— Poxa, se eu pudesse voltar atrás professor, acho que faria diferente, eu vi que ele se arrependeu da aposta, mas alguma parte em mim não quis aceitar isso, agora aqui tão distante, vejo o quanto sinto falta, eu não consegui desculpar muito menos ouvir ele, e agora não tenho idéia se ele vai querer me ouvir também – Monica concluiu tornando a apóias a cabeça sobre as mãos.

— Você nunca vai saber se não tentar, faz um pouco mais de um mês que voltou, já é tempo suficiente para os dois terem abaixado a adrenalina da discussão, e pensado no que realmente querem da vida – Marcos concluiu feliz pela aluna ter percebido a proporção de tudo que aconteceu.

— É vou pensar sobre isso – Monica abriu um meio sorriso lacrimejado. – Agora vou embora, preciso dormir que amanha de manhã tenho que estar na empresa, não agüento mais isso também.

Marcos riu e acenou vendo sua aluna preferida sair pela porta e sumir pela rua afora.

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Nesse dia Monica se entristeceu grandemente, uma mistura de sentimentos tomou conta do seu corpo, a deixando com uma leve dor de cabeça que se estendeu por um bom tempo.

Chegou em casa, jogou seu tênis longe com uma única arrancada e se enfiou debaixo das cobertas no quarto pensativa, desbloqueou e bloqueou novamente a tela do seu celular centenas de vezes, como se buscasse coragem para fazer o que tinha em mente.

Lutando contra seu medo, procurou na aba de amigos do facebook o do carinha que por noites rondou seus sonhos, continuou procurando por alguns minutos sem sucesso, pensando em outra alternativa abriu o das meninas, todas estavam ali exatamente do jeito que as tinha conhecido, entrou nos amigos delas e para sua surpresa, nada dele! Será que ele tinha excluído?

Só ai então que compreendeu o que realmente aconteceu, ele tinha a bloqueado. Não que ele não tivesse motivo, isso ele tinha de sobra, uma vez que ela sumiu e quebrou o chip para não ser procurada, mas isso a magoou e a distanciou um pouco mais da coragem que nutriu e da esperança que alimentou.

Lembrou com aflição que não tinha mais o número de ninguém em seu celular e muito menos em sua memória, vasculhou novamente para se certificar que ele realmente tinha feito aquilo, e quando enfim se deu por vencida, digitou uma mensagem no facebook para as amigas, e resolveu esperar impacientemente pela resposta.

Com muita luta pegou no sono sem checar se a mesma tinha vindo, só acordou quando ouviu sua mãe entrando no seu quarto.

— Monica, bom dia querida – Dona Luisa chamou educadamente com a voz suave.

— Oi Mã, tudo bem? – Monica perguntou sonolenta, era um sábado de manhã, o que dona Luisa Sousa estava fazendo em casa? Normalmente sua mãe estaria no clube tomando Sol, ou fazendo uns de seus tratamentos de beleza.

— Tudo ótimo, seu pai reservou uma mesa naquele restaurante que você ama – Sua mãe lhe falou sorridente.

— Sério? O que tem aquela macarronada? Como é o nome mesmo?! – Monica se animou sentindo sua barriga roncar – Faz séculos que não como lá, já estava com saudade do molho branco.

— Massas finas, e sim é sério, quer fazer um almoço especial, para comemorar seu andamento na empresa. – Luisa abriu as cortinas brancas peroladas do quarto da filha permitindo que a luz do Sol ainda fraca invadisse.

— Hum, é pelo menos isso né, pra ter que agüentar aquele monte de papel – Monica resmungou sorridente, amava ir naquele restaurante desde pequena, já conhecia todos lá, desde a atendente até o dono, era super bem tratada, e sentia-se em casa, igual aquelas tardes nas quais comia na casa da sua vovó.

— Escolhe uma daquelas suas roupas bem lindas – Luisa falou abrindo uma parte do closet da Monica – O Fabio vai estar lá com os pais.

Pronto sua vontade desabou no chão, ela sabia que estava legal demais vindo do seu pai.

— Ah não mãe, nem inventa, pode falar pro papai que não vou – Monica cobriu a cabeça com o cobertor.

— Vai sim, sem possibilidade de nãos filha, seu pai está animado e agora você é da empresa, tem que participar – Luisa concluiu tirando um vestido rosa rosê com gola quadrada e mostrando para filha – O que acha de ir com esse? Fica tão lindo em você.

— Mãe, por um acaso aquele chato de galocha vai me pedir em casamento? Por que está escolhendo minha roupa? – Monica perguntou assustada.

— Monica, não o chame assim, ele te trata tão bem, e estou escolhendo sua roupa para você ir bem elegante. Nossa e já pensou se ele te pede em noivado? Que incrivel – Luisa imaginou sorridente.

— Mãe, por favor não sonha, sem chances de eu aceitar – Monica cortou o barato se levantando para tomar banho.

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Magali acordou ainda sonolenta, caminhou até a sala para abrir as janelas, e sentou no sofá para tomar um pouco de Sol,Denise tinha chegado de madrugada então a chance de acordar cedo era menor que zero.

Pegou o celular e digitou uma mensagem para o namorado que provavelmente também estaria dormindo, só ai então que percebeu uma notificação de mensagem no facebook e deu um pulo quando viu o remetente.

“Amigas, como estão?

Estou com muitas saudades por aqui, o que acham de marcarem para virem pra ca?

Me passem seus números, troquei de chip, beijos amo vocês – Monica Sousa”

Magali analisou a mensagem com carinho, tinha muita saudade da amiga, respondeu de imediato com um sorriso no rosto.

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Cebola estava voltando da ONG ouvindo musica quando seu fone parou de funcionar, tirou o celular do bolso e só então percebeu que o mesmo estava tocando, um número diferente estampava a tela, o mesmo número que o ligou alguns dias antes e ele não conseguiu atender, deslizou o dedo na tela e rapidamente atendeu a ligação.

— Alo?!

— Alo? É o Cebola? – Uma voz surgiu do outro lado da linha...

— Sim, com quem eu falo?...

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Monica bocejou em prostesto enquanto seguiam dentro do carro para o seu restaurante preferido, estava apreensiva, tentando entender o por que de um almoço no lugar que mais gostava acompanhada dos Boa Pintas,  tinha até medo de imaginar o motivo. Ora ou outra um frio percorria seu corpo e tinha que conter a vontade de pular do carro e sair correndo em fuga.

Chegaram no local e de longe ela avisou a família, mãe, pai e filho, todos com o mesmo porte, e o mesmo tom de cabelo. De longe os tres pares de olhos azuis os acompanharam até se sentarem, estavam acomodados na melhor mesa do restaurante, ao lado da janela que dava para uma vista panorâmica do morro do pão de açúcar e de toda sua praia em volta.

— Boa tarde – Monica os cumprimentou virando os olhos quando viu Fabinho se levantar para a receber.

—Boa tarde senhorita Monica, queira se sentar – O garçom puxou a cadeira ao lado do Fabio para ela se acomodar.

— Obrigada – Monica agradeceu forçando um sorriso sob o olhar animado de sua mãe.

— A senhora está estonteante Dona Luisa – Fabio a elogiou dando um beijo em sua mão. – Da para ver de onde sua filha tira tanto charme.

— Que delicado de sua parte Fabio, fico lisonjeada – Dona Luisa respondeu sorridente, causando aflição na filha.

Monica respirou fundo tentando não perder a cabeça, se sentia sufocada, não queria estar ali, nem ao lado do Fabio e muito menos tratando de assuntos empresariais ou ouvindo a ladainha que o Fabinho insistia em falar.

Os garçons se aproximaram sorridentes, as duas famílias que mais freqüentavam o local estavam reunidas em uma só mesa, o atendimento com certeza seria bom ao dobro.

Monica checava a hora de dois em dois minutos, se não fosse pelo belíssimo macarrão do local, teria sido um completo tédio aquele almoço. Contrapondo seu pensamento de que não poderia ficar mais chato, Fabinho se levantou por volta das 15h00 batendo com um garfo na taça chamando atenção de todos no local.

Ela sentiu sua pressão cair e despencar pelo chão, começou a suar frio instantaneamente, não, definitivamente isso não podia estar acontecendo.