Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 8
Isso é real?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/662114/chapter/8

Pipoca. Pipoca. Blargh. Revirei os olhos jogando as porcarias para cima sujando todo o quarto do Stefan. Traidor. Opressor. Ditador. Bufei virando o pote cheio de manteiga em seu mapa de mil duzentos e sei-la quantos anos. Eu estava a duas horas trancada em seu quarto com um pote de pipoca que Caroline lançara descuidadosamente pelo quarto até parar perfeitamente em cima da mesa sem deixar nenhuma pipoca cair. Era fato, eles me evitavam. Joguei outra pipoca para cima tentando pegar com a boca, mas ela passou longe caindo dentro de uma bota de Stefan que estava jogado pelo quarto. Dei de ombros.

Havia se passado poucos dias desde que eu havia estado com Klaus, hoje mesmo seria a festa em sua mansão. Ele convidou todo mundo só para provocar. A casa estava uma zona graças a mim, isso deixou Damon mais sensível. Ele estava MUITO IRRITADO. O resultado foi Stefan me trancando no quarto, eu fucei tudo. Tentei até fugir pela janela, mas quase quebrei o pescoço e Enzo apareceu no momento exato acabando com meu planos de fuga. Ou suicídio. Chame do que quiser.

Rebekah estava mais próxima de Matt, o que me fez espalhar para todo mundo que nosso casinho tinha acabado. A desculpa? Eu era muita areia pro caminhãozinho dele. Ele apenas riu e bagunçou meu cabelo. Era mais do que claro que eu era o caminhãozinho.

Elena marcava presença constantemente com seu novo jeito de ser, Stefan nem me deixava respirar, Caroline só sabia gritar e brigar, Bonnie ficava quieta e Enzo se aproximou muita mais e infelizmente eu me tornei a numero um das pessoas que ele gosta de infernizar.

Eu fui para cima de Stefan como uma verdadeira pantera. Fiz ele responder centenas de perguntas e mostrei que eu sabia de muita coisa, mas não cheguei a afirmar nada. Eu estava preparando ele para o choque, e como ele não é bobo logo reparou que eu estava empurrando ele para uma armadilha. Mais indiscreta impossível. Ele não quis dizer e eu tentei o esfaquear, por fim decidi que eu era burra. E então me esfaqueei e ele contou a verdade, foi mais ou menos assim sabe. O ameacei mais ainda caso ele contasse a alguém que eu sabia e então oficialmente Stefan era um vampiro. Meu vampiro amigo.

Eu não acreditei em momento algum que ele não iria me dedurar. Isso resultou em eu morando com os Salvatores, especificamente no quarto de Stefan e sua cama deusa. Ele não saia de minha vigília por um segundo, exceto hoje. Acho que ele nem cogitou me dedurar, eu o assustei sim. Talvez um pouco. Patético um vampiro com medo de uma garota de 18 anos inofensiva.

De alguma forma Stefan e Damon conseguiram manter Katerina longe. Como eu sabia que não era Elena? Sinto cheiro de puta de longe. Ok. Mentira, eu sabia muito bem quem era quem pois Elena estava sendo mais vadia ainda que a bruaca com fogo no rabo.

– Toc toc. - a voz de Katerina soou pelo quarto - Vim ver como está se saindo hoje. - fingiu uma expressão preocupada.

Não sei como enganou Stefan ou Damon um dia. Só de ouvir eu sabia que era a usurpadora, ela falava de um jeito muito mais suave que Elena. Claramente tentando ser doce.

– O que foi usurpadora? - perguntei a vendo com os cabelos lisos.

– Eu não enganei né? - irônica.

– Não. - olhei o punhal que eu segurava e o lancei para longe - Eu não gosto de pessoas que ameacem minha segurança. Damon não sabe ficar calado Kat-Kat. Não fique achando que ele sabe guardar segredos - puxei seu braço direito com força - Vai ver como é difícil reaprender a ser humana. - tirei a faca de sua mão e a lancei para longe.

Dei um tapa com tanta força em seu rosto que ela foi lançada para a cama. Sacudi a mão que formigou com o ato.

– Stefan vai...

– Não não vai. Stefan não esta perto pra ouvir seus gritos de dor. E tenho certeza que Damon não se importara nadinha se eu quebrar alguns ossos. - fui cínica.

Katerina avançou muito rápido puxando minha mão e me jogando na cama enquanto apertava meu pescoço, assim que ela se moveu para mais perto lhe dei um soco no estômago fazendo ela me soltar, a empurrei e ela caiu sobre a escrivaninha derrubando aluns livros e canetas. Sem dar tempo para ela reagir, agarrei seus cabelos próximos a raiz e empurrei seu rosto para baixo enquanto subia meu joelho e acertava seu rosto com uma força sobre-humana. Fiquei um pouco surpresa.

Nos lançamos sobre a cama distribuindo tapas, arranhões, socos, pontapés. Katerine levou um soco que fez o sangue pingar nos lençóis incrivelmente brancos, ela reagiu mordendo meu braço com força e eu soquei sua cara fazendo ela me largar, quando ela se preparava para pular no meu pescoço eu peguei o travesseiro pesado de Stefan e lancei contra seu rosto, ela bateu com o rosto na parede e saiu do quarto. Corri atrás da maldita até a sala de estar, pulei em suas costas a fazendo cair no chão frio com um estrondo.

– Vadia! Acha que pode me matar? Vou me apresentar oficialmente. Sage Verona... o seu novo pesadelo Kat-Kat.-bati seu rosto contra o chão.

Ela puxou meus cabelos com aqueles braços de galinha me fazendo cair para o lado. Me distrai quando ela chutou meu estômago, agarrei sua canela e a puxei para baixo, levantei e quando olhei ela já estava de pé com uma garrafa na mão. Peguei o livro grosso e joguei em sua direção enquanto ela arremessava a garrafa que por muito pouco não me acertava, a coitada se espatifou na parede.

Com isso começamos a lançar objetos por toda a sala, o que resultou nas janelas quebradas, assim como mesa de centro e alguns vasos. Me assustei quando ela se lançou contra mim me derrubando sobre o mini bar de Damon que quebrou com um estrondo derrubando todas as garrafas.

Caímos no chão sobre os pedaços de vidro que rasgavam nossa pele, Katerina puxava meus cabelos e eu tinha certeza que cedo ou tarde ela iria cravar um pedaço de vidro em mim. Dito e feito, ela enfiou um pedaço no meu braço e eu enfiei outro em sua barriga. Começamos a gritar de raiva, quando um estrondo soou na sala e meu corpo foi retirado de cima dela por Damon.

Olhei ao redor e vi meus amigos na sala. Stefan estava muito pálido e surpreso assim como Caroline, Elena estava com os lábios escancarados, Bonnie reprimia risadinhas e Enzo tinha um sorriso enorme.

Stefan cravou os olhos em mim que estava com os braços abertos enquanto Damon segurava meu antebraço com força. Eu estava nojenta com tanto sangue escorrendo. Ele respirou, suspirou, paralisou e me olhou de novo. Estava tremendamente preocupado. Olhou a vadia.

Damon viu a mordida roxa em meu pulso e engoliu uma risada, nos olhamos e eu soube que seu pensamento era o mesmo que o meu. Katerina não sabe ser humana.

– Que? - Elena nos olhou.

– Sua irmã me atacou. - falei com ironia.

Era a mentirinha dela pra justificar o clone incômodo. Elena a adotara como gêmea, obviamente não acreditei, afinal eu conhecia Elena desde criança, fora que eu havia lido o diário de Stefan.

Apenas Damon e Stefan sabiam que eu sabia de tudo.

– Se expliquem. - Stefan cruzou os braços ainda surpreso.

– Não sou obrigada a nada. - fechei a cara e subi para os quartos sendo acompanhada por um Damon risonho e uma Katerina Sangrenta emburrada.

~°~ 2 dias atrás ~°~

– Você sabe sim! - acusei tomando um pouco do meu sorvete.

– Eu juro que não sei de nada sobre isso.

– Mas você sabe de tudo. - resmunguei e Klaus me olhou convencido.

– Nem tudo querida.

O olhei horrorizada quando ele puxou a casquinha da minha mão e pegou um pedaço horrendo de sorvete. Um Mikaelson boy tomando sorvete. Um híbrido tremendamente velho tomando sorvete.

Peguei o sorvete da mão dele e lambi.

– Você sente o gosto? - o olhei de lado.

–É bem doce. Difícil não sentir. - abriu um pequeno sorriso.

– Hum... Então... qual é o motivo para você estar aqui agora hein? - olhei para o céu escuro.

– Eu que faço essa pergunta. O que te leva a andar as 2:30 da madrugada no meio da rua sozinha tomando um sorvete do Mc Donalds? - colocou as mãos nos bolsos da calça.

– Tive vontade de tomar sorvete.

– Não podia esperar até amanhã? - atravessamos a rua - Você andou dois quilômetros para chegar aqui.

– Qual o seu problema Niklaus?

– Nenhum... estou apenas dando uma volta com a minha amiga. - segurou meu braço me puxando para longe da porta de um bar.

Resmunguei e levei um susto quando um cara praticamente pulou em cima de mim segurando meus ombros com suas duas mãos me mantendo parada no lugar, seu bafo alcoólico me enojou e eu o chutei para longe.

– Não faça isso linda. - riu.

Ele tentou voltar e eu soquei sua cara, seu estômago e chutei o joelho fazendo um estalo alto soar pelo local. O homem se jogou no chão gemendo devido a fratura exposta e eu levei novamente um susto quando dois homens vieram até mim, dei um passo para trás antes de esticar a perna para cima e o chutar no rosto. Ele cambaleou e o outro tentou me acertar com um taco de basebol, arranquei o taco de sua mão enquanto ele passava direto e bati em sua nuca usando ele. Olhei para Klaus e voltei a tomar meu sorvete enquanto caminhava ao seu lado, bem... eu fiz tudo com uma unica mão.

– Não preciso ser protegida. - lambi o sorvete.

– Precisa. - ele esticou o braço direito para trás de mim e me surpreendi quando ele puxou um homem pelo pescoço.

Klaus me olhou em desafio e então abriu um enorme sorriso.

– Vamos testar os seus nervos. - seus olhos ficaram amarelos e suas presas surgiram.

Fiquei um pouco surpresa quando ele enfiou as presas no pescoço do homem com tanta força que pude ouvir a pele romper, Klaus grunhiu me olhando enquanto drenava o sangue do bêbado. Ok, é estranho, mas nada assustador. Klaus é sexy, e gente ele consegue ser bonito até desse jeito, olha esse cabelo lindo. Assim que terminou sua refeição ele o soltou quebrando o pescoço de sua vítima e me olhando com a boca toda ensanguentada esperando eu ter um chilique.

Saltei de susto quando o líquido gelado bateu em minha perna e olhei para o chão vendo meu sorvete derretendo, eu havia esquecido da existência dele. Olhei Klaus de cara feia e ele me encarou surpreso e confuso.

– Você está me devendo um sorvete. - anunciei comendo a casquinha.

– Isso é serio? - abriu os dois braços.

Passei por cima do corpo ignorando o fato de que ele estava morto.

– Muito sério. Essa casquinha me custou 2 reais. Eu trabalho duro por isso Klaus. - mentira.

Trabalho, mas não forço.

– Vamos atrás dessa maldita casquinha. - limpou os lábios.

– Agora eu quero um copo - revirou os olhos agarrando meu braço e voltando do local de onde havíamos vindo - Ele custa 20 reais. Te aviso desde agora.

Tropecei.

– Você é muito exigente.

Revirei os olhos, me obedece por que quer... quem manda?

~°~ 1 dia atrás ~°~

– Kol isso não parece seguro. - olhei o cabo de aço.

– Eu estou aqui.

– É exatamente esse o motivo. - olhei o pequeno local.

O riacho estava completamente seco, ou seja, só havia pedras e terra abaixo de nós e o equipamento estava quebrado e enferrujado. Só dava para me agarrar a ele usando as mãos, ou seja, não havia segurança alguma. Creio que deveria ser alguma espécie de tirolesa que deveria ter sido frequentemente usada quando o rio estava cheio.

– Vamos. - o vampiro incentivou.

– Nem fudendo. - olhei para Rebekah pedindo ajuda, mas ela estava ocupada discutindo com Klaus.

– Kol... - gritei quando ele grudou minhas mãos no ferro e me empurrou.

Meus pés saíram do chão e eu os movi irritada tentando fazer diminuir a velocidade da queda, mas isso só resultou no cabo estourando. Gritei entrando em desespero enquanto via o chão se aproximar rapidamente. Antes que eu pudesse tocar o chão senti braços envolverem minha cintura e reconheci imediatamente o perfume de Elijah. Kol surgiu ao meu lado do nada e eu tentei o agredir, mas ele desviou facilmente de meus ataques enquanto ria.

– Vai pro inferno Kol.

– Eu ia te pegar. - riu se afastando.

Cretino maldito. Fingido

~°~ atualmente ~°~

Olhei entediada para o espelho. A maquiagem havia sido o suficiente para esconder os pequenos arranhões em meu rosto. Os lábios estavam em uma coloração de um vermelho escuro, os cílios longos e volumosos, os olhos delineados em pin up. Os longos cabelos estavam completamente ondulados e repartido na lateral esquerda mostrando o sidecut que já estava um pouco longo. O vestido preto com pequenos brilhos prateados, tinha um decote em formato de coração na frente, era levemente solto a partir do quadril, uma enorme fenda de abria na perna direita, as mangas eram caídas e um enorme decote deixava minhas costas nuas, a pequena calda do vestido se arrastava no chão. Usaria uma xale para esconder os horrorosos cortes que estavam em meus braços, seria estranho minhas amigas me virem curada assim, do nada ne?

Olhei a calda do vestido. Tomara que ninguém pise nessa merda.

Caroline entrou no quarto trajando o vestido prateado que eu havia dado para ela, Bonnie veio logo atrás junto de Elena. Rebekah entrou sem hesitação alguma empurrando todas de sua frente sem nenhuma delicadeza. As bocas se abriram meu olhando surpresas. Ok, eu parecia até gente.

– Nossa.- Caroline estava em choque.

– Rebekah me deu. - anunciei dando de ombros.

– Está linda.- Elena sorria.

– Soube que deu uma surra em Katerina. - Rebekah se intrometeu.

– E muito bem merecida. Veio me agredir! - bufei enquanto as outras riam - Sua irmãzinha que eu nunca vi na vida. - ironizei.

– Não confunda minha cabeça, ainda temos assuntos para resolver relacionado a essa... urgh .... - Care apontou para Rebekah.

– Garota... é melhor tomar cuidado com o que diz. - Rebekah ameaçou.

– Bem... contanto que se mantenha longe de Niklaus... - reprimi uma risada enquanto ela olhava para a outra loira.

– Vai sozinha? - Elena questionou.

– Não convidei ninguém - dei de ombros - Elijah se disponibilizou, mas seria estranho o anfitrião chegando ao invés de estar lá.

Sorriram compreendendo e eu fechei a cara quando vi a escada na minha frente. O desafio era descer sem cair com essa merda de salto.

~°~

Esfreguei o tornozelo discretamente, tendo o cuidado de não ser observada por olhos curiosos. Já me bastava a queda na escada na frente daquela corja que se dizem minhas amigas.

– Então por favor Niklaus. Não deixe aquele louco encostar em mim hoje. Ele me olhou como um louco. Está descontrolado. - implorei enquanto ele me observava.

O olhei de smoking, ele estava muito sexy. O Cabelo estava muito bagunçado e ele tinha um sorriso torto, seus olhos verdes se revezavam entre mim e o ambiente lotado.

Piscou para mim e eu quase babei. Quase.

– Que tal uma dança amor? - perguntou com aquele sotaque irresistível.

Quis fugir.

– Eu? Não sei dançar. Vim pra beber e ver a linda família Mikaelson. Aprenda Klaus, eu sou algo feito pra se admirar em uma estante e não pra interagir. - mexi as mãos desatenta.

– Oh eu acredito. - sorriu levando a taça aos lábios.

Me ajeitei no divã e senti seus olhos me analisando. Os olhos dele dispararam para meu tornozelo levemente arroxeado, o vi reprimir uma risada. Com cuidado ele pegou minha perna e mexeu na sandália aumentando a deixando mais folgada, agradeci e ele se levantou em um rompante pegando minha mão e me levando até o centro onde os casais dançavam. Meu tornozelo já não doía tanto.

– Eu não sei ser comportada KLAUS. - resmunguei baixo e ele riu.

– Eu sei disso. É por isso que está aqui hoje. - o olhei confusa - É que eu adoro isso.

Balancei a cabeça quando Katerina que dançava com Stefan esbarrou de propósito em mim, bufei e discretamente chutei seu tornozelo com força, ela cambaleou e teve dificuldades para ficar de pé e quando ficou vei dançando rapidamente em nossa direção. Quando estava prestes a nos empurrar eu nos movi para frente e ela passou direto quase caindo e levando Stefan junto.

– Isso só realça o que eu disse. - a voz de Klaus soou e eu senti seus lábios próximos aos meus.

Percebi que eu havia nos tirado da pista e que a força que eu havia usado para empurrar Klaus resultou com ele preso em uma parede enquanto eu o prensava. Sorri maliciosa enquanto ele me olhava divertido, Klaus apertou minha cintura me aproximando mais ainda de seu corpo. Coloquei uma mão em seu ombro e o puxei reiniciando a dança.

Não irá me confundir Mikaelson maldito.

– Qual o problema dela? - questionou me olhando intensamente.

– Inveja, insanidade, promiscuidade , retardo mental, chame do que quiser. Dei uma surra merecida nela hoje.

O loiro riu enquanto uma de suas mãos se movia em meu braço direito sob o xale, ele franziu o cenho ao tocar na atadura.

– Me conte.

– A vadia queria me matar acredita? Eu! O exemplo da sutileza, boa educação e delicadeza! Eu sou gentil demais pra alguém imaginar que eu deveria ser morta. E nem te conto, ela ainda invadiu o meu quarto. E outra não faz uma semana que eu tinha conseguido o emprego e já fui demitida. - me queixei e ele riu.

Klaus me olhou com uma cara como se esperasse que eu desmentisse o que eu havia dito, mas eu apenas o olhei intensamente. Eu não menti.

– O que seu emprego tem a ver com a ex-vampira sádica?

– Nada ué. Só quis desabafar. O dono morreu. - resmunguei.

Com tanto dia pra morrer, morre no dia do pagamento. Bufei.

Ele riu mais ainda.

– A propósito, está magnífica. - meu olhos devem ter brilhado. Sério.

– Obrigada. Eu conversei com Stefan. Sobre... - mostrei os caninos e fiz um chiado.

– Gatos? - perguntou confuso.

– Não. - respondi ofendida e me aproximei dele soprando a palavra em sua orelha. - Vampiro.

– Oh sim. O que descobriu? - perguntou curioso.

– Que alho não funciona. Ele me contou até o que fez com todos eles.

– Até com Elena e Caroline? - questionou.

– Elena e Care? Elas... oh meu Deus. Elas são? - ele não respondeu. - Esquece.

– Não vai correr? - ele perguntou com um sorriso irônico.

– Não obrigada. - gesticulei com a mão como se o dispensasse.

Olhamos para o lado e demos de cara com Caroline que nos encarava extremamente séria, provavelmente esperando ele pular no meu pescoço, olhei seriamente para Niklaus e percebi sua vontade de ir até lá.

– Você gosta tanto dela a ponto de confiar em mim? Em tudo que eu digo? Mesmo que eu represente uma ameça? - ele me olhou sério - Afinal o motivo de você não ter me matado é ela, não é?

– Sim. Não vejo você como uma ameaça.

– Então...

– É exatamente pelo fato de você não ter medo de mim que me faz confiar em você. - explicou mexendo a mão em meu quadril.

– Pode ser um plano. - ele me olhou intensamente.

– Mas não é.

– Como você pode saber disso?

– Nenhum de seus amigos jogariam um humana frágil nas mãos de um híbrido assassino, a não ser que eles te odeiem muito. O que eu acredito que não, você está aqui por vontade própria.

– Está seguro dessa forma pois é imortal. - tombei a cabeça para o lado.

– Estou seguro dessa forma, pois você me quer. Assim como eu te desejo. Quer saber o motivo de eu não ter te matado?

Caralho ele sabe. Ele o que? Hã? Hum... AAAAAAAH... AAAAAH.

– Sim. - me limitei.

Me olhou intensamente.

– O motivo de eu não ter te matado é simples, pessoas como você são os melhores governantes. Os melhores líderes. Os melhores amigos. Os melhores braço direito. Ninguém teria coragem de estar aqui em meus braços sabendo que eu sou um inimigo extremamente imortal, mas você faz isso. Faz o que faz sem medo de ter uma consequência, seja qual for o motivo. A sua falta de medo, a sua sinceridade, confiança... podem te fazer uma rainha. - falou roçando os lábios em minha bochecha - Você não baixa a cabeça para as dificuldades e nem para dor. Eu te respeito por não ter se rendido tão fácil. Eu não te matei, pois eu te admiro. Por isso você é quem está aqui hoje. - me apertou em seus braços - O mundo precisa de governantes perigosos, de pessoas sem medos.

– Então você gosta do meu jeito? - olhei para o topo da escada evitando olhar em seus olhos.

– Sim.

– Mas eu não devo confiar em você. - ele parou e me olhou.

– Você é minha amiga.

– Era amigo de Stefan.

– Você é mais esperta que ele. - abriu um sorriso malicioso - E mais bonita. Continue me mostrando o quão forte você é. - sussurrou de uma forma quase inaudível - Eu preciso de pessoas como você do meu lado. Uma aliança. União. - falou ironicamente.

Klaus novamente tocou meu braço e apertou. Reprimi um gemido e ele olhou curioso.

– Katerina. - apenas resmunguei e ele compreendeu.

– Quantos desse tem?

Estiquei um pouco a perna direita mostrando pequenos cortes e logo depois a esquerda por entre a fenda que mostrou um corte enorme que ficava escondido devido ao vestido.

Movi meus olhos para seus lábios quando ele os apertou suavemente entre os dentes, Klaus virou de costas para o aglomerado de pessoas enquanto dançávamos em um canto afastado, aproximou seu rosto do meu e eu vi o vermelho brilhante em seus lábios. Rapidamente ele colocou o seu lábio inferior entre os meus e eu senti o leve gosto de ferro enquanto seu sangue passava para minha boca. Foi apenas um encostar de lábios, um selinho e ele logo se foi abrindo um enorme sorriso.

– Eu imaginei. - sussurrou em meu ouvido enquanto nos guiava de volta para o centro enquanto eu ficava confusa.

O que?

Um selinho. Um selinho de Niklaus. Saltitei mentalmente e controlei a vontade de agarrar a nuca dele e o beijar a força. Eu precisava me controlar.

Sorri para Klaus e logo senti um par de mãos frias em minhas costas nuas. Tensionei o corpo e olhei Kol friamente. Eu precisava arranjar um modo de me livrar dele, quando estava prestes a lhe dar um fora Klaus me soltou bruscamente e se dirigiu até a entrada da mansão junto com outros convidados, levei apenas um segundo para descobrir que era Katerina envolvida em uma briga.

Esse tempo foi mais do que suficiente para Kol levantar meu corpo alguns centímetros do chão e nos lançar em uma corrida rápida demais para meus olhos acompanharem. Fiquei surpresa, eu estava subestimando demais os vampiros, tanto que eu finalmente comecei a me sentir insegura perto deles. Notei que estávamos em uma varanda no fim do corredor com varias plantinha e pedaços de madeira espalhados, percebi que era uma tentativa frustrada de alguém em colocar plantas rasteiras na varanda. Deveriam formar uma cortina e não subir para o teto.

– Kol, oque...

– Acho que estou apaixonado. - confessou me olhando.

– Quem é a azarada?

– Você.

Mantive minha expressão séria enquanto sentia o sangue começar a circular mais rápido e com mais força. Meu coração parecia bater mais alto do que os sons ao nosso redor, Kol estava louco. Ele não estava apaixonado, tinha uma leve obsessão por mim. Talvez por eu os aceitar rápido e sem problemas. Mas não era paixão. Senti meu corpo gelar. Eu preferia a presença de Katerina, seria menos desagradável.

– Kol. Você deve estar louco. Primeiro você mal me conhece. É atração.

ELE É LOUCO?

Tremi vendo ele retirar uma caixinha vermelha do bolso.

Muito insano.

Treta maligna.

– Kol...

– Não precisa estar apaixonada.

Ele não me ouviu?

– É alguma parada vampira? - o empurrei para longe.

– Ok. Eu tentei pelo método fácil e você sabe disso. - deu um sorriso animado - Deixe me provar. - ele tinha um olhar de louco.

Kol me prendeu em um aperto forte, como se estivesse segurando a própria vida prestes a ser tomada, tentei me afastar mas isso só fez com que ele encostasse os lábios gelados nos meus com força, senti a língua dele pedir passagem. Por um momento pensei em não ceder, mas essa era uma boa distração para eu ganhar tempo, logo a briga abaixo iria acabar e eu poderia pedir ajuda sem ter que lidar com um vampiro descontrolado. Ele apertou com força o meu braço e eu agradeci a Klaus por ter me curado ou eu não suportaria a lor lancinante que me atingiria, Kol estava prestes a quebrar meu braços e foi após isso que eu decidi ceder.

Senti a sua língua quente se chocar contra a minha me provocando arrepios. Um calor descomunal me atingiu, mas essa sensação parecia não ser aceita pelo meu corpo, parecia não ser minha e eu a bloqueava com forças. Os dedos frios de Kol liberaram meus braços e passaram para minhas costas e nuca, senti seus dedos enroscarem em meu cabelo enquanto os dedos passeavam pelas minhas costas. Eu já podia ouvir o barulho da briga dispersando. Meu estômago pareceu se retorcer e eu senti um frio na espinha.

Senti que algo muito ruim iria acontecer.

Meu corpo tremeu e Kol entendeu isso como um arrepio, o corpo gélido do vampiro se tornou quente demais, quase febril enquanto ele aprofundava mais ainda o beijo. Se é que era possível. Eu iria morrer, sentia isso. Eu precisava o distrair mais ainda, logo um dos meus vigias voltariam.

Não dá para escapar desse aperto da morte.

– Estou tentando facilitar as coisas para os dois. Facilite.

Não me deixaria levar. Rebekah me contou que Kol tinha um incontável histórico de enganos amorosos por parte dele é claro, mesmo que fosse ele quem se enganasse eram as suas pobres "amadas" que eram mutiladas e drenadas até a morte. Simplesmente porque ele percebia que não as amava ou por que enjoava. Ele só queria meu sangue, se eu fosse sua Rebekah e nenhum de meus amigos o infernizariam já que eu estaria aparentemente de acordo com a situação... mas... ELE É LOUCO?

– Não.

– Eu não sou tão paciente quanto pareço Verona. Então por favor, colabora. Eu não quero perder a paciência. - ele começou a ficar vermelho sentindo a rejeição.

Ele não aceita um não como resposta.

– Eu estou muito cansada hoje, e ferida. Não é um bom momento. - eu tinha de ser cautelosa com ele, Kol era um perigo enorme que eu não conseguiria controlar.

– Eu até gosto de você. Muito, mas não tanto assim. Está de prova que eu tentei da forma fácil, fui até bonzinho. Nada típico de mim.

Me olhou. Suas intenções eram bem claras.

– Não vou mata-la.

– Ok, tudo bem. - respirei aliviada.

– Mas vou fazer do jeito difícil.

Ele me jogou na parede e colou seu corpo contra o meu, os lábios rapidamente foram para meu pescoço . Ele o cheirou e me mordeu com força me fazendo gritar e o bater, o moreno apenas rosnou e me imprensou mais ainda contra a parede me impedindo de sair. Fui sentindo a vida se esvair de de meu corpo enquanto sentia a ponta da língua do moreno tocar meu pescoço.

Kol me mordia com muita força, quase arrancando uma parte de meu pescoço, meu sangue pareceu ter o descontrolado. Eu sentia que ele queria parar, em alguns momentos ele parecia recobrar a consciência e me soltava aos poucos, mas depois ele rosnava e me mordia com mais força ainda enquanto me apertava. Ele estava em uma batalha interna, e estava perdendo.

Mesmo quase sem forças e sentindo todo meu corpo dormente eu consegui pegar o pequeno pedaço de madeira entre meus seios - que Stefan havia me dado - e o enfiar no estômago de Kol que pelo susto me largou, rapidamente me desfiz de suas mãos e corri para longe da varanda indo em direção ao hall da casa.

– Não é suficiente. - ouvi a voz de Kol em minhas costas e tentei ir mais rápido, mas eu estava em meu limite.

Ofeguei dolorosamente enquanto minha visão ficava turva, consegui ouvir os passos de Kol vindo atrás de mim e me lancei para frente em uma tentativa inútil de correr.

– Klaus. - chamei sabendo que ele me ouviria, ele sempre estava atento - Klaus!

Me ajoelhei no chão coberto pelo tapete grosso no exato momento em que as mãos frias de Kol tocavam meus braços e as mãos quentes de Klaus me puxavam para seu corpo.

~°~

Abri os olhos e a primeira coisa que vi foi Klaus que já havia se desfeito de seu smoking, olhei ao redor vendo que estávamos na biblioteca. Me sentei e a tontura me atingiu , passei os dedos em meu pescoço e senti a marca da mordida que estava se fechando sob meus dedos. Pela demora eu tive certeza que Kol havia dilacerado meu pescoço, prova disso era todo o sangue seco que cobria meu busto.

– Ele se descontrolou. Disse que só queria te assustar, e que não esperava que seu sangue fosse tão bom. Disse que é o melhor sangue que ele já provou, em mais de mil anos. Confesso que fiquei bem curioso, mas não vou vou tentar a sorte agora, pode morrer.- a voz rouca dele me agitou, ele bebia algo em um copo que eu não soube identificar.

Me lembrei do moreno que prometeu me vigiar.

– Damon...

– Ele ainda esta aqui. Mandou o resto dos seus amigos pra casa dizendo que você havia ido embora com o Donovan é claro que ajudou na hora, e acabou ficando por aqui. Como está o pescoço? - ele se levantou e tocou a mordida, eu me sentia morta.

Klaus bebeu o resto de sua bebida, senti o cheiro de vinho.

–Horrível.

– É o que parece. Dói muito? Kol não foi muito cauteloso, mesmo que planejasse te manter viva. Deveria ter feito isso de forma prazerosa. - sorriu malicioso.

É possível?

– Até que foi excitante. - brinquei.

Ele riu e me olhou de forma repreensiva.

– Ele drenou muito.

– Que seja Klaus. Vá buscar água. - pedi.

Klaus se foi com um resmungo enquanto eu procurava me levantar e andar um pouco pela biblioteca que eu ainda não conhecia. Fui a uma estante que tinha portas de vidro, abri uma porta e reparei que eram centenas de diários. Todos com nomes de pessoas e cidades, peguei um em particular. Era um encadernado em couro preto com letras douradas, o nome Salvatore destacado. Itália. Comecei a folhear me sentindo a desonrosa dos diários, mas se estava na frente de todo mundo era porque podia mexer. Uma porta de vidro não impede ninguém.

Achei um retrato no meio dos diários e crispei os lábios. Era uma mulher muito, muito bonita. Tinha um cabelo longo louro escuro, ondulado, olhos de um ver intenso com pequenas manchas avelã, lábios finos e rosados, nariz fino e olhos levemente puxados com cílios perfeitos. A cara de Damon, com pequenos detalhes de Stefan. Tracei o nome com os dedos, Anellise Salvatore. Era uma espécie de retrato pequeno pintado a mão.

Ergui os olhos para a porta de vidro e encarei meu reflexo parando por breves minutos enquanto o choque me consumia. Eu era identica a Damon, a cara de Damon. Uma cópia perfeita na versão feminina.

Olhei novamente a garota da imagem.

Definitivamente lembra Damon.

Stefan, Damon, Stefan, Damon. Céus...

Elena é a duplicata de Katerina. São iguais em espaço de tempo diferentes. São parecidas fisicamente. Em alguns casos as duplicatas podem ter poucos anos de diferença.– a voz de Klaus surgia em minha mente.

Comecei a ofegar. NÃO É POSSÍVEL. Olhei de novo a imagem, e mais uma vez olhei meu reflexo. Passei a virar as páginas e por fim decidi olhar para o lado e lá estava uma moldura sobre a mesa esquecida entre alguns montes de papeis, um quadro de tamanho médio com meu rosto ao lado de Rebekah. Peguei o retrato de Annelise e coloquei ao lado do quadro. Senti o meu corpo travar e a presença de Klaus se fez presente quando ele encostou seu corpo no meu.

– Eu sou...

– A duplicata de Anellise Salvatore. - sua voz soou maliciosa e eu tive um péssimo pressentimento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ei. Eu decidi deixar o calendário escolar como o daqui do Brasil ao invés dos tios gringos, e sei que a moeda lá é o dolar... mas vou deixar como real mesmo! Assim evita confusões ok?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eu sou o inverno" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.