Depois de me acalmar fui até a sala de minha mãe.Bati na porta e escutei um "entre" meio abafado.Abri a porta e entrei me sentando na cadeira a sua frente.

– Oi. - Murmurei com a voz fraca e rouca.

– O que houve querida? - Perguntou se levantando,olhei ao redor e vi Roustin sobre a maca,dormindo.Ofeguei.

– Mamãe. - Choraminguei e a abraçei. - Ele esta doente. - Mamãe acariciou meus cabelos. - Tem câncer. - Senti mamãe ficar tensa e logo seu corpo tremer,ela estava chorando.

– Vai ficar tudo bem,ok? - Assenti. - Não importa o que aconteça.Eu prometo que ele vai ficar bem. - Ela segurou meu rosto me fazendo encara-la.

– Me leva para casa. - Pedi.Ela assentiu e me soltou.

Peguei Roustin,ele remungou e o ninei.

(...)

Já tinhamos chegado em casa há algum tempo,eu estava no colo da minha mãe,que me ninava como se eu fosse um bebê,e sussurava palavras de conforto.

– Eu não poso perde-lo. - Funguei.

– Shiii...Minha menina,tuda vai ficar bem. - Afundei a cabeça no vão de seu pescoço e fechei os olhos com força.Ouvi pequenos passinhos e abri os olhos encarando Roustin coçando os olhos e com seu ursinho sendo arrastado.Ele pediu colo e eu o peguei.

– Ninando dois dos meus bebês. - Mamãe comentou me fazendo rir fraco.

– É... - Murmurei.Levei um susto quando a porta foi aberta violentamente e Nessa,papai,seguidos de Riker e Emilly,entraram correndo.

Roustin abraçou Papai e Nessa e correu até Riker para brincar com Emilly,ela tinha um ano e meio e amava brincar com o primo.Papai e Nessa vieram até nós e se juntaram ao abraço.

– Vamos brincar lá fora,no carro do titio? - Riker perguntou.Roustin assentiu.

– Ta 'titi' ? - Roustin pergntou,Riker negou. - Não prescisa,eu não vou quebrar o carro. - Riker sorriu forçado e eles sairam de casa.

(...)

As coisas aconteceram rapidamente nesses três dias,papai organizou as coisas para nos mudarmos para o Texas,agora moramos em um apartamento perto do hospital.Riker teve que ceder aos pedidos de Vanessa e vir conosco.Ela disse que em hipótese alguma iria nos abandonar.

Fizemos uma visita ao hospital no mesmo dia da mudança e Roustin fez alguns exames no dia seguinte.

Roustin foi diagnosticado com leucemia,e prescisaria de um transplante de medúla óssea.Nós fizemos exames para saber se eramos compativeis,mas o que me matava era saber que há grandes chances de não sermos.

Meu filho é a coisas mais importante para mim,não posso perde-lo.

Ele é tão jovem,tão bom.Tem um sorriso que pode curar doenças e parar guerras.Roustin é a minha 'Âncora',desde o começo ele sempre foi a minha esperaça de que tudo ficaria bem,e realmente ficou, até três dias atrás,quando ouvi a pior noticia da minha vida.

Não quero chorar toda vez que lembrar dele correndo descalço pela casa,ou dos brinquedos espalhados pela casa,ou de quando ele me olha como se tivessemos nosso próprio segredo.Quando ele aperta a minha mão,porque tem medo de atravessar a rua sozinho,mas querido eu nunca te deixaria sozinho.

Não quero perde-lo.Não posso perde-lo.

Eu só quero fugir daqui com meu filho e ir para bem longe com ele sã e salvo,e fingir que isso nunca aconteceu,que não é real.

Mas a realidade é cruel,e eu vou lutar com você para que possamos voar para bem longe daqui.

Meu pequeno Roustin,eu te amo até a lua,ida e volta.

(...)

– Senhorita Marano,lamento dizer mas ninguem é compativel com seu filho. - O médico me disse fazendo as minhas esperanças irem por agua baixo.

– Não tem doadores compativeis? - Ele negou. - Vamos lá,esse é o melhor hospial do país. - esbravejei.

– Senhorita,poderia se acalmar? - O olhei incrédula.

– Me acalmar?...

– O pai dele! - Nessa exclamou.

– O pai pode ser uma jogada certa,mas caso não for podemos tentar um outro filho...- O cortei.

– Como assim "jogada certa"?

– O pai também pode não ser compativel,são poucos casos em que o pai é compativel,geralmente são irmãos ou irmãs.

– Eu vou ligar para o Riker... - Vanessa ia dizendo enquanto se dirigia até a porta.

– Espera! - Pedi.Ela me olhou com o cenho franzido.Nessa me conhece melhor do que eu mesma,então já sabia em que eu estava pensando.Ela abriu a boca chocada.

Ela deve ter pensado "Nessas condições e você ainda com essa de coração partido?".

Bem eu também a conhece,muito bem por sinal.

– Não acredito.Vou ligar para mamãe. - Ela saiu e bateu a porta.Me sentei na poltrona e encarei o médico.

– Não se preocupe.Somos o melhor hospital do país,se lembra? - Sorriu,assenti me levantando,o senhor afagou meu ombro e me acompanhou até a porta.

A primeira coisa que eu vi quando me retirei da sala foram palhaços entrando no elevador.

– Palhaços? - Perguntei.Nunca fui fã de palhaços,eles dão medo.O médico riu antes de responder.

– Sim,são voluntarios,eles estão aqui para animar as crianças. - Assenti.

– Pode dizer a eles para não irem assim,sabe,vestidos de palhaço no quarto de Roustin...

– Ele também tem medo? - Assenti.O médico riu.

– Não tem graça,palhaços são assustadores. - Ele riu mais ainda.

– Não se preocupe os avisarei sobre isso. - Assenti.Respirei fundo,me despedi e fui até o quarto de Roustin.

(...)

Eu estava há alguns minutos contando a história dos três porquinhos ao Roustin quando minha mãe apareceu na porta.

– Querida,quero conversar com você. - Assenti e me levantei.Nessa entrou no quarto e se sentou onde eu estava,continuando a história para Roustin.

Mamãe fechou a porta e se sentou em um dos bancos,me sentei ao seu lado.

– Vanessa me contou o que aconteceu na sala. - Suspirei.

– Se veio me dizer...

– Dói ver seu filho em uma maca,doente,não é? - A encarei. - Você sabe que pode mudar isso,não sabe? - Assenti. - Eu sei que pode haver doadores compativeis em outros lugares,mas ve-lo sofrer por mais tempo vai ser cruel,egoista,quando se sabe que com uma ligação você pode mudar tudo isso.

– Mãe...

– Preste atenção,me desculpe mas não vou ser boazinha.Você concordando ou não ligaremos para ele e contaremos sobre Roustin,Tudo bem? - Assenti,sentindo meus olhos arderem. - Não chore. - Pediu.

Tentei limpar as lagrimas que escorriam livremente pelo meu rosto.

– Querida,você não pode priva-lo de ter uma vida comum.Roustin tem que crescer ter amigos,aprender,ter desilusões amorosas,arrumar uma namorada,se formar,se casar,ter filhos,e você sabe que pode estar tirando tudo isso dele,se não engolir todo esse orgulho e tentar esquecer que um dia você teve o coração partido e pensar apenas nele,seu filho.Não o prive das maravilhas da vida por egoísmo.

– Eu sei... - Minha voz estava embargada,mas é isso.Adeus orgulho,meu filho é bem mais importante doque toda essa magua que guardei por todos esses anos.Nada,que não seja relacionada a salvar meu filho,importa mais. - Vou fazer de tudo para salva-lo. - Mamãe me abraçou.

– Desculpe,mas Vanessa me pediu para ser malvada. - Ri em meio as lagrimas.

– Vou matar ela. - Disse manhosa.

– Não vou te tirar da cadeia. - Brincou e rimos juntas. - Vá lavar o rosto e repirar um ar puro. - Pediu.Assenti e me levantei,mamãe entrou no quarto de Rosutin e eu segui para o elevador.

(...)

Observei as grossas gotas de chuva escoregarem sobre a porta de vidro.Isso não vai me impedir de comprar rosquinhas.Mesmo com a chuva fui até a porta,vesti o capuz do moleton,e corri porta á fora.Correndo pelo estacionamento avistei a o café que ficava em frente ao hospital,estava aberto.Recomeçei a correr quando senti algo chocar contra meu corpo e me derrubar no chão,fazendo minha cabeça chocar contra o asfalto.

Isso só pode ser brincadeira.