Eu sou o inverno escrita por AleyAutumn


Capítulo 15
Sendo livre




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– Ele te deu um carro! Sabe quanto custa aquele carro? - Elena estava sentada em minha cama enquanto pintava as unhas.

– Tecnicamente não me deu. Ele hipnotizou um homem muito rico, ordenou que ele comprasse aquele carro e o passou para o meu nome. - sorri cínica.

– Klaus está amolecendo. - falou bebendo mais vinho - Está até mais quieto e isso é novidade.

– Niklaus está protegendo seu exercito. - contrariei e deu de ombros.

– Diga o que quiser. Eu nunca achei que ele teria um coração. Isso me diverte muito, você não tem ideia do quanto. - sorriu maliciosa.

Revirei os olhos.

– Ele tem. Afinal se apaixonou pela Care. - amassei meu cachos e fiz uma feição mais piranha possível - Olá Damon . - imitei Katerina.

Elena riu.

– Stefan também. - sussurrou - Está em guerra com Klaus. - moveu os lábios e eu revirei os olhos.

– Que seja. - mexi os lábios da mesma forma que Katerina e continuei a imitar a super vadia - Seja meu Stefan. Se não for, eu matarei toda a população feminina. Afinal, eu sou tão insuportável que preciso eliminar qualquer chance de ter concorrência.

Elena gargalhou e correu para meu closet. Hoje eu estava uma hot bitch. Havia decidido ser o que eu nunca seria, só por diversão mesmo. Descontar as frustrações da vida em um método nada convencional. Eu seria um pequeno tsunami, eu estava me sentindo uma vadia arrebatadora de calças.

Era uma festa na piscina, na casa de Caroline e eu não poupei minha extravagância. Eu usava um cropped preto super decotado, meu short era de cós alto, claro e muito curto. Bem folgado, eu estava com um uma bota de salto e uma jaqueta amarrada na cintura por pura preguiça de carregar ela em meu braço. Eu sei que não estou nada a ver com o que o figurino pede, mas... quem liga? Obviamente não sou eu.

– Não imagino quais são seus planos para hoje, mas adivinho que não sera coisa boa. - Elena saiu do closet.

– Adivinhou isso pela roupa ou pelo fato de eu estar indo em uma festa na piscina sem saber nadar? - arqueei a sobrancelha e levei um susto ao ouvir um estrondo no andar de baixo.

Desci as escadas correndo e quando vi quase não acreditei. Klaus segurava o braço em direção a lareira que queimava alguns papeis, Stefan segurava a maçaneta da minha porta e encarava Klaus. Logo minha atenção foi tomada para os dois quando Klaus chutou a perna de Stefan o fazendo se ajoelhar e empurrou sua cabeça para a lareira. Irritada avancei contra Klaus e dei um soco com força em seu braço direito o fazendo soltar Stefan que se levantou na hora.

– Parem com isso. - entrei no meio e levei um empurrão de Stefan.

Soquei sua cara, pra saber que não me toca sem levar de volta.

– Qual o motivo? - olhei para os dois e na hora entendi. Caroline - Quer saber... Se matem. Mas longe da minha casa. E quem viver limpa a bagunça. - gritei saindo da casa batendo a porta.

– Avisei que vamos na festa da Care. - Elena entrou no carro assumindo o volante.

– Não deveria ter avisado nada. Quero dar uma dor de cabeça no Klaus, daquelas inimagináveis. Onde já se viu queimar amigo por causa de mulher? - bufei.

– Eles não são amigos. - me olhou confusa.

– Mas eu sou amiga deles. Me arrume algo para nos livrar de um feitiço de localização. E muda a rota desse carro - me olhou confusa parando o carro.

– Para onde madame?

– Para um Mikaelson delicioso. Vamos dar uma dor de cabeça no híbrido chato.

~°~

– Não estou certo sobre isso. - Elijah me olhava e Kol ria junto com Rebekah.

– Vai Elijah. Você é o único que tem disposição para isso. - tentei seduzir.

– Tudo bem. Vou te ensinar. - concordou e pulei na piscina funda e suas mãos enormes me puxaram para a superfície.

– Obrigada. - comemorei e vi Elena em um cantinho bebendo com Bonnie.

Sim, ela veio para o covil. Elijah nos garantiu que esse seria o último lugar que Klaus apareceria.

– Segure a respiração. Vou te soltar aos poucos.

Obedeci Elijah. Me deitei e senti seus braços por baixo do meu corpo, inspirei o ar e relaxei apenas um pouco procurando não ficar nervosa, ele me soltou e eu afundei pouca coisa. Soltei o ar rápido e o enchi devagar vendo meu corpo subir um pouco mais. O suficiente para eu ficar calma, Elijah me levantou mantendo suas mãos em meu quadril e me levou para um canto mais afastado.

Cutuquei seu peito bronzeado e o olhei atenta, ele tinha uma expressão concentrada enquanto me olhava cuidadosamente. Me aproximou de seu peito e tocou minha bochecha gelada. Por favor Deus, não é hora de brincar com o meu coração.

– Sabe que eu reparei que você é uma das mulheres mais bonitas que já conheci? - fiquei surpresa, ele estava sendo... ousado - E não digo só pela beleza.

– Não sabia. Fico feliz, não é todo dia que um homem de mais de mil anos te elogia dizendo que você é uma das mulheres mais bonitas que ele viu não ê?

– Niklaus é tão cego. - se aproximou começando a me carregar para um canto afastado da piscina.

– Como assim? - toquei seu peito.

– Como ele pode ter alguém como você do lado e pensar em outra mulher?

Meu ego estava perigosamente inflado. Muito perigosamente inflado. Infla mais por favor.

– Obrigada. - o olhei - Não sei o que dizer. - admiti.

– Simples. Não diga, me deixe fazer isso. Não o espere, não viva para ele. Viva por um amor. Não se prenda. Não digo para amar outro homem, mas se permita ser amada. - seu rosto se aproximou do meu. - Ir atrás de Klaus não vai te levar a lugar nenhum.

É um desafio?

– Elijah... eu... -

Ele colocou sua mão direita entre os meus fios e ergueu minha cabeça encostando seus lábios nos meus. Socorro. Que a protetora das moças virgens aja agora.

O que? Ai meu... aaaah.... meu... respira. Foi só um selinho, calma.

– Eu não me importo. - se afastou.

Com o que homem?

Kol nos assustou pulando próximo jogando água para todos os lados, me separei de Elijah e o mais novo me arrancou da borda me empurrando para o meio da piscina, Rebekah foi mais rápida me puxando para cima, me agarrei a loira.

– Não vou ficar aqui com Kol. - sai da piscina e roubei a garrafa de Elena.

– Pelo visto você arrasa corações. - a morena riu divertida.

– Queria arrasar calças. - suspirei.

– Não é tão difícil assim, poderia pedir ajuda a Katherine. - rimos

– Não pretendo virar profissional. Nível intermediário está bom. - ri e me levantei.

Fui até a cozinha e olhei para o lado vendo a adega imensa que Niklaus tinha, alguns vinhos provavelmente tinham quase sua idade. Mordi os lábios e senti uma mão em minhas costas, me virei e sorri para a Rebekah dando um sorriso amargo. Eu estava com ciumes dele e Caroline, na realidade eu estava com ciumes de todo mundo. Amanheci meio sensível, talvez por que eu havia sido acordada por um Klaus mal humorado que havia sido forçado a dormir no chão. Eu não dividiria a cama, era tentação demais para um pequeno corpo como o meu.

– De quais vinhos Klaus gosta? - perguntei para Bekah e ela sorriu animada.

Meia hora depois estávamos deitadas no chão da sala rodeadas de garrafa de vinho vazias, olhei para Elena e me virei deitando de bruços sentindo a cabeça girar. Eu nunca havia estado tão bêbada em toda a minha vida. Dei uma risada e Elena me acompanhou com Rebekah, Bonnie já havia ido para casa a muito tempo. Sorri para Bekah.

– Ei. Tem uma festa de baixo da casa da Lydia. - avisei me levantando e batendo na parede - Vou pedir para Kol nos levar. É na cidade vizinha.

– Vou pegar um sapato. - Rebekah sumiu cambaleando.

– Kol. - gritei - Festa. - nem esperei ele falar e entreguei meu celular para ele com o endereço, me devolveu.

– Caroline ligando. - Elena avisou seguindo para o carro - Pela décima quinta vez...

Entramos e Kol acelerou sua Mercedes enquanto Bekah ligava o rádio e o deixava bem alto, peguei o celular de Elena quando ele tocou novamente.

– Care! - gritei animada por cima da musica que todos cantavam.

– Olá vadia! Estou roubando a sua amiga. Hoje ela é minha, espero que não fique chateada... na realidade eu espero que você enlouqueça, estou pegando a minha garota de volta. - Bekah agarrou o celular e depois me devolveu.

Onde você está?– sua voz saiu irritada.

Coloquei o corpo para fora do carro usando o painel solar, gente estou boba o sol está muito quente. Virei o rosto com agressividade quando um pássaro desgovernado acertou meu rosto.

– No mato. Sei-la. - olhei em volta vendo que eu não sabia mesmo onde eu estava.

Não vai vir? E Elena? Damon está aqui nos irritando. Klaus também. Fora que já liguei dezenas de vezes para vocês, e eles me falaram que saíram de casa a mais de duas horas.– resmungou irritada.

– Ah. Blargh, tudo é Klaus. Klausy. - ri - Estou indo embora.

Kol corria como louco passando por cima de um monte de buracos sem nem se preocupar em desviar, então me lembrei que nem carteira de motorista ele tinha. Senti vontade de rir. O pior era que ele dirigia bem melhor do que eu, me pergunto como isso era possível e como eu não havia reparado antes.

Embora para onde?– Stefan gritou.

– Sendo levada. - de menina levada. Uma menina muito levada, como dizia vovó - Acelera!

Gritei batendo no teto do carro e Kol me atendeu, não é como o frescurento do Niklaus.

Onde você está?– a voz fria de Klaus soou.

– Festejando. Com alguns amigos. Em uma estrada, eu não te devo satisfações, você não é meu pai Niklaus. Estamos grandinhos ok? Então se achar que eu estou tendo uma foda, faça o favor de não me interromper. - arremessei o celular na estrada, mas ele na verdade ele bateu no teto do carro e caiu para dentro do carro distraindo Kol.

Eu não me canso dessa sensação diária de morte.

– Estou pronta. Me ouça dessa vez. - ergui os braços.

Ele me ouviu. Kol perdeu o controle do carro, Elena me puxou para dentro do carro enquanto ela gritava. O carro rodopiou na rua e eu me olhei no espelho, cena de filme. Esperei pelo impacto, mas o carro só pulava e descia correndo pelo mato.

– Pode capotar o quanto quiser. Eu nunca vou morrer. - gritei e Elena voltou a rir enquanto o carro deslizava - Quem morre com isso Deus? Pedi pra me levar. Não pra me esquecer no caminho. - resmunguei.

E então batemos, o impacto nem foi forte. Talvez pelo fato de Elena ter formado uma bola ao redor do meu corpo, nem liguei. Abri a porta e nos joguei pra fora caindo na terra, vi que não estávamos nem perto da estrada. Sem perceber o carro havia descido por uma trilha e batido em uma árvore, dei de ombros e me levantei. O quanto Niklaus está furioso? Espero que muito. Eu adoro uma diversão vampira, as vezes até esqueço que sou mortal.

– Uma festa não acontece se não tem convidados. - sai correndo pela trilha sem nem saber para onde ir.

O álcool deve ter provocado efeitos em mim. Um tempo depois eu já estava quase dormindo enquanto nos arrastávamos pelo mato, Kol ia na frente seguindo seus ouvidos. Já estava escuro, eu, Bekah e Elena nos escorávamos uma nas outras enquanto avançávamos sendo guiadas pelo irmão protetor. Eu queria um irmão.

Eu já estava quase dormindo quando ouvi a música soar baixo, ultrapassei Kol e corri até chegar na pequena rua parando bem de frente para a casa, bati diversas vezes na porta dando de cara com a garota que não estava nenhum um pouco bem humorada.

– Oi Lydia. - entrei sem ser convidada e ela murmurou um entre para meu grupo.

Segui até o fim do corredor onde havia uma quantidade imensa de jovens e abri a porta do porão sentindo o ar quente me atingir, desci correndo e peguei a garrafa de cerveja de um garotinho que dançava animado no meio da pista. Eu não me reconhecia, estava fora de mim, como se tivesse bebido alguma droga. Talvez fosse os vinhos de Niklaus, talvez fosse esse o motivo dele ser tão louco. Talvez fosse esse o problema de todos os Mikaelson.

– Klaus nunca vai me achar! - ergui a cerveja e todo mundo ergueu também.

Logo eu estava dançando de um modo meio feio no centro do porão de baixo do jogo de luzes que piscava bem colorido. Eu já estava mais pra lá do que para cá, empurrei alguns corpos para longe de mim sem nem me importa com quem eram. Eu estava sã, sabia exatamente o que fazia e creio que meu problema não era álcool e sim um tipo de doença psicológica grave.

Uma musica mais animada começou a tocar e Rebekah apareceu na minha frente dançando comigo.

– Céus, não tem ninguém bonito nesse lugar. - reclamou olhando para os lados - Preciso quebrar alguns pescoços.

– Exceto eu. - passei as mãos pelo meu corpo rindo - Não deixe provas Bekah.

Agarrei seu pescoço pulando com todos que estavam no porão, ela riu e me acompanhou. Vi que ela tentou morder um garoto, porém ele fora mais rápido se esquivando para longe.

Sim... foi algo no vinho.

– Você está muito louca. Bebeu algo? - a olhei sentindo os olhos pesarem e ergui uma garrafa.

– Toda a adega de Niklaus Mikaelson. - quase babei.

Me soltei dela e passei a andar por todo o local me sentindo entediada, não gostei desse lugar. Não acredito que gastei a sola do sapato de Rebekah para vir até aqui. Tropecei e bati de cara na parede sentindo o gosto de sangue inundar meus lábios, comecei a rir enquanto sentia o sangue escorrer pelo pescoço. Eu praticamente havia cortado minha língua, ouvi Kol e Elena rirem animados em algum lugar do porão. Senti meu braço ser puxado com força e sorri para o ruivinho que me olhava atentamente, seus olhos pararam em meu pescoço sujo de sangue. Pisquei confusa e logo entendi quando seu rosto começou a se transformar, era um maldito de um vampiro.

– Vai me morder? - perguntei me escorando nele.

– Acha que é preciso? - perguntou divertido.

– Ah não é não. Ok. -virei de costas, mas ele me segurou.

Levei um susto quando ele baixou a cabeça até o meu busto e passou a língua entre meus seios seguindo pelo pescoço. O QUE? O lancei longe dando um soco em seu rosto com força, chutei seu joelho, o abdômen, pescoço e por fim o rosto. Quando olhei ao redor vi que todos me encaravam surpresos e então o rosto do vampiro se transformou completamente enquanto ele grunhia, quase me senti mal pelo que eu iria fazer.

– Será que muita gente te viu transformado ou nós só vamos precisar matar metade da festa? Eu espero que você não tenha medo de se queimar. - falei como uma louca.

Olhei sugestivamente para Rebekah, Kol e Elena. Me virei olhando para o vampiro e percebi que apenas duas pessoas tinham visto ele transformado. Não precisaria acontecer um massacre, me fingi de preocupada e fui até as duas garotas, dei um olhar para Rebekah e as passei para ela que imediatamente sumiu com as duas.

Dei uma ultima olhada no vampiro e sai da festa junto com meus amigos, me joguei ao lado direito da casa e esperei ele sair.

– Qual o motivo disso? - Elena questionou ao meu lado.

– Só pelo fato de ser um vampiro já não é bom.

– Sério? - se agachou.

Nos olhamos.

– Aproveite. Esse vai ser o seu segundo vampiro, estou feliz por fazer parte dos seus treinos de um jeito mais efetivo. - olhei para a estaca que Kol me passava - Seja rápida.

O vampiro saiu e eu me aproximei silenciosamente de suas costas, ele estalou o pescoço e eu soube que de alguma forma ele tinha me percebido, talvez pelo fato de eu ter esbarrado na lixeira e derrubado tudo. Eu estava bêbada e iria tentar matar um vampiro, super inteligente.

– Você tem um sangue bom. - se virou.

– Sim. Tem dono... literalmente. - falei tombando e bocejando.

– Tem é? - passou o dedo pelo meu pescoço.

– Sim. - falei sonolenta.

– E quem é? Aquela garotinha loira?

–O irmão dela. - pelo amor né querido? Rebekah dona do meu sangue? Aquela ali não tem moral nenhuma.

– Quem é? - insistiu.

– Mikaelson. - mal terminei de falar e ele sumiu - Moço? Moço por favor volta aqui. Eu preciso treinar. - resmunguei para a rua vazia e me virei vendo os três vampiros rirem - A noite é uma criança!

Ergui os braços e rebolei rindo.

~°~

Acordei com uma puta dor de cabeça. Felizmente me lembrava de tudo que havia acontecido, eu riria eternamente. Me ajoelhei na terra fofa e comecei a rir junto com Elena e Rebekah. Kol ainda estava desmaiado.

– Eu nunca vou esquecer. Klaus deve estar uma fera. - olhei para cima vendo o sol brilhante.

– Já faz um dia e cinco horas que sumimos. - Bekah cutucou Kol com um galho.

– Diremos que fomos sequestrados. Atacados por lobos e bruxas. - Elena citou tentando arrumar o cabelo.

Babei, minha boca estava dormente.

– Ou posso dizer " Fui encher a cara seu merda, não devo satisfações" - pensei imaginando sua cara irritada, em cólera.

Eu estou em uma guerrinha com um híbrido esquecendo que ele pode me matar sem morrer. Mas ele não sabe.

– Eu fiz. - olhei na direção do zíper.

– O que? - Rebekah perguntou.

– Uma merda. - baixei o zíper e uma pequena parte da calcinha mostrando a tatuagem.

– Hã? - engoliu a risada.

– Não acredito.

– Eu sempre quis fazer isso.

Ali estava uma flor bem centralizada que subia para o lado esquerdo do meu quadril, entrelaçada por outras flores e pequenos cipós. A flor grande era de cor rosa enquanto as outras eram coloridas.

– Gostei. - as duas disseram e nós levantamos.

É muito bom ter sangue de vampiro no corpo, a tatuagem ja estava cicatrizada. E eu nem lembrava onde havia feito.

Kol apoiava meu braço em seu ombro enquanto me arrastava. Estávamos perto da mansão Salvatore sabendo que não tinha ninguém lá, como sabemos? Vimos os carros indo em direção a cidade em que estávamos antes.

Entramos na mansão e eu me joguei no sofá. Nos olhamos e caimos na risada, nós tínhamos olheiras fundas, estavamos cheios de grama, gravetos, terra e sangue. Os cabelos estavam embaraçados , oleosos e muito bagunçados. Fora nossas bocas sujas de sangue, nem preciso dizer o motivo ne?

Ouvimos os saltos irritantes de Katerina e bufamos, ela entrou na sala e nos olhou surpresa e logo divertida, puxou um de seus longos cachos e esticou a perna esquerda.

– Kat-Kat sente aqui. - chamei e incrivelmente ela veio.

– O que aconteceu? Não é querendo causar discórdia, mas você estão parecendo um bando de mendigos. É uma nova moda para os errantes? Uma nova espécie está surgindo entre nós? - debochou.

– Acidente de carro. - Bekah esclareceu.

– Klaus está uma fera. - nos provocou - Eu fico aqui pensando o que ele vai fazer quando vir você. - me encarou - Espero que doa muito.

Dei de ombros.

– Seria uma pena você morrer agora. - fingi decepção.

Ela rolou os olhos.

– Que seja.

– Não se meta. - avisei -Você não quer problemas com uma pessoa que tem o dobro de inteligência que você. - me aproximei de você - Fora a sede de sangue Kat. - olhei para a janela.

– Eu eu deveria te escutar? Você é só uma garotinha vivendo nos braços de um híbrido assassino que ao menor sinal de irritação te mata, você acha que eu não quero isso? Escute, vou fazer de tudo para meu pequeno sonho se realizar.

– Você está sangrando. E tem três vampiros aqui. Nenhum te atacou, significa que... seu sangue é puro. Caso eu morra, você é que acompanha o Klaus. - sorri cínica olhando para sua mão enfaixada vendo uma enorme mancha de sangue - Você pode ser bem velhinha, mas vai precisar muito mais de inteligencia do que disposição pra entrar em uma guerra comigo Katerina. - sorri maliciosa.

Antes que ela falasse algo um bocado de vampiros furiosos passou pela porta. Dei de ombros, ninguém seria morto ou gravemente ferido.

– O que aconteceu? - Klaus nos olhou.

Não adiantava nem mentir. O cheiro de álcool denunciava tudo.

– Lamentamos muito. Sequestramos um grupo de lobisomens, batemos o carro. Eles fugiram, fomos atrás. Dormimos. - menti e óbvio que ninguém acreditou, eu não me dei nem ao trabalho de parecer convincente.

– Responda. - Ele gritou, muito muito furioso.

– Você fica tão gostoso irritado. -o olhei de cima a baixo - Niklaus...

Respirei fundo e ele quebrou uma mesa de canto dos Salvatores, chutou o sofá enorme o lançando longe e veio em minha direção. Ele só fica mais gostoso ainda assim, não consigo ter medo.

– Sage me responda, o que você andou aprontando? - tentou segurar meus ombros e eu me afastei.

Não me intimida.

– Não te devo satisfações. - enchi a boca para falar e peguei uma garrafa de Damon que se afastou prevendo o que aconteceria,

– Deve. Aliás...

– Meu sangue é seu... Mas eu não sua. Pegue. - estiquei um pulso e ele estreitou os olhos.

Bebi do gargalo esvaziando a garrafa e quase cai.

– Vamos para casa. - tentou - Vamos resolver isso lá.

– Vou dormir na cama de Stefan hoje. E se ele não quiser, que mude de quarto ou durma no chão.

Fui em direção ao quarto, mas o grito de Klaus me fez parar no meio do caminho.

– Vamos para casa.- gritou.

Eu estava me divertindo. Com raiva e me divertindo. Me virei lentamente lhe dando um olhar mortal, ele aguardou abrindo aquele sorrisinho perverso esperando eu jogar a garrafa nele e então para o irritar eu apenas tombei a cabeça, sorri e dei o dedo meio. Me virei e subi.

E foi eu entrar no quarto que fui segurada com força pela cintura, a porta foi trancada e eu gritei de susto quando senti a água gelada descer pelo meu corpo. Quando abri os olhos eu já estava debaixo do chuveiro.

– Vai arrancar a roupa também? - gritei irritada e Klaus sorriu.

– Sim. - e então ele puxou minha camisa e o short com tanta força que eles rasgaram audivelmente.

Olhei as duas peças em suas mãos horrorizada, eu nem senti. Ele pareceu se divertir com a minha reação e eu comecei a jogar os shampoos de Stefan nele, Klaus apenas ria com a sua vingancinha medonha. Vingancinha humana, se fosse vampira eu estaria sem uma cabeça.

– Eu estou furioso, você não deveria sumir tanto tempo assim. - me repreendeu e eu o vi louco para me dar um soco.

– Quis te irritar.

– E deu certo. Eu fiquei louco de raiva. Ouvimos todo o acidente e depois mais nada. Não sabíamos por onde procurar. - revirou os olhos - Sinceramente Sage, você tem algum pacto com um demônio?

Ri. Eu? Talvez eu tenha tentado uma vez naquela brincadeira do copo. Será que fui levada a sério?

Comecei a lavar o cabelo. Pelo visto ele não iria sair dali mesmo.

– Eu estava com dois originais e uma vampira. - revirei os olhos.

– Esse era o problema. Qual o motivo para a sua boca estar suja de sangue? - ergueu a sobrancelha.

– Você não quer saber.

Ouvi a gargalha histérica de Rebekah e Kol. Klaus se concentrou em escutar o andar de baixo e eu comecei a fazer barulhos no banheiro tentando atrapalhar e então ele me olhou, arqueou a sobrancelha e ficou vermelho e baixou os olhos parando em meu quadril no fim da minha tatuagem.

Ele pigarreou e eu nada disse. Dei de ombros, eu estava semi nua e molhada na frente de um Mikaelson. Não tinha que abrir a boca.

– Acontece.

– Claro. - ele ainda continuava azul.

E eu ri e ele começou uma seção de insultos, desliguei o chuveiro sabendo que não teria um banho decente, afundei na cama deliciosa de Stefan e Klaus veio resmungando atras. Ele se aproximou e eu o puxei para cima de mim, virei meu rosto expondo meu pescoço e agarrei sua nuca enquanto ele cravava seus dentes em minha jugular sem nem falar nada. Klaus apertou minha coxa com força e com a outra mão segurou meu cabelo mantendo meu pescoço imóvel.

Era assim que eu gostava de Niklaus Mikaelson. Quieto e obediente.

Sim. Eu domino esse Mikaelson.

~°~

Cruzei os braços rindo vendo Niklaus agarrado a Caroline enquanto a loira o estapeava, revirei os olhos mexendo os quadris ao ritmo da música que eu ouvia em meu mp4, me empolguei e virei de costas para o grupo enquanto dançava. Sim, eu estava dançando... não entendia nada do que falavam e isso me dava imaginação o suficiente para dançar no meio da rua me imaginando em um vídeo clip.

Bebi um pouco da minha coca e chutei Damon apenas para me livrar da frustração. Mexi os quadris e levantei a perna dançando para um menino do outro lado da rua que me olhava de forma estranha, ele riu e se afastou sumindo por entre as ruas. Dei de ombros e olhei para o grupo atentamente, eu escutava a música alto o suficiente para abafar as vozes irritadas, eles discutiam por um motivo que eu nem sabia qual era.

Me agarrei ao pescoço de Elijah e ele me puxou para dentro da lanchonete, me arrastei com meus patins e sorri me sentando em uma cadeira alta, estalei os dedos e coloquei minha garrafa de coca na mesa.

– Moço eu quero uma raspadinha de tutti fruit. - avisei olhando o loiro.

– Sage eu já disse que não vendemos isso. - o olhei de cara feia - É a oitava vez na semana que eu te digo isso. E eu te falo isso a exatos doze anos. Me escuta dessa vez e não quebra nada por favor.

– Ok, ok! - ergui as mãos - Eu quero um... sorvete de framboesa. - olhei o cardápio - Com licor.

– Já volto. Vê se não some. - dei ombros bebendo minha coca, desliguei o mp4 e olhei para Elijah - E sem licor. Você não tem idade pra isso.

Ele me observava atentamente com um sorriso pequeno, se inclinou na mesa em minha direção aproximando seu rosto do meu, senti o seu hálito delicioso e quase fechei os olhos. Elijah sabe que é irresistível e se aproveita disso, é um mala.

– Está gostando da companhia Sage? - sussurrou com a voz rouca.

– Sim, de longe a sua é a melhor. - ajeitei meu cabelo.

– Fico feliz por isso.

– Qual o motivo da discussão? - me ajeitei.

– Caroline quer fazer uma festa na mansão. Niklaus não quer. - dei de ombros sem me importar com as loucuras de Caroline.

– Temos previsão para quando Esther irá chegar? - ele ajeitou a postura.

– Acredito que cerca de dois a três meses.

– Tem como impedir?

– Tem como atrasar. - sorriu.

– Elijah nós somos amigos? - ele me olhou confuso.

– Sim Sage.

– O que vai acontecer quando não precisarem mais do meu sangue? - meu sorvete chegou.

– Não tenho intenção alguma de me afastar de você, assim como Rebekah e Kol.

– E Nik?

– Tentaria te levar a força. Ele é doente por quem é próximo. - balancei a cabeça em negação.

Bem... pelo menos me consideravam uma amiga. Fiquei satisfeita ao ver que eu não estava sendo somente usada por eles.

Me abanei vendo o quão quente o dia estava e sorri ao ver uma ladeira do outro lado da rua, abri um sorriso malicioso e arrumei minha roupa. Eu usava uma mini camiseta azul e rosa, um short largo, patins rosa e um fone imenso. É... eu não tenho senso e sei muito bem disso. Elijah me encarava curioso, vi que o calor havia afetado ele também já que usava uma calça jeans ao invés de uma... daquelas... alfaiate?

– O que está aprontando? - decifrou meu olhar.

– Nada. - dei de ombros sabendo que ele não aprovaria, eu estava entediada.

Ele me ignorou e tratou de me tirar o mais rápido possível da lanchonete achando que eu iria aprontar algo no local. Comecei a andar ao redor do grupo com meus patins nada discretos, fui me afastando discretamente como quem não quer nada e então me lancei da ladeira descendo como uma bala, gritei animada ao perceber o quão boa era a sensação. Abri os braços sentindo meus cabelos serem puxados pelo vento e fiz uma careta ao perceber que eu não havia pensado em como iria parar. Ouvi o grito de Caroline atrás de mim e percebi que ela tentava me alcançar, ri de maneira maligna me sentindo superior aos vampiros.

– Sage freia! - ignorei Caroline e me inclinei para frente aumentando a velocidade.

Vou quebrar o pescoço, pensei quando vi o meio fio se aproximar.

E então BAM, uma moto surgiu do nada e eu bati contra ela caindo junto com o motociclista. A moto pesada tombou em cima de mim, mas antes que ela me esmagasse por completo Caroline surgiu e a jogou para longe. A loira me olhou descontente e eu revirei os olhos levantando com sua ajuda.

– O que pensa que está fazendo? - ajudou o homem a se levantar.

– Andando de patins horas. - dei de ombros - Não tenho culpa se ele não olha por onde anda com essa carteira comprada. A moto deve ser roubada também.

O homem me olhou furioso, mas preferiu bufar e dar um sorriso amargo.

– Pelo que ouvir falar você deve ser a maldita Sage que todos comentam nessa cidade.

O olhei de cara feia. Bufei e fui para casa, maldita é a mãe dele.

~°~

Praguejei sentindo minha pele queimar e avistei a mansão ao longe, eu nem sabia qual o motivo para eu ter vindo justamente aqui.

Empurrei a porta da sala com força fazendo ela bater na parede com um estrondo, ela voltou na minha cara e eu pulei para dentro antes que me acertasse. Gente essa casa necessita de reformas imediatas, como colocam um porta tão pesada para eu abrir? É uma casa vampira anti-roubo de ultima geração, nenhum humano normal consegue abrir isso e Klaus ainda tem a audácia de me chamar de desastrada. Vê se pode?

Bufei e fui em direção as escadas, olha que vaso lindo! Que cor azul perfeita! Olhei para os lados envergonhada quando o toquei e ele se espatifou em milhares de pedacinhos pelo chão, a mesinha que o segurava foi salva a tempo.

– Será que alguém ouviu? - sussurrei nervosamente - Meu Deus esse vaso tem quase a idade de Klaus.

– Sage chegou - anunciou - O que você aprontou? - a voz de Niklaus soou do corredor.

Me preparei para correr, mas ele me pegaria fácil e se eu fugisse não poderia arrumar uma desculpa.

– Nik tinha um homem aqui quando eu entrei, eu juro que não tenho culpa nenhuma. - sussurrei entrelaçando meu dedos.

– Não estou entendendo. - fui em direção a sua voz.

Antes que ele entrasse lhe dei um abraço apertado nos lançando pelo corredor em direção a sala. Apertei seu pescoço com força e se ele fosse humano com certeza teria sufocado, o soltei imediatamente vendo que ele havia ficado vermelho. Eu não sabia, juro. Klaus tossiu tentando disfarçar que eu quase o havia feito desmaiar com o meu aperto da morte.

– O que foi? - segurei sua mão antes que ele sumisse.

– Ei Nik eu estou com fome. Não comi nada hoje e já é o horário da janta.

– Sage aqui não é restaurante veio fazer exatamente o que? - falou de maneira arrastada me empurrando para a cozinha.

– Vim comer ué. Não tenho dinheiro, fim de mês. Acontece com quem trabalha e então eu pensei... bem eu posso ir comer na casa do meu híbrido e de quebra ainda posso dar uns beijos nele. Se ele quiser.

Niklaus cuspiu pela cozinha todo o vinho que bebia.

– Quer dizer que além de te proteger eu sou a sua prostituta? - riu.

– Uma palavra forte. Prefiro dizer que você é o senhor sobrenatural que eu tenho contatos físicos eventuais.

– Sage não vamos tão longe assim.

– Que horror Niklaus pisa, mas não esfrega né? - reclamei e ele se aproximou grudando seu peito em meu ombro.

–Sage... o que aprontou? - olhei para a parede, Nik colocou a mão esquerda no balcão e usou a direita para me prender no lugar - Seus olhos parecem que vão sair do seu rosto.

– É fome.

– Sage fome não deixa ninguém de olhos arregalados. - aproximou seu rosto do meu e segurou meu queixo forçando a o olhar - O que você realmente fez? Eu te deixei quietinha em nossa casa a apenas duas horas e você veio correndo até aqui.

– Não tinha nenhum vampiro perto, tive que ir para o hospital e o médico não quis me liberar e eu não decorei o numero de ninguém e estou sem celular de novo, então eu coloquei um fogo discreto assim no vestiário apenas pra distrair eu não sabia que o fogo ia justamente pro quarto que eu tava, jura que não ta sentindo cheiro de nada?

O olhei.

– Então você está aqui pelo meu sangue? Que irônico. - riu e fungou ficando sério - Você se queimou.

– É o que parece.

Finalmente ele olhou de verdade para mim, eu estava com uma blusa imensa com capuz de pelúcia e uma calça azul do hospital e um sapato tamanho 40 no pé. Não que a queimadura não doesse, mas o pouco sangue de Klaus que eu ainda tinha em meu corpo fazia com que a dor fosse amenizada.

Ele agarrou meu braço e levantou a barra da calça sabendo exatamente onde estavam as queimaduras, fez uma careta e me olhou sério. Fiz careta, iria aproveitar para não ser morta.

– E foi por causa disso que eu quebrei o seu vaso no hall. Sinto muito. - sussurrei.

Foi por que eu era curiosa. Apenas.

– Não se preocupe com isso. Está tudo bem. - falou de maneira mansa estendendo o pulso - Agora deixe eu cuidar da minha bolsa de sangue.

Bufei. Merece uma mão na cara.


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Notas finais do capítulo

Oi gente, quase deixei a fic de lado hoje, estou impressionada pela minha burrice + teimosia + loucura. Não, a loucura da Sage não pega a autora é que não é muito sã mesmo, já sabem a quem a personagem puxou. Eu como sempre sofrendo das minhas crises de ansiedades terríveis provoquei um corte químico no cabelo e quase perdi tudo, acredita? Já estou acostumada, então vamos ao importante.
No capítulo Sage estava sensível e daqui para frente ela irá fica um pouco mais, já que a personagem vai sofrer uma transição para a entrada da nova temporada. Se acalmem, a essência da personagem não irá se perder. Ela ainda será a Sage de sempre.
Como notaram o nome da fanfic é Eu sou o inverno, e as quatros temporadas serão das estações que nós conhecemos. Todas essas estações mostrarão o desenvolvimento da personagem e a transformação dela. Em Eu sou o inverno a Sage é fria, mas não do tipo séria, ela é somente uma pessoa que não liga para nada e não se importa com sentimentos e pensamentos alheios. Essa fanfic mostra como a personagem está lidando ao entrar no mundo sobrenatural e não somente como a personalidade dela naturalmente é, por isso se inicia com o "inverno". Achei muito interessante publicar esse esclarecimento pois foi um assunto abordado por uma das leitoras que é de extrema importância para a compreensão da fic, agradeço a ela de coração pela observação ou eu teria acabado deixando essa explicação de lado. Coisa que não deveria acontecer.
Então... Bjs e muito obrigada pelos comentários.



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