Minha História no Mundo Olimpiano escrita por Vencedora de Lesmas


Capítulo 16
E As Sensações Começam




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  Encostei as costas na máquina novamente, dessa vez de um modo mais bruto, e fui descendo, escorregando, até o chão com a mão encolhida no peito. Eu respirava loucamente pela boca, de olhos fechados. Comecei então a gemer baixinho enquanto as imagens repassavam em minha mente. Tudo aquilo aconteceu mesmo?

  Aconteceu, respondeu Odisseu telepaticamente. Pelo jeito, ele deveria estar engolindo um dos passarinhos de enfeite.

  - Ah, cara! – gemi e abracei meus joelhos. Eu não tinha mais idade, mas estava tendo um típico sonho apaixonado de adolescente. Infelizmente, tudo fora muito rápido... e muito pouco. Repito: NÃO SOU TARADA, APENAS AMO O CARA, OK?! Enfim, eu finalmente estava me acalmando, isso inclui meu coração.

  Andressa... suspirou o grifo, Você tem idéia da gravidade da situação em que você se meteu, por Zeus?!

  Apesar do tom dele ser calmo eu sabia que a raiva o dominava.

  Ciúmes? Perguntei na maior cara-de-pau que papai e mamãe me deram.

  Não, mas que tal isso: Hefesto tem uma filha, uma irritante, incoerente, estúpida, estranha, problemática e idiota filha – ok, ele estava passando dos limites – E essa filha, como não é nada imprudente, - sarcasmo detectado - agarra um irmão dele. Como é a única filha, ela é um problema nato. Em outras palavras para que sua mente subdesenvolvida entenda: ELE VAI FICAR FULO DA VIDA QUANDO SOUBER QUE VOCÊ TÁ SE ATRACANDO COM UM DEUS!!!

  ‘Atracando’? Repeti incrédula.

  Pare com isso já!!! Andressa... Pelo amor dos deuses, você está pretendendo sair com um filho nessa história?!

  Acho que sim, sempre quis menino, rebati rosnando, E daí se eu estiver?

  Escute, e com atenção: Você só tem 18!!! E você é uma semideusa, não pode ter filhos com um deus!

  - Por que não? - provoquei. Finalmente minha voz deixava a boca sem nenhuma emoção exagerada.

  Simples, porque isso dá um problema na genética!!! Cada meio-sangue recebe alguns poderes hereditariamente de seus pais!!! E se surgir um semideus filho de uma semideusa o moleque vai ser poderoso!!! Mesmo não sendo filho de um dos três grandes!!! Entendeu ou quer que eu desenhe?!

  - Ta, ta – suspirei – Podemos ir onde realmente interessa, por favor?!

  Então pega a merda do o GPS e diz para onde temos que ir, caramba!!!

  - Ok, olha o estresse! Suas penas vão começar a cair – Me levantei lentamente, levando a mão ao bolso. Juro que ouvi ele chamando o GPS de merda, mas deixa pra lá.

  Meus olhos varriam a o local, e instantaneamente minhas bochechas coraram. Tudo parecia surreal demais. Suspirei e baixei a visão para o aparelho. Pisquei duas vezes os olhos, aquilo não podia estar certo. O coloquei entre os dentes e esfreguei os olhos com as mãos. Tirei-o da boca e o segurei perante meu rosto. Voltei minha atenção para a tela novamente, como era possível?! “[...] algumas pessoas também estão atrás dessa espada, e como ela muito poderosa e tudo o mais ela tem a capacidade de mudar de lugar quando quiser” Hermes dissera. Mas, como ela pode ter mudado de lugar tão rápido?! Mais uma vez, baixei os olhos para o aparelho, o local deixara de ser El Paso, agora era Dallas. Mas, Odisseu não havia mencionado Dallas como um dos lugares pelo quais iríamos passar para chegar na tal arma? Um momento! Será que...?

  Também pensei nisso, pensou Odisseu, É provável.

  Engoli em seco. Se algo a estava fazendo vir para cá, então algo a estava perseguindo. Mas ainda tem uma coisa que me intriga, como uma arma pode ter vida própria? Nem papai conseguiu fazer isso! Báh, isso não importa agora, tenho outras coisas na cabeça!!!

  Ajustei minhas roupas rapidamente, e fui em direção a porta, mas não antes de pegar alguns Donut’s que estavam no forno. Encontrei Odisseu sentado em posição de gárgula em cima do globo de espelhos. Franzi o cenho para a cena. Ele abriu as asas e as sacudiu, depois veio pousar à minha frente. Os olhos dourados possuíam censura. Muita censura, como se o que eu tivesse feito fosse errado. E não foi.

  Por favor, respondeu ele ao saber o que se passava em minha mente. As vezes eu queria ter privacidade, Acha mesmo que o que você fez foi certo?

  - E se eu achar? – respondi rosnando, há certas coisas que não se podem ser ditas mentalmente – Algum problema em eu ficar com o cara que eu amo?

  Andressa... Ele parou por um segundo como se estivesse farejando algo.

  - O que foi? – sussurrei tentando manter o controle da minha voz.

  Você leu o nome do lugar?

  - Ã? – dessa vez franzi meu rosto inteiro – Como é?

  É sério!!! Viu o nome?!

  - Er... Dislexia, sabe...

  Você é inacreditável!

  - No bom ou no mal sentido?

  Existe bom sentido para isso?! Enfim, o que eu quero dizer é que esse lugar é um dos Donut’s Monstros.

  - Um dos... o que? Andou bebendo?

  O ar exalou dos dois pequenos furos da superfície do seu bico, semelhante a um suspiro.

  Andressa, Donut’s Monstros é uma loja de Donut’s de monstros!

  - Jura? Pensei que fosse de deuses... – não importa o quão perigosa ou mortal é a situação, nada segura o meu sarcasmo.

  O que significa, ele estava trincando os dentes, neste caso o bico, Que tem um monstro por perto.

  - Ah! – me dêem um desconto, eu acabara de passar por uma das situações mais “empolgantes” da minha vida! A melhor, aliás.

  E, continuou ele, Deve ter um aqui.

  Um rosnado, que não era de Odisseu, tomou posse de minha audição. Deixei minha guarda alta, fazendo instantaneamente o anel se tornar espada, escorregando até minha palma. Fechei as duas mãos em volta cabo em punho, me curvando um pouco para frente com a arma diante do corpo, vasculhando com os olhos onde estaria esse tal monstro. Tentei sentir seu cheiro, mas os meus sentidos ainda estavam confusos após o encontro com Hermes. Ele sempre me atordoava, mas de um jeito bom, um jeito gostoso.

  Um movimento rápido e algo-que-eu-não-sei-o-que-era lançou duas mesas em nossa direção com um estrondo. Rolei para o lado pelo chão, e Odisseu alçou vôo por uns segundos antes de pousar em posição de ataque. Pulei para cima e fiquei mais agachada, tentando olhar quem era nosso atirador. Suspirei de desanimo quando vi uma hidra sibilando com suas duas únicas cabeças viradas para nós, arreganhando os dentes. Uma hidra! Uma simples hidra! E ela não tinha nem um número suficiente de cabeças! A única coisa que uma criatura dessa poderia fazer é me matar! Me matar de tédio, só se for!

  Voltei minha espada para a forma de anel. Se ela não poderia nem me divertir, então sua pele valeria algo. Há alguns meses descobri um tipo de “mercado negro” que cobiçava presas e peles de monstros. Até entre eles, se é que me entende. Saquei meu canivete e escolhi a lâmina de tirar couro.

  Ao meu lado Odisseu ficou sob suas patas traseiras, avançando as garras de águia em direção ao monstro. Reprimi um bocejo, levando a mão esquerda à boca. Lagarteando, a hidra veio até nós e tentou dar o bote. Como meu azar é desgraçado, as duas cabeças vieram ao meu encontro. Dei um pulo para trás, para que elas se fechassem no vácuo. Com a palma esquerda, agarrei o focinho da cabeça do mesmo lado e obrigue-a a permanecer fechada. Com um movimento preciso, Odisseu bicou a outra cabeça, arrancando-a do pescoço e a engolindo. Gemi de enjôo enquanto as antigas ligações da cabeça da hidra com o corpo passavam pelo bico do grifo.

  Que bom que você está gemendo por algo que não seja prazer sexual, zombou ele.

  Aquilo não chegou a ser sexual, rebati, embora corasse.

  Girei a arma na mão, ainda segurando o bicho, e lentamente fui-lhe arrancando a couraça. A pele de hidra é semelhante à de uma cobra, mas é de uma superfície mais dura, com poucos espinhos que podem ser considerados chifres. Ela guinchou em minha mão e começou a se debater. Bufei de mau humor, parando o que estava fazendo, e arranquei a cabeça com um corte bruto.

  - Odisseu? – pedi gentilmente.

  O grifo assentiu e começou a bicar fortemente o toco dos pescoços impedindo-os de tomar forma e crescer. Terminei rapidamente o trabalho sujo de arrancar o couro do bicho, e juntei os restos de seu corpo em uma pilha. Não sei se éramos nós que estávamos rápidos, ou se a hidra estava com dificuldade de se regenerar, pois o tempo passava e nada acontecia. E Odisseu não tinha as habilidade para ser totalmente útil, então duvido que seja por causa dele. Humpf!

  Fechei a lâmina do canivete e puxei algo que seria um tubinho esburacado cheirando a fuligem. Pressionei-o de leve entre o indicador e o polegar, fazendo uma chama viva sair da ponta do isqueiro. Coloquei fogo no monstro que agora se contorcia mais e, com um grito agourento, se transformava em cinzas. Aquilo começou a cintilar, até ser uma poeira dourada que se dissipava com o vento. Suspirei novamente enquanto guardava o canivete no bolso.

  Peguei minha mochila que não estava muito longe, abri-a e tirei de dentro um papel laminado. Estendi o papel tentando me livrar das pequenas dunas, alisando-o com a mão. Tomei então o couro da hidra, fazendo uma bola e a colocando no papel. Embrulhei rapidamente, guardei-a na mala e joguei esta nas costas. No momento em que a bolsa tocou meu corpo com um movimento leve, senti a dor queimar loucamente. Como aquilo poderia doer tanto? Teria veneno nas garras do manticore? Essa fic deveria estar tão parecida com Eragon assim?

  - Ai – gemi baixinho enquanto levava inconscientemente a mão ao bolso.

  A ponta de meus dedos tocou algo que não reconheci. Franzi a testa no momento em que tirava aquilo do bolso. Era um pote pequeno de vidro com a tampa branca, contendo dentro um tipo de massa esverdeada. Uma pomada.

  - Er... não – isso não iria funcionar comigo, portanto a deixei na mesa mais próxima. Eu me curaria sozinha, não precisava disso. Só então uma coisa me veio a mente: quem a colocou na minha calça?

  Que tal alguém que teve bastante contato com você? Sugeriu o grifo ironicamente.

  Bufei, mas logo sorri. Havíamos ficado tão perto...

  Ei, ei, ei! Irrompeu Odisseu, cobrindo a cara com as garras. Quer parar com esses pensamentos? Eu não mereço ficar sabendo dos seus sonhos molhados!!!

  Suspirei e comecei a rir. Quem mandou invadir minha mente? E eu não tenho sonhos molhados, só pra constar! Apanhei o pote de novo, olhando-o delicadamente.

  Andressa, suspirou ele, Sabia que se você tem sonhos eróticos com um cara significa que você tem probleminha?

  Tem visto Felipe Neto? Perguntei me encostando em uma cadeira, girando a pomada nas mãos, aquilo iria levar muito tempo.

  Não, mas ele é muito bom.

  - Afe... – bufei, revirando os olhos.

  É sério! Isso não é... normal.

  Comecei a sentir uma leve tontura, e um incrível desejo de fincar meus dentes em alguma coisa.

  - E desde quando eu sou normal? – rugi, pondo fim na conversa. Eu não me sentia bem, muito menos para discutir, a tontura estava piorando. E o desejo se tornava loucamente irresistível – Vamos.

  Ok, sua voz estava tremida por um suspiro, obviamente ele sabia pelo que eu estava passando. Eu não curto esse negócio de partilhar sentimentos.

  - Nem eu – admiti.

  Coloquei o pote novamente do bolso e me reergui com dificuldade, fechando os dedos em torno do braço da cadeira. Passei a mão nos cabelos para tirá-los dos olhos, deixando minha testa exposta ao vento que passava por uma fresta da porta dupla. Ajeitei o colete e engoli a saliva, respirando calmamente na tentativa de fazer a tontura cessar. Não consegui. Ele se adiantou e se postou ao meu lado, deixando-me apoiar-me em si. Sorri solenemente, feliz por ter alguém com quem sempre contar, e que não tivesse pena de mim.

  Com dificuldade, subi em seu dorso, agarrando-me à cela. Encaixei meus joelhos em seu devido lugar, colocando-me em posição. Ajeitei melhor minha mochila, agora o ferimento não doía tanto. Muita coisa acontecera nesta simples lojinha de Donut’s.

  De modo majestoso, Odisseu caminhou até a porta, abrindo-a com um levantar de asas. As penas gigantescas de águia se agitavam ao meu redor, refletindo ao sol das nove horas. Ainda sentia sono, mas eu conseguiria suportar. Com o impulso das patas traseiras leoninas, alçamos vôo em extrema velocidade, rasgando os céus em direção às nuvens.

  Que Zeus nos proteja!!!

 


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Notas finais do capítulo

Capítulo sem nada muito importante a dizer, né?
Devido ao inicio das aulas, postarei de modo mais lento.
Aguardo reviews, e seria legal se mais alguém recomendasse a fic, se gosta mesmo. Bjo.