Dramione - Whispers in the Dark escrita por Anne Bridgerton


Capítulo 7
Room of Requirement


Notas iniciais do capítulo

Room of Requirement = Sala Precisa

Hey, ey, ey, tortinhas!! Aqui estou eu novamente, com mais um capítulo! Demorei? Não? Que bom :p
Bom, como não tenho muito o que falar nessas notas iniciais, vou apenas agradecer pelos novos reviews e acompanhamentos e, caso tenhamos tortinhas novas, sejam bem-vindas :3
Agora, vão ler! Que comecem os jogos O/ hahahahahaha



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POV Hermione Granger

 

Vi Draco passar como um borrão pelos meus olhos, vindo em minha direção. Talvez tentando me ajudar?

Amorteci a queda com os braços, impedindo meu corpo de atingir completamente o chão. Segundos depois, vi um par de pés à minha frente, seguidas das mãos de Malfoy me ajudando a levantar.

— Obrigada — murmurei assim que me vi de pé novamente. Ele apenas assentiu, enquanto ouvia uma voz nervosa atrás de mim.

— Ah meu Merlin, nos desculpe por isso, eu... Eu juro que não foi a intenção dela...

— Bom, talvez devesse controlar mais sua amiga. Podia ter machucado minha esposa! – Draco replicou, puxando-me para o seu lado.

Levantei a cabeça assustada com seu tom de voz, encontrando-o parecendo genuinamente irritado. Acho que teria que pedir algumas aulas de atuação para ele. Talvez eu não conseguisse fingir tão bem assim caso fosse o contrário.

A voz nervosa atrás de mim voltou a responder:

— Eu peço desculpas mais uma vez. Não sei o que deu nela hoje...

Virei-me, a fim de ver o que estava acontecendo e dei de cara com duas garotas. Ambas pareciam já ter atingido a maioridade.

A primeira era que provavelmente estivera falando — devido ao seu rosto que parecia prestes a entrar em combustão. Era uma lufana — conseguia ver a cor amarela em sua capa —, realmente branca, os olhos azuis realçados em seu rosto gentil. Os cabelos medianos eram de um tom loiro acastanhado, bem claro. Alguns fios lhe caíam sobre o ombro enquanto se agitava.

Ela tinha uma beleza... Não sabia explicar. Angelical, acho. E não estava aguentando ver seu olhar preocupado: era de cortar o coração.

Já a garota ao seu lado, a que definitivamente havia trombado em mim... Não parecia lá tão preocupada com, bem, nada.

Era uma grifinória, reconheceria aquele uniforme em qualquer lugar. Era tão branca quanto a outra, no entanto, os olhos eram escuros acinzentados. Seu cabelo estava cortado de uma forma bem, hã, diferente. Do lado direito de seu rosto, era mais curto, atingindo seu queixo, enquanto do outro lado, comprido, alongando-se até as axilas. Essa parte mais longa era tingida em cores diferentes: na extremidade, tingido de azul; mais para cima, rosa ou roxo, não saberia dizer devido à má iluminação; enquanto o resto parecia ser a cor natural de seu cabelo, um castanho bem escuro. Possuía um piercing no septo e outro logo abaixo do lábio inferior.

E parecia completamente chapada.

Apenas quando fui me pronunciar que eu percebi que estivera com a boca aberta. Referi-me à lufana — já que a outra não parecia em condições de responder.

— Certo... E você é...

— Me desculpe novamente. Sou Genevieve Knox. E ela é...

— BEATRICE PARKER! – ouvimos alguém pronunciar atrás de todos.

Ai pai, mais essa!

Levantamos a cabeça para os degraus acima de nós, encontrando uma Minerva McGonagall à beira de uma cólera.

— Por Merlin, o que faz aqui!? E a senhorita também, senhorita Knox!? – A diretora perguntou, parecendo completamente confusa.

— Hã, nós... Apenas...

— Não, sabe o quê? Eu não quero saber! – Ela balançou as mãos no ar, resignada. — Voltem para o Salão e depois conversarei com vocês.

— Ah, qualé Minerrrva!

Todos concentramos o olhar na mesma pessoa. Sim, essa foi a garota bêbada — Beatrice? — tentando se pronunciar.

Estamox aqui apenas confaternizan-ndo com nosssos novos zamigos!

Enquanto dizia isso, ela saiu cambaleando — mais uma vez — em minha direção. Passou um braço pelo meu pescoço, e senti seu bafo de bebida — onde ela tinha arrumado álcool lá dentro? Passou o outro braço pelo ombro de Draco, que deu uma resmungada com o gesto.

Elex parecem cher muuuito legaiss... Nunca vi vocheis por aqui antes...

— Chegamos hoje — resmunguei, tentando me desvencilhar.

Aaaah... Que legaaal!

E começou a rir do nada. Sozinha.

Troquei um olhar com Draco, que parecia ainda mais perdido que eu.

— E q-quem são vocheis? — perguntou, soluçando.

— Eles são os Malfoy, Beatrice. — Minerva explicou da escada, parecendo cansada.

A garota ainda riu mais pouco, mas logo foi murchando, a graça se esvaindo. Sua cabeça caiu para o lado e ela perguntou mais uma vez:

— Quem?

— Os Malfoy. Draco Malfoy e sua esposa, Hermione.

Merlin, foi incrível a velocidade com que ela voou para trás. Não sei se foi por causa da bebida ou não, mas Parker desencostou de nós quase como se sentisse nojo e, meio desnorteada, se desequilibrou e foi direto ao chão, parando um pouco antes dos pequenos degraus da entrada.

Olhei sem ação para trás, assim como Draco, que estava completamente embasbacado.

Genevieve deu um gritinho ao vê-la cair, indo em direção à amiga. Com um pouco de dificuldade, ajudou-a a levantar. De pé, Beatrice nos deu um olhar cheio de... Raiva? Acho que sim, é difícil saber o que um bêbado está pensando, afinal, é um bêbado!

Após esse olhar, mesmo desnorteada, ela agarrou a mão da lufana e saiu andando, quase derrubando uma pilha de malas no gesto.

Perdida, me voltei para Minerva, que cobria o rosto com a mão. A diretora suspirou.

— Desculpem-me por isso. Beatrice é... Um pouco difícil.

— É, notei. — Draco resmungou, batendo em seus ombros.

— Bom, se não tivermos mais imprevistos... Vou mostrar agora seus aposentos.

Assentimos e nos colocamos a seguir McGonagall.

Respirei fundo. Sim, eu estava de volta a Hogwarts. E não, não tinha me esquecido do que tinha dito: estava me controlando muito para não pular em cima de Minerva. Mas, dado o encontro anterior, vamos esperar um pouco, não é? Dois desastres seguidos é demais para o coração de qualquer um.

Fiquei observando os corredores. Sim, eu estava admirando paredes. Sentia falta das paredes também. Sentia falta da sensação de familiaridade que sempre me assaltava quando estava dentro daquele castelo. Era maravilhoso!

Dei uma olhada de esguelha para Draco, percebendo que este parecia um pouco preocupado. Bom, talvez ele não tivesse boas memórias daqui? Não sei. Digo, acho que ser obrigado a trabalhar para o Lorde das Trevas sob a ameaça de morrer não era a melhor forma de se passar um ano... Ou a vida.

Já o último ano... Bom, não posso falar nada. É estranho, mas parece uma grande lacuna na minha cabeça. Lembro-me do que aprendi, de todo o conhecimento que adquiri naquela última vinda ao castelo, mas minha vida fora da sala... É tudo um grande borrão. Não conseguia me lembrar com detalhes de minha vida pessoal, no entanto, isso nunca me preocupou realmente. Apenas estou me recordando disso para me convencer de que, se não me lembrava nem sobre mim, não posso especular sobre Malfoy.

Ou talvez eu estivesse apenas vendo coisas. Vai saber o que está passando na cabeça dele... Pode ser alguma coisa completamente aleatória como “será que deixei minha coruja solta?’”, coisa e tal.

Dei de ombros. É, não era da minha conta.

Voltei minha atenção para Minerva, que dava voltas e mais voltas. Eu estava completamente distraída, ainda admirando o castelo após tirar minhas pseudo preocupações com Malfoy da cabeça, quando a diretora parou abruptamente, quase nos fazendo trombar em cima dela.

Fiquei olhando para os lados, um pouco perdida. Foi Draco quem se pronunciou inicialmente:

— Hã... Por que paramos?

— Bem senhores, Kingsley já me deixou a par de tudo. — Ela se virou para nós, cruzando as mãos em frente ao corpo. — Devo introduzi-los aqui de forma a alarmar os alunos o menos possível. Minhas ordens foram essas, de forma que realmente sinto por ter que colocá-los aqui, e não oferecê-los uma acomodação mais decente.

Draco levantou a sobrancelha, trocando o peso de perna.

— Então o quê? Você vai nos esconder?

— Claro que não, senhor Malfoy! Poderão circular normalmente pelo castelo quando quiserem. Mas não temos outros quartos livres, e temo que, se colocá-los nos dormitórios, os alunos os bombardearão com perguntas.

Ele ponderou por um segundo, logo aquiescendo.

— Claro, é... Claro.

— Ainda não entendi. Do que vocês estão falando? – perguntei, olhando de um para o outro sem entender o rumo da conversa.

— Não reconhece Granger? Logo você? — Malfoy franziu a testa, olhando para mim.

Imitei seu gesto, ainda sem entender. Foi quando, após dar uma boa olhada no corredor em que estava, quis me estapear por ter sido tão devagar.

— Ah, certo... Você... vai nos colocar na Sala Precisa, é isso mesmo? — Arqueei a sobrancelha, tanto incerta quanto contrariada. — Não quero ser óbvia, Minerva, mas não tem medo, sabe, de que algum aluno nos ache aqui dentro?

Certo, eu não queria ser irônica, mas por favor! A situação quase pedia!

Minerva cruzou os braços.

— Acha mesmo que não cuidei de todos os detalhes, Srta. Granger? Não sou nenhuma irresponsável. Se vou os colocar aqui, claro que não haverá riscos, podem ficar tranquilos.

E se virou para abrir a Sala, sem esperar por resposta. Que bom, porque assim pode ver meu rosto corar violentamente, colocando o rabo entre as pernas. Claro, o que estava pensando? Minerva nunca nos deixaria na mão. Por que eu havia me preocupado?

Depois de ela murmurar algumas palavras, a porta apareceu, com seus típicos arabescos em metal. Após se certificar de que não havia ninguém nos corredores, a diretora empurrou a porta, revelando um amplo quarto.

Acho que ela queria que houvesse neutralidade, já que o cômodo era todo em preto e branco. Era quase como uma mistura de antigo e contemporâneo. A primeira coisa que eu notei foi o gigantesco tapete felpudo de veludo acinzentado cobrindo todo o chão do quarto. Senti uma vontade louca de me jogar nele e rolar.

Enfim.

Havia uma porta no canto direito do quarto — provavelmente o banheiro —, enquanto, no esquerdo, uma falsa janela, com cortinas brancas a cobrindo. O teto era branco, em oposição às paredes pretas, com exceção da em que estavam a porta e a janela, esta decorada com lindos arabescos em cinza.

Nesta mesma parede, no espaço livre, estava encostada a cama. Sua cabeceira era branca, acolchoada, assim como a roupa de cama, a não ser por algumas almofadas pretas. Havia um dossel branco com bordas pretas. Em frente à cama, havia um enorme pufe redondo acolchoado. Nas duas extremidades do quarto havia uma poltrona preta e, atrás destas, tochas animadas por magia — já que eletricidade era pedir demais, convenhamos.

Com um sorriso no rosto, olhei para Minerva, que permanecia ao lado da porta esperando alguém se pronunciar.

— Bom, acho que não precisa se preocupar com mais nada, McGonagall. Isso é... Mais do que o necessário.

— Fico feliz que tenha apreciado. — Ela sorriu. — Hã, suas malas... ?

— Ah, claro! — Draco se pronunciou, retirando a sua malinha do bolso, finalmente a desencolhendo. Ele a segurou antes que pudesse atingir o chão, carregando-a para uma das poltronas depois de assentir para Minerva. — Não se preocupe com isso, eu... Eu posso me virar.

— Se prefere assim... Bom, vou deixá-los aqui. Acho que terão um dia cheio amanhã.

— Provavelmente — disse distraidamente, andando pelo quarto. De repente, me dei conta de uma coisa. Virando um tanto quanto desesperada, perguntei à McGonagall antes que ela fosse embora: — Minerva, é só... Só essa cama?

— Como assim, Srta. Granger? —A diretora jogou a cabeça para o lado ao ouvir minha pergunta, parecendo curiosa.

— Nós vamos ter que dividir essa mesma cama? — perguntei novamente, apontando repetidas vezes para mim e Draco.

— Oi? — Ele se virou para nós imediatamente ao ouvir meu questionamento, olhando de mim para Minerva, de Minerva para mim, sua agitação voltando a aparecer.

Era melhor ele nem se mexer, ou eu perderia a paciência de vez. Eu poderia ficar irritada por ter que dividir uma cama com Draco, não ele!

— Sim, é só essa. — A diretora respondeu, quase que se desculpando. —Sei que não estão casados realmente, mas... Sim, é só essa. Agora, se me dão licença...

— McGonagall! — Draco chamou, desesperado.

Mas ela simplesmente saiu, sem dizer mais nada. Saiu, deixando-nos ali com cara de idiotas, encarando a porta. Bufei, muito cansada para chamar por ela. Levantei os cantos da boca, sem sorrir. É, a coisa só melhorava.

Draco, resignado, se virou para mim, coçando nervosamente a nuca.

— Então o qu...

— Não! Não diga nem-mais-uma-palavra — interrompi-o, levantando o dedo.

— Bom, então se você não quer resolver isso como uma pessoa civilizada, acho que vamos ter que dividir essa cama. É isso o que você quer? — Ele plantou as mãos na cintura, a sobrancelha levantada ironicamente.

— Ah, não! — Levantei os braços, exasperada. Dei uma boa olhada pelo quarto, meus olhos logo pousando em cima do enorme pufe em frente à cama. Sorri, apontando para ele — Ali está a sua cama.

— O quê? — Ele me olhou, indignado. — Você acha mesmo que eu caibo naquela coisa?

— Se encolhe que dá. — Dei de ombros, pegando uma camisola em minha mala. — E, se me dá licença...

— Eu não acredito nisso...

Draco resmungou enquanto lhe dava as costas e entrava no que acertadamente chutei ser o banheiro, internamente achando graça e, ao mesmo tempo, com medo de como seria aquela convivência.

....................................................................................

Acordei de madrugada assustada.

Tinha certeza de que suava, o que comprovei ao passar a mão pela testa, sentindo o suor ensopando-a.

Há anos que não tinha aqueles sonhos, que pareciam reais demais para o meu gosto. Não queria que aquilo voltasse a acontecer. Tinha ficado tão feliz que eles haviam cessado, na época em que saíra de Hogwarts, umas duas semanas depois de me formar.

A verdade é que não sabia exatamente se estes sonhos eram bons ou ruins. Ou se eram, de fato, sonhos ou pesadelos. Isso porque nunca via nada. Nunca captava imagens, apenas sons. E que, pelo menos pelo que me lembrava, não eram muito agradáveis.

Choro.

Ouvia pessoas chorando, suplicando. Era algo tão sofrido, que sentia como se minha mente estivesse inundado, e pudesse acordar afogada nas lágrimas imaginárias que provavelmente acompanhavam as vozes embargadas que não conseguia entender.

Sentia-me terrivelmente mal ao acordar.

Suada.

Triste.

Intrigada.

Balançando a cabeça, passei o braço pela testa. Não era hora de pensar naquilo. Tinha que dormir, ou não conseguiria fazer nenhum progresso naquele dia — já devia ser madrugada adentro.

Ajeitando-me nos cobertores, me preparei para virar e voltar para debaixo do cobertor, quando olhei para o pé da cama e minha visão encontrou Draco, encolhido no pufe.

Olhando agora, parecia realmente pequeno para ele, que lutava para encontrar uma posição confortável. Um leve sorriso brotou em meu rosto vendo a cena, mas logo o reprimi. Afinal, do que estava rindo? Certo, era uma cena um pouco engraçada, mas... Ah, controle-se Hermione!

No entanto, mais uma coisa contribuiu para que o sorriso sumisse de vez. Com um olhar mais atento para o loiro, vi que seu rosto estava levemente contorcido em uma careta... de dor.

Em um primeiro momento fiquei perdida, pra logo ser atingida com força pela lembrança de seu ferimento na região lateral. É Hermione, aquele corte profundo que você cuidou nos jardins, sabe? Esse mesmo, que deve estar doendo muito agora por causa da posição em que Malfoy está. Nossa, você é uma excelente falsa esposa, sabia disso?

Deus do céu, que tipo de ser humano eu era?

Apressada, briguei com os cobertores até me ver livre para levantar. Já completamente desperta, fui pisando levemente no tapete felpudo, que acariciava gostosamente meu pé, até alcançar o loiro.

Dei um leve toque em seu ombro, sem resposta.

Sacudi mais uma vez. Nada.

É, parece que, mesmo desconfortável, ele conseguia dormir igual a uma pedra.

Sacudi mais forte.

— Malfoy.

Ele resmungou, desvencilhando-se da minha mão.

— Malfoy — chamei mais alto, sacudindo novamente. — Malfoy!

Assustado, ele finalmente acordou. Sentou-se em um salto, parecendo completamente perdido, mas pronto — ou nem tanto — para brigar com quem fosse.

— O que foi!? — Ele perguntou com a voz ainda embargada, olhando para os lados, até que me encontrou parada ao seu lado com a testa franzida e controlando o riso. Ao me ver ali, quase rindo de sua cara, ele pareceu se acalmar, rolando os olhos.

— É sério isso, Granger? Pois saiba que foi muito fraco. Vai ter que se esforçar mais para me pregar uma peça decente — resmungou, já voltando a se abaixar.

— Não, eu... — Agarrei seu braço, o puxando de volta até se levantar. — Não é nada disso. Apenas o acordei pra te levar até a cama.

Ele ficou me olhando como se fosse maluca. Passou de desconfiado, para estupefato e, por último, debochado.

— Rá, muito obrigado, mas não.

Joguei a cabeça para trás, cansada.

— Malfoy, pode deixar de ser cabeça dura por um instante e colaborar? Você tem uma ferida na costela, ficar naquela posição não vai te ajudar a melhorar.

— Eu sei, mas...

— Mas nada, deita aí.

Sentei-o na cama, levantando levemente seu braço para afastá-lo de seu peito descoberto. Ele se assustou, mas logo sossegou ao ver que estava apenas analisando o ferimento. Olhando embaixo das bandagens, vi que este parecia um pouco mais inchado, mas nada que dormir eretamente não resolvesse. Suspirando, abaixei novamente seu braço.

— Durma aí, estou te fazendo um favor.

Malfoy ainda ficou me olhando desconfiado, com os olhos em fendas, por alguns instantes. Até que, um pouco relutantemente, ele concordou, se ajeitando em meio aos travesseiros e almofadas. Dei a volta e deitei ao seu lado, afastada de seu corpo o máximo possível – o que não foi lá muito fácil.

— Só não me esmague, ou vou ser obrigada a te enxotar — provoquei, já coberta novamente.

— Ha, ha, muito engraçado, Granger. — Ele resmungou, antes de se cobrir também até o pescoço.

E, por incrível que pareça, eu sorri com isso. Sim, Malfoy podia ser um pé no saco, mas pelo menos me fez esquecer dos problemas, esquecer dos pesadelos, pelo menos naquele momento. Eu poderia dormir tranquilamente.

Fechei os olhos, pronta para sonhar com algo que me trouxesse felicidade, já que sabia que a vida real, no momento, não se encarregaria disso.

 

 

POV Narrador

 

Kingsley não saberia explicar o que vira. Não sabia nem mesmo se realmente vira alguma coisa. Talvez tivesse sido apenas fruto de sua imaginação ou, ainda, um truque de luz.

Mas... Não, tinha certeza que vira Malfoy titubear antes de aparatar. Bastante.

Ou será que não?

Ah, o que estava acontecendo com a mente dele? Com a mente de todos?

Ele não podia chamar reforços. Não seria prudente causar ainda mais pânico em troca de, possivelmente, nada. E, se realmente houvesse algo ali naquele momento, tampouco poderia enfrentá-lo sozinho. Por favor, ele era o ministro, se morresse por conta de um momento de inconsequência, quem cuidaria da população mágica? Quem espalharia mensagens de paz, confiança e força para esconder a tenebrosa realidade que se alastrava por todos os cantos, cada vez mais rápido? Ele tinha que sair dali, e rápido. No momento, sua vida valia mais do que um título de herói.

Girando rapidamente para dentro de si mesmo, ele rapidamente desapareceu, deixando para trás nada mais do que um zumbido.

Não, não fora apenas um zumbido que Shacklebolt deixara para trás.

Ele não vira o que todos igualmente não viram. Apenas sentiram. Sentiram uma presença que poderia minimamente ser vista. Pois, na escuridão da noite, onde nenhum dos três ousou se aventurar, um par de olhos espreitava. Olhos avermelhados, escurecidos pelo ódio. Olhos cujo corpo continuava envolto pelo nada, tremendo de frio e raiva.

Este riu pelo nariz. Já devia saber que teria que fazer um pouco mais de esforço. Grunhindo, ajeitou sua postura, tornando-se completamente invisível a qualquer um que observasse de dentro da estação.

Com os braços cruzados atrás do corpo, pôs-se a caminhar. Afinal, não era um caminho longo entre a posição que estava e a rua. Apenas alguns passos. Passos os quais lhe dariam tempo para pensar.

Ele era mais inteligente que isso. Sabia que não poderia esperar que seu alvo viesse até ele de braços abertos. Ninguém é louco de acolher a morte, assim como conta aquela história ridícula. Não, ele teria que recorrer a certas artimanhas. Afinal, não tinha pressa. Por incrível que parecesse, agora o tempo estava a seu favor.

Riu consigo mesmo, enquanto alcançava a rua. Um beco, mais precisamente. Jornais velhos voavam, sem esperança, pela calçada suja. Latas de lixo rangiam; gatos, mais provavelmente. Uma brisa noturna bagunçava seu cabelo, trazendo o típico cheiro de outono, em que as folhas caíam e as plantas murchavam. Cheiro de morte.

Riu mais uma vez, passando a mão pelos cabelos que se rebelavam ao vento.

Sim, sentia-se bem. Chegara a sua vez. E ele faria valer a pena.

— Ei, você!

Desinteressado, ele se voltou para trás ao ouvir alguém chamá-lo, com uma mão ainda nas costas. Encontrou um homem, robusto e mal-encarado vindo em sua direção. Algo branco estava entre seus lábios, de onde saía uma rala fumaça. Seu rosto e mãos estavam sujos — fuligem? —, e as curtas mangas da camisa mal pareciam caber em seu braço enorme. Para ser sincero, achava até mesmo uma calúnia chamá-lo de homem. Brutamontes seria mais apropriado.

— Está falando comigo? — Ele apontou um dedo para o próprio peito, enquanto assistia o homem alcançá-lo, irritadiço.

— É, você mesmo. Posso saber por que está invadindo meu terreno?

— Ah, seu terreno? — O menor perguntou com deboche, irritando ainda mais o outro.

— Isso mesmo. Eu mando nesse pedaço e, a não ser que queira que eu arrebente essa sua cara nojenta, é melhor dar o fora daqui. — O homem apontou para o final do beco, onde as luzes da cidade e dezenas de carros eram visíveis.

O menor, após olhar para trás por um breve segundo, se voltou novamente para o brutamonte, estalando a língua.

— Acho que não.

O homem, ao ouvir a negativa, ficou sem reação por um momento. No entanto, logo começar a sorrir perigosamente, estalando os dedos.

— Bom, fazia tempos que não dava uma boa surra mesmo.

O menor sorriu, cínico, retirando algo de seu bolso.

— Bom, isso... é realmente uma pena.

E, apontando a varinha que pegara para o pescoço do homem que já avançava, pronunciou:

Avada Kedavra!

Subitamente, o homenzarrão freou, seus pés repentinamente moles e inanimados. Os olhos se fecharam e seus punhos se abriram. Então, desabou para frente, atingindo com força o pedaço de chão onde outrora estivera seu assassino, o qual simplesmente sumira. Desaparecera, provocando apenas um estalo, gêmeo ao feito pelo ministro, minutos atrás. Um estalo que cessou tão rápido quanto fora provocado, se misturando ao vento, levado em direção à agitação da cidade, deixando para trás a triste cena do beco, onde um pobre homem trouxa terminara sua vida sem que ninguém tivesse notícia disso ou se importasse.


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Notas finais do capítulo

Reviews?? (^v^)/
Até o próximo, minhas tortinhas de morango *v*