Bleeding Out escrita por Triz


Capítulo 1
Bleeding Out


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu amo imagine dragons e há muito tempo eu escutei essa música e pensei nessa one. Achei que seria legal mostrar esse lado confuso e sentimental do Draco, e espero de verdade que gostem.



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Quando chegar o dia que eu tenha perdido meu caminho de volta e as estações pararem, e se esconderem embaixo da terra; Quando o céu ficar cinza e tudo estiver gritando (...)

Os gritos ecoavam pela grande sala de jantar da Mansão Malfoy, atordoando a cabeça do loiro, à medida que eles se misturavam aos risos escandalosos e histéricos da mulher que era motivo dos mesmos. Tudo parecia uma grande confusão na cabeça de Draco, e seu interior lutava para que ele conseguisse fazer alguma coisa do que ficar apenas parado olhando Hermione ser torturada a sangue frio.

O corpo que parecia tão pequeno e frágil, porém abrigava uma mente tão adulta e desenvolvida se debatia debaixo de uma mulher cruel, mais conhecida como sua tia, que ria histericamente com o desespero da castanha. Ele podia ver suas lágrimas escorrerem de seus olhos em uma tentativa angustiada de se livrar da dor. O sangue escorria de seu corte, manchando seu braço branco como leite, e Draco podia sentir a dor, talvez maior do que a que a garota sendo torturada à sua frente estava sentindo;

Tinha culpa naquilo. A pessoa que sempre foi impedido de amar estava quase sendo morta à sua frente e ele não podia fazer nada. Seus olhos varriam o lugar, tentando procurar uma solução; eles suplicavam por perdão, mas Hermione sequer via. Seu olhar implorava por ajuda, no entanto ninguém ali podia ajudá-lo.

(...) Eu vou procurar dentro, só pra encontrar meu coração batendo.
Oh, você me diz pra aguentar. Mas a inocência se foi e o que era certo está errado.

A respiração de Draco era ofegante conforme seu olhar acompanhava tudo o que estava acontecendo, entretanto não conseguia se concentrar na cena por muito tempo, era insuportável vê-la naquele estado. Malfoy fechou os olhos e tentou desligar-se em meio ao seu desespero por fazer alguma coisa. Forçou seus ouvidos a pararem de ouvir e a sua mente silenciar-se, e sentiu seu coração batendo. Mas será que ele estava realmente vivo? Será que estar vivo significava uma dor tão arrebatadora? “Vivo” era sinônimo de sofrimento? As respostas pareciam não chegar a sua mente, e tudo que absorvia eram os gritos que voltaram a ecoar em seus ouvidos, como tortura, semelhante à que Hermione estava passando.

Aguente firme”. Sua consciência lhe dizia. Seria melhor para ele aguentar. Não colocaria ninguém em risco, nem mesmo a própria vida. Mas aquilo valeria à pena? Ficar ali, observando em silêncio enquanto a única pessoa pela qual acreditou sentir algo um dia estava correndo um risco de vida? Em tempos atrás, parecia certo, mas agora, era uma ideia errada e hostil. Ele não era mais aquela criança inocente que acredita nos ideias do pai. Sabia que tinha um lado humano, e aquele lado existia somente pelo sentimento doloroso, porém real e vivido que tinha por ela.

O sangue dela era vermelho como o dele. O que tinha de errado em não existir origens bruxas ali, afinal de contas? Corria em suas veias da mesma forma que o dele, possuía a mesma cor e tinha o mesmo trabalho pelo corpo dela. Por que aquela guerra e aquela tortura estavam sendo travadas por algo que visto da forma que via, parecia tão banal? Eram “por quês” demais, e nenhuma resposta.

Quando a hora estiver perto e a desesperança estiver tomando conta, e todos os lobos chorarem para preencher a noite com lamentos; Quando seus olhos estiverem vermelhos e o vazio for tudo o que você conhece, com a escuridão alimentada, eu serei seu espantalho.

Os sons lastimáveis emitidos pela garganta de Hermione continuavam a penetrar seus ouvidos como uivos de lobos em uma noite fria e devastada, lamentando a perda de alguém do bando, no entanto ela lamentava a perda – ou quase – da própria vida. As lágrimas preenchiam todo seu rosto, deixando seus olhos vermelhos e inchados, e estes focalizavam o nada, um vazio absoluto, a respiração ofegante se tornava mais calma e estável, em um tom de rendição, e os berros foram cessando aos poucos, acalmando os ouvidos de Draco, mas ao mesmo tempo pousando um vazio sobre suas costas. Por que havia parado de gritar? Então aos poucos os olhos dela foram se fechando...

Oh, você me diz pra aguentar mas a inocência se foi, e o que era certo está errado...

Suas mãos se fecharam em punhos, seus olhos lacrimejaram. Ele queria cuidar dela, pegá-la no colo e curar todos seus ferimentos. Secar as lágrimas em sua bochecha e prometer-lhe que tudo ia ficar bem, que ele a tiraria dali e a protegeria. Mas ele não podia fazer aquilo. Ela não acreditaria nele.

Mas ele não podia. Não podia continuar ali sem fazer nada. A marca da palavra “mudblood” reluzia contra a pele alva de Hermione, de forma nítida e dolorosa. Ele lembrou-se então da sua própria marca, aquela que dizia quem ele fora a vida inteira e seria destinado a ser para sempre: um comensal da morte. Alguém que ele não teve escolha em se tornar isso. A marca consagrava sua inferioridade infinita em relação à Hermione, que apesar de ser “sangue-ruim”, era digna, alguém de bem, coisa que ele nunca fora permitido a ser. Ele deveria estar ali no lugar dela.

Respirou fundo, implorando que aquela tortura mental parasse, mas não conseguia parar de continuar se auto torturando. Precisava fazer alguma coisa. Sua visão começava a ficar turva à medida que a última lágrima de Hermione escorria pelo dorso de seu nariz, pingando em seu cabelo castanho, sua resistência foi diminuindo...

(...)Porque eu estou sangrando. Então se a última coisa que eu fizer for derrubar você, eu sangrarei por você.

E Draco não pensou em mais nada. Sacou a varinha sem cogitar as consequências de atacar alguém de sua própria família, sabia que não seriam boas mas não se importava mais. Com um urro sufocado pronunciou o primeiro feitiço que lhe veio à cabeça, jogando a própria tia para longe. Ele sabia que Hermione tinha visto, pois a mesma suspirou em alívio por ter Bellatrix longe antes de se permitir fechar os olhos.

O que aconteceu a seguir foi uma confusão, e a cabeça do loiro que já não estava conseguindo assimilar nada antes, só piorou. Não conseguia entender o que as pessoas diziam e o que faziam a sua volta, só conseguia olhar para Hermione enquanto se dirigia a ela para toma-la em seus braços e provavelmente sair dali, já que nunca mais seria bem-vindo novamente por sua família e talvez naquele ato, tivesse perdido tudo, quando sentiu lanças invisíveis atravessarem seu corpo. Conhecia aquele feitiço, já havia sido vítima dele antes. Sectumsempra.

(...) Então eu descasco minha pele e conto meus pecados, e fecho meus olhos e me contenho. Estou sangrando. Estou sangrando por você. Por você.

Não pode fazer muita coisa antes de atingir o chão em agonia. Escutava Bellatrix pronunciar alguma coisa, gritos enfurecidos, enquanto Narcissa tentava defende-lo. Não ouviu em nenhum momento a voz de seu pai, e sua cabeça girava, a visão ficou embaçada devido ao feitiço, sentia o seu sangue ensopar suas vestes e manchar o mármore da mansão, e quando virou sua cabeça, teve um leve deslumbre de seu pai o encarando sem saber como reagir.

Reconheceu a silhueta de sua mãe em meio às luzes, se tornava cada vez mais difícil de enxergar e a dor lhe consumia cada vez mais. Sua mãe corria até ele, até que uma outra silhueta a parou. Pela voz reconheceu ser sua tia.

Malfoy virou a cabeça e encarou Hermione, que agora parecia sossegada, mas estava desmaiada.

Escutou vozes. Não eram de ninguém de sua família, provavelmente alguém que havia ido para resgata-la.

Não teve tempo de muita coisa. Ele só desejou que tudo aquilo tivesse valido a pena. Que conseguisse atrasar o processo. Desejava que pudesse ser perdoado um dia, por ela e por todos a quem ele tinha feito algum mal. Ele nunca tivera escolha.

A dor se alastrava cada vez mais, entretanto parecia ser uma dor prazerosa, era a primeira coisa que tinha feito certo em muito tempo. Ela valia a pena. Se aquela dor fosse o preço que tinha que pagar por salvar uma vida e fazer uma escolha certa, que fosse.

Porque eu estou sangrando. Então se a última coisa que eu fizer for derrubar você, eu sangrarei por você. Então eu descasco minha pele e conto meus pecados, e fecho meus olhos e me contenho. Estou sangrando. Estou sangrando por você. Por você.

Com um último vislumbre de Hermione, Draco suspirou e deixou a inconsciência o acolher, fechando os olhos. Agora estava tranquilo.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, gente. Espero que tenham gostado!



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