acredito que nunca notou, durante todo esse tempo...
— Quanto exatamente?
— Ah, - Ela corou. - um tempinho.
Eu arqueei uma sobrancelha e ela desviou o olhar.
— Acho que... Desde o início do ano passado.
— E você nunca falou nada?
— Ah, você não me notava. - Ela disse mais baixo.
— Isso porque eu era um idiota.
— É, era. - Ela sorriu para mim e meu coração falhou uma batida.
Desviei o olhar para o lado e vi Drew com algumas amigas apenas poucos metros de nós. Ela encarava Piper com um ódio fulminante. Piper viu o que eu estava olhando e se remexeu incomodada.
— Não liga pra ela, só está com dor de cotovelo. - Afirmei segurando sua mão. Ela assentiu, mas percebi que não estava nem um pouco confortável. - Ei, ela é idiota. E, aliás, eu só tenho olhos para você.
— É só que... - Eu a interrompi com um beijo. Primeiro, porque eu queria muito beija-la. E também porque eu queria deixar bem claro para Drew e para qualquer outra pessoa que eu era dela, e ela minha.
Esse beijo me trouxe as lembranças do nosso primeiro.
“ - Mas como você tem tanta certeza que ela vai querer ficar comigo? - Indaguei quase gritando, a música estava muita alta, mas eu já tinha ido em tantas festas que isso nem me incomodava mais.
— Eu sei que ela vai. - Camilla respondeu cruzando os braços. - Eu não estou entendendo, Piper é uma menina bonita, por que toda essa relutância?
— Eu só não estou a fim de levar um fora, ok?
— Só vai, Jason! - Ela desviou o olhar para porta. - Ah, ela chegou!
Camilla foi em direção a Piper, que parecia meio perdida. Eu a observei enquanto sua amiga a levava para junto das outras líderes de torcida. Eu precisava admitir: Piper era gata. Mas eu sabia que com ela não poderia ser igual às outras, Piper não era esse tipo de garota, mas aquilo só me fazia ficar mais interessado nela.
Desviei o olhar para ver quem estava me cutucando, Drew me encarava sorrindo com um copo na mão, pelo hálito era notável que estava bêbada. “Ah não” Pensei “Agora não.” Não estava com paciência para ela agora, essa menina me perseguia! Mesmo que eu nunca tivesse nem a beijado, ela estava desesperada para ficar comigo.
— Oi gato. - Disse com a voz arrastada. - O que você acha de irmos para outro lugar?
Torci o nariz involuntariamente, eu não ficaria com ela nem que me pagassem. A analisei dos pés à cabeça e conclui que tinha que sair logo dali antes que ela se jogasse pra cima de mim, mesmo que Drew fosse bonita ela não fazia nada meu tipo. Além do mais, por mais idiota que eu fosse (e olha, eu sabia que eu era) nunca ficaria com uma menina bêbada, não me aproveitaria de alguém assim.
— Drew, - Suspirei impaciente. - eu não gosto de você. Isso aqui - Fiz um sinal com o dedo indicador apontando para nós dois. - nunca vai acontecer.
— Você não sabe o que está falando... Eu... - Ela cambaleou e caiu em cima de mim, a arrastei até uma cadeira e a deixei ali. Ela estava muito chapada pra se dar conta do que estava acontecendo.
Voltei a observar Piper e vi que ela estava sentada sozinha, sorri comigo e caminhei em sua direção.
— Oi Piper. – Disse me aproximando.
— Ah, oi Jason. – Ela se virou para mim, seus olhos eram lindos... Espantei esse pensamento e esperei que ela me convidasse para me aproximar dela. Como ela não disse nada, eu perguntei:
— Posso me sentar com você? – Ela assentiu enquanto se afastava um pouco, dando mais espaço para mim, uma pena... Queria ficar mais perto dela. – Está gostando da festa?
— É legal, eu nunca tinha vindo em nenhuma assim.
O que?
— Nunca tinha vindo em uma festa? – Perguntei assustado, ela desviou os olhos e encarou o chão. Aquela informação me fez gostar mais dela, ela era diferente, e eu achava isso legal.
— Não. – Comecei a analisá-la. Ok, eu admito, ela era muito gata. Percebi que ela estava ficando constrangida com o silêncio, decidi quebra-lo.
— Você quer dar um passeio lá fora? – Apontei para a área da piscina, quando ela assentiu comecei a conduzi-la até o jardim.
Seus olhos analisavam o jardim, ela estava pensativa, indaguei se ela estaria pensando em mim.
— O que está achando do time? – Perguntei, esperando trazer a sua atenção para mim. Descobri que ela tinha entrado para a equipe quando ouvi alguns caras do time comentando sobre ela, fiquei com curiosidade de saber quem era a famosa “carne nova do grupo”.
— Estou gostando. Sempre gostei de esportes, e treinar com as líderes de torcida é algo novo para mim. Eu gosto de tudo, menos quando a treinadora começa a gritar dizendo que está horrível. Será que ela não percebe que está ótimo? Ou aqueles óculos impedem que ela enxergue direito? - Ri lembrando dos enormes óculos da treinadora.
— Eu não pratico esportes, mas acho que todo treinador é assim.
— Porque jogar o Will na lixeira realmente não conta como um esporte. - “Ai”.
— Imagino que não, mas é engraçado. - Disse a primeira coisa que me veio à cabeça, mas por sua reação sabia que era melhor eu ter ficado quieto. - Mas perdeu um pouco a graça depois que o Percy parou. - Afirmei tentando amenizar o clima. 
— Talvez você devesse pensar no porquê. - Fiquei nervoso quando ela disse isso, ainda não acreditava que ele tinha trocado eu, o melhor amigo, por uma garota. Sorrindo ironicamente respondi:
— Sei muito bem o motivo, e acho que ele está exagerando.
— O amor muda as pessoas.
— Ainda é muito cedo para amar. Curtir? Sim. Amar? Isso pode ser deixado para mais tarde. - Eu dizia com sinceridade, eu poderia ser um babaca com as garotas, mas pelo menos era sincero. Nunca disse para nenhuma que eu a amava. Me lembrei de um trecho do que costumava ser meu livro favorito quando era menor:
“Peter Pan: Ódio é uma palavra forte, não acha? 
Wendy: Amor também é, mas as pessoas falam como se não significasse nada”
Eu sabia desde criança que não seria uma dessas pessoas.
— Eu não acho que exista um tempo certo para o amor. Só... acontece.
— Você é bem romântica, não é? – Sorri, eu gostava disso nela. E no meu íntimo tinha a convicção de que Piper também não era como essas pessoas, ela levava o sentimento a sério. Talvez fosse cedo para julgá-la assim, mas minha intuição nunca teve tanta certeza.
— Pode se dizer que sim, eu acredito fielmente nos felizes para sempre.
— Você tem muita sorte então.
— Sorte? Por que?
— É, sorte. Sorte por ter tanta esperança, nem todos tem isso.
— Infelizmente, é muito triste ver as pessoas se contentando com a média, sabe? Estando em relacionamentos que ficam na média, exercendo suas profissões de forma medíocre... quero que minha vida, em tudo, seja muito acima da média. O problema é que as pessoas não têm esperança em uma vida fora do comum, elas acham que não vale a pena ter.
— Verdade... mas e se ela se decepcionar?
— E se não? E se ela perder uma vida maravilhosa por medo de assumir um risco?
Refleti sobre suas palavras, eu não me sentia exatamente assim? Tinha convicção de que, apesar de muitos o banalizarem, o amor existia. Mas ao mesmo tempo tinha medo de não ser como eu esperava e me decepcionar. Essa era minha maior insegurança. Não me permitia amar ninguém romanticamente, não me permitiria uma decepção.
Piper, com apenas poucas palavras, conseguiu mexer com a parte mais íntima de mim, tocou no meu mais bem-guardado segredo.
Comecei a observa-la, ela estava tão linda, aquele instante estava tão perfeito. Era um daqueles momentos que eu desejaria congelar e viver nele para sempre. Eu nunca desejei beijar tanto alguém como eu desejava beija-la ali. Não queria me aproveitar dela, só beija-la, abraça-la, acariciar seus cabelos e me permitir sentir tudo o que ela despertava em mim.
— Sabe Piper, com você me dizendo essas coisas tão bonitas e estando tão linda fica difícil não querer assumir o risco de te beijar. 
Ela sorriu para mim e conclui que aquilo era um ótimo sinal. Delicadamente colocou seus dedos sobre minha bochecha, que formigou com seu toque, passei a mão pelos seus cabelos macios até parar na nuca e me aproximei até meus lábios encontrarem os dela, me proporcionando o melhor momento que eu já tinha vivido.
Depois disso eu não conseguia mais parar de pensar nela. Piper despertou coisas em mim que ninguém jamais havia despertado. “Eu não posso estar gostando dela!” pensava “E se ela não gostar de mim? E se ela me humilhar e brincar comigo? Não posso desmanchar minha reputação desse jeito.”
Eu comecei a sufocar qualquer sentimento por Piper, não ia me permitir ficar sofrendo por uma garota. Mas suas palavras e seu beijo estavam impregnados na minha cabeça. Tentei até namorar a Drew para ver se conseguia tirar isso de mim, não funcionou. Namorar Drew era algo seguro, minha reputação permanecia intocável e não havia a mínima chance de eu me apaixonar por ela.
Mas ainda assim toda a vez que eu via Piper meu estômago revirava. Quando pensei que ela estivesse com o Grover foi a pior experiência da minha existência. Eu não aguentava ver ela com outros meninos. Tentei de todas as maneiras ignorar aquilo, mas, quando cansei de tentar, conclui que eu não era forte o suficiente para lutar contra esse sentimento.
Só esperava que ela não estivesse apaixonada por Grover, que eu ainda poderia conquista-la.”

Assim que nos afastamos, ambos sorrindo, só pensava em como a vida era irônica. Eu, que nunca havia me permitido gostar de ninguém, estava apaixonado por Piper Mclean.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??



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