O Primeiro passo que deu para rua, saiu como uma permissão para suas lágrimas finalmente virem a tona, segurou tanto seu choro que sua garganta ardia. Estava decidido, foi difícil, mas ela era forte, ou pelo menos achava que era, ouviu ele gritar seu nome mais uma vez e decidiu não olhar para trás.

Chegou em casa cansada, seu corpo implorava por um banho quente, deitou em sua cama,  pegou seu celular e discou o numero do seu professor Marcos, esperou agoniada que atendessem.

— Alo?! – Marcos atendeu depois de dois toques – Moniquinha, está tudo bem?

— Marcos, pode falar? Preciso conversar... – O choro se agravou.

— Claro meu amor, o que aconteceu? Por que está chorando?!

Monica sabia que aquela ligação seria longa, mas não se importava, sentia uma falta tremenda da companhia do seu professor e por vezes pensou em voltar, mas isso não vinha ao caso agora, não naquela conversa...

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Cebola chegou em casa nervoso, entrou sem cumprimentar sua irmã e se fechou chutando a porta do seu quarto, jogou o boné longe, arrancou sua camiseta do jeito que conseguiu e deitou em sua cama.

Olhou o teto por aproximadamente uma hora, quando ouviu baterem na porta e a sua irmã colocar metade do corpo pra dentro perguntando se podia entrar.

— Agora não Maria – Cebola respondeu jogando uma almofada na porta.

— Ai seu grosso,  quero só saber como está – Maria se escondeu atrás da porta para se defender do ataque.

— To bem, não está vendo? – Cebola perguntou se sentando na cama – Agora sai que quero dormir.

— Como ator, você é um ótimo dançarino, não sabe fingir, até o papai está perguntando o que aconteceu – Maria entrou no quarto se sentando ao seu lado na cama.

— Qual parte do não quero falar sobre isso você não está entendendo? Que saco – Cebola reclamou fitando a janela.

— Certeza que fez alguma burrada, só espero que não tenha sido com a Monica – Ela concluiu se levantando e fechando a porta ao sair.

Cebola passou as mãos sobre o cabelo e tornou a deitar de barriga para cima, não sabia como explicar o que sentia, a dor que ardia em seu peito era indescritível, a saudade que sentia dela em apenas 3 dias era forte e seu cheiro deixado tantas vezes em seu moletom, agora se esvaia junto com o vento.

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Contar para a diretora da ONG sobre a desistência da Monica, foi outra parte dificílima, já era quarta feira, e não teriaM tempo de escolher nem de passarem a coreografia para outra menina, uma vez que ligaram para o contratante e ele deixou claro que sem a dupla não teria apresentação.

— Cebola, você sabe, o que me preocupa são as obrigações da ONG, já contávamos com esse dinheiro para os uniformes novos e a abertura da oficina de arte para as crianças, não tem como convence-lá? – A diretora perguntou claramente chateada.

— Eu já tentei, ela está muito chateada, e com razão a culpa foi minha, mas por que a senhora não tenta? Liga pra ela, explica a situação da ONG, ela tem o coração enorme, certeza que vai te escutar – Cebola propôs sorrindo levemente com a possibilidade.

— Boa idéia, me da o numero dela, que eu ligo hoje mesmo – Ela pediu.

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Monica tinha acabado de sair do primeiro ensaio do dia, quando ouviu seu celular tocar e um número desconhecido surgir na tela, hesitou um pouco antes de atender com medo de ser ele, porém vendo que o número insistia atendeu com receio.

— Alo?!

— Alo? É a Monica? – A diretora perguntou do outro lado da linha.

— Sim, quem é? - Monica se sentiu aliviada pela voz não pertencer a quem imaginava.

— Oi Monica, sou eu a diretora da ONG, precisava bater um papo com você – Ela se adiantou – Você pode comparecer hoje a tarde ao meu escritório?

— Posso, mas aconteceu alguma coisa? – Monica perguntou assustada.

— Não, só queria te mostrar umas coisas.

— Ta bom, logo após o almoço dou um pulinho ai – Monica concluiu desligando o telefone.

Ela não sentiu insegurança, ou medo com a possibilidade, pois sabia que no horário da tarde o Cebola estava na Lemon, o que faria eles se desencontrarem.

Ensaiou mais um pouco, almoçou e por fim seguiu rumo a reunião recém marcada, com uma noção quase que total do assunto que seria tratado.

Chegou e aquele sentimento nostálgico a invadiu novamente, era lógico, aquele lugar a remetia imediatamente ao Cebola, um frio percorreu a sua espinha e se arrependeu quase no mesmo segundo por ter topado ir ao local.

Tentou disfarçar ao maximo sua dor quando encontrou com a diretora na porta do seu escritório.

— Vem Monica, senta – Ela convidou tomando seu lugar na poltrona da frente. – Bem deve estar se perguntando o por que te chamei e acredito que meu assunto seja um pouco delicado demais para se tratar por telefone.

— É tentei imaginar, mas acho que sei do que se trata – Monica respondeu um pouco cabisbaixa.

— O Cebola me informou sobre não poder mais se apresentar pela ONG, ele não me contou o motivo, e também não vem ao caso, mas sei que ele está extremamente chateado... – Ela foi parando vendo que a Monica a cortaria - ... Não, não vou pedir pra escutar ele, meu apelo é outro, você sabe da missão aqui da ONG, atendemos centenas de crianças, e todas tem sonhos, vale a pena cada sorriso dado Monica, e essa apresentação que vocês dois fariam, nos ajudaria a chamar novas crianças. Iamos abrir a oficina de artes com esse dinheiro, e trocar os uniformes de todas as crianças, nosso orçamento é regrado e por vezes alguns patrocinadores desistem de investir, vai além de uma discussão entre amigos, entre casal, além da decepção, é um bem que você faria por nós, por isso te peço por favor pra repensar nessa sua decisão – Ela concluiu emocionada.

Monica que já tinha soltando involuntariamente uma lagrima pelo canto dos olhos, sentia seu coração mais despedaçado do que anteriormente, sentiu se egoísta por não ter pensado nas crianças com a sua decisão, e abriu um sorriso tímido para a diretora com sua nova resposta formada.

— Me desculpe, eu não tinha idéia de quanta coisa englobava isso, eu agi sem pensar, claro que eu vou dançar, pode contar comigo – Monica concluiu se levantando – Posso ir?

— Pode... Mas olha eu já fui jovem, já me machuquei, sei como dói... Mas o Cebola, ele tem esse jeitão dele, mais seco, mas é um menino de ouro, tem o coração grande, não sei o que ele te fez, mas tenho certeza que está arrependido – Ela concluiu olhando para a Monica com atenção.

— Obrigada – Monica agradeceu fechando a porta ao sair.

Não queria ter compaixão por ele, voltou a pensar na apresentação e desde então criar coragem para dançar e se ver novamente nos braços do Cebola mas dessa vez sem envolvimento algum.

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— Maga, você vai me tratar assim até quando? – Cascão a parou na rua vendo que a namorada não lhe dirigia a palavra.

— Cascão, vocês brincaram com uma coisa seria, e se os meninos te desafiassem algo comigo? O que faria? – Magali o respondeu de cara fechada.

— Ta, a gente errou... Mas todos se arrependeram, poxa amor – Cascão choramingou aproximando seu rosto do dela. - Da aqui um beijinho.

Magali estava com tanta saudade quanto ele, e dessa vez não recusou ao ver ele se aproximar, um beijo Marcou com sua bandeirinha de paz o final daquela briga.

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— Você fez a coisa certa Mo, além do mais já tinha dado sua palavra – Denise comentou enquanto terminava de fazer a janta.

— Eu sei, mas por que tem que ser com ele? – Monica choramingou sentada no balcão da cozinha americana.

— Mo, é só não dar moral, aja profissionalmente, vai lá, dança, agradece e vai embora – Denise respondeu desligando o fogo do arroz.

— É, vou fazer exatamente isso – Monica concluiu com o coração apertado - Ou pelo menos tentar...