A Elite - A Seleção Semideusa - Segunda Temporada escrita por Liz Rider


Capítulo 23
Capítulo 23 - O que enxergo pela janela


Notas iniciais do capítulo

Hey, hou!
Como estão? Aqui está o capítulo 23, espero que gostem.
Com amor,
Liz, a sumida.



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P.O.V. America

 

Eu tinha certeza que mamãe tinha as melhores das intenções ao fazer aquela pergunta, provavelmente para conhecer melhor aquela que ela acha que será a minha futura sogra, ou talvez só não deixar a conversa morrer. Acontece, que ela ignorou completamente a existência de Circe não a incluindo Circe na sentença, e ela não parece muito feliz por ter sido excluída.

Minha memória relampeia instantaneamente para a história de Annabeth sobre a fúria de Circe.

Isso não vai acabar bem.

E tudo poderia ter dado certo se não fosse a minha mãe enxerida, em outras circunstâncias um pensamento como esse poderia me fazer rir, mas a possibilidade de Circe jogar um feitiço maligno em minha mãe não me permite sentir qualquer humor.

Tenho vontade de mandar uma mensagem telepática para mamãe acrescentar rapidamente Circe na frase, já que a emenda não pode ficar pior do que o soneto. Infelizmente, meus poderes telepáticos ainda não se manifestaram.

— Obrigada pela pergunta, querida — Tiquê começa, com um sorriso benevolente. — Sinceramente, é muito esquisito. Sempre imaginei que Maxon fosse encontrar alguém no futuro, mas não pensava que seria de uma maneira tão... não convencional. — Ela dá uma breve olhada para nós. — Apesar de tudo, acredito que as meninas são ótimas e que qualquer uma seria uma boa escolha para Maxon, então isso me acalma. Tudo o que eu mais quero no mundo é sua felicidade. — Ela faz uma pausa e diminui o tom de voz, como se contasse um segredo: — Mesmo com os poderes de deuses, uma coisa que nunca podemos garantir é a felicidade das pessoas que amamos, infelizmente.

Ela volta a ficar em silêncio, parecendo uma estátua de cera. Mamãe parece ficar satisfeita com a resposta, porém logo em seguida abre a boca de novo:

— E a senhora, dona Circe?

Só consigo imaginar que poderia ser muito pior, enquanto observo as narinas de Circe desinflarem.

— Bem... — ela começa, o tom de voz muito mais grave e assustador que o de Tiquê. — Acredito que Tiquê esteja certa, de maneira geral. Mas eu pessoalmente não acho que Asher vá se amarrar tão cedo. Eu conheço meu filho. Apesar de ele estar participando desse... showzinho — ao contrário de Tiquê, ela não parece tomar cuidado para escolher uma palavra que não nos ofenda —, e estar gostando, não acho que é a hora ainda. De qualquer forma, isso é algo que ele escolherá, não é mesmo? — ela diz, antes de colocar um sorriso no rosto que me dá um pouco de medo.

Talvez a imagem caricata de Circe que eu tinha montado em minha mente após o relato de Annabeth não fosse tão caricata assim, afinal.

Mamãe torce o nariz, parecendo contrariada com a resposta. Às vezes, minha mãe me lembra a Sra. Bennet, de Orgulho e Preconceito e, sem dúvidas, às vezes me vejo no lugar de Elizabeth, tentando, em vão, censurá-la. No entanto, para a sorte da Sra. Bennet, o máximo que podia lhe acontecer ao falar alguma coisa errada era condenar suas filhas a casamentos ruins. Minha mãe, por outro lado, poderia se – e a mim – condenar a uma vida sendo visada pelas deusas do amor, da sorte, do arco-íris, da magia, da agricultura e da guerra. Não parecia um panorama promissor.

Felizmente, sua insatisfação não a fez voltar a falar.

— Mas e você, Afrodite, acha que tudo dará certo para os nossos meninos? — pergunta Tiquê, depois de uma longa pausa silenciosa.

— Bem, querida, eu não posso garantir nada. Você sabe, a paixão é uma coisa volátil. Por mais que eu já tenha algumas intuições de como eu acho que as coisas vão acabar, não acho que seja bom ficar revelando. Por experiência própria, isso nunca dá certo.

— Diz, por favor! — implora a irmã de Natalie, chocando a todos. Eu, pessoalmente, havia esquecido que havia uma criança entre nós.

— Lacey! — sua mãe adverte, me lembrando Anne e as meninas.

Afrodite ri.

— Eu bem que gostaria, pequenina, mas as coisas são como elas são e não podemos forçar a barra — ela responde, olhando para Lacey, que parece inconformada.

Os olhos de Afrodite sobem e, por um instante tenho a impressão de que ela olhou diretamente para mim.

No entanto, no momento seguinte, ela está rindo e comentando como não deveria estar comendo aquele pedaço de torta de mirtilo e eu não consigo deixar de pensar que foi coisa da minha cabeça.

 

O chá transcorreu sem mais grandes sustos. A comida acabou e nós ficamos apenas circulando pelo local, conversando em grupos e trocando histórias.

Até que Marlee me puxa num canto, me levando até a janela.

— O que foi, Marlee? — pergunto, confusa.

— Vem logo — ela diz, com uma urgência não habitual.

— Veja! — ela diz, quando chegamos em uma das grandes janelas do Salão das Selecionadas. — Aquele não é seu pai? — ela pergunta, apontando para fora.

Estico o olhar para além dos arbustos e vejo duas figuras. A primeira é de fato meu pai, que fala e gesticula com as mãos como se perguntasse ou explicasse alguma coisa. A segunda é Maxon, que faz pausas para pensar antes de responder.

Olho para trás. As mulheres permanecem entretidas com a situação, mesmo as deusas, que parecem alheias ao que acontece lá fora e não prestam atenção em nós.

Maxon para em frente ao meu pai e fala algo de maneira franca. Não há agressão ou raiva, mas ele parece verdadeiramente determinado. Depois de uma pausa, meu pai estende a mão a ele.

Maxon sorri e a aperta com entusiasmo. Logo em seguida, ambos parecem mais relaxados, e meu pai dá um tapinha nas costas de Maxon, que fica um pouco tenso com o gesto, já que ele não está acostumado a ser tocado. Mas então meu pai põe a mão no ombro de Maxon, como costuma fazer comigo, e Maxon parece gostar muito.

É uma cena muito esquisita e eu não consigo entender o que diabos está acontecendo lá embaixo.

— O que quer dizer isso? — pergunto em voz alta.

Marlee põe o dedo em frente aos lábios, como se pedisse que eu fizesse silêncio. Em seguida, ela encolhe os ombros, um sorriso maroto brilhando em seus olhos.

— Eu não sei... — Seu tom soa malicioso. — Mas parece importante.

— Parece — eu concordo, em tom sério.

Esperamos para ver se Maxon conversa com o pai de outra garota, talvez com o dela mesmo. Se conversou, não foi no jardim.

 

— O que será que aconteceu ali, America? — Marlee pergunta, de braços dados comigo enquanto caminhamos pelo salão, pouco mais de uma hora depois, após desistirmos de vigiar o jardim. — Será que ele pediu permissão ao seu pai? — Seu tom era de confidência.

Não me lembro de ver Marlee tão aberta assim desde o começo da Seleção. Ela está muito sorridente e confiante e parece disposta a conversar sobre qualquer coisa, apesar de eu não fazer o teste. Além disso, malícia nunca foi uma característica típica do seu perfil. Talvez ela saiba de algo que eu não sei... ou talvez só seja a presença de sua família, afinal. Ela deve estar feliz.

Suspiro, frustrada com minhas conjecturas que nunca dão em nada.

— Permissão para quê?

— Para lhe desposar, ué — ela diz, como se fosse óbvio, com um tom que dá a entender que ela se inspirou em um romance do século passado.

Eu tenho que rir.

— Que coisa mais antiquada! — eu exclamo. — Além disso, estamos no meio da Seleção e ainda há outras cinco meninas aqui, incluindo você. Não faria sentido nenhum ele pedir qualquer tipo de permissão para meu pai.

Apesar de nosso afastamento, Marlee parecia estar por dentro do que Anne, Mary e Lucy afirmavam ser a predileção de Maxon por mim. Mesmo assim, era esquisito ver Marlee falando algo assim tão abertamente. A suposta predileção – que eu pessoalmente esperava que fosse real – sempre pairou no ar durante nossas conversas, mas nunca chegou a ser realmente tratada.

Eu me pergunto o que será que mudou.

— Fala sério, America. Ambas sabemos que eu não estou no páreo. Maxon só está me mantendo porque o Olimpo gosta de mim.

Faço uma cara chocada. Apesar de isso ser exatamente o que Maxon me falou algumas semanas antes, eu não esperava Marlee ser tão aberta.

Para ser sincera, ela parecia uma pessoa completamente diferente.

— Você está viajando, Marlee — eu digo .

No entanto, meu tom é fraco e ela percebe.

Ela sabe que estou mentindo.

E ela não parece estar nem aí.


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Notas finais do capítulo

Então, vocês gostaram? Espero que sim!



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