5 anos. Esse é o tempo que Sherlock Homes e John Watson vêm dividindo um apartamento, e - apesar de custar um pouco para eles assumir e ser um pouco complicado - pode-se dizer que os dois são melhores amigos.

Não estava exatamente previsto, naturalmente. Sherlock Holmes odeia todos com exceção de si mesmo e John Watson tem problemas de confiança. Mas parece que, dentre todos os outros seres humanos insignificantes e indignos de confiança, eles se escolheram, e todos sabem que não poderia haver escolha melhor que essa. Entretanto, entre crimes e algumas brigas, eles nunca falaram sobre o nome. Sim, obviamente ele existia, todos tinham o nome de sua alma gêmea tatuado em alguma parte do corpo. Sendo o de John em sua panturrilha e o de Sherlock no abdomen, não era algo exatamente visível.

O detetive tinha total conhecimento de que sua alma gêmea chamava-se John, mas é claro. Porém, se aquele fosse seu John, ele não teria esboçado alguma reação quando apresentados? Não era tão comum conhecer alguém chamado Sherlock, certo? Pela primeira vez ele não poderia estar mais enganado. William Sherlock Scott Holmes, estava em sua certidão. Portanto, John Watson procurava por um William, e não por um Sherlock.

Mas ele não podia evitar. Odiar todos e amar John Watson parecia tão fácil, e so melhorava a cada dia. Porque Sherlock daria a vida pelo médico sem pensar duas vezes. Era cada detalhe dele e de sua personalidade que parecia contrastar perfeitamente a sua. Holmes era o cérebro, Watson era o coração, e eles não poderiam viver um sem o outro. Mas ele não deveria se sentir dessa forma, deveria? Ele nunca se sentiu atraído por ninguém em toda a sua vida. E obviamente ele podia ver que John sentia ao menos uma mísera atração por ele, claro, ele era o único detetive consultor do mundo e percebia tudo. Era errado, mas o que fazer quando o errado parece tão certo?

Os olhares, as mãos tremulas e as respirações ofegantes. Eles ja haviam se apaixonado e ao menos sabiam que pertenciam um ao outro.

Até aquele dia.

Era uma noite normal em Baker Street. Bom, isso se você for Sherlock Holmes e considerar voltar para casa depois de resolver um crime hediondo algo normal. O detetive segue para a cozinha para preparar um chá, enquanto John vai diretamente para seu laptop para escrever sobre o crime, algo que não passa despercebido por Holmes.

- Escrevendo mais um post para seu blog estupido, John? Achei que ja tivesse desistido da ideia - ele debocha, enquanto se aproxima do mais baixo.

- Não é estupido, Sherlock. Milhares de pessoas acessam, e você tem fãs graças a mim - o médico revira os olhos enquanto sai da frente do computador e se senta na sua cadeira de costume, que estava virada de frente para o sofá onde Sherlock sentava.

- Você sabe que eu não poderia ligar menos para os fãs, não é? Cale a boca, Hamish. - Sherlock simula um sorriso de lado após pronunciar o nome do meio de seu amigo.

- Não é justo, você sabe. Eu nunca soube seu nome completo, eu nunca pude ter alguma piada com ele. Você é um péssimo melhor amigo, Sherlock - ele rebateu, mesmo sabendo que a palavra melhor amigo poderia ser facilmente substituída se coubesse a ele.

Então, de repente, Sherlock estava fazendo aquela cara. A que dizia, mas é claro que é isso, como eu não percebi antes?

- Mas é obvio, John! É isso! - ele se levanto, ficando de pé na frente de John, que permanecia sentado. - Tire a calça.

- O que? Um encontro e um beijo não deveriam vir antes? - o medico perguntou, enquanto se levantava assustado.

- Um beijo talvez depois, mas já está meio tarde para jantar, não acha? Agora tire a calça.

E assim John fez. Ele retirou seu cinto rapidamente e desabotoou a calça, descendo a peça de roupa ate o chão e retirando-a por completo.

- O que vem agora? - olhou de forma incerta para o homem a sua frente.

Sherlock percorreu seu olhar pela panturrilha descoberta de John e não pode conter um sorriso ao ver o nome ali marcado com tinta. Então, instantaneamente, o detetive começou a desabotoar sua camisa, livrando-se dela enquanto John parecia observar cautelosamente todos os seus movimentos.

Os olhos do medico checaram cada parte do abdomen nu do detetive, ate pararem no nome tatuado. Então ele era a pessoa de Sherlock? Sentia-se mais feliz que nunca, até que lhe ocorreu: ele procurava por um William, não pelo detetive em sua frente, apesar dele desejar intimamente que fosse ele. Sherlock se aproximou mais, se é que isso era possível, ate que suas respirações se confundiam, e, como se lesse a mente de John, sussurrou:

- William Sherlock Scott Holmes, esse é o meu nome completo.

Como um baque, a junção dos fatos atingiu Watson. Ele e Sherlock eram almas gémeas. Ele e seu melhor amigo, parceiro no crime, companheiro de apartamento… Chame como quiser, eles eram a pessoa um do outro. Quando o detetive tomou a boca de John com a sua própria, iniciando um beijo que os dois ja queriam há muito tempo, ele soube que eles realmente pertenciam um ao outro. E pertencer a alguém, principalmente ao detetive que só perdia a pose de egoísta e arrogante quando estava com ele, era a melhor coisa do mundo.