“Então é isso, um dia você percebe que entendeu tudo errado e fez uma bagunça com as coisas. Querido diário, eu acho que estou enlouquecendo.

Digo, aquilo foi tudo da minha cabeça? Toda aquela implicância sem fim, todo aquele rancor, e a convicção que James Potter não significava nada na minha vida… Eu posso ter entendido errado tudo isso?

Quando éramos criança e James agia insuportavelmente arrogante, nunca teria passado para minha cabeça sentir qualquer coisa por ele. Quando se é tão jovem, gostar geralmente remete a passar o resto da vida com a pessoa, e Potter e eu? Nem pensar. Eu nunca seria capaz de dividir minha vida com alguém arrogante, imaturo e estúpido como ele. Mas não era como se eu fosse inconsciente da existência do jovem Potter… Alguma coisa sempre me puxou para ele.

Com o passar do tempo entendi que o que me puxava para ele era a indignação por ver tanto potencial para coisas boas, sendo desperdiçado.

Mas ter James como um amigo me fez ver que eu deveria atualizar minhas considerações sobre ele, e adicionar gentil, afetuoso, engraçado, leal, dedicado e bom, às definições. Um idiota, às vezes, como eu mesma sou. Pessoas crescem e amadurecem, e mais do que o que elas fizeram no passado, as suas atitudes no presente dizem sobre seu caráter.

E mesmo assim, por que é tão difícil compreender o que eu sinto?

Ele disse uma vez “você me ama, Lily, só precisa admitir”... É isso? Como, como eu posso gostar de alguém e não saber? Como ele pode saber mais sobre o meu coração que eu mesma?

Sinto que parte de mim, embora seja tão ruim de admitir, parte de mim sempre quis que ele fosse diferente, para que eu pudesse gostar livremente, sem que algo irritante gritasse sempre em minha cabeça, “ele é um idiota, Lily, não olhe para ele”.

E se é isso, se eu posso gostar dele, se eu posso estar apaixonada por James, como admitir isso? Como admitir para mim mesma, que me apaixonei por alguém, e não percebi? Como pedir desculpas, depois de tudo, e fazer com que ele me perdoe e entenda, que eu só era muito estúpida para descobrir sozinha o que estava, aparentemente, na cara de todo mundo?

Honestamente, não sei.

Atenciosamente, Lily.”