POV PERCY

Eu e Annabeth estávamos conversando no pátio do colégio, percebi que algumas pessoas nos encaravam, deve ser porque éramos o mais novo casal da escola. Eu estava falando para ela do problema com meu pai, eu gostava de quando ela me ouvia e me aconselhava sobre meus problemas, era legal ela não ficar falando apenas dela mas prestar atenção em mim também.

—E ele me ligou ontem dizendo que viria nos visitar.

—Isso é ótimo, porque está chateado então?

—Não estou chateado, é mais para surpreso, faz anos que não vejo ele.

—Vai ver ele quer se reconciliar com você.

—Talvez, mas eu não quero. É estranho pensar que ele vai vir aqui, eu já me considerava órfão de pai.

—Isso é complicado, mas acho que todo mundo merece uma segunda chance.

—Ele não, acho que você não vai entender, mas é bem ruim conviver com a sensação que seu pai te abandonou.

—É, não posso dizer que sei como você está se sentindo, mas acho que se você ficar guardando rancor dele vai ser pior para você.

Assenti, e voltamos para a sala.

Na aula de física o professor pediu para formarmos dupla para um trabalho, eu fui com Grover.

—Eai Percy?

—Oi Grover.

—Você entende alguma coisa de física?

—Ãn... um pouco, meu problema é com matemática.

—É, eu não gosto. Mas nesse trabalho... Vamos marcar de fazer onde?

—Pode ser na minha casa, ás 6?

—Ok.

Decidimos mais algumas coisas, e assim que acabamos ele perguntou:

—Você é amigo da Piper?

—Sim, ela é legal.

—Eu também acho, e muito bonita.

—É.

—Será que você podia... sabe, falar bem de mim para ela?

—Você gosta dela?

Ele assentiu.

—Tá.

—Percy, você é o melhor ser humano que existe.

—Valeu. Eu vou pedir para a Annie ajudar também, tudo bem por você?

—Ok.

A aula acabou e eu fui conversar com a Annabeth.

—Oi. - Eu beijei ela – Eu preciso falar com você.

—Ok, o que foi?

—Grover me disse que gosta da Piper, e quer nossa ajudar.

—Da Piper? – Ela começou a rir – Foi mal, é que só é meio difícil imaginar os dois juntos.

—Eu também acho, mas vamos dar uma força para ele.

—Tá, o que você pensou?

—Você é a esperta, vai pensar em algo muito mais inteligente do que eu.

—Na verdade eu só pensei em chamar a Piper para sair, e você nos encontrar “acidentalmente” com o Grover.

—Você sabe se ela gosta dele?

—Ela pode negar até a morte, mas acho que tem uma quedinha pelo Jason.

—Ah, prefiro o Grover.

—Eu também, mas quem decide é ela.

Meu celular começou a tocar, olhei e era meu pai. Arregalei os olhos, Annabeth viu e disse:

—Atenda, Percy.

Atendi por impulso, mas me arrependi no segundo seguinte.

—Oi Percy.

—Oi Sr. Jackson.

—Pare com essa formalidade toda! Me chame de pai.

—Pai...

—Melhor, eu estou no aeroporto, devo chegar hoje á noite. Queria te convidar para jantar.

—Eu não sei se vou poder...

—O que há com você Perseu? O que é mais importante do que sair comigo?

Qualquer coisa, pensei com raiva.

—Tenho algumas coisas de escola...

—Já que você tocou nesse assunto, como estão as inscrições para a faculdade de medicina?

—Medicina? Eu não... ãn... nunca pensei em medicina.

—Nós conversamos sobre isso hoje á noite, vou te buscar ás 8.

—Eu...

Desligou.

—Eai? Como foi a conversa? – Annabeth me olhou com expectativa

—Parece que vou jantar com ele hoje.

—Legal, só não... tente não brigar com ele.

—Vou precisar de muita paciência.

—Conte, sempre funciona comigo! Sabe... quando estou nervosa sempre começo a contar na minha cabeça até a raiva passar.

—Vou fazer isso, hoje o ensaio foi cancelado, eu te acompanho até em casa.

Ela assentiu e nós fomos embora.

Quando cheguei em casa, contei para minha mãe sobre a conversa com Poseidon.

—Ah, ele... ele mencionou alguma coisa em relação a mim?

Fiquei meio mal por ela, sofrera bem mais com sua partida do que eu.

—Bem... foi uma conversa bem rápida.

Ela baixou o olhar e disse que iria tomar um banho, decidi fazer o mesmo.

Meu pai se atrasou 30 minutos, mas pelo menos apareceu. No caminho eu me senti extremamente desconfortável, tanto pelo fato de nem ter cumprimentado direito minha mãe quanto de que nenhum dos dois sabia o que falar.

—Como foi a viagem?

—Cansativa, como vai à escola?

—Cansativa.

Seguimos o resto do percurso calados.

Quando chegamos no restaurante vi duas pessoas sentadas em uma mesa.

—Er... Percy, esses são Anfitrite e Tyson.

A mulher sorriu para mim, era loira e tinha olhos castanho, o menino, acho que tinha 11 anos, acenou. Eu posso ser lerdo, mas sabia exatamente o que estava acontecendo, comecei a contar mentalmente, 1, 2, 3...

—Essa é minha esposa, e meu filho. Achei que já estava na hora de vocês se conhecerem.

—Prazer. – Estendi a mão e a mulher a apertou.

—Pode se sentar aqui, Percy. - Poseidon disse

Me sentei ao seu lado.

—Conheci Anfitrite em uma viagem de negócios, ela sempre me ajudou muito. Eu estava meio perdido nos meus primeiros meses em Nova York, ainda bem que ela estava lá, depois não consegui mais fugir dela, nos casamos, desculpe não te convidar, você era muito pequeno e...

—Tudo bem.- Eu disse olhando o cardápio. Eu geralmente gostava de garotas loiras, mas não essa. Tantas coisas e ele pede desculpa por não me convidar para o casamento?! 1, 2, 3, 4...

—Me conte um pouco sobre você, Percy. – Minha madrasta pediu.

—Ok, tenho 16 anos. Estou cursando o Ensino Medio...

—Não isso! Quer dizer... o que mais gosta de fazer, seus amigos, tem namorada...

—Eu gosto de sair com meus amigos, meus amigos...

—Jason e Frank, certo?

—Não mais, e tenho sim uma namorada.

—Precisamos conhece-la. – Disse Poseidon de uma forma animada

—Pode ser...

O resto da noite foi o melhor que se pode ser nessa situação, eu gostei de Tyson, me lembrava eu quando tinha a sua idade, mas ele é mais esperto. Poseidon me deixou em casa e disse que ficaria aqui o resto da semana, ele não é totalmente horrível, mas eu nunca havia “contado” tantas vezes quanto nessa noite.