Underground escrita por Isa


Capítulo 6
Ainda 5 de abril de 2011


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem, acho que ficou muito grande x)
Boa leitura!



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Ainda 5 de abril de 2011 – 23:00

 

         Algumas coisas foram esclarecidas, e algumas perguntas continuam. Isso tudo está parecendo uma nova temporada da série ‘Lost’. Só espero que tenhamos mais respostas do que os fãs da série tiveram.

 

            Ontem, quando parei de escrever, estávamos andando pelo túnel e eu pensava se deveria ou não falar com Johnny, principalmente com a presença de Josh e Ethan ali. Queria saber o que ele conversara com Blake, se havia mencionado o que acontecera entre nós. Para minha surpresa foi o próprio Johnny quem quebrou o silêncio, mas não dirigindo-se à mim.

 

            - Você não tem por aí alguma coisa pra gente comer, Josh?

 

            - Cara, todo mundo já dividiu tudo o que tinha, lembra? Quem me dera ser fábrica de barra de chocolate e amendoim pra viagem.

 

            - E você, Ethan?

 

            - Nada. – Ethan deu de ombros. Continuamos andando, já devíamos estar nisso há uns vinte minutos. Então Josh pediu para darmos uma parada, pois seu tornozelo estava começando a doer.

 

            - São onze e vinte, ainda temos tempo. – dei de ombros, no que Johnny assentiu, e Josh e Ethan sentaram-se ao lado do trilho do trem, sobre aquela espécie de plataforma estreita que há na margem do túnel. Quando fiz menção de sentar Johnny me chamou.

 

            - Vamos nos afastar um pouco, preciso falar com você. – disse ele, e fomos para um pouco mais à frente de onde estavam os outros dois.

 

            - O que houve com você e Blake? – perguntei assim que nos sentamos – Ela parecia irritada com alguma coisa.

 

            - Ela é mais ciumenta do que parece. Não gostou de eu ter ido sozinho com você e etc. Não ajudou muito o fato de que eu contei tudo pra ela.

 

            - Tudo? – perguntei, ok, ele não podia ter feito isso, não se ainda queria se casar com ela – Quer dizer tudo mesmo?

 

            - É, tudo mesmo. – ele deu um risinho desanimado – Explica o porquê dela ter ficado irritada, hum.

 

            - Por isso ela parecia querer me matar. – murmurei, continuei em seguida em tom normal – E agora, ela decidiu ficar por que não estão mais juntos ou por que não confiava no plano mesmo?

 

            - Acho que por causa do plano. Ela disse que precisava de um tempo para pensar, mas creio que alguns minutos não podem ser suficientes para tomar uma decisão sobre isso. – depende, celebridades já se separaram por muito menos, pensei.

 

            - Certo. Mas se ela decidir continuar com você como vai nos encontrar? – tinha mais uma pergunta que tomei coragem de fazer – E você vai querer continuar com ela, mesmo Blake tendo preferido ficar lá, com David?

 

            - Não sei de mais nada, Kay. Nem sei se eles ainda estarão vivos se conseguirmos ajuda. Não sei se amo Blake ou amo você.

 

            Foi uma resposta bem direta e aparentemente sincera, não sei dizer se achei isso bom ou ruim.

 

            - Eu acho que... Bem, você deve pensar bem antes de se decidir. Afinal, nos conhecemos fazem apenas cinco dias e...

 

            - E em cinco dias nos ajudamos e passamos por mais coisas juntos do que já passei com Blake em dois anos.

 

            - Não é todo dia que acontecessem acidentes no metrô. – falei, tentando parecer descontraída. Mas acho que não consegui.

 

            - Se quer me dar o fora é só falar. – disse Johnny.

 

            - Não! – consegui me conter, devia ter parecido uma desesperada quando soltei aquele não. Baixei a cabeça, não conseguia encará-lo, pois sabia que queria mais era que ele ficasse comigo. – Olha, só não quero ser pivô de uma separação.

 

            Levantei a cabeça e olhei Johnny nos olhos, belos olhos castanho-claros, e percebi que ele se aproximava de mim. Eu queria me afastar, mas parecia que um peso me prendia ali. Ele pôs a mão em meu rosto e, quando íamos nos beijar, ouvimos Josh e Ethan chamando.

 

            - Tem alguém vindo! – exclamou Josh.

 

            Eu e Johnny nos levantamos rapidamente, ele levantando a arma, mas não era necessário. Quem vinha era alguém que conhecíamos, alguém que eu não sabia se deveria ficar feliz ou desanimada com a vinda. Era Blake.

 

            Ela veio correndo direto até Johnny e o abraçou pelo pescoço, ela estava arfante de correr para nos alcançar. Ele estava aturdido demais para abraçá-la de volta.

 

            - Eu mudei de idéia, tenho que ficar com você, Johnny. – ela segurou seu rosto e o beijou. Josh e Ethan pareceram contentes em ver o casal junto, eu tentei disfarçar, mas era difícil. Se eu parecesse desanimada os outros estranhariam, se ficasse muito feliz Johnny poderia pensar que não queria realmente ficar com ele. Apenas olhei em outra direção.

 

            - Caham. – pigarreou Josh, no que Blake soltou Johnny, ainda bem – Agora acho que devemos continuar a andar. Meu tornozelo já está melhor, e, segundo vocês, não é bom esperar muito.

 

            - Você está certo, Josh. – falei – É melhor irmos logo. – antes de recomeçar a andar e me afastar de Blake e Johnny, tenho quase certeza de ter visto ela me lançar um meio sorriso vitorioso. Ótimo, naquela situação e com uma megera cismando comigo.

 

            Voltamos a andar, e dessa vez quem não queria falar com ninguém era eu. Algumas vezes tive a impressão de que Johnny aproximaria-se para conversar, mas ele parecia desistir antes de sequer abrir a boca. Que bom, assim posso tentar esquecer aquela história. Ele tinha uma noiva, óbvio que o correto seria ficar com ela, Blake não estava errada, eu que estava. Ponto final.

 

            - Kate, está andando muito à frente. Não se esqueça que a arma está com o Johnny. – falou Ethan. Então percebi que realmente estava uns dez passos à frente dos outros. Parei por um tempo até que voltássemos a andar no mesmo ritmo.

 

            A uma da tarde sentimos que uma luz mais forte incidia sobre o túnel. A esperança cresceu dentro de cada um de nós; luz, plataforma, ar livre, superfície. Todos aceleramos o passo, cada vez mais rápido, mais insistentes. Então finalmente a vimos: a plataforma de trem. A luz branca da lâmpada nunca foi tão bem-vinda.

 

            - Finalmente, uma máquina de refrigerante. – disse Josh, que foi correndo e mancando até a borda da plataforma. Mas, quando estava prestes a subir, parou com as mãos para cima, olhando para frente, para algo que não podíamos ver.

 

            Fomos até onde ele estava – Johnny preparando-se para atirar - e vimos outras pessoas. Homens, mulheres, até algumas que pareciam ser um pouco mais novas que Josh. Cada um carregava uma arma pesada, parecia uma espécie de Liga da Justiça. Johnny baixou a arma. Dava para perceber que não eram militares ou policiais, eram civis. Mas então, porque carregavam aquelas armas? Por que estavam ali apontando-as para gente?

 

            - Podem abaixar, não são Infectos. – disse o que estava mais à frente, um rapaz alto de vinte e poucos anos, cabelos loiros e olhos verde-escuros.

 

            - Infectos? – indagou Johnny.

 

            - Não os viu, os zumbis? Eram humanos até o lançamento de gás.

 

            - Ah, vocês têm muito que nos explicar. – falei. O rapaz assentiu e disse para outros dois caras nos ajudarem a subir na plataforma. Quando todos já estávamos nela, as pessoas armadas pareceram relaxar. Josh foi mancando até a máquina de refrigerantes mais próxima, em seguida foi até a de biscoitos e barras de cereais. Acho que gastou todas as suas moedas, porque pegou o bastante para distribuir entre nós cinco. Falando em cinco, Blake não desgrudava de Johnny, aquilo já estava me irritando – ele também não parecia muito satisfeito.

 

            - Me chamo Henry Cable, sobre mim é o suficiente que devem saber por enquanto. Isso, e que, por hora, sou o líder desse pequeno grupo. São sobreviventes da parada do metrô? – perguntou o rapaz alto. Qualquer um de nós que respondesse servia, já que ele não direcionara a resposta a ninguém em particular.

 

            - Somos, e se sabiam do acidente por que não foram lá procurar sobreviventes? – perguntei.

 

            - Porque à noite não estamos aqui, então os Infectos poderiam muito bem entrar e fazer o que sabem de melhor: comer ou infectar. – ele deu de ombros – Sem falar que não sabíamos se também fazia parte do experimento, bem como o gás.

 

            - Ok, vocês vão ter que nos explicar desde o início. – falou Blake. Henry pareceu um tanto impaciente, mas disse:

 

            - No dia em que esse acidente aconteceu com vocês, foi o dia em que a cidade foi coberta por um gás que carregava um vírus ainda não testado em humanos. Não sabemos se foi um ataque terrorista ou coisa do governo, só que esse vírus transformou a maior parte da população da cidade nessas espécies de zumbis. Apenas quem é imune ao gás ou que não entrou em contato com ele logo que foi disperso se salvou. Acho que o maquinista parou forçadamente o trem para que vocês ficassem seguros lá embaixo. Por enquanto é o que tenho tempo de contar, agora vocês vão nos acompanhar até o prédio que usamos de refúgio.

 

            - Mas como têm essas armas? – aquela não era nem de longe a pergunta mais importante que eu tinha, mas parecia ser a que Henry estava disposto a responder.

 

            - Roubamos. Exceto os que já tinham alguma em casa. Agora vamos. – ele e os outros na plataforma – eram mais uns dez -, começaram a ir em direção à saída.

 

            - Não podemos. – falou Ethan – Tem dois caras lá embaixo, temos que ajudá-los.

 

            - Hoje não há tempo, os Infectos começarão a se concentrar pra cá depois do meio dia. Pressentem que ainda há gente lá embaixo, não entram cedo porque montamos guarda, mas sempre tem uma hora que tentam em conjunto e não estamos preparados para isso. Amanhã tentaremos ajudar seus amigos.

 

            Henry não parecia o tipo de homem com quem você gostaria de discutir, então Ethan apenas assentiu. Saímos da plataforma, e depois do metrô, escoltados pelo pessoal armado – Johnny até pôde ajudar graças à arma que tinha. Nos dividimos em três carros; um grande preto, um jipe verde musgo e um outro um pouco menor de cor cinza. Fiquei no jipe com Josh, Ethan, Henry e uma mulher de cabelos castanhos e olhos escuros, tinha aparência de ter descendência latina.

 

            Enquanto partíamos olhei a cidade. Havia um avião que parecia ter caído no alto de um prédio, deixando-se aos pedaços e destruindo o terraço do edifício, vi corpos sangrentos no chão, batidas de carro, e juro que vi um daqueles ‘Infectos’ correndo pela rua. Olhei para Henry e ele não parecia ligar desde que ele não chegasse perto de nós.

 

            Paramos em frente a um prédio que não estava lá essas coisas, mas ao menos não tinha um avião preso no terraço. Todos entraram nele e subimos as escadas até o último andar, na cobertura – no caminho encontramos outros sobreviventes armados até os dentes. Era um apartamento bastante grande com uns quatro quartos, pena que em todo lugar parecia ter havido uma briga feia.

 

            - Aqui há quartos para quatro de vocês. Um, se quiser um quarto só para si, ficará no andar de baixo com os outros. O prédio todo está tomado por nós, então tentem ficar tranqüilos.

 

            - Ah, ninguém precisa descer. – falou Blake – Eu e Johnny somos noivos então, bem, dormimos no mesmo quarto.

 

            - Certo, então. – assentiu Henry – Amanhã explicarei mais a vocês, hoje tentem recobrar as forças, há comida na geladeira. E, garoto, - ele falou com Josh, e, para minha surpresa, deu um sorrisinho – a TV à cabo está funcionando perfeitamente. Parece que os operadores das emissoras não se preocuparam em tirá-las do ar depois de virarem zumbis.

 

            Parecia que era Natal para Josh, ele foi correndo para a TV enquanto Henry e os outros que nos acompanharam se despediam e saíam do apartamento.

 

            Aproveitamos nosso conforto comendo, bebendo refrigerantes e vendo televisão. Conversei com Ethan, que por acaso era apresentador de um telejornal ainda pouco conhecido, e evitei me aproximar de Blake ou Johnny. Então, ainda de tarde, todos estávamos cansados e fomos dormir, cada um num quarto. Fiquei com um bem espaçoso com uma cama de casal e televisão – finalmente um pouco de sorte. Dormi assim que deitei a cabeça num travesseiro. Pensando em tomar um banho quando acordasse no dia seguinte, caso houvesse roupas para trocar.

 

            Minha sorte acabou quando acordei às onze da noite com uma enorme vontade de escrever tudo o que acontecera e, bem, aqui estou. Agora que acabei vou tentar dormir mais. Depois de tudo o que houve acho que mereço.


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Notas finais do capítulo

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