A Última Carta - A Seleção escrita por AndreZa P S


Capítulo 9
2.6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665850/chapter/9

Uma surpresa e um encontro

Há um mês atrás eu entrava pela a primeira vez na casa dos Schreave, amuada, desconfiada e, principalmente, querendo incomodar a vida de Maxon ao extremo. Bom, agora percebo que meu pai fizera, realmente, tudo o que podia para me manter segura e satisfeita na medida do possível. Fui infomarda que um advogado sempre estaria à disposição caso eu quisesse discutir sobre algo a respeito do contrato, mas até agora não senti necessidade de fazê-lo. Minha amizade com Maxon ainda estava no início, mas mesmo assim a cada dia eu nutria mais respeito e admiração por sua pessoa.

Acabo sorrindo com este pensamento e balanço a cabeça de um lado para o outro. Quem diria! Antes tudo o que eu queria era infernizá-lo, e agora eu me sentia cada vez mais a vontade, criando cada vez mais esperanças de que podiamos tornar a nossa relação saudável e verdadeira. Que ele seria capaz de me entender, que não me manteria presa nesse contrato, que me deixaria ir embora sem que nada de ruim acontecesse à minha família, que pudesse ir ao meu casamento com Aspen no futuro. Seria mais do que eu poderia pedir, mas, quanto mais o conhecia, mas essa possibilidade ganhava espaço no meu horizonte.

Olho para o relógio de parede que tiquetaqueava sem parar, são 15:01 da tarde. Caminho pelo o quarto, buscando por algo que pudesse fazer para passar o tempo mais rápido, e acabo pegando o notebook que me deram. Assim que está contectado a internet, digito facebook no Google.

Dou uma olhadinha no perfil de Marlee, sorrindo de cada foto fazendo careta que ela insistia em postar. Na página de May o post mais recente era de semanas atrás. Ela também não era tão fã de redes sociais, assim como eu. Entro na minha caixa de entrada, verificando se havia alguma mensagem para mim. Um tal de Hugo do ensino médio perguntou se estava tudo bem comigo, e eu não respondi. Havia algumas outras mensagens, geralmente tentativas de puxar assunto e coisas do tipo.

Abri, ansiosa, a de Marlee.

Agosto, 12:36

Meriiiii! Cadê vc? Ñ sei pq ter facebook se não vai entrar nele! Tô com sdds. Vc nem parece que tem 20 anos, prefere ficar infurnada dentro do quarto lendo. Aff, mas amo vc msm assim. Me liga (vc ainda tem telefone, né? pq olha...tu é da idade das pedras).

ME RESPONDE. ME RESPONDE. ME RESPONDE. KKKK vou ir passar as férias em casa e vou te visitar. Sabe, a faculdade é bem legal...vc deveria tentar um dia, iria gostar. tchau e bj na testa!

Quando acabei de ler tive que revirar os olhos. Meu sorriso repuxava os cantos da minha boca e, naquele exato momento, me dei conta que morria de saudades dela. Essa garota fazia a diferença no meu dia, com certeza. Me pergunto se digo a ela ou não que estou passando uma temporada em Londres...será? Bem, um dia teria que contar para ela, e usar o facilitador de não ter que olhar olho no olho que uma mensagem oferece, disse a ela que estava passando um tempo na Inglaterra, mas que teria que explicar o motivo pessoalmente. Eu podia imaginar sua cara de espanto e curiosidade, sua voz alta me bombardeado de perguntas.

Logo depois, acabo me entediando e desligo o notebook. Me deito na cama, olhando para o teto bege, sentindo meu corpo relaxando conforme eu começava a imaginar que estava em casa, na minha cama de verdade. Suspiro baixinho. Aspen não tem facebook, e nesse momento de nossas vidas seria legal ele ter. Mas não, eu tive que teimar que nos correspondermos por cartas era mais interessante! Teimosa. Nem o meu número de telefone ele tinha mais. Será que ele já havia recebido a carta que enviei dois dias atrás? Eu Já tinha criado um plano para poder me corresponder com ele enquanto estivéssemos separados por uma pegadinha do destino. E de mal gosto, diga-se de passagem. Enviei uma correspondência para May, eu confiava nela de olhos fechados. Quem melhor para me ajudar sem fazer perguntas?

"Mayzinha,

Como você está? E o pai? Recebi a sua última carta dizendo que estava com saudades, e eu também estou. Você nem imagina o quanto! Mas, além de enviar esta carta para matar a nossa saudade uma da outra, ela tem a função de algo muito sigiloso. Por favor, May...mantenha essa sua boca fechada, senão eu estarei em apuros! Lembra algum tempo atrás, quando você me perguntou se eu havia me apaixonado por alguém? No dia eu não quis te dizer nada sobre isso, porém agora preciso da sua ajuda. Eu estou amando um cara, mas não posso ficar com ele por enquanto. Não faça perguntas, a história é mais complicada do que as daqueles livros que eu lia para você dormir. É importantíssimo. Ele vai me enviar cartas como se você que estivesse escrevedo-as, então, caso alguém te pergunte se é realmente você, por favor...diga que sim. Bata o pé e diga que sim! Sua função nessa história é simples, estou contando isso para que fique preparada. Beijo, e eu amo você mais do que tudo.

Méri."

Logo depois, fora a vez de conversar com a Lucy. Nós não éramos exatamente amigas, mas eu sabia que ela gostava de mim, assim como eu também gostava dela. Depois do café da manhã, uns três dias atrás, a abordei enquanto caminhava apressada até o terceiro andar.

–Ei! Lucy! - Grito, ela logo se vira pra mim e acena. - Espera um pouquinho! - Continuo ao dar passadas largas em sua direção. Assim que paro diante dela, sorrio de forma simpática.

–Posso ajudá-la? - Pergunta, inclinando a cabeça levemente para o lado.

–Na verdade, só você pode me ajudar mesmo.

Lucy franze as sobrancelhas, seus olhos ficaram cautelosos de repente.

–Claro...

Deslizo uma de minhas mãos pelos os cabelos e respiro fundo.

–Não é nada demais, não vou te colocar em nenhuma situação complicada. - Eu digo, mesmo sabendo que essa história tinha tudo para se complicar. - Você sabe que eu me correspondo seguidamente com a minha família, certo?

Ela concorca com a cabeça e abre um sorriso pequeno.

–Então, minha irmã vai começar a enviar cartas mais seguido, e eu queria que você ficasse encarregada de pegá-las e entregá-las diretamente a mim. Só a mim. Pode ser?

Lucy parecia confusa, ela pensou por alguns segundos antes de me responder.

–Tudo bem, vou cuidar disso, pode deixar. - Respondeu. Seu rosto mostrava que estava super curiosa mas, como era bem discreta, ela não teve coragem de perguntar o motivo. Ainda bem, não gostava de mentir, ainda mais para pessoas que eu estimava. Mas às vezes é necessário, por um motivo ou outro.

–Confio em você. - Murmuro, dando mais ênfase na importancia do que ela estava prestes a fazer por mim. O remetente seria de Londres, não havia como fingir que era dos EUA...se algum dos Schreave vissem, eu estaria encrencada.

Lucy pareceu satisfeita com as minhas palavras e seu sorriso alargou-se pelo o rosto inteiro. Logo depois eu enviei uma carta paras Aspen explicando o meu novo plano. Acho que ele iria gostar...e se não gostasse, bom...era só o que tínhamos ao dispor no momento.

Agora, cá está eu, nervosa, pensando em N possibilidades de tudo dar errado, quando escuto uma batida na porta. Tão rápido que quase tropecei nos próprios pés, a abri e me deparei com uma Lucy sorridente e orgulhosa de seu trabalho.

–É para a senhorita. - Diz ao me estender um envolte branco. Tenho certeza que meu rosto havia se iluminado todo agora.

–Obrigada! - Exclamo, pegando o papel que ela me ofeceria. Com um sorriso, ela se despede e volta para os seus afazeres. Sento na beirada da cama, prestes a abrir o envelope quando me dou conta de que são dois, e não um.

O primeiro tinha sido enviado de Carolina, o segundo de Londres. Ambos diziam que May Singer rabiscado no papel.

Abri o de May de verdade, minha irmã.

"Ames,

Você sabe o quanto eu gosto de receber cartas e enviar cartas? Nossa, isso é tão...mágico. Nem precisamos de internet, quando temos papel e caneta na mão, né?

Bom, só pelo o fato de estar participando desse seu romance misterioso já me faz criar mil fantasias perigosas, e agora eu estou participando disso tudo! Uau, isso é muito legal, sério mesmo. Estou com muitas perguntas na ponta da língua, mas sei que é sigiloso. Si-gi-lo-so! HAHAHAHAHA, adorei. Pode contar comigo, vou ajudar você. Vou até criar uma história baseada nisso tudo. Lembra daquela frase que a mãe vivia repetindo para o papai, sabe? Em boca fechada não entra mosca! Na minha não vai entrar, nenhuma mosquinha, não mesmo.

Te amo amo amo amo amo!

May Singer"

Balanço a cabeça com toda essa animação de May. Somente ela para ter esse espírito tão...autêntico, romantico e dela mesma. Com o coração soltando pela a boca, rasgo o envelope enviado de Londres. Antes de ler, respiro profundamente.

"Meri,

Você é genial. Tenho muita sorte por você ser a minha namorada. Linda namorada...estou sorrindo enquanto escrevo isso. Sinto sua falta e não quero conversar com você por carta, quero é te encontrar de verdade e te beijar. Também tenho um plano!

Meu número 46 *******

Do seu namorado,

Aspen Leger."

Queria que ele tivesse escrito mais coisas, mas antes pouco do que nada. Às 00:00 em ponto, desci as escadas na ponta dos pés, indo em direção ao telefone fixo que ficava lindamente exposto na sala. Olho a todo momento para os lados, conferindo se nenhum empregado, Lorde Clarkson, Madame Amberly ou Maxon havia aparecido de supetão.

Digito os números de telefone que decorara de tanto que li e reli aquela pequena carta, mas que muito mexeu comigo.

Tuumm...tuummm...tuummm...tuuumm

Alguém atendeu no 4 toque.

–Alô? - Digo eu, incapaz de esconder a ansiedade na minha voz.

–Que saudade que eu tava de sua voz, America. - O som gostoso daquela voz fez derreter todo o gelo de amargura que eu vinha sentindo por sua ausência.

–Eu também, você nem sabe o quanto. - Respondo, pondo uma mão sobre o peito e dando uma espiada atrás de mim.

–Me encontre na rua daqui a 30 minutos.

–O quê? - Minha testa está franzida.

Aspen riu um pouco.

–Vou te esperar...sei lá, pule o muro, sei que você consegue.

E eu conseguia mesmo, penso eu ao lembrar do dia em que Maxon e eu demos uma fugida juntos. Pensando nele...onde será que Maxon passara o dia de hoje? Não o vi em nenhum momento.

30 minutos mais tarde, depois de ter pulado com mais dificuldade do que a outra vez que tive a ajuda de Maxon, eu me encontrava na calçada, me assustando com cada som de passos que ouvia, com o chocoalhar do vento na copas das árvores. Se eu fosse pega, a minha vida e a da minha família estaria em risco.

Sinto alguém me puxando para trás, me apertando contra si. Logo imaginei que fosse um assaltante, ou pior, um dos guardas. Mas logo o desespero foi substituido por uma sensação de reconhecimento. Me virei para trás e vi Aspen, com seu sorriso tão largo e seus olhos tão verdes. O abraço forte, temendo que pudesse esmagá-lo. Ok, esmagá-lo não, já que ele era bem maior que eu...mas, sei lá, vai saber.

–Vem comigo. - Sussurrou ele no meu ouvido, me puxando pela mão até uma moto preta e antiga, que com certeza não chamaria atenção. Peguei um capacete e sentei na traseira dela, arragando Aspen por trás. Uns 55 minutos mais tarde, nos encontrávamos deitados em uma cama de motel barato, Aspen deslizava as mãos pelas minhas pernas.

–Tem certeza que aqui é seguro? - Pergunto pela a segunda vez. Aspen me beija no canto da boca.

–Já te disse, é sim.

Puxo ele para cima de mim, depositando beijos pelo o seu pescoço.

–Senti sua falta mesmo, mesmo. - Murmuro, sentindo toda a emoção a ponto de transbordar.

Ele solta um suspiro frustrado.

–Qualquer dia desses vou te roubar pra mim e não vou devolver nunca mais.

Meu sorriso era enorme.

–Você nem precisa me roubar, já sou sua e você sabe. - Dou uma piscadela, mas ele parecia um pouco abalado. - O que foi? - Pergunto enquanto apoio os cotevelos no colchão duro para erguer meu corpo um pouco.

–Você nunca foi minha, Meri. Sempre foi dele. - Diz em tom seco.

Bufei alto.

–Para de bobagem, Aspen.

Nossa, como eu odiava quando ele estragava nosso momento juntos!

–Se ponha no meu lugar, poxa.

Estreito os olhos.

–Não vou repetir o que já disse um milhão de vezes. Maxon não pode encostar em mim se eu não permitir, ou se não for de extrema necessidade.

–Como assim extrema necessidade? - Indaga ele com as sobrancelhas erguidas. Aspen se levanta e fica de pé diante da cama, me olhando com aqueles olhos ciumentos e raivosos.

Me sento e escoro minhas costas na parede.

–Caso se crie alguma situação do qual tenhamos que ser mais...íntimos...sabe, para manter as aparências a salvo.

Ele solta uma gargalhada esquisita, uma mistura de deboche e tristeza.

–Nossa, isso só melhora, né?! - Diz.

Me levanto também e tento me aproximar, mas ele estende a mão para mim, pedindo silenciosamente que eu ficasse exatamente onde estava. Bato meu pé no chão.

–Ele é um cara legal, não precisa se preocupar, amor. - Tento eu, indo em direção a ele mais uma vez. Aspen cruza os braços e em nenhum instante olha em meus olhos.

–Legal. - Murmura simplesmente, com escárnio.

Jogo as mãos pro alto e piso forte no chão, caminhando rumo a porta, decidia a deixá-lo ter aquela crise de ciúmes sem sentido sozinho. Eu não sou obrigada a isso, ah, não sou. Aspen me impede de girar a maçaneta, me segurando firme pela a cintura e me virando para ele. Seus olhos estão marejados, e eu tento não ficar com pena dele. Mas claro, é em vão.

–Desde o começo você sabia que seria difícil manter um relacionamento comigo, Aspen. Eu te disse tudo, contei sobre o contrato, a família Schreave e Maxon. Não posso admitir essa sua reação, não sou mais criança.

Aspen respira fundo, as lágrimas agora escorriam lentamente por seu rosto e eu tive que me concentrar muito para não chorar também.

–Me desculpa...é que...- ele me puxou mais para si. - Você está com ele agora, antes não...você estava em casa, em Carolina. Não acha que é normal me sentir inseguro e impotente em uma situação dessas? - Seus olhos brilham pra mim, e eu sinto que o amo tanto. Eu entendia o que ele queria dizer, mas não suportava vê-lo agindo dessa forma, estragando nosso momento por coisas que nós não podíamos mudar.

–Você ainda quer ser meu namorado? -pergunto, minha voz soando meio estrangulada.

Aspen arregala os olhos e sua voz saí alta demais, quase desesperada.

–Claro, America! Você sabe que eu te amo!

–Então me beija.

Infelizmente não pudemos ficar mais tempo juntos, logo depois ele me trouxe para a mansão novamente. Exausta, deitei em minha cama e dormi profundamente e em um piscar de olhos.

Acordo com a voz de Silvia ecoando pelas as paredes do quarto.

–Senhorita America? - Há uma interrupção estática na linha, e depois sua voz soa mais uma vez, urgente. Acho que já fazia algum tempo que ela estava me chamando. - Senhorita America?

Com um suspiro, pego o Walktalk e solto uma tossida para garantir que minha voz não saíria grave demais.

–Acordei. - Falo, sentando-me na cama e dando uma olhada no relógio. 11:15. Será que o despertador não funcionou? Ou eu que estava dormindo feito pedra?

–Que susto! Pensei que estava passando mal. - Diz ela, aparentando estar realmente preocupada.

–Me desculpe, sério. - Deslizo uma mão pelo o meu rosto amassado.

–Tem alguém que quer falar com a senhorita. - Afirma, pude perceber que ela sorria. Logo, uma voz conhecida e masculina entrou em meus ouvidos.

–Minha cara, isso são horas de acordar? - Indaga Maxon, que logo depois solta uma risadinha marota.

Abro um sorriso.

–Você nunca dormiu até tarde? - Pergunto pra ele, já me levantando e indo rumo ao banheiro.

–Talvez quando tinha 10 anos de idade. - Provocou.

–Engraçadinho. - Retruco, rindo um pouco. Bem pouquinho mesmo.

–Tenho algo que vai te ajudar nesse tédio que sente quando não tá comigo.

Bufo alto, sinalizando que ele estava enganado. Porém, era a pura verdade. Ultimamente ele andava ocupado, logo, logo começariam as novas propostas de eleição e acabou que meu único amigo na casa havia me deixado um pouco de lado.

–O quê? Jogar golfe com velhinhos de 70 anos?

Maxon gargalhou muito alto, então comecei a rir também.

–Venha me ver em 20 minutos, então verá do que se trata. - Diz ele, fingindo uma voz misteriosa.

–Quero só ver.

–Claro que quer. E não se atrase, você mesma disse que sou fissurado por horários, então...não cutuque a onça com vara curta. - Brincou, sorrindo.

–UiUi, até arrepiei aqui. - Minto.

–Engraçadinha. - Retruca, imitando a minha voz. - Vem logo.

–Estou indo, noivo.

–Estou esperando, noiva.

Obviamente, nos chamávamos assim por brincadeira, para discontrair. Além do mais, até que era divertido. Só espero não abrir minha bocona e contar isso pra Aspen, senão...melhor nem pensar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!