Ciano escrita por LC_Pena


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Talvez haja uma continuação, de qualquer forma, preferi terminar por aqui, porque o plot só me veio até aqui, sorry.

A título de informação, ciano é o que os designers chamam de água e nós, reles mortais, chamamos de azul piscina.



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Ciano

Azul era a cor mais difícil de todas, estava decidido.

Essa era uma daquelas constatações bem tolas e que, no plano geral das coisas, não fazia nenhum sentido. O garoto dominava 47 tons distintos de azul desde os cinco anos de idade, então dizer que a cor era “difícil” deveria ser considerado, no mínimo, um contrassenso.

Ok, então, reformulando o pensamento: azul não era uma cor difícil, o que era difícil, na verdade, era achar o tom ideal de azul. Decidiu mudar de estratégia. Pegou sua tabela de cores Pantone¹, resolvido a clarear, em pelo menos alguns tons, a cor de sua pele. Se concentrou em mudar seu tom de 475 para 698.

Não, ainda não estava certo.

Se aproximou ainda mais do espelho, analisando os olhos, hoje em uma coloração azul violácea 2726, que não combinava com absolutamente nada e que ainda por cima parecia completamente errada em seu rosto comum...

Ouviu duas batidas na porta, dois toques rápidos e baixos, quase uma continuação um do outro. Essa era sua avó, Andie, com certeza.

–Seu tio Gui chegou, querido.

O menino olhou para a avó, através do espelho e ela lhe sorriu de volta, estranhando os olhos azuis. Com um piscar de olhos, ele voltou para a cor mel natural, ao mesmo tempo em que guardava seu catálogo Pantone na mochila.

Terminou de jogar as últimas coisas no malão, sabendo que a qualquer minuto iria ser importunado pelo seu atraso, só que esse ano seria com razão, segundo seu relógio projetor da Enterprise². Deixou a bagagem no quarto mesmo, seu tio ou avô a desceriam com magia.

Ted saltou seu caminho para baixo, de dois em dois degraus, como sempre, mas acabou aterrissando no chão de madeira, como nunca. Ele nunca havia caído dessa escada antes. Olhou para trás, para tentar identificar onde havia tropeçado, mas não encontrou um motivo e sim uma pessoa o olhando.

Pelo sorrisinho ladino e convencido, a pessoa era o motivo dele ter caído de cara no chão.

–Que estabanado, Ted. – A garota de 11 anos o encarava satisfeita, como um gato que acabara de pegar um passarinho particularmente saboroso em sua armadilha.

Torie. – A menina não se intimidou nem um pouco com o tom rosnado de sua nêmese, resolveu que era muito mais produtivo se abaixar e recolher a linha quase imperceptível, que havia amarrado no pé da escada, bem ali, no terceiro e antepenúltimo degrau. – Eu podia ter morrido.

–Mas não morreu. – A menina fez um biquinho, divertido e desdenhoso, ao mesmo tempo. – Você vai chorar, Teddy bear³?

O garoto aproveitou que estava no chão, para olhar as meias ridículas que ela usava até o alto das pernas magrelas hoje. Aí estava uma excelente deixa para fazê-la ruborizar e perder a aura de superioridade, mas Ted sabia melhor, falar da aparência de Victorie só a faria triste e ele não a queria triste.

Não, Ted Lupin queria Victorie Weasley furiosa, raivosa e potencialmente mortífera.

Mas isso não queria dizer que ele não pudesse dar risada das meias ridículas que acabavam em orelhinhas felinas pontudas, acima dos joelhos. O garoto começou a rir, fazendo Victorie o encarar com o cenho franzido.

Ele havia batido a cabeça? Ted passou a gargalhar mais forte, ante a cara de aborrecimento da loira, já segurando a barriga que começava a doer. Torie iria tomar uma providência, algo drástico, como de costume, mas foi interrompida antes disso.

–Eu deveria perguntar o que está acontecendo? – Seu pai sussurrou em seu ouvido, curioso e assustado com a cena. Ted ostentava um cabelo laranja bastante chamativo e rolava no chão como se tivesse assistido a um espetáculo de Shimpling(4).

–Ted sendo Ted. – A garota falou, dando as costas para o primo estúpido, antes que ele percebesse o quanto esse final alternativo da sua peça incomodara.

–Ok, Ted, hora de irmos, já estamos atrasados. – Gui ajudou o garoto a se levantar do chão, Merlin, era impressão sua ou esse garoto havia crescido mais uns 10 cm desde a última vez que tinha o visto? E isso fora na semana retrasada! – Por que sempre o encontro em alguma situação estranha?

O garoto se deixou ser abraçado de lado, ainda limpando as lágrimas remanescentes da sua crise de riso. – Sua filha que me coloca na maioria dessas situações.

–Na maioria?

–Em todas. – Ted completou, satisfeito que seu tio Gui sempre conseguia ver através da falsa aparência angelical de Victorie. – Cadê Nique?

A menininha de 8 anos apareceu, como se conjurada por magia.

–Esse ano você vai perder o trem.

A garota ruiva, com o cabelo que sempre parecia indomável demais para estar preso, falou com um sorriso esperançoso e um tom conclusivo.

–Você diz isso todos os anos.

–Estamos mais atrasados do que nunca dessa vez! – Ela fez um gesto enfático com as mãos, arregalando os olhos para dar mais veracidade a sua constatação. – Não vai dar tempo.

–Seu pessimismo me comove, Nique. – Ela deu um suspiro teatral, fingindo estar triste com a possibilidade real de seu primo perder o trem. – Ou deveria dizer otimismo?

–Para a lareira os dois. – Gui falou, bem ciente de que a previsão da filha poderia sim se tornar realidade, caso continuassem nesse ritmo. A ruivinha ainda tentou encontrar um motivo para atrasar a viagem, mas seu pai já conhecia todos os seus truques. – E tire a mochila de Ted de detrás da planta, Dominique Lucretia(5) Weasley.

A ruivinha resmungou, enquanto passava na frente do pai em direção a lareira, levando a mochila surrada do primo consigo.

Gui apenas revirou os olhos, todo o ano era a mesma coisa.

Na estação de trem, Gui dava graças a Merlin por suas crianças serem todas coisinhas bem chamativas, porque no meio daquela multidão, era bem fácil perder todos de vista. Torie seguia na sua frente, empurrando as malas de uma maneira elegante, através do caminho aberto sem nenhum modo, por Ted. O garoto chamava a atenção por onde passava, com seu atual cabelo laranja.

–Nique? – Sentiu uma mãozinha no cotovelo e um olhar de quem sabia o que tinha acontecido. A ruiva percebeu que seu pai a havia perdido de vista, mas ela não o culpava, estava a muito tempo tentando desenvolver suas habilidades furtivas. Nique puxou a capa do pai para chamar a atenção dele de novo.

–Olha pai, o senhor Malfoy! – A pequena estava certa, como sempre. Estranhamente, Nique era sempre a primeira a ver Draco Malfoy chegar na estação de King Cross. Cumprimentou o homem à distância, com um simples aceno de cabeça.

As pessoas nem sequer reconheciam mais o infame Draco Malfoy, estavam muito mais preocupadas com suas vidinhas e problemas existenciais rotineiros, o que estava muito bem para o loiro. Levantou a mão para cumprimentar o homem mais velho.

–Chegaram atrasados de novo. – O loiro falou, com um tom de voz que demonstrava que estava apenas brincando. A relação entre Gui e Draco sempre havia sido, no mínimo, cordial, pelo bem de Ted.

–Culpe o garoto, ele sempre deixa o malão para terminar no último segundo. – Draco sorriu para o ruivo e abaixou para cumprimentar a pequena que já lhe sorria, espertamente.

–Trouxe o quê para mim? – Gui sussurrou um “Dominique”, mas na verdade já não havia muito que pudesse fazer a respeito da indiscrição da filha com Malfoy, ele havia dado abertura o suficiente para ela.

–Esse aqui é um bom presente, veja. – Ele tirou do bolso algo que era mais ou menos do tamanho de uma moeda e tinha... Mas era uma moeda mesmo! Nique estava encantada, havia começado no verão passado a colecionar moedas antigas, desde que achara uma na beira do lago em Ottery. O senhor Malfoy se lembrou disso! – Chama-se dracma(6), seu pai deve ter lhe contado algo a respeito...

Nique olhou para seu progenitor com um olhar acusador. Não, ele não havia contado nada sobre dracmas, podia garantir. Voltou a encarar a pequena peça de prata, entre os dedos. Não era muito grande e tinha as pontas irregulares, como se o tempo tivesse sido particularmente cruel com ela.

A moeda tinha alguns pontos escuros e provavelmente competiria para ser uma das mais valiosas da coleção. No entanto, seu xodó ainda era a moeda chinesa de bronze, que se assemelhava a um tridente, dada por um dos amigos de seu pai.

Dominique analisou mais atentamente a moeda. Uma das faces tinha um desenho em alto relevo de uma mulher de cara larga e nariz estranho. Não era bonita, mas tinha os cabelos ondulados e cheios, como os seus. Sorriu para isso.

–Você gostou? – O homem perguntou, já tendo retornado à sua postura aristocrática de sempre. A ruivinha fez que sim, com a cabeça. Amava todos os presentes do senhor Malfoy, tio de Ted, que bem poderia ser seu também!

–Como se diz, mocinha? – Gui falou com um tom falsamente repreendedor, sabia que a filha iria agradecer ao homem mais cedo ou mais tarde, mas gostava de dizer essa frase em específico, desconhecia o porquê.

–Obrigada, senhor Malfoy. – O loiro teria completado seu assentimento para o agradecimento educado, com apenas uma ponta de ironia, demonstrada pelo segurar medieval da saia feito pela garota, quando teve o raciocínio interrompido por um abraço de urso já conhecido.

–PRIMO DRACO! – Draco retribuiu o abraço efusivo do garoto colorido e cheio de energia, um dos únicos parentes vivo que tinha, como se não tivesse devolvido ele aos avós anteontem.

–Porque insiste em me chamar de primo, Edward? – O garoto fez uma careta pelo uso do seu nome completo, mas logo a substituiu por um sorriso travesso, que lhe era tão característico.

–Mas se é meu primo! Não é porque é velho que eu deva te chamar de tio. – O menino disse, bem ciente de que essa era uma daquelas coisas que faziam com que os adultos se irritassem com ele. Se era velho era velho, oras. Ele não tinha culpa disso!

Draco resolveu que iria ignorar mais uma das tiradas engraçadinhas do jovem Lupin, aquele menino era uma peste.

–Deixou o malão para ser feito no último momento de novo? – O apito do trem poupou Ted de ter que dar uma resposta ao seu primo de segundo grau. Todo ano era a mesma coisa, o que importava se ele se atrasava? Ele sempre conseguia chegar no trem no horário, não?

Gui puxou a filha mais velha para si, aproveitando que o restante do grupo estava distraído com a discussão dos descendentes Black.

–Hey, garotinha, lembre-se do que sua mãe disse...

–“Qualquer problema, fale com Ted”, já sei. – A garota repetiu, cansada. Sua mãe e pai pareciam ter uma fé cega de que Ted seria sempre a solução de seus problemas, como se não fosse ele a causa deles, na verdade!

Tudo bem, tinha que admitir, se sentia um pouco melhor sabendo que o primo estaria lá. Apesar de todas as provocações, Torie sabia que podia contar com o garoto para tudo. Ele era a pessoa que mais confiava em todo o mundo!

Gui abraçou a filha rápido, odiava despedidas e já tinha dito tudo que precisava dizer em casa. Olhou a menina dos seus olhos pela última vez, antes que deixasse Hogwarts a transformar para sempre, como tinha acontecido com todos os Weasley antes dela.

Recebeu um abraço rápido e enérgico do filho de sua melhor amiga também, que o distraiu das suas divagações a respeito da vida e seu curso eternamente para frente, avante. Olhou Ted de soslaio.

–Você cuide bem dela, garoto. – O rapaz de treze anos o olhou seriamente, como costumava fazer de vez em quando, em momentos especiais. Era um traço que o fazia se parecer ainda mais com o seu falecido pai.

Sempre, tio. – Gui sorriu. Como podia ter esquecido? Provavelmente não seria Hogwarts que mudaria sua Torie para sempre.

Seria ele.

Não precisava olhar para saber que parte do nó celta em prata, que fora tão importante em sua juventude, estava bem escondido sob o moletom dos Falcons de Edward John Lupin, no colar que pertencera a Ninfadora Tonks Lupin.

Sabia também que a outra metade do símbolo de sua eterna amizade estava em uma pequena pulseira de couro envelhecido, no braço da linda garota loira que encarava sem entender o olhar contemplativo do pai.

Merlin, transformação e eternidade, de fato, ainda se surpreendia com o poder das palavras.

Ainda se surpreendia com o poder dela.

***

A seleção já estava quase acabando e logo, logo...

–Ah, essa eu dou um 9. – Ted olhou para seu melhor amigo, bravo. O jovem negro deu de ombros, sem se intimidar. – É linda, mas ainda tem joelhos ossudos.

–Essa é minha prima, Mick. - O garoto fez um “o” com a boca, mas se recuperou rápido, com um sorriso malicioso.

–Toda garota é prima de alguém, John. – Ted o empurrou pelos ombros, bestificado com o tamanho da cara de pau Michael Thomas, vulgo seu melhor amigo. Quase perdeu o anúncio da Casa de Torie, tentando apagar aquele sorriso ridículo da cara dele.

–CORVINAL! - Todo o salão rompeu em palmas, novamente. Ted bateu palmas também, tentando capturar o olhar de sua amiga através das cabeças dos colegas animados, mais com a eminência do jantar do que com a escolha da Casa de uma primeiranista, claro.

O garoto assistiu impassível à última criança ser selecionada, tentando entender aquele sentimento agridoce que estava sentindo. Victorie tinha sido selecionada para a Casa dos espertinhos então, grande surpresa! Ted tinha certeza que ela não seria selecionada para a Lufa-lufa, mas ainda assim...

Tocou o colar da sua amizade com ela, por cima das vestes de sua própria Casa. Então havia uma parte dele que esperava que Torie ficasse junto dele, como nos velhos tempos? Que bom que essa parte estava morta agora.

Esperança é sempre um sentimento perigoso de se ter.

Ouviu apenas o final da conversa que seus amigos travavam, ainda tentando decidir se ia ou não falar com Torie, para cumprimentá-la, como mandava a boa educação. Vó Narcissa sempre havia enfatizado a necessidade de ser educado, mesmo quando não se queria.

–Ingrid, baixe a voz! – Sibilou uma Maddie bastante irritada a sua frente.

–Mas se não está escutando! – A dita cuja falou, dessa vez sendo ouvida por Ted, que preferia continuar sem ter que escutá-la. Ele fez questão de ignorar a conversa toda. Céus, três meses não era tempo suficiente longe dessa louca, pensou, resignado.

–Se não está escutando, gritando é que você não vai atrair a atenção dele. – Maddie completou impaciente, logo percebendo que a criatura ao seu lado não entendia indiretas. Ted achava que a morena deveria ser canonizada, pela paciência com sua gêmea.

–Jogar um pãozinho nele poderia ajudar...- O garoto de cabelo laranja resolveu parar de fingir que não estava escutando essa conversa estapafúrdia, antes que Ingrid aceitasse a sugestão de Mick.

–O que você tanto quer me dizer, McLaggen? – A garota, com um cabelo um pouco mais claro que a irmã, talvez um 139 ao invés do 469 de Maddie, parecia satisfeita de ter toda a atenção sobre si.

–Dessa vez eu trouxe o equipamento adequado, senhor Lupin. Hoje você não me escapa. – Ted a olhou intrigado e depois assustado. Droga! Tinha mesmo dito a Ingrid McLaggen que topava ser sua cobaia nessa nova maluquice que tinha colocado na cabeça? Estava mesmo perdido.

***

–Precisa ficar quieto, se não vai estragar tudo! – Ted estava muito certo de que no lugar do “vai” dito, deveria estar um “vou”, a culpa nunca era da vítima, assim dizia seu padrinho. – Segure ele, Mick.

O dito cujo fez menção de se aproximar, mas levou um chute do amigo. Ted lamentou que a posição desconfortável, com o rosto colado na mesa de centro em frente a lareira do Salão da Lufa-lufa, não lhe permitiu acertar o garoto de jeito.

–Fica quieto, Ted! – Maddie pediu, em um tom que soou como um imploro. Se tinha alguém que sabia do risco que ele estava correndo nas mãos da nada habilidosa Ingrid, esse alguém era a sua irmã. – Já pode tirar o gelo?

A sua algoz afirmou silenciosamente, com uma postura profissional. Ted tirou o cubo de gelo, que estava usando para anestesiar a orelha, e o jogou na lareira que serviu de esterilizante para a agulha que iria...

Oucht, o gelo tinha servido para bosta nenhuma!

Mick deu uma risada misturada com uma careta, ele não era lá muito chegado a ver sangue, mas aguentou firme, pelo bem da história que contaria para os outros, amanhã de manhã. Ted já tinha uma aparência naturalmente descolada, por causa da metamorfagia, um piercing era só um complemento.

Ingrid aceitou da irmã a pequena e grossa argola prateada, a colocando no furo recém-aberto. Olhou satisfeita o resultado do seu trabalho.

–Ah, bom, isso foi muito fácil! – Falou animada, para ninguém em particular.

Ted levantou, aceitando o lenço de Maddie para limpar a orelha. Estava curioso para ver como havia ficado. Olhou-se no espelho em cima da cornija da lareira. Ele parecia... Rebelde.

Mudou o cabelo para um roxo elétrico, mas tarde checaria qual era o código da cor exatamente. Viu Maddie se colocar na ponta dos pés, para olhar melhor o resultado pelo espelho.

–Hum... Parece o típico garoto que os pais não querem que as filhas apresentem como namorados. – Ele sorriu para ela, maliciosamente.

–E quem disse que eu quero ser apresentado?

***

Era um dia qualquer no final do outono.

Estava seguindo um pouco atrás de seus amigos barulhentos, distraído. Parou para recolher uma folha particularmente bonita, em um tom de bronze exótico. 180 ou 492? Nenhum dos dois. Aí estava o problema com as malditas cores, elas nunca pareciam se encaixar na sua limitada paleta de cores.

O espectro que podia enxergar, por outro lado, era infinito.

–Hey, Ted! Aquela ali não é sua prima? – Ele olhou para onde Maddie apontava e encontrou algumas meninas da Corvinal rindo escandalosamente à beira do lago. Torie estava entre elas. Viu pela visão periférica quando Mick mudou a rota, se dirigindo às garotas que ainda não tinham percebido sua presença.

–E essa água, Weasley? Gelada? – Victorie estava com os pés submersos na água do lago, sentada na grama. Sim, a água estava gelada, mas ela não respondeu isso, nem sequer se virou para encarar o lufano.

Não de uma maneira convencional de qualquer forma.

Victorie se inclinou sobre os cotovelos e deixou a cabeça pender para trás, quase como se oferecesse o pescoço de pele alva ao fraco Sol outonal. Estava vendo tudo de cabeça para baixo, mas não se importava.

Nessa posição, os cabelos loiros, que não estavam mais tão longos como costumavam ser, formaram uma cortina que se estendia pela grama. Ela conseguia ver tudo que importava, conseguia ver quem importava. Ted era o único que se atreveria a usar uma cor rosa chiclete tão absurda como essa no cabelo.

Ele era o único que poderia usá-la bem.

O metamorfomago encarou a prima que parecia completamente à vontade e parte do cenário bucólico que era Hogwarts no fim da tarde. Aqueles últimos raios de Sol refletidos na água iluminaram todo o ambiente de uma maneira diferente e ele se deu uns segundos mais para apreciar o jogo de cores outonais, antes de cumprimenta-la.

Porém, quando os olhos de Victorie captaram os últimos raios solares, Ted viu. Viu um azul que não tinha reflexos violáceos algum, como ele acreditara a vida toda que o mais belo de todos os azuis tinha que ter.

Não, os olhos dela eram tão inacreditáveis claros e límpidos que catálogo de cores nenhum poderia reproduzir. Nem ele, com toda sua magia intrínseca, poderia imitar aquilo.

Era perfeito.

Era exatamente o azul que procurava.

Era o seu ciano.


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Notas finais do capítulo

¹Pantone – Famoso sistema internacional de cores. Utilizarei alguns códigos dele, mas não precisam consultar, é só para ilustrar como Ted pensa as cores (apesar de q os códigos batem com as descrições que fiz)²Enterprise – Nave interestelar da série geek Star Trek. Esse relógio projetor existe e eu o aceito de presente.³Teddy bear – Ursinho de pelúcia tradicional que leva esse nome.(4)Shimpling – Famoso bruxo comediante, conhecido por ter ficado com a pele roxa, por acidente.(5)Lucretia – Única descendente que ligava Tonks e Gui consanguineamente. Ela era nascida Black, mas Prewett por casamento. Imaginei que se Gui fosse homenagear Tonks de alguma forma, ele faria isso de uma maneira que Fleur não percebesse.(6)dracma – Moeda grega utilizada em várias civilizações, considerada a mais antiga a sair de circulação, tendo sido extinta apenas com a criação do euro.