O Amor em L escrita por Lucy


Capítulo 4
#3 Laura - part. II


Notas iniciais do capítulo

Olá gente!
Como prometido, aqui está a segunda parte da história da Laura!
Espero que estejam gostando!

Abraços!



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O tempo se arrastava desde o momento em que Diego tinha me mandado um sms dizendo que queria marcar para irmos ao parque. Depois da nossa conversa pelo Facebook, onde nos conhecemos “melhor” e ele descobriu que sou fanática por fotografia, ele queria ter uma rodada de fotos. Então combinamos de nos encontrarmos no parque Dona Lindu, em Boa Viagem.

Eu não podia mentir e dizer que não estava nervosa. Tinha contado a mainha o que tinha acontecido no shopping no dia em que me encontrei com ele e ela tinha ficado radiante dizendo que eu “finalmente” tinha arrumado um namorado. Seria inútil dizer a ela que ele não era meu namorado. Não ainda. No dia do encontro, que era às três da tarde, eu já estava pronta às duas. Diego já tinha me mandado uma mensagem confirmando o encontro e dizendo que se eu quisesse ele iria me buscar em casa. Recusei educadamente. Se eu dissesse sim, iria alimentar as loucuras de minha mãe e seria capaz dela atacar o garoto. Melhor não.

Duas e meia arrumei minha bolsa com a câmera, que suei para comprar, meu caderno de anotações e pilhas extras, e claro uma garrafa de água. Tudo pronto coloquei o celular no bolso, mandei um beijo para minha família e saí. Assim que cheguei ao parque fiquei encantada com tanta criança brincando, sorrindo e se divertindo. Peguei a câmera e comecei a tirar umas fotos, muitas crianças posavam para elas. Quando virei à lente para fotografar os garotos na pista de skate, ele vinha. Diego estava com uma camisa, na qual a estampa era o Tony Stark de O homem de Ferro, os ombros largos se adequavam a toda estrutura de seu corpo. Não musculoso, mas sim saudável. Tirei uma foto do Diego chegando perto de mim, sorrindo.

–Como você tá? – Disse ele pegando a câmera de mim e vendo a foto que tinha tirado dele. Encarei ele pela ousadia, e ele sorriu, abraçando-me. – Você fica linda com essa cara.

–Muito engraçado. Eu tô bem e você? – Retribuí o abraço e peguei minha câmera, que tinha o nome de Belikova, de volta.

–Muito melhor agora. – Sorriu ele de forma boba.

Passamos a tarde clicando. Tudo no parque estava fotogênico, os vendedores de bola, de brinquedos, as crianças, os adultos com as crianças, o pessoal fazendo arte e praticando na roda de capoeira. Ao pôr do sol, sentamos na areia da praia, que estava com o mar calmo, e fomos verificar as fotos que tínhamos tirado. Algumas estavam hilárias: crianças fazendo diversas poses para a câmera, algumas caretas. Outras haviam ficado fascinantes, capturando a real emoção das pessoas. Era por isso que eu amava a fotografia espontânea.

Estava olhando para as fotos que eu tinha tirado quando levantei o olhar, e peguei Diego apontando sua câmera para mim, o usual som do “clique” em ação. Ele estava tirando fotos minhas. Descansei a câmera em meu colo e olhei para ele séria, uma falsa chateação. Ele não parou, continuou com as fotos, até que eu que o parei. Segurei sua mão e ele baixou a câmera.

–Preciso pegar um close dessa sua cara de má – Sorriu ele tentando soltar o meu aperto, mas não deixei. – Ah Laura, qual é. – Soltei e estendi a mão, para ele colocar a câmera lá. Ele revirou os olhos, mas acabou acatando ao meu “pedido”. Olhei as fotos que ele tinha tirado de mim. Até que não tinham ficado ruins, mas fiquei surpresa de quantas fotos tinham! Só minhas! Pelo momento que estávamos ali, ele tinha tirado bastante. Também tinha fotos minhas de enquanto fotografávamos no parque,.

–Tirou o dia para me fotografar? – Perguntei devolvendo sua máquina.

–Se importa? – Perguntou ele sorrindo, e apontando a câmera para mim novamente. Sorri e neguei com um aceno.

–Não.

Já eram seis e meia da noite quando nos levantamos da areia, e resolvemos tomar uma água de coco. Não demorou muito depois disso para nos despedirmos.

–Queria muito passar o resto da noite na sua companhia – Disse ele olhando diretamente em meus olhos. Encarei por um momento, mas depois desviei, senti meu rosto ficar vermelho e sorri. – Porém, estou cheio de trabalhos da faculdade e provavelmente passarei o resto da noite na companhia dos livros, da calculadora e de uma xícara de café bem forte.

–Boa sorte para você – Bati levemente em seu ombro e saí andando, ele ao meu lado.

–Quer uma carona?

Dessa vez eu ia aceitar, porém precisei fazer uma sondagem antes.

–Não quero desviar do seu destino. Aonde é que você mora?

–Em Setúbal, é aqui perto. – Bom, era perto da minha casa então... – E você? Vai... Não deve ser tão longe, levando o tempo que você levou pra sair de casa até chegar aqui. Baseando-me na mensagem que você me mandou antes de sair...

–Moro em Boa Viagem, perto do aeroporto.

–Por favor, o carro está por ali madame – Sorriu ele oferecendo o braço para mim. Aceitei-o e fomos andando até o estacionamento do parque. Fui dando às coordenadas para ele, e em menos de dez minutos estávamos parando na frente da minha casa. – Entregue no seu castelo, princesa. – Sorriu ele, deixando o carro em ponto morto e virando-se para mim. – Estou quase indo abrir a porta para você, mas acho que seria um pouco exagerado e você nunca mais falaria comigo...

–É um pouquinho, e não precisa. – Sorri tirando o cinto de segurança. – Bem, obrigada pela carona e pela tarde maravilhosa. Mando as fotos para você. Prefere as fotos editadas ou normais?

–Como você preferir mandar.

–Tá certo então, a gente se fala – Abri a porta do carro para sair, mas antes de colocar os pés para fora, Diego agarrou meu braço e me puxou para dentro. Ele se inclinou para frente e beijou minha bochecha, muito perto da minha boca. Estreitei os olhos para ele que sorriu malicioso.

–A gente se fala – Antes de me soltar, seus dedos deslizaram pelo meu braço até minhas mãos, que ele levou até seus lábios e depositou um beijo. Sorri que nem uma bocó e saí do carro. Ele esperou até eu abrir o portão, buzinou e acenei um “tchau”. Assim que pus os pés em casa minha mãe sai correndo lá de dentro aos berros.

–Ele veio te trazer em casa! Mas nem pra falar com a sogra, ele desceu do carro! Não acredito, eu queria ver ele Laura! Cadê a educação que eu te dei? Por que não convidou o garoto para entrar? – E ela começou a tagarelar sem fim. Falando de educação e tal.

–Mãe, ele só me deu uma carona. E que história é essa de sogra? Já disse a senhora que ele NÃO é meu namorado! – Dei uma ênfase no não para ela entender o recado e não insistir nisso. Mas não deu muito certo.

–Há-há-há e você acha mesmo que vou acreditar? Quando vem trazer em casa é por que a coisa está ficando séria. – Disse ela cruzando os braços e se apoiando no vão da porta do meu quarto.

–Não irei discutir com você mãe, tô cansada. Depois mostro as fotos que tirei hoje para você, ok? Irei dormir - Peguei minha toalha e fui ao banheiro tomar um banho para deitar. Deixei-a falando sozinha.

Estávamos nos últimos meses do ano e pareciam que eles estavam voando. Logo o vestibular chegou e eu estava mais ansiosa que nunca. Perguntando-me se tinha estudado o suficiente, se iria passar, se isso e se aquilo. Mainha não aguentava meu desespero e todas as noites na semana antecedente das provas ela me dava chá de camomila e um remédio natural para relaxar. Adiantava um pouco.
Eu mesma tinha vetado meus encontros com Diego. Ele insistia e dizia que podíamos nos encontrar para ele me ajudar em física e matemática (em uma das nossas conversas eu descobri que ele cursava engenharia elétrica), mas eu neguei todas às vezes. Sabia que de nada ia adiantar ele vir ajudar; eu perderia o foco. Desde aquele dia no parque nós não nos víamos. E já tinha se passado um mês e alguns dias; não que eu estivesse contando.

Eu estava com saudades dele. E falar com ele todos os dias por mensagens não colaborava (eu tinha certo problema). Quanto mais nos falávamos via SMS, mais vontade eu tinha de vê-lo. De admirar seus olhos, seus lábios, seu rosto, o jeito como ele olhava para mim, a forma como sorria...

E claro que todas essas mensagens atiçaram a curiosidade da minha mãe. Um dia, meu celular tinha descarregado e eu estava desesperada procurando o carregador em meio à bagunça que era o meu quarto. Eu não me lembrava de ter dado o telefone aqui de casa para o Diego, mas dei e ele acabou ligando. E quem atendeu? Minha mãe.
E ela fez a maior festa. Ficou falando com o garoto vários minutos ao telefone! Quando eu peguei o aparelho, pedi desculpas a ele, mas o Diego só fazia rir, e dizer que estava louco para conhecer ela. Ótimo! Um cativando a loucura do outro.
Para deixar bem claro, nós não estávamos namorando. Éramos apenas amigos.

As provas chegaram, foram realizadas e pelo meu senso, eu tinha ido bem. Não aguentei e pedi para meu pai conferir minhas alternativas com o gabarito oficial, e eu tinha acertado 80% das questões! Fiquei radiante! E logo mandei uma mensagem para o Diego. Pensei que ele fosse responder, mas acabou me ligando.

–Parabéns linda! Agora só falta ser oficial! – Gritou ele ao telefone – Quero ser o primeiro a raspar sua sobrancelha!

–Como se alguém fosse chegar perto de mim com uma gilete! Nunca! – Gargalhei ao telefone – Você pode ser o primeiro a colocar um band-aid em minha sobrancelha.

–Quando é que nos veremos? Agora que você pode respirar, podemos sair.

–Finalmente! Poderíamos ir ao cinema, que tal? – Propus, estava muito a fim de assistir um filme.

–Ótimo. Quer que eu vá buscar você? Passo aí em quinze minutos. – Disse ele rapidamente. Logo o cortei.

–Não! Hoje não né, Diego! Vamos amanhã. E não precisa me pegar nos encontramos lá, às catorze horas? Ok? – Ele ficou um momento em silêncio, acho que chateado por não poder me encontrar hoje, mas é que já era tarde (oito da noite era tarde para mim), e eu estava cansada. Ele acabou concordando e desligamos, tendo tudo marcado para o dia seguinte.

Encontramo-nos na hora marcada. Ele tinha chegado primeiro que eu e deu um sorriso de orelha a orelha quando me viu. Dei uma acelerada no passo para chegar logo até ele e abraça-lo até ele pedir clemência e ar. Quem se separou do abraço fui eu, procurando ar. Diego fez questão de pagar nossos ingressos, dizendo que era um presente para mim, pelo vestibular bem feito que eu tinha realizado. Revirei os olhos, mas acabei aceitando (meio que forçadamente, mas ok). Assistimos a um desenho animado novo da Disney, e como sempre eu fiquei abestalhada com o universo animado.
Quando o filme acabou, as pessoas (a maioria criança e seus pais) foram esvaziando a sala, mas eu e Diego permanecemos lá, vendo os créditos passarem. Ele se virou para mim.

–Sabia que, por incrível que pareça é o nosso terceiro encontro? – Disse Diego.

–Nossa! É verdade! E parece que te conheço há séculos!

–Também acho – Sorriu ele – mas o que eu quero dizer, é que geralmente no terceiro encontro, tem beijo. – Disse ele me encarando com um sorriso maroto no rosto. Sorri meio nervosa, mas resolvi dar uma de Rose Hathaway e responder espertamente.

–Hum... É mesmo? – Virei-me completamente na cadeira para poder encará-lo. Aproximei-me dele, apoiando meus braços no encosto lateral da cadeira. Ele fez o mesmo, se aproximou, mas levantei um dedo e encostei em seus lábios – Acho que é meio cedo para isso – Nossos rostos estavam a centímetros. Ele segurou minha mão, afastando-a de sua boca.

–Eu não acho – Foi tudo bem rápido. Ele se aproximou ainda mais e roubou um beijo; quer dizer, um selinho. Fiquei sorrindo que nem uma idiota.

–Você é bem espertinho. – Sorri. Nossos rostos ainda estavam muito próximos e ele encostou seus lábios novamente aos meus. Mas dessa vez, ele intensificou a coisa. Suas mãos seguravam ambos os lados do meu rosto, e meio que por instinto (ou vontade mesmo. Inconsciente é uma coisa séria) separei meus lábios, e retribuí o beijo que ele tinha começado, com intensidade, paixão.
Fomos interrompidos por um pigarro. Afastamo-nos e um lanterninha estava nos encarando. Baixei a cabeça, passando a mão nos lábios, constrangida.

–Desculpe interromper, mas preciso fechar a sala. Só têm vocês dois aqui... – Percebi que ele também estava sem graça.

–Claro, desculpe por ter feito você esperar. Vamos Laura – Disse Diego se levantando, pegando minha mão e levando-me para fora da sala. Quando saímos da sala ele desatou a rir. Ri também acompanhando a loucura momentânea dele, mas ele parou de repente e me encarou, ficando sério. Estávamos em um corredor deserto do shopping, na saída das salas de cinema. Diego olhou para os lados vazios do corredor e me empurrou contra a parede. Arquejei de surpresa, mas logo sorri quando seus lábios se juntaram aos meus. Quando nossas bocas se separaram, estávamos abraçados, sua cabeça apoiada em meu ombro. Ele sussurrou em meu ouvido: - Acho que estou ficando apaixonado.

Afastei-me dele, o suficiente para poder encarar seus olhos.

–É mesmo? Muito sortuda essa garota – Sorri.

–Sortudo sou eu.


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