A Última Carta - A Seleção escrita por AndreZa P S


Capítulo 11
2.8




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Uma música e um beijo

Procurei ficar o restante do dia em meu quarto, lendo o meu livro sem precisar me preocupar em estar representando bem o meu papel. É muito chato e cansativo ter que fingir horas por dia, tipo, quando é em ocasiões especiais como jantares, festas e entrevistas tudo bem, mas até na mansão? Pra mim, é pedir demais.

Disse que estava me sentindo mal na hora do jantar. Maxon perguntou se poderia fazer algo por mim, mas neguei com veemencia, enquanto Madame Amberly me fitava com aqueles olhos atentos, cuja a intensidade me fez sentir estar completamente transparente. Acho que ela desconfiou de que eu estava mentindo, porém, não me desmentiu e nem mesmo me obrigou a ficar. Se não me engano, na outra vez que menti sobre o meu mal estar ela agiu da mesma forma. Agradeci mentalmente por isso. E Kriss...bem, Kriss me aconselhou a dormir bastante (bastante mesmo) e repousar em meu quarto, que logo eu ficaria bem. No entanto, seu rosto transparecia estar satisfeita e aquilo, não vou negar, me incomodou um pouco.

Na hora do almoço do dia seguinte, desci as escadas com um ânimo diferente. Não iria me deixar isolar por conta da prima de Maxon, afinal, bem no fundo eu queria mesmo era provocá-la. Meio infantil, eu confesso...mas que se dane. Avistei Anelise caminhando calmamente com um tecido branco em mãos, lustrando o que já estava limpo.

–Boa tarde. - Eu digo, sorrindo para ela, que me retribuiu instantaneamente.

–Boa tarde, senhorita.

Estou alisando o meu vestido quando pergunto:

–Todos já estão na sala de jantar?

Anelise balança a cabeça de um jeito rápido, o que acabou sendo um pouco engraçado.

–Não. Madame Amberly tinha coisas para resolver sobre a festa que será dada hoje a noite. O Lorde saiu ontem cedo, mas acredito que a senhorita tenha reparado... - seus olhos verdes agora quase me encaravam. Tinha? Quer dizer, eu sabia que não o havia visto o dia todo, mas não dei importância. De todos naquela casa, ele era o que menos me agradava. - Porém irá chegar a tempo para a festa. - Concluí sorridente.

Fiz uma careta. Festa? Solto um suspiro e Anelise me fita curiosa.

–E Maxon? - Pergunto, mesmo meio que já sabendo da resposta.

–Saiu hoje bem cedinho, tinha alguns assuntos para resolver.

–Kriss...? - Tento, agora soando esperançosa. Tomara que ela já tenha ido embora, afinal.

–Ela avisou que já está vindo almoçar. - Afirmou, ainda sorrindo. Será que Anelise não parava de sorrir minuto algum? Como fiquei um bom tempo sem responder, fitando minhas sapatilhas azuis, ela emendou: - Irá almoçar junto com a senhorita Kriss, certo?

Abro a boca para negar, dizer que iria comer no meu quarto quando avisto Kriss caminhando com passos curtos e delicados até onde eu me encontrava. Assim que está ao meu lado, ela abre um sorriso mostrando dentes brancos e bem alinhados.

–Que bom que está aqui, America! Pensei que almoçaria sozinha hoje. - E faz biquinho.

Solto um suspiro.

–Na verdade, eu...

–Não me venha com desculpas! Almoce comigo, tenho certeza de que seremos boas amigas. - Interrompe ela, me olhando insistentemente e sorrindo de um jeito estranho.

Pisco várias vezes antes de responder, dando outro suspiro.

–Tudo bem, vamos. - Respondo.

Sentamos uma de frente para a outra. Lucy que veio nos servir, depositando sobre a mesa uma variedade extensa de comida. Ela está prestes a dar meio volta e nos deixar a sós, quando Kriss estala os dedos. Lucy imediatamente endireita os ombros e se aproxima dela.

–Sim, senhorita?

Kriss está com a expressão de poucos amigos.

–Por favor, me sirva. - Ela olha pra mim por um instante, revirando os olhos como se eu também achasse que ser servida aos 21 anos de idade fosse de extrema necessidade. A expressão de Lucy era, definitivamente, de paisagem. Acredito que ela já estava acostumada a lidar com pessoas como Kriss.

–Obrigada. - Murmurou assim que escolheu os pratos que gostaria de saborear.

–De nada. - Responde Lucy, em tom sem emoção. Agora ela se vira para mim, e um sorriso bonito aparece em seus lábios finos. - Gostaria que eu lhe servisse também, senhorita America?

Me escoro no encosto da cadeira e cruzo as mãos diante do rosto.

–Lucy, você sabe que já sou crescidinha demais para querer que os outros me sirvam, não? - Indago, sentindo que minha expressão incrédula e voz cutucaram Kriss com vara curta. Lucy sorria abertamente e satisfeita agora.

Ela concorda com a cabeça, logo depois lança um olhar rápido e educado para Kriss e para mim.

–Com licença, senhoritas. - Balbucia, depois praticamente corre porta a fora, como percebi que já lhe era de costume.

Enquanto me sirvo arrisco uma olhadinha marota para Kriss, mas ela está com as bochechas um pouco coradas e concentrada na comida a sua frente.

–Então, você sabe para onde Maxon foi hoje pela a manhã? - Pergunta ela após alguns minutos silenciosos e, sem duvida, agradáveis.

–Hm...Anelise disse que ele tinha coisas para resolver hoje. - Murmuro antes de por mais uma garfada de strogonoff com arroz na boca. Nossa, como a cozinheira daqui sabia como fazer comida gostosa!

Ela pensa por um instante, em nenhum momento seus olhos desgrudam do meu rosto.

–Quem é Anelise? - Pergunta, toda curiosa.

A fito por um belo segundo com a sobrancelhas erguidas antes de responder:

–Uma das empregadas. Ela está com os Schreave há anos, pelo o que sei.

–Ah, sim...Anelise, claro. - Murmura, sua expressão está entediada. - Mas me diga, a empregada que teve que te contar isso? Você não sabia? - Indaga, um sorriso animado começou a se formar em sua cara de pau. Passo minha lingua pelos os lábios e deslizo as mãos pelo o meu cabelo antes de cruzar os braços.

–Não dormimos juntos, Kriss. - Falo eu, incapaz de controlar o leve rubor que se apoderou do meu rosto.

Ela dá uma risadinha, arqueando uma de suas sobrancelhas escuras.

–Sério?! Nossa, não sabia que ainda existiam pessoas tão puritanas nos dias de hoje. - Retrucada, dando uma garfada em sua massa espaguete.

–Bom, você deve saber que os Schreave são de uma família tradicional e conservadora, o Lorde Clarkson nos aconselhou a dormir em quartos separados. - Fixo meus olhos no dela e abro um sorriso bem aberto. - Mas não dormirmos juntos não significa nada...sabe como é, né? - Digo eu, dando a entender uma baita mentira. Mas dessa vez nem me senti mal.

Kriss só faltou bufar, mas se deteve e me presenteou com um sorriso forçado no rosto.

–Claro. Sabe, fiquei surpresa porque Maxon e eu cansamos em dormir juntos, nossa perdi até as contas!

Me contenho e consigo a proeza de não revirar os olhos.

–Eu sei, parece que quando vocês eram crianças, né? Bem pequenininhos mesmo, certo? - Retruco, tentando controlar minha voz para sair agradável e natural ao invés de agressiva. Não estava disposta a ver meu nome correndo de boca em boca pela a mansão dizendo que eu era grossa com a família de Maxon.

–É, acho que sim. - Diz ela, empurrando seu prato (quase cheio) para o lado. Seu ar estava derrotado e eu quase me senti mal por ela. Poxa, devia ser difícil gostar de um cara que estava noivo de outra! Sério, para mim está óbvio de que ela nutre sentimentos bem fortes por Maxon, o que é meio chato...ele está noivo de fachada, ela não precisava me considerar uma inimiga. Mas caso ela continuasse a me provocar, com certeza eu não deixaria barato. Não mesmo.

–Vocês dois não parecem apaixonados. - Afirma ao estreitar os olhos.

Opa!

–Mas somos. - Retruco.

–Se vocês dizem. -Retruca de volta.

No restante do dia tive o desprazer de ter Kriss em meu encalço, a todo lugar que eu ia ela ia atrás de mim. Ou ela queria arrancar de qualquer maneira que eu era uma falsa que só queria o título e dinheiro de Maxon (na verdade era a famíla dele que queria o MEU título), ou realmente me encher o saco com suas perguntas incovenientes. Fui obrigada a me esconder o quarto, e eu estava bufando. Pela a primeira vez desde que chegara, tinha sol na rua. S-O-L, sem nenhuma nuvem pra encubri-lo de minuto em minuto. Me jogo no sofá do quarto e pego a carta recente de Aspen me enviara.

"America, meu amor

Me ligue hoje no mesmo horário daquela outra vez, e não se preocupe que não vou estragar nosso momento juntos. Eu prometo para você.

Até mais tarde!

Seu amor, Aspen Leger"

Mal podia esperar por vê-lo, queria ter um momento perfeito com ele, e dessa vez não estaria usando jeans e moletom. Por volta das 16:55 da tarde, Silvia me chama pelo o Walktalk.

–Sim? - Falo eu, enquanto me jogava na cama de barriga para baixo e cruzava as pernas no ar.

–Senhorita, hoje teremos uma bela festa de negócios às 19:30. Madame Amberly pediu para avisá-la com certa antecedencia. - Murmura.

É, poderia ter avisado antes, né? Mas tudo bem, já começava a me acostumar em ser avisada por último das coisas. Mais um sinal de que os Schreave me consideravam meramente como parte de um contrato, e não como da família em si.

–Tudo bem, Silvia, obrigada, viu?

Ela solta uma risada baixa e abafada.

–Não faço mais do que a minha obrigação. - Responde. Pela a sua voz, posso garantir que ela está sorrindo. Sorrio também.

–Você é legal. - Digo de supetão.

–A senhorita também é muito agradável, será incrível tê-la como membro da família. - Fala, a sinceridade de suas palavras fizeram com que algo dentro de mim se sentisse melhor.

–Ahn...Silvia, o... - Hesito enquanto olho para a parede e mordo o lábio inferior. Quando demoro demais para continuar a frase, Silvia me estimula:

–Sim, querida? - Diz ela, sem me passar despercebido que era a primeira vez que ela me chamava de 'querida', ao invés de 'senhorita'.

Suspiro baixo.

–O Maxon...ele já chegou?

Ela ri um pouco, achando graça da minha demora por perguntar sobre o meu noivo (nenhum empregado sabia do acordo), muito provavelmente. Corei um pouco.

–Sim, está na sala, não faz muito que chegou. - Responde.

–Obrigada.

–De nada.

Assim que desligo fico imóvel por alguns segundos. Eu queria muito ver Maxon, a companhia dele é como uma terapia para mim. Sem perceber, abri um sorriso. Só fui me dar conta dos meus lábios repuxados quando lancei uma olhada rápida no espelho para xecar que estava apresentável.

Desço as escadas quase correndo, e eu nem sabia o porquê. Quando chego perto o suficiente para ver Kriss e Maxon sentados muito próximos um do outro, eu paro abrupdamente. Observo por um tempo enquanto Kriss praticamente se jogava nos braços do primo, jogando aqueles cabelos tão escorridos e escuros que, do nada, me veio a menina Samantha na cabeça...aquela do filme O Chamado.

O pior é que ele parecia não se incomodar. Talvez até tivessem tido algum tipo de relacionamente antes de eu vir para cá, e por este motivo ela estava tão incomodada com a minha presença. Talvez fosse mais do que uma paixonite por parte de Kriss, quem sabe ela fosse o Aspen de Maxon.

Bufo alto e retorno ao meu quarto quase correndo, me sentindo irritadiça de repente. Fecho a porta com força e cruzo os braços enquanto caminho de um lado para o outro.

Que injustiça. Ele podia ter um affair com outra garota debaixo dos meus olhos, mas eu não! Me poupe, teria que pedir que ele ficasse longe dela, oras. Revejo em minha mente o sorriso divertido dele e a cara de safada dela. Balanço a cabeça com força. Nossa! Logo na sala? Não podia ser dentro de um quarto????????????

Respiro fundo diversas vezes até que comecei a sentir meu corpo deixar a quentura para trás. Idiotas.

Pouco antes das 19:30 da noite, eu me encontrava a terminar de me maquiar. Optei por uma maquiagem leve, e um batom escuro. Nos olhos apenas uma sombra clara que destacassem meus olhos e rímel (eu amo rímel, sério). O vestido é longo e negro, descia até o meu tornozelo colado ao corpo e no final se abria como uma flor. É tomara que caia e um bojo firme fazia com que meus seios ficassem bem levantados. Balanço os cabelos, jogando-os para baixo e depois para cima e, o resultado, fora como o esperado. Cascatas de cabelos ruivos e ondulados caíam sobre meus ombros e iam até metade das minhas costas. Sorrio para o meu reflexo. Não sabia exatamente porque me empenhei tanto em me arrumar está noite, mas o fato é que eu estava bem razoável.

Será que Maxon gostaria?

Franzo a testa e reviro os olhos. Não que importasse de fato.

Desço os degraus propositalmente meia hora atrasada. Queria que boa parte dos convidados tivessem já chegado para poderem me ver em minha entrada triunfal.

É, exagerei um pouco, mas pelo menos quase todos os homens olharam para mim enquanto eu me dirigia até Maxon, que conversava com um senhor muito elegante. Quando me vê, ele arregala os olhos e abre a boca sem dizer nada, mas logo se recompõe e eu acabo rindo e corando um pouco.

–Nossa, America, você está... - ele me encara até demais, me deixando constrangida, procurando as palavras que diria a seguir: - Incrível, estonteante.

Dou um soquinho de leve em seu braço e abaixo a cabeça.

–Encantadora, poderia compará-la a uma sereia. - Diz o homem, que sorria de um jeito tão simpatico que tive que sorrir também. - Não me leve a mal Maxon, mas tome cuidado para nenhum gavião roubá-la de você! - E solta uma risada super alta, fazendo com que vários pescoços se voltassem para nós.

Maxon apenas sorri de um jeito orgulhoso.

–Não se preocupe, senhor Johson, vou cuidar dela. - Então me olha e pisca. Pisco de volta.

Lá, separadas apenas por alguns corpos de distância, com uma garota muito, muito bonita mesmo está Kriss. Seu olhar é frio como gelo, a taça em sua mão quase vira enquanto seus olhos estavam cravam-se em mim. A outra menina, morena e de olhos esverdeados (parecia modelo), com um vestido vermelho, longo e sexy, parecia entediada com a companhia. Decido que evitar encará-la é o melhor a fazer. Volto meu olhar para o restante dos convidados, todos muito bem vestidos e elegantes.

–Quantos anos tens, senhorita? - Indaga o senhor Johson, me tirando de meus devaneios. Pisco algumas vezes antes de abrir um sorriso e respondê-lo.

–Fiz 21 anos, senhor.

Ele concorda com a cabeça, e o sorriso que abriu fez com que rugas extensas se formassem ao redor de seus olhos cor de mel.

–Uma moça ainda. Está preparada para ser noiva de um jovem político? - Pergunta com a voz afável.

Penso sobre aquilo, sentindo que minhas mãos começavam a tremer de leve. Maxon me aperta mais contra si e, quando volto o meu olhar para o seu rosto, ele está sorrindo de forma encorajadora. Respiro fundo e digo:

–Na verdade, estou. Maxon poderá contar comigo sempre que precisar. - Respondo ainda fitando meu suposto noivo. Ele abre mais o seu sorriso. Nós dois sabíamos que minhas palavras eram verdadeiras.

O senhor Johnson bate palmas e solta mais uma de suas risadas escandalosas. Maxon e eu acabamos rindo junto. O homem agora põe uma mão sobre o ombro de Max de forma um tanto terna. Quase paternal.

–Já lhe falei que é muito jovem pra entrar de cabeça nesse ramo, viva a sua vida, ainda dá tempo de voltar atrás. As candidaturas oficiais só começam daqui alguns dias. - Diz.

Maxon solta um suspiro e responde com um sorriso afetado:

–Por este motivo é que devo me eleger. O povo precisa de uma nova visão de governo, e o que melhor representaria isso do que um rapaz de 22 anos de idade?

Senhor Johnson balança a cabeça, discordando. Porém, seu olhar para Max é de orgulho. Também me sentia orgulhoso dele, de verdade.

Chegando de mãos dadas com o Lorde Clarkson, está a Madame Amberly com um belo vestido azul marinho. Seu sorriso, como sempre, é encantador.

–Boa noite, senhores. - Cumprimenta o Lorde com um sorriso, agora ele se volta para mim e inclina levemente a cabeça para baixo. - Senhorita.

Respondo com um sorriso apenas.

Senhor Johnson dá dois tapas nas costas do Lorde, que retribui de forma entusiasmada. Acho que eles se conheciam há tempos.

–Você está linda, America. - Elogia Madame Amberly.

–A senhora que está linda. - Falo eu, sendo sincera.

–Amberly está uma beldade. Vou entrar para a família Schreave para ver se encontro uma esposa tão bela quanto a de vocês. - O senhor murmura aos risos, enquanto olha para Maxon e Lorde Clarkson. Ambos o acompanham na risada.

Madame Amberly agita uma das mãos no ar e solta uma risada baixa, suas bochechas estão levemente mais vermelhas. Suas palavras saem dirigidas a mim.

–Querida, não precisa me chamar de senhora. Você vai se casar logo, logo com o meu Max. - Diz com ternura.

Engulo em seco. Olho para baixo, meio sem saber o que dizer. Será que esta afirmação se aplicava somente quando estivéssemos ao lado de pessoas importantes, ou eu poderia levar para a vida?

–Claro, claro. Desculpe.

Maxon deslizou a mão que estava em minha cintura até encontra os meus dedos, entrelaçando-os. Olho para o seu rosto, mas seu olhar está dirigido à sua família diante de nós.

–America, gostaria de tocar uma música no violino para nós? - Me pergunta Amberly de um jeito que seria grosseria recusar. Mas eu tive que tentar recusar, ao menos.

–Na verdade...ahn...nunca toquei violino para mais do que três pessoas. Eu...

–America é musicista?! - Exclama admirado o senhor Johnson. - Por favor, nos dê a honra!

Tenho certeza de que o meu rosto está muito vermelho.

–Gente, eu gostaria muito, mas...acho que...

Maxon inclina o seu tronco para baixo, até que sua boca estivesse na altura de minhas orelhas. Seu hálito quente fez cosquinhas na minha pele.

–Você é toca maravilhosamente bem, por favor, todos estão esperando. Não precisa ficar com vergonha, qualquer coisa mantenha os olhos fixos em mim, vou te dar apoio moral. - Sussura ele, dando uma risadinha no final da frase. Acabo sorrindo também.

Respiro profundamente.

–Claro, espero que gostem. - Murmuro em voz baixa. O Lorde fez com que a banda ao vivo parasse de tocar e Madame Amberley me trouxe o seu violino. O senhor Johnson, gritou ao 7 cantos que todos ficassem quietos, porque eu iria me apresentar. Isso só piorou o vermelho do meu rosto. Fui levada até o meio da sala, e antes de começar vi os olhos de Kriss me fuzilando. Não me importei.

Minhas mãos começaram a tremer, e tive medo de deixar cair o instrumento. Todos na sala estão com os olhos vidrados em mim, muitos sorriam. Porém, um sorriso acabou me dando mais coragem. Maxon volta e meia fazia caretas engraçadas, e antes de começar a música acabei dando uma risada.

Enquanto tocava, mantive ora os olhos fechados, ora os olhos cravados no rosto de Maxon. A música corria de forma melodiosa e me senti orgulhosa de mim mesma por não ter errado nenhuma nota. No final, uma notinha perdida e doce pairou no ar antes de uma salva de palmas invadir o ambiente. Ainda com o rosto corado, acenei e agradeci a eles. Voltei até onde os Schreave estavam e sorri.

–Encantadora. - Murmuraram Amberly e o senhor Johnson ao mesmo tempo.

Maxon me olhava de um jeito que dizia "viu? falei que você se sairia bem".

Mais uns trinta minutos se passaram, e Kriss havia se juntado a nós.

–Não sabia que você era violinista. - Diz depois de um tempo, me encarando de um jeito nada cômoda. Alguma coisa em seu rosto me fez imaginar que ela estava quase bêbada.

Ergo um dos meus ombros.

–E não sou.

–Hum. Nunca vi vocês se beijando. - Solta ela do nada, olhando de mim para Maxon com um ar esvairado.

Maxon e eu nos entreolhamos.

–Que que tem? - Retruco.

–Se beijem agora, consigo ver se duas pessoas se amam só pelo o beijo que dão. - Diz ela, dando mais um (entre tantos outros) gole em seu champanhe.

–Desnecessário. - Maxon fala, pela a primeira vez vejo ele a olhando de forma um tanto rude.

–Beija, beija, beija. - Começa cantarolar ela, batendo palmas e chamando a atenção de todos que estavam próximos e que, infelizmente, começaram a fazer coro com ela. Maxon me pedia desculpa com olhos.

Dou de ombros e aceno levemente com a cabeça, dando a entender que ele poderia me beijar. Afinal, era o contrato. Meu coração voltou a bater forte e meu estômago foi tomado por um nervosismo sem tamanho. Ele se aproximou de mim, me puxando pela a cintura até que nossos corpos estivessem praticamente colados. Fui incapaz de olhar em seus olhos, nem tinha reparado que minha cabeça estava baixa. Maxon ergueu-a com um dedo e, me olhando de um jeito muito carinhoso, ele tocou nossos lábios.

No começo foi estranho, meio mecânico. Mas não demorou muito, logo se transformou em algo delicado e firme, incoscientemente pus minhas mãos em volta de seu pescoço, entrelaçando seus fios louros no meu dedo. Me concentrei nele e naquele beijo, logo ele começou a ficar mais rápido e outra coisa que não soube o que era, mas era muito bom. Sério.

Só fui perceber que todos gritavam de animação na sala quando nos desvincilhamos um do outro. Maxon me encarou intensamente por um segundo, e então sussurrou para mim:

–Até que não foi tão ruim, né? - Pergunta ele, sorrindo.

Solto uma risada nervosa e dou um soquinho em seu braço mais uma vez naquela noite.

–Idiota.


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