Herdeiro Imperfeito escrita por My Dark Side


Capítulo 13
Bônus I


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou de volta!

Como disse no último capítulo, esse é um bônus para compensar a demora.
É bem curto, mas explica algumas coisas e frases que atiçaram a curiosidade.

Espero que gostem!



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Zeno

Dois encontros seguidos... Por que será que isso estava acontecendo apenas agora? Ele parecia ter ficado bem calmo em não se importar nas últimas semanas, eu tinha percebido todos saírem para encontros, cada um já deveria ter tido ao menos dois. Quem será que fez ele mudar de ideia? Talvez a irmã caçula dele, ela era extremamente inteligente e conversou comigo várias coisas sobre medicina, Adarie se lembrava de mim, eu tinha uma vaga lembrança de quando ela visitou as crianças no hospital, mas como ela me reconheceu rápido foi interessante.

Possivelmente ela sugeriu para que ele tivesse ao menos um encontro comigo antes das entrevistas do Jornal Oficial para que eu tivesse o que falar, não que eu estivesse em pânico. Meias verdades são uma das coisas interessantes de se explorar.

Minha mãe ensinou como ver onde eu podia andar para me manter em uma zona segura de mentiras e verdades sem me perder em falsidades, uma das coisas que me lembro de suas lições eram os sorrisos que ela dava quando eu acertava. Ela nunca chegou para mim explicitamente “Eu vou te ensinar a mentir direito”, eu observei ela e juntei várias peças com o passar dos anos.

— Já acabou?

Levantei os olhos assustado, Gael me encarava com os braços cruzados sentado na minha frente. Olhei para os lados procurando os outros selecionados, mas estávamos sós, excluindo os guardas.

— Desculpa. — dei as últimas garfadas na sobremesa e me levantei. — Alteza.

As olheiras debaixo dos olhos eram evidentes, ele deveria ter descansado, não saído por aí cumprindo tarefas quando estava a ponto de cair desmaiado no chão.

— Vamos passear um pouco. — ele se afastou gradativamente, o segui alguns passos atrás, eu tinha o costume de andar muito rápido, então ficar atrás seria melhor. — O que achou do jantar? Você estava bem disperso.

— Os pratos estavam maravilhosos. — sorri, eu não podia reclamar do gosto, era realmente muito bom, eu ficava aliviado de poder servir as minhas porções porque eu gostava de comer pouco. — O peixe estava temperado perfeitamente.

— No Norte de Illéa vocês não comem muita carne, certo?

— Eu sempre comi refeições bem leves, normalmente acho que comi carne bovina pela primeira vez aqui. Tinha uma textura bem interessante, e muito sabor, a profundidade dela era incrível. Meus pais sempre preferiram peixe, poucas vezes comíamos uma carne mais suculenta. Quando eu me mudei eu me acostumei a comer coisas tão... Acabei esquecendo até mesmo o gosto de alimentos básicos, como pizza.

Na realidade, quando eu cheguei e nós tivemos aquela carne bovina eu fiquei tão doente no dia seguinte que depois do café o primeiro lugar que visitei foi a cozinha para pegar um chá para acalmar o meu estômago. Depois fiquei descansando com os outros no salão dos homens. Alguns selecionados tentaram conversar comigo, mas se afastaram todas as vezes em que eu falei demais.

Era irritante, um hábito que eu queria tanto apagar continuava se mostrando presente e intenso. Eu percebi no momento que terminei de falar que Gael suspiraria e desistiria de mim de uma vez. Ele prezava sinceridade, foi o que eu dei a ele ontem e ele não apreciou.

— Na verdade, eu nunca comi pizza. — complementei, ele arqueou e franziu as sobrancelhas me encarando. — Sem ser a básica de mozzarella. E eu gostei bastante do gosto da carne, mas é pesado demais para o meu estômago. Eu prefiro peixe, e também nunca comi frango sem ser aqueles pedaços que colocam em sopas reforçadas.

— Por que? — ele questionou, perdido, era engraçada essa expressão substituindo a série, seus olhos pareciam mais vivos, mesmo tendo aquela cor gélida.

— Eu vivi num hospital por dez, onze anos? Realmente é uma refeição bem leve, mas a cozinheira era incrível, eu amava as sopas que ela fazia no inverno. — ri, suas feições tencionaram com preocupação. — E sobre enrolar com a comida, é uma mania da minha mãe, eu acabei pegando a mesma mania porque fiquei muito tempo com ela. Pensar e esquecer-se da comida, trabalhar e fazer a mesma coisa. Quando nos perdemos ou nos focamos em algo esquecemos de comer.

— Sua mãe parece ser uma pessoa curiosa. — ele colocou os dedos no queixo. — Talvez se você conseguir ir para a Elite eu possa conhece-la. — ele arqueou as sobrancelhas e sorriu esperando uma resposta.

— Nem sei se ficarei para amanhã, quem dirá para a Elite.

— Modesto.

— Perguntou isso para o Elliot?

Ele emudeceu.

— Ele diria que ficaria até o dia da Escolha, sabe, ele não poupa arrogância nessas horas. Falando nisso, você ficar com medo por causa daquilo... Faz sentido. Foi algo inesperado, é a melhor reação, e levando em conta a sua tensão ontem, não esperava menos.

As sobrancelhas dele também eram ruivas, eu achava isso muito legal, era diferente do que eu via em casa, a única “ruiva” que eu tinha visto era a barba do meu pai, mesmo ele tendo os cabelos castanhos.

— Desde quando você desconfia daquilo? — ele questionou.

— No ataque rebelde. Você controla bem, mas isso não é tão saudável como você pensa, deveria ter ido para o médico falar que isso acontecia.

— O... ele te contou o motivo...?

— Eu supus.

Um ataque de pânico porque o Elliot entrou numa área ainda frágil rápido demais. Não foi ruim, mas segurar todos os medos dentro de si não faz bem à saúde.

Nós subimos as escadas, ele abriu a porta, vi uma cama encostada e alguns objetos... Que eu não lembrava o nome.

— Posso tocar? — perguntei apontando para a mesa.

— Claro.

Era pesado e frio, fechei um olho e coloquei sobre o outro, as imagens ficaram muito perto. Soltei uma risada, vendo o mapa que estava sobre a mesa, junto de um... Compasso? E uma... Bússola.

— Você nunca tinha visto uma luneta? — sua voz mostrava com clareza sua confusão.

— Minha mãe tinha um para observar do telhado de casa. Ela era bem hiperativa, sempre fazendo maluquices, teve uma vez que nós nos escondemos no telhado de casa por meia hora até que pudéssemos descer sem sermos comidos. — seus olhos ficaram tão arregalados que me preocupei. — O que?

— Comidos?

— Um urso polar estava perto. — dei de ombros. — Tinham vários na minha cidade natal.

Ele abriu a janela e foi para a sacada, onde tinha duas cadeiras, o que me fez questionar se ele realmente tinha preparado algo ou era apenas coincidência.

— Gosta das estrelas?

O céu estava com algumas nuvens, mas nas partes limpas era possível ver o brilho suave das estrelas, eu tinha que estreitar os olhos para ver devidamente. Pequenos pontos na imensidão azul, formando desenhos. O corpo de Nut, ou o castigo de Atlas.

— Isso é nostálgico. — me debrucei na sacada olhando para cima. — Não tenho essa sensação há anos.

O abraço da minha mãe e o carinho do meu pai enquanto observávamos o céu depois que ele voltava do trabalho. Eu só lembrava de alguns segundos, estava quase me esquecendo da voz da minha mãe, isso é horrível, quando você percebe que isso acontece.

— Não faz isso com a sua família?

— Ah, não fico tanto tempo assim com os meus pais. — expliquei me virando e apoiando as costas na grade. — Minha mãe sempre vai para casa cedo e o meu pai sempre fica correndo de um lado para o outro no trabalho, só nesse ano que conseguimos fazer mais coisas em família.

“Só porque eu estava com tipoia e de repouso. ”, completei mentalmente fazendo uma careta.

— Eu sei que não perguntei muito sobre a família de vocês, mas pode explicar. Você ficava no telhado da casa com a sua mãe e não via as estrelas?

Oh, eu confundi ele mais uma vez.

— Essa é a minha outra mãe.

— Você tem mães lésbicas? — a frase foi bem baixa e confusa, mesmo que eu tenha entendido percebi que ele não tinha a intenção de fazer tal pergunta, então pedi para ele repetir. — Você tem duas mães?

— Na verdade, duas mães e dois pais. — cruzei os braços. — Minha mãe é médica e meu pai também, eles trabalham no mesmo hospital. Meus pais biológicos morreram pouco antes de eu completar seis anos, eu não faço distinção entre eles. Depois que eles morreram eu fui para o hospital, e fiquei por lá, os médicos não sabiam como eu estava então me mantiveram lá por precaução.

— Por isso você comentou sobre os hospitais ontem.

— Sim. Nem foi tanto tempo assim, se eu não tivesse ido para lá nunca teria encontrado minha mãe adotiva.

— E seu pai?

— É... — não exatamente, mas sim. — E você? O que você mais gosta na sua família?

Ele ficou pensativo, analisando qual seria a melhor resposta para aquela pergunta. Por que eu escolhi fazer uma tão complicada?

— A sintonia.


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Notas finais do capítulo

Então, né, esse foi o nosso pequeno capítulo narrado pelo Zeno.
Alguém tem uma teoria sobre o que aconteceu na vida dele?
Se encontrarem qualquer erro podem avisar! Se ficaram confusos em alguma parte podem perguntar, se for um spoiler muito grande eu mando MP.



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