Impasse escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 10
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659984/chapter/10

–Harry? -Ela me chamou e eu dei um pulo no sofá. - Você está devendo para alguém? Anda muito assustado ultimamente. - Questionou rindo, e eu me forcei a rir um pouco também. - Tudo bem?

–Sim, por que?

–Você estava estranho, com os olhos fechados e uma cara de concentrado. - Explicou se levantando, mas não esperou que eu respondesse. - Estou com fome, quer algo para comer também?

–Sim,por favor. Está melhor? - Perguntei me ajeitando no sofá.

–Sim, obrigada. O filme é bom?

–Não sei, também dormi na metade.

–Então deve ser péssimo. - Constatou sumindo pela porta da cozinha e me deixando sozinho.

Enquanto Ginny caminhava até lá me forcei a não olhar para ela e por isso fixei propositadamente os olhos na TV. Assim que fiquei sozinho respirei fundo mais uma vez e assim que me senti relaxado o suficiente dispensei a almofada que estava no meu colo.

Me sentei e troquei os canais de TV a procura de algo descontraído para vermos durante o lanche e parei em um show que estava sendo exibido. Antes que ela voltasse do cômodo ao lado a porta da sala se abriu e Ron passou por ela de mãos dadas com Hermione, que pediu licença e entrou tímida ao lado dele.

–E essa é minha casa. - Ouvi quando ele disse a ela. - E como eu tinha dito para você, Harry fica mais aqui do que na dele.

Ela riu como se aquilo fosse a piada mais engraçada do mundo e ele a acompanhou.

–Linda a sua casa. - Elogiou antes de se virar para mim. - Olá, Harry.

–Oi, Mione. - Retribui o cumprimento e me levantei para lhe dar um beijo no rosto. - Bom te ver novamente.

–Venha, vou te mostrar tudo. - Ron a arrastou antes que ela me respondesse e os dois sumiram pelo corredor que os levaria aos quartos.

Me levantei assim que saíram e fui até a cozinha, onde Ginny estava parada em frente à geladeira pegando algo que não consegui ver o que era.

–O que você está preparando?

–Alguns lanches frios, nada muito elaborado. - Respondeu sem se virar.

–Ron acabou de chegar e Mione está com ele, então acho que vamos precisar de mais. - Expliquei e ela se virou com dois tomates e uma bandeja de queijo nas mãos. - Eu te ajudo, o que falta?

–Você pode fazer um suco, por favor? Eu termino os lanches. - Pediu antes de me indicar onde encontrar tudo.

Alguns minutos depois enquanto nós dois ainda estávamos finalizando as tarefas, a voz do Ron anunciou a entrada dos dois na cozinha:

–E aqui finalizamos nosso tour.

–Adorei sua casa, muito aconchegante. - Ela elogiou novamente e caminhou até onde Ginny estava. - Olá!

As duas se cumprimentaram com um beijo no rosto e um pequeno abraço e passaram alguns minutos conversando pequenas amenidades. Essa era a primeira vez que eu a encontrava depois do nosso jantar, mas Ginny havia saído com eles no sábado em que viajei para a casa dos meus avós.

Inicialmente ela negou nosso convite para comer conosco porque haviam almoçado há pouco tempo, mas por fim aceitou apenas um pedaço e nos acompanhar na bebida. Não foi necessário insistir para que Ron aceitasse, então arrumamos a mesa de jantar e passamos a tarde entre risos e bastante conversa.

Hermione é uma pessoa legal, daquelas que se enturma fácil e sempre participa da conversa independente do assunto, e nos deixou mais tranquilos saber que Ron não mudaria seu jeito de sempre por causa dela. Ao contrário, ela parecia apreciar suas atitudes e piadas tanto quanto nós dois.

Quando o dia já ia escurecendo recebi uma ligação dos meu pai perguntando se eu estava em casa e se gostaria de jantar com ele e minha mãe. Era comum fazermos esses programas e eu sempre os achei bastante divertidos e gostosos, então aceitei o convite e me despedi dos meus amigos no final da tarde.

Quando cheguei em casa eles já estavam, mas pelo silêncio no primeiro andar e a porta do quarto fechada deduzi que estavam tomando banho então fui direto para o meu quarto e fiz o mesmo. Me vesti e desci para esperar na sala, e enquanto isso folheei um dos livros da minha mãe que estava sobre o sofá.

–Já está em casa? - Ela exclamou descendo as escadas de braços dados com o marido.

–Sim, já tomei banho e me troquei também. Não quis atrapalhar quando cheguei. - Me expliquei enquanto levantava para sairmos.

–Fez muito bem, quem nos dera você ter tido esse bom senso quando era criança. - Lamentou-se nos fazendo rir.

Os cumprimentei com um beijo quando chegaram na sala e fomos no carro do meu pai até um restaurante aconchegante que eles gostavam bastante e que eu considerava um pouco entediante.

Durante o jantar minha mãe perguntou o que eu havia feito durante o dia e assim contei a eles que ia sair com Ron, mas resolvi passar o dia com o Ginny porque ela não estava se sentindo bem. Ela e meu pai trocaram um olhar cúmplice com a informação e soltaram uma risada contida.

Decidi ignorar esse ato e fingir que não tinha percebido, igualmente eles decidiram guardar suas observações para eles e assim continuamos nossa conversa agradável até mais tarde do que o normal.

No início da semana seguinte consegui fechar o projeto no qual trabalharia pelos próximos dois meses e isso me deixou empolgado e ao mesmo tempo preocupado com a quantidade de coisas a fazer versus o prazo apertado de entrega.

–Jefrey, vou precisar sair mais cedo hoje. Caso alguém pergunte você pode informar que fui ao médico, por favor? - Pedi ao meu colega na quinta-feira assim que voltamos do almoço.

–Claro, mas está tudo bem? - Me perguntou preocupado, desviando os olhos de sua tela.

–Sim, apenas uma consulta de rotina. - Respondi enquanto apanhava a carteira e as chaves do carro na gaveta. - Obrigado, até amanhã.

Desde que eu era criança meu pai sempre fez questão de nos lembrar, a mim e a minha mãe, quão importante eram as consultas de rotina para garantir que estava tudo bem. E esse hábito não havia mudado para mim depois de adulto, quando eu mesmo deveria fazer meus agendamentos.

Consegui estacionar meu carro em uma rua não tão próxima, que demandaria alguns minutos de caminhada até o consultório. O relógio indicava que eu estava bastante adiantado, então caminhei tranquilo, sem nenhuma pressa e com os fones de ouvido colocados.

Na metade do caminho senti meu celular vibrar e quando o tirei do bolso vi que era uma mensagem instantânea de Ginny:

"Oi, Harry. Podemos conversar um minuto?"

Pausei a música que tocava antes de responder que sim e perguntar o que havia acontecido. Ela queria dizer que acabou de receber um retorno do consultório onde fez uma entrevista, e a resposta foi negativa.

Ao invés de responder também por mensagem disquei seu número e esperei que me atendesse, o que aconteceu já no primeiro toque. Conversamos até que eu chegasse ao meu destino enquanto eu dizia que não se preocupasse porque uma hora daria certo e a culpa dessa demora toda estava definitivamente na escassez de mercado disponível para sua área de interesse em nossa cidade, e não em sua capacidade.

Quando cheguei em frente ao prédio onde eu ficava a clínica nos despedimos com a promessa de conversar mais tarde ou no dia seguinte para combinarmos algo para o final de semana. Parei em frente ao portão para silenciar os toques do meu aparelho e enquanto ainda olhava para baixo uma voz conhecida me chamou:

–Harry?

Olhei para a pessoa e imediatamente reconheci Michael, um rapaz que estudou na mesma escola que eu e com quem Ginny teve seu primeiro relacionamento sério. Na hora me lembrei que foi quem ele que ela conheceu o restaurante no qual jantamos com Ron e Hermione alguns dias atrás.

–Michael, achei que você tivesse se mudado de cidade. Tudo bem? - Perguntei surpreso, pois se não me falhava a memória eles haviam terminado justamente devido a essa mudança.

–Sim, me mudei. Mas estou passando uns dias por aqui com meus avós e aproveitando para rever alguns amigos daquela época. Estou bem, e você, como tem passado? - Perguntou realmente interessado.

Respondi que havia terminado a faculdade por aqui mesmo há três anos e desde então vinha trabalhando com projetos. Ele se surpreendeu quando citei o nome da empresa e me contou com empolgação que tinha se decidido por seguir carreira acadêmica e agora estava desenvolvendo sua tese de mestrado em alguma área confusa demais da Química.

–E os Weasleys, ainda estão por aqui? Você e Rony ainda são super amigos? - Quis saber, passado o assunto de profissões.

–Somos, e eles também moram aqui. Ainda somos os mesmos acomodados, nenhum de nós quis sair. - Dei de ombros e ele riu.

–Então acho que você pode me ajudar com uma coisa. - Comentou empolgado antes de fazer o pedido. - Por acaso você tem o telefone da Ginny? Eu adoraria revê-la e acho que ela também gostaria, mas perdemos contato faz algum tempo. - Justificou.

Quando ele foi embora Ginny ainda não era parte tão presente do meu grupo de amigos, então ele não tinha como saber quão próximos somos hoje. Ponderei aquela pergunta por um momento apenas antes de responder:

–Infelizmente não tenho, Michael. Vou ficar devendo. - Falei com cara de quem sentia muito, mas internamente sem nenhuma culpa.

–É uma pena, eu ia adorar reencontrá-la. - Se lamentou sinceramente.

–Uma pena, não é mesmo? - Concordei com ele sem conseguir conter totalmente a ironia. - Foi bom te ver, mas agora eu preciso ir.

Me despedi rapidamente antes que ele tentasse pedir o telefone do Ron para tentar outros meios de estabelecer seu contato com ela entrei pelo portão aberto do prédio repensando aquela conversa.

Eu duvidava fortemente que Ginny fosse gostar ou sequer se interessar em encontrá-lo novamente. Afinal, o que pode ter de interessante em encontrar um cara que provavelmente só converse sobre moléculas e carbonos? Ele deve ser um idiota, isso sim.

Além disso, eu não sabia se ela passaria seu telefone para ele, e se eu precisasse apostar diria que sua resposta seria não, então seria muito antiético da minha parte fornecer seus dados de contato sem prévia autorização. Após esse pequeno diálogo interno cheguei a conclusão de que tomei a decisão correta.

–Boa tarde, sou Harry Potter e tenho uma consulta as 14 horas. - Anunciei para a recepcionista assim que entrei, a consciência mais tranquila impossível.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, meus lindos. Como estão?
Antes de tudo quero agradecer aos comentários do capítulo anterior. Adoro quando vocês dizem o que acham que está acontecendo. =]
Espero que tenham gostado do capítulo, não vejo a hora de saber o que acharam.
Adoraria saber o que vocês acham que a Ginny sente por ele, então me digam.
Vejo vocês nos comentários!
Até o próximo,
Beijos!