100 Dias com Oliver Queen escrita por daisyantera


Capítulo 19
Experiência Religiosa


Notas iniciais do capítulo

Primeiro, gostaria de agradecer a recomendação da linda leitora liane e aproveitando para destacar um trecho da recomendação dela, onde todas vocês irão se identificar após essa minha demora na att: "As vezes você vai querer emprestar uma das flechas do Oliver e cravar na autora por causa da demora."
HAHAHAHAAHHAHAHAA VOCÊS SÃO DEMAIS!!! (Seria eu uma sadista ou masoquista? Tentando ainda descobrir) Gostaria também de aproveitar e agradecer todas as leitoras que me mandaram mps preocupadíssimas com a demora da att, suas ameaças causaram efeito (Tô brincando, ninguém me ameaçou não. Quer dizer, sim. Mas adorei...Quer dizer, mais ou menos. Enfim. OBRIGADA!)

CAPÍTULO NÃO REVISADO E CUIDADO, esse saiu péssimo. Péssimo. (De verdade. Não é mais uma crisesinha minha não.) Mas é aquele ditado né?!



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Felicity's  Pov

― Eu queria estar morta.

Não, eu queria estar morta se tivesse que ouvir Thea falando aquela mesma frase novamente num intervalo de dois minutos! A Queen mais nova conseguia ser mais dramática do que o mais velho, o que não tornava aquela incrível - sarcasmo, sarcasmo, sarcasmo! - subida à Colina da Salvação, nada legal. Ao contrário.

A experiência estava se provando mais insuportável que a de servir cafezinho para Isabitch, durante as reuniões da QC. E olha que isso queria dizer MUITA coisa...

Tava vendo a hora do Curtis chutar a pequena Queen para júpiter.

― Se você continuar repetindo essa mesma frase, posso providenciar isso. ― O MEU Queen grunhiu, olhando a irmã de forma nada agradável, não parando um minuto sequer aquela caminhada do demônio.

Como o imaginado, Thea ignorou completamente o perigo e continuou atiçando o humor do SSBP - Sádico Sarrudo Bom de Pegada -, pronta para invocar o apocalipse sobre as nossas cabeças.

― Oliver, me leva de cavalinho.

Foi o suficiente para fazer Oliver parar sua marcha e olhar a irmã de maneira homicida. Eu e os demais, com exceção de minha mãe que parecia muito empenhada a subir aquela maldita colina e não dava bola alguma com o que acontecia ao seu redor, paramos para assistir o assassinato da Queen em primeira mão.

― Por um acaso to com cara de cavalo agora? ― Ele perguntou, extremamente revoltado, cruzando os braços. Seus olhos poderiam ser comparados a duas metralhadoras.

Se eu fosse Thea, temeria por minha vida.

― Ihh, se tá, eu já quero montar!

Puta que pariu, era hoje! Quem havia soltado aquela pérola? Claro que Curtis Holt! Na maior cara de pau, a bicha má fitava Oliver de maneira safada.

Deus, hoje ia ter churrasco de viado.

Lentamente, Oliver virou para Curtis e lhe lançou um olhar duro e longo, que fez o meu amigo estremecer do meu lado, segurando o meu braço numa tentativa falha de procurar proteção. Avá!

― Ual, que olhar! ― A bicha sussurrou baixinho, soltando o meu braço para se abanar, enquanto secava o MEU Queen com o olhar.

Balancei a cabeça de um lado para o outro, incrédula. Ele definitivamente estava perdendo a noção do perigo.

― Você só pode ser homicida... ― Falei também no mesmo tom, esperando que somente ele ouvisse.

Alheios à nossa conversação, os irmãos Queen continuaram a discussão:

― Se fosse a Felicity pedindo, você deixaria ela montar. ― Thea atacou, cruzando os braços e enfeitando o rosto com uma bela duma tromba.

Comecei a tossir loucamente com a sua declaração.

POR QUE ELA TINHA QUE ME USAR DE EXEMPLO?

Oliver virou na minha direção, olhando-me de cima à baixo, para logo em seguida, exibir um sorriso sacana.

― Não tenha dúvidas quanto a isso. ― Disparou ele ― Ela pode me dar, o que você não pode.

CHOQUEI, VIADO!

Se antes eu estava tossindo loucamente, agora eu parecia estar engasgada com um pinto na garganta.

Menos Felicity, muito menos...Meu subconsciente censurou-me, na falta de minha mãe dando uma de crente pro meu lado.

Thea fez uma careta, mas havia uma centelha de felicidade nos seus olhos. Entretanto, foi Diggle quem resolveu dar fim àquela discussão sem sentido:

― Que tal vocês pararem com a troca de farpas e caminharem? ― Apontou em direção a igreja, que ainda estava muito longe de ser alcançada por nós. ― Se não perceberam, ainda temos muito chão para seguir.

― Adoro macho de atitude. ― A bicha louca comentou, soltando uma risada e ganhando em troca, um olhar seco de Diggle.

― Ele é casado. ― Informei baixinho, puxando Curtis pela manga da blusa, tentando de algum jeito fazê-lo se aproximar mais. ― E ele tem uma arma, não se esqueça disso.

Ao invés da bicha se amedrontar, se empolgou:

― Ele tem uma arma? É grandona? ― Com um sorriso lascivo, me deu um tapa no ombro. ― Felicity, sua safada! Anda vendo a arma de geral, ein...

MEU. DEUS. ALGUÉM. ME. MATA. É de graça!

Com raiva, soltei o braço da bicha e saí pisando fundo, ultrapassando todo mundo, inclusive o meu adorável - piada - Queen, que observava tudo de maneira travessa.

Deveria estar se divertindo muito vendo Curtis falando aquelas bobagens para mim.

Idiota!

(...)

― Merda, eu não acredito que tô fazendo isso... ― Ouvi Tommy resmungar baixinho, mas alto o suficiente para os meus ouvidos e eu soltei um suspiro, igualmente baixo. Eu também não acreditava que estava fazendo isso.

De cabeça baixa, entrei na igreja, tentando evitar contato visual com qualquer pessoa. Sabia que ninguém me reconheceria, entretanto, mesmo assim, sentia uma agitação insuportável no meu peito. Alguma coisa parecia prestes a dar errado.

― Cala a boca e entra logo! ― Laurel o empurrou pra dentro da igreja sem paciência alguma e se a minha missão era entrar desapercebida, acabava de falhar miseravelmente.

Por conta do riso escandaloso que a bicha louca soltou após ver a cena deplorável de Tommy, umas senhorinhas que estavam sentadas nos bancos próximos à porta, nos olhou com um ar de interesse e advertência. Se possível, abaixei mais a cabeça, cruzando os dedos para que pastor West não tivesse notado nossa presença. Contudo, fora impossível não se fazer notar o tamanho do nosso grupo entrando na igreja.

Não demorou muito para eu sentir aquela desconfortável sensação de alguém estar me fritando com os olhos. Obviamente, pastor West já estava consciente da minha presença e muito provavelmente, lembrava-se do nosso primeiro e último encontro desastroso.

Ê, Felicity, se lascou!

― Queridinhos, queridinhos, sentem aqui! ― Mamãe indicava os bancos para o sádico e seus amiguinhos. ― Enquanto nós, garotas, sentaremos bem aqui. ― Indicou o banco logo atrás deles. Arqueei uma sobrancelha, achando sua manobra espetacularmente esperta.

Evidentemente, ela escolhera deixar os homens no banco à nossa frente, para fugir - ou ao menos tentar - dos olhares de pastor West, que a conhecia há anos. Se tinha alguém que conhecia o seu passado ali, esse alguém era Joe. E Donna não estava disposta a dar-lhe alguma oportunidade de falar sobre o assunto, o que eu achava excelente.

Oliver por sí só conseguia chegar a conclusões certeiras, imagine com pastor West tagarelando sobre minha mãe e o seu passado de roceira que não se conformava com o mato! Ai sim que ele ganharia mais material ainda para ferrar com a minha vida!

Olhei para frente, ou mais especificamente, para o sádico sentado na minha frente. Gostei de tê-lo na minha linha de visão, pelo menos, teria algum tipo de distração e esqueceria da existência de pastor West, vire e mexe, lançando-me olhares aborrecidos. Ele certamente não esquecera minha questão filosófica sobre o dedo médio. Encolhi os ombros, me afundando no banco.

Merda...

Tudo ia muito bem, ou ao menos, eu pensava que ia. Até uma sem vergonha aparecer e ir em direção ao MEU Queen. Apurei mais os ouvidos, tentando escutar o que a mocréia de vestido esquisito falava com ele. Sem demora, notei que a biscaranha pediu para que ele cedesse um espacinho ali para ela sentar-se, uma vez que a igreja estava lotada - e isso nada tinha a ver, por ela querer sentar entre o sádico-gostosão e o corno-chifre-lapidados-que-dava-um-caldo -, e como um ÓTIMO samaritano, Oliver cedeu.

Me tremi todinha.

― Maldito! ― Gritei, ao perceber o salafrio já de sorrisinhos e risadinhas com a esquisitona. Imediatamente pastor West parou de ler a passagem da bíblia e só aí saquei que todos me olhavam.

Cacete!

Abaixei a cabeça ― MALDITO SEJA SATANÁS! ― Proferi à plenos pulmões, tentando dar aquela disfarçada básica.

De praxe, ouvi a risada escandalosa de Curtis, mesclada com a do Queen.

Hoje ia rolar cacete!

Ignorando minha gafe, pastor West prosseguiu o culto, enquanto eu começava a chutar o calcanhar do inútil do Queen sentado na minha frente, numa forma  bem infantil de retaliação por ele estar dando papo pra mocréia.

ONDE JÁ SE VIU DAR EM CIMA DE HOMEM COMPROMISSADO E AINDA DENTRO DE UMA IGREJA? CACHORRA SAFADA!

Chutei com mais força.

Lentamente, quase mecanicamente, Oliver virou o pescoço na minha direção. Seus lábios estavam curvados num sorriso felino.

― Felicity, querida, você sabe que eu não sou o homem de ferro, certo? ― Só para me irritar mais, deixou-se encostar um pouquinho na direção da mocréia que fingia assistir o culto. ― Portanto, pare de me chutar assim, ou não poderei mais te deixar montar....nas minhas costas. ― Completou com uma piscada, voltando a se virar.

Abri a boca, mas não consegui emitir som algum. O descarado havia conseguido me deixar sem palavras.

― Vish, a racha ficou sem fala! ― Curtis comemorava ao meu lado batendo palminhas, alheio aos olhares nada amistosos que estávamos recebendo. ― Deus já tá operando! Milagres existem mesmo! É pra glorificar de pé!

IA. MATAR. AQUELA. BICHA. HOJE.

― Cala a boca! ― Rosnei, depositando um soco no seu braço, ao perceber algumas senhorinhas se levantando para fazer exatamente aquilo: Glorificar de pé.

Puta que o pariu!

― Esse é de longe o culto mais interessante que eu já presenciei. ― Ouvi Caitlin confidenciar baixinho para Sara sentada ao seu lado, que apenas assentiu de acordo, com um sorriso no rosto.

― Felicity tem a tendência de deixar tudo muito mais interessante... ― Falou e eu nem pude sentir o meu ego sendo massageado, pois tinha a estranha sensação que aquele era o seu jeitinho de dizer que eu atraía confusão por onde passava.

― Sim, esse é o meu bebê! ― Mamãe exclamou, fingido-se emocionar, secando algumas lágrimas inexistentes.

A fitei incrédula. Será que ela não percebia que estava me atolando mais ainda na merda?!

Mais irritada que antes, voltei a olhar para frente, com as costas bem eretas e disposta à ignorar tudo e todos ao meu redor. Exceto que no momento em que fiz aquele pequeno movimento, fui capturada por duas amêndoas brilhantes. 

O ar foi roubado de meus pulmões e imaginei se justamente agora, eu desmaiaria. Nunca havia desmaiado uma vez sequer em toda a minha vida, apesar de diversas vezes, ter achado a ideia muito atraente -, inclusive agora. Lentamente, inspirei o ar de volta para os meus pulmões e sustentei o olhar de Iris West, consciente demais que seria covardia da minha parte ignorá-la.

Havia esquecido completamente que pastor West tinha uma filha e uma filha muita astuta! Nada escapava de seu radar. Tanto que ela tinha uma certa fama nas redondezas. Há muitos anos atrás, Caitlin havia desenvolvido a teoria de que muito eventualmente, Iris West se tornaria uma jornalista de renome. Eu temia que este dia estava próximo, por conta do olhar afiado que ela relanceava entre eu e Oliver.

Engolindo em seco, abaixei os olhos, não aguentando sustentar seu olhar. Oliver parecia completamente alheio ao fato que logo viraria instrumento de ascensão para Iris West no mundo das notícias. Tanto que continuava conversando animadamente com a cachoranha, cagando para a realidade de estar dentro duma igreja, prestes a receber a ira de Deus e quem sabe, estampar o próximo jornal, se não calasse o bico imediatamente.

Não duvidava nada que a mente de Iris West estava trabalhando a todo vapor em inúmeras teorias do porquê Oliver Queen, Tommy Merlyn e Thea Queen estarem enfurnados numa igrejinha, sobre uma colina, no meio do nada.

Ótimo, era só o que me faltava!

― Vou dar uma volta. ― Anunciei, disposta a pegar um ar para conseguir dar uma espairecida e com sorte, pensar numa desculpa muito boa para dizer a Iris, quando ela começasse a xeretar o motivo de Oliver Queen estar justamente aqui.

Levantei, mas não cheguei dar nem dois passos, até cair de cara no chão, por conta do susto que levei. Sentia o meu coração na garganta e comecei a fazer minhas preces para ter tido visões do além. Única explicação para aquelas pessoas estarem presente especialmente nesta igreja!

De olhos fechados, ainda fazendo minhas promessas e preces, notei que a igreja havia caído num silêncio sepulcral, que só fora quebrado, com o grito enlouquecido de pastor West:

O DEMÔNIO QUE ESTÁ NESSA GAROTA ACABA DE SE MOSTRAR!

PUTA MERDA!!!!!!!!!!!!

―...NA CASA DO SENHOR NÃO EXISTE SATANÁS, XÓ SATANÁS, XÓ SATANÁS!

E quem começara a cantar justamente aquela canção? CURTIS HOLT!

Crispei os lábios, se eu saísse dessa igreja viva, iria matá-lo!

Num pulo, levantei e encarei os meus adorados amigos, que assistiam toda a cena mal disfarçando a diversão que sentiam pelo o meu micão. Até Barry estava rindo!

Suprimindo a vontade que estava sentindo de xingar todos eles, soltei o que era mais importante naquele momento. Ou pelo menos, aquilo que usaria de argumento com Deus, caso eu morresse: Eu tentei!

 

― CAMBADA, CORRE QUE A OFERENDA E O TINHOSO ESTÃO AQUI!!!!!!! ― Fiz o escândalo, já correndo para a segunda entrada da igreja e nem ligando se os idiotas haviam sacado o meu recado.

Como eu disse anteriormente: Eu tentei! E ninguém poderia dizer o contrário!

Counting Crows - Accidentally in Love

― AAAAAAAA PUTA QUE PARIU!!!! SOCORRO RACHA, ME ESPERA! ― Curtis notoriamente havia sacado o recado e já fazia o escândalo.

― OLHA BOCA, QUE VOCÊ ESTÁ NA CASA DO SENHOR! ― Ouvi pastor West ralhar com a bicha, em meio ao caos que havia se formado na igreja.

Os fiéis estavam crentes - isso estão sempre, né?! - que o demônio estava operando naquele lugar e pensando bem, talvez estivesse mesmo. Porque Ra's Angu e Isabitch eram uns demônios e eles estavam positivamente dentro daquela igreja, prontos para atacarem.

― O QUE ESTÁ ACONTECENDO? ― Thea estava pirando e mesmo eu estando já do lado de fora da igreja, podia imaginar ela olhando de um lado para o outro, toda perdida.

― PORRA, RACHA MALDITA, QUE FALHA DE EQUIPE É ESSA?! ― Ofegante, Curtis parou ao meu lado, logo atrás dele, estava todo o Team Queen e alguns fiéis também correndo, provavelmente querendo fazer o nosso exorcismo.

― Realmente, isso não se faz. ― Oliver observou, me olhando duramente.

Nem liguei.

― Você estava muito ocupado falando com aquela biscaranha, por isso foi deixado para trás! ― Acusei, sem nem esconder a revolta de ter visto aquele safado flertando com a esquisita dentro da igreja.

― Ei!

Falando nela...

A vulgo biscaranha apareceu, ao lado do Queen, me olhando ofendida.

― Ei, digo eu! ― Grunhi na sua direção, dando um passo a frente. ― Fica longe do SSBP!

― De quem? ― Mamãe chegou, segurando os saltos no alto da cabeça, ela já havia se livrado do véu que cobria o seu rosto.

Abri a boca para explicar o significado da sigla SSBP, quando vi por cima de seus ombros, Tinhoso Angu e Isa Oferenda estragada vindo na nossa direção. Eles encontravam certa dificuldade na tarefa, já que a igreja havia virado uma zona e os fiéis estavam dificultando a passagem dos dois enviados de satanás.

Pela primeira vez, agradeci por estar na igreja.

― Que tal a gente discutir isso mais tarde? Temos coisas mais importantes para se fazer agora! ― Diggle roubou as palavras da minha boca, completamente agitado, mexendo os braços de um lado para o outro.

Ele nem precisou falar duas vezes.

Eu, Oliver e Curtis, os únicos que estavam à par da real situação, saímos correndo adoidados.

Porém, a única que conseguiu se afastar de fato, da propriedade onde ficava toda a igreja, foi eu. Os outros, encontravam a mesma dificuldade que IsaBitch e Tinhoso tinham para nos alcançar: O vuco-vuco dos fiéis.

Nervosa, agachei no mato, esperando que nenhum assassino me visse e que o Team Queen conseguisse se safar dessa. Demorou alguns minutos, até eu identificar Curtis saindo do meio da multidão, praticamente de quatro.

― CURTIS!!!! ― Gritei o seu nome, aflita, acenando os braços.

Tava me cagando de medo com a possibilidade de algum assassino me ver paradinha bem no alto daquela colina, sinalizando para a bicha. Entretanto, minha consciência dizia que ao menos, precisava tentar salvar a vida de alguém. Mesmo que fosse para matá-lo logo em seguida.

Quando ele me viu, comecei a mexer a boca, esperando que ele conseguisse ler os meus lábios. Eu tinha um plano para nós descermos aquela colina mais rápido do que a subimos e não estava disposta a compartilhá-lo com possíveis assassinos à espreita. Mesmo que aquele plano fosse uma merda.

Franziu o cenho me olhando confuso, até soltar um 'Ahhhh'.

― VOCÊ TÁ FALANDO DE ROLA NUMA HORA DESSAS? SE BEM QUE...GOSTEI. ― Mandou um joinha, começando a correr na minha direção e eu só quis o estapear por ter entendido tudo errado. Eu não estava falando de rola!

Quer dizer, eu estava falando de rola. Mas outra rola.

Minha real intenção era que ele saísse rolando colina a baixo, pois ao meu ver, era o único jeito de nós fugirmos o mais rápido possível.

Adoidado, começou a mexer os braços igual boneco de posto e gritar:

ROLA, ROLA, ROLA, EU QUERO ROLA!

Filho da puta!

Esperei que ele me alcançasse, para lhe dar o merecido tapa na cara.

― Idiota, eu estou falando de rolar colina a baixo! ― Expliquei o plano, sentindo uma veia saltar na minha testa.

― Ahhhh, se era isso....ENTÃO ROLA! ― Me empurrou, fazendo-me desequilibrar e literalmente sair rolando daquela maldita Colina da Execução!

― CUUUUUUUUUUUURTIS!!!!

Quando a minha "rolagem" finalmente parara, eu sentia como se tivesse levado uma surra de enciclopédia. Gemendo, olhei para cima, tendo uma visão ampla da confusão que estava ocorrendo na Colina da Salvação.

― EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO COM O MEU BEBÊ! ― Observei mamãe chegar enlouquecida por trás de Curtis e sem nem pensar duas, me vingou, empurrando a bicha também colina a baixo.

Logo em seguida, chegou Sara que por livre e espontânea vontade, começou a rolar também, mas de maneira muito mais elegante que eu e Curtis. Provavelmente, ela havia reparado o mesmo: Rolar a colina seria bem mais rápido - e bem mais doloroso...Mas isso a gente releva, né? Antes toda quebrada, do que morta!

― VIVA VEGAS!!!! ― O corno-chifre-lapidados gritou, antes de sair rolando. Os demais integrantes do Team Queen, imitaram o gesto e o seu grito de "guerra" com exceção de Oliver, Diggle e Laurel, que pareciam prestes a matar toda a raça humana, por conta da situação inusitada que estávamos passando.

― Tá, mas agora me diz, por que estamos fugindo? Ou melhor, de quem? ― Tommy-corno perguntou, logo após conferir se todos estavam inteiros e se não havia ficado ninguém para trás, no meio daquela correria sem fim.

Lançando um olhar de dúvida para o sádico, esperei por alguma indicação de que ele finalmente estava disposto a informar os amigos íntimos - e todos os demais, o que incluía os meus familiares - que a gente tava fugindo de um serial killer tarado por oferendas. Quando notei que ele não faria objeções, soltei uma das inúmeras verdades que já deveria ter compartilhado há tempos:

― Oliver fez merda e um assassino está atrás da gente. Só isso. ― Completei com um sorriso ensaiado e em troca, recebi um olhar duro de Oliver.

Ops, talvez ele não tivesse gostado da minha escolha de palavras, mas...Ao menos, eu não havia mentido em nada naquela sentença.

― Espera, um assassino está atrás de nós? Não estou entendendo... ― Os olhos de Donna saltavam para fora. Ela parecia inquestionavelmente aterrorizada com a notícia.

― Tinha que ser loira... ― A biscaranha soltou debochada e eu pisquei, atordoada.

― QUE PORRA ESSA ESQUISITA TÁ FAZENDO AQUI? ― Avancei na sua direção, pronta para lhe dar os tabefes que estava merecendo. ― EU VOU ENFIAR O CACETE NESSA RALÉ!

― VOCÊ ESTÁ COMPLETAMENTE APOIADA! ― Minha mãe apoiou a minha ideia, avançando em direção a esquisitona. ― EU PEGO OS CABELOS E VOCÊ A SEGURA!

Ia fazer exatamente isso, se não fosse Diggle me segurando.

Oliver ria num canto, achando a cena toda muito engraçada.

I-D-I-O-T-A.

― Diggle, não seja estraga prazeres, solte Felicity. ― Ainda rindo, Oliver pedia, enquanto eu me debatia tentando livrar-me do aperto dele. Decidi que quando eu me libertasse, o meu mais novo alvo seria Oliver e não a esquisitona.

― Acho que não seria nem um pouco inteligente da nossa parte, deixar Felicity bater nesta senhorita, devido as circunstâncias. ― Barry opinou cauteloso, talvez sabendo que era muito perigoso insinuar que Oliver Queen estava agindo de maneira completamente estúpida numa situação de vida ou morte.  Apesar daquele ser o exato caso.

― Você tem razão. ― O Queen admitiu, seco.

― Poxa, estava tão contente por poder assistir ao vivo as penas voarem! ― Curtis olhava aborrecido Diggle e Oliver, e eu sequer pisquei com a ofensa implícita, diferente de Cisco que já estava louco há tempos para dar umas sacudidas no viado:

― Ei, você tá chamando minha prima de galinha?

― IIIH, SE TÔ! ― Berrou, colocando as mãos na cintura e encarando o meu primo que já soltava fumaça dos ouvidos.

Me espanquei mentalmente diversas vezes, perguntando-me o motivo de ter acatado a brilhante ideia do sádico de levar aquela cambada de gente para a fazenda.

― Tem como vocês pararem? Não é hora para isso! ― Agora era eu a estraga prazeres. Podia ler claramente no rosto de Oliver a frase "Carma é uma merda, né?!", tratei de o ignorar.

Curtis levantou uma mão na minha direção, empinando o nariz para o céu.

― Racha, não cacareje aqui agora não! Deixa que desse galinheiro, cuido eu! ― Abaixou a mão voltando a encarar Cisco com fogos nos olhos. ― Vou aproveitar e arrancar o cabelo desse cosplay mal feito de Michael Jackson!

Arregalei os olhos, ficando boquiaberta.

― Oh, Deus...Vai acontecer uma tragédia. ― Caitlin gemeu ao meu lado e eu assenti com a cabeça.

― Vai mesmo... ― Concordei, com um sorriso.

Sentia muita pena da minha prima que não merecia ver uma cena daquelas e muito menos, vivenciar todo o perigo da situação, mas...Era inegável que o momento estava tornando-se cômico demais para se perder.

― Acho que deveríamos correr... ― Opinou, em um tom vacilante.

Balancei a cabeça negativamente, não desviando os olhos da discussão.

― Nahhh, acho melhor assistirmos.

― E eu acho que estamos falando de duas coisas completamente diferentes.

Franzi o cenho e relutante, virei para ela.

― Do que você tá falando?

Ela não respondeu, ao invés, se limitou a apenas indicar com o dedo algo atrás de mim. Lentamente, e sentindo os pelos da minha nuca eriçarem, virei e avistei justamente o motivo dela ter sugerido a nossa fuga.

Mas já era tarde demais. Ra's Angu e IsaBitch, já haviam nos alcançado.

PUTA. QUE. PARIU! Agora lascou mesmo de vez! Soltei a única coisa coerente dada as circunstâncias:

EU ODEIO OLIVER QUEEN!

(...)

― Nunca quis tanto ver a arma de Diggle... ― Murmurei infeliz, ao mesmo tempo que irritada por estar literalmente de mãos atadas.

Tanto o tinhoso quanto a oferenda estragada, não encontraram muita resistência em nos "pegar" e manter-nos em cativeiro dentro do maldito galinheiro das galinhas discípulas dele, uma vez que o maldito covarde havia apontado uma arma na direção de Thea e outra na do corno-chifre-lapidos.

Sem dúvida alguma, Oliver e muito menos Diggle, quis arriscar a vida da pequena Queen encrenqueira. Portanto, nossa única alternativa foi acatar às ordens de Isabitch e Tinhoso, até o galinheiro, onde já estávamos sendo mantidos em cativeiro por mais de duas horas. Não me conformava como ninguém daquela maldita igreja, não havia testemunhado a porra dum maluco de preto apontando uma arma na nossa direção!

Por um acaso ele e Isabel vestiam a capa da invisibilidade do capeta? Porque não era possível uma só alma viva naquela igreja, não ter visto aquela cena horrenda!

Além de estar inconformada com a falta de uma alma viva na terra ter visto o nosso "sequestro", também estava revoltada com Diggle, Oliver e toda a sua equipe de segurança. Era suposto que Diggle nos protegesse, que Floyd e Carrie aparecessem para salvar o dia, mas nada daquilo havia ocorrido!

Se eu morresse, tinha a completa certeza que morreria ressentida com todos eles.

Estreitei os olhos com raiva, pra cima de Diggle e depois para Sara. Ha, eles eram treinados! Treinados uma ova! Quando o Queen implicara que Sara tinha algumas habilidades para nos proteger, certamente estava tirando umazinha com a minha cara.

Maldito!

― Será que nem na hora da morte a racha para de pensar na espada dos outros?! ― Curtis se indignou ao meu lado, despertando-me dos meus pensamentos de ira contra o Queen e fazendo-me ao invés, depositá-los para ele.

Rosnei em sua direção. Se as minhas mãos não estivessem amarradas...Eu iria o estrangular!

― Eu quero mesmo uma espada para te partir ao meio! ― Ameacei exaltada.

― A espada do Queen? ― Nem me deixou responder ― Aliás, já que vamos morrer mes-

― Nós não vamos morrer! ― O interrompi, ao ouvir os choramingos de mamãe e Barry. Acho que eles iriam fazer xixi nas calças à qualquer momento. Porém, cada um por um motivo distinto: Minha mãe, chorava por culpa das galinhas. Já Barry chorava, por culpa do tinhoso e da oferenda estragada, que nos observavam de longe, provavelmente avaliando como nos matariam.

― ...já que vamos morrer mesmo, gostaria muito de ter uma questão importante respondida. ― Me ignorou completamente, continuando com o seu discurso agourento.

Fechei a cara.

― Ninguém vai morrer, portanto, sua questão será ignorada.

― Vaca!

― Pensei que eu fosse uma galinha. ― Retruquei irônica, colocando mais lenha na fogueira.

― Vacalinha. ― Replicou com destreza e eu resolvi que o melhor seria eu me ocupar em outra coisa além de discutir com Curtis, como por exemplo, pensar num plano de fuga já que ninguém parecia preocupado em pensar exatamente nisso.

Virei a cabeça para o outro lado. Oliver estava com a mesma expressão distante que costumava usar quando algo o entediava no escritório. Foi impossível não trincar os dentes e tentar girar minhas mãos, numa forma completamente inútil, de tentar me soltar. Em resultado, senti os meus pulsos queimarem.

Como se soubesse o que eu estava fazendo e pensando, um sorriso zombeteiro cruzou o seu rosto.

― Querida, por mais que eu aprecie a visão dos seus pulsos marcados por amarras, não acho que você deve se esforçar tanto para se soltar.

Foi a primeira coisa que ele se dignou a falar em horas. E eu nunca saberia dizer se o Queen tinha o espírito inabalável ou realmente não ligava para nada. Infelizmente, apostava na última opção.

― Você é um idiota. ― Murmurei, não perdendo o duplo sentido usado no seu tom. Por que ele gostava de me constranger na frente dos meus familiares? Da minha mãe ainda? Será que nem na hora da morte o cara não tinha compaixão da minha pessoa?!

― Já me conformei que esse é o seu jeito de dizer que me ama.

Fiquei vermelha. De raiva e vergonha.

Ele não poderia estar mais certo...Mas ele não precisava saber disso, certo?

Virei o rosto, começando a fitar os meus pés.

― Bem que você queria...

― Por favor, não há ponto algum em você negar o óbvio agora. ― Zombou e eu amaldiçoei Tinhoso Angu por ter me mantido em cativeiro com o Queen.

É claro que ele não morreria de forma pacífica e muito menos, me deixaria morrer em paz.

― Vai à merda! ― Exclamei irada e isso o fez rir brevemente.

― Se as minhas pupilas não me enganam, Ra's e Isabel estão numa distância considerável para eu tentar ir até eles. ― Disse ele ― Mas...Se serve de alguma coisa, parece que há uma caquinha de galinha bem aqui do meu lado... ― Completou, indicando com a cabeça onde estava a dita cuja caquinha.

Mordi o lábio, tentando não rir e demonstrar que já não estava mais zangada com o Queen. 

― É incrível como vocês continuam discutindo numa situação dessas. ― Thea observou, inclinando a cabeça levemente na nossa direção. ― Será que vocês são sempre assim?

― Sempre. ― Diggle e Sara falaram em uníssono, fazendo-me sentir levemente ofendida. Não era sempre que eu e o Queen brigávamos...

― Ei, não é sempre que nós brigamos! ― Tentei nos defender.

― Uh-hum, claro que não. ― Tommy-chifre-lapidados se meteu no bate boca. ― Se não estão brigando, estão se pegando por aí na lama.

Abri a boca, chocada com o abuso dele sair explanando minha vida amorosa assim.

Relancei um olhar para Oliver, esperando ele dizer alguma coisa, mas sua expressão continuava monótona.

Revoltei.

― Não vai dizer nada? ― Quis saber e ele enrugou o nariz, como se reprovasse o meu tom e a minha pergunta.

― O que mais eu poderia dizer? Ele está certo. ― Deu de ombros, fazendo pouco caso.

Revirei os olhos, na falta do que fazer e no que argumentar. Ele estava certo.

― Não acrediiiiito que a racha pegou o gostosão e não me contou! ― Curtis surtou, depois que a ficha caiu sobre o que Tommy havia dito minutos atrás. Fechei os olhos, rogando por paciência para todas as entidades existentes.

ERA HORA PRA ELE FICAR QUERENDO SURTAR SOBRE QUEM EU PEGAVA OU NÃO?

― Meu Deus, vocês se pegaram na lama? ― Thea nos olhava com os olhinhos brilhando. Me encolhi no meu canto, por que o Angu e a Oferenda não me matavam logo? Estava precisando.

― Se eles se pegaram? ― Novamente, Tommy se meteu, com um ar divertido. ― Foi quase um sexo ao ar livre!

Corei fortemente. Ele estava exagerando!

― Minha bebê fez sexo ao ar livre? ― Os olhos de Donna também brilhavam, além dela estar quicando no seu lugar, uma vez que ela não poderia bater palminhas e muito menos ficar pulando de um lado para o outro. Acho que ela havia até se esquecido das galinhas ao seu redor e do seu disfarce de crente.

― TEM COMO VOCÊS CALAREM A BOCA?

Foi a minha vez de quicar no meu lugar, ao ouvir aquele grito ensurdecedor perto de nós.

É AGORA QUE EU MORRO, PUTA QUE PARIU!

O trevoso nos encarava com um ar de superioridade, na sua mão direita segurava uma arma, enquanto na outra...Ele segurava um cetro? Por que caralhos ele estava com um cetro? Pior, da onde ele tinha tirado aquele cetro? Concluí que além de louco, aquele cara só poderia ser emo. O cabelo lambidinho não enganava, muito menos aquelas roupas de gótico das trevas.

Do seu lado estava Isabitch, com um sorriso muito satisfeito.

Vadia sadista.

― Últimas palavras e qualquer coisa pendente, resolvam agora. ― O doidão decretou, ainda segurando o seu cetro e com a outra mão a arma.

― A loirinha começa.― Isabitch determinou, me olhando furtivamente.

Respirei fundo. Parecia que as entidades do mal, já haviam decidido como nos matariam.

― Ok, tenho que confessar que nunca morei numa fazenda e nem sou uma garota religiosa.

Fechei os olhos, esperando a explosão de indignação do sádico ao meu lado mas fui respondida com silêncio.

Abri um olho, virando pra ele.

― Não vai falar nada?

Tinha um sorriso cínico no rosto.

― Felicity, eu já sabia disso tudo. ― O sorriso se aprofundou mais. ― Nenhuma puritana tem a língua tão perversa quanto a sua e nem pegada...

Se eu não estivesse com as mãos amarradas, iria lhe dar uns tabefes pela escolha pobre de palavras.

― Agora é a vez da pequena Queen.

Thea a olhou atravessado, mas resolveu participar daquele confessionário gratuito de qualquer jeito:

― Eu sei o que significa EQMOQ.

Pisquei, surpresa.

― Sabe mesmo? ― Não podia ser...

― Desde o primeiro dia! ― Respondeu, com um sorriso orgulhoso e eu me perguntei como diabos ela ainda conseguia sorrir naquela situação. Ou todos os Queen's eram insanos, ou...Estreitei os olhos, ou eles tinham um plano e não haviam me informado.

Incrivelmente, a balança pendia mais para a segunda alternativa.

― Próxima. ― Isabitch nos interrompeu com um ar entediado, apontando para minha mãe.

Prendi a respiração, aguardando o desastre iminente.

― Eu não sou da igreja. ― Foi a sua confissão e eu pude respirar novamente. Ao menos, não tinha dito nada pesado como: Droguei Oliver Queen, seu amigo e o seu guarda-costas em Vegas...Ah, e ainda contei com a ajuda da minha filha ex-garçonete-radar-de-homem-roludo!

― Como se ninguém tivesse percebido isso antes... ― Cisco resmungou baixinho, mas alto o suficiente para eu ouvir. Senti vontade de o chutar, contudo, minhas pernas também encontravam-se imobilizadas para concretizar aquela tarefa.

Maldito Angu, o olhei com raiva.

― Oliver, sua vez. ― A vadia disse, agachando-se na frente do MEU Queen e o olhando de perto. A vadia havia se aproximado dele até demais pro meu gosto...Vaca!

Não havia percebido que o sádico estava de olhos fechados, até os abrir lentamente para encarar Isabel. Como sempre, seus olhos riam de alguma piada interna.

― Hm...Felicity? ― Me chamou baixinho, fitando-me diretamente, sustentei o olhar, esperando suas prováveis últimas palavras pra mim.

― Sim?

― Era pra gente ter transado naquele celeiro quando tivemos a nossa oportunidade.

FILHO DA PUTA! NEM NA HORA DA MORTE SE DECLARAVA! Era um cretino mesmo.

― Eu. Vou. Matar. Você. ― Soltei um rugido irado.

O rosto dele revelou uma ironia que normalmente me enlouquecia.

Querida, não faça promessas que não pode cumprir. ― Fingiu um sorriso doce ― Felicity Smoak não pode coexistir sem Oliver Queen na sua vida.

HA, PIADA! Para quem estava prestes a bater as botas, ele estava muito arrogante. E o pior é que ele acreditava mesmo nisso.

― Felizmente, eu irei cuidar disso matando os dois. ― Isabitch declarou cruel nos olhando num misto de satisfação e arrogância.

L-O-U-C-A. Cadê pastor West para exorcizar essa demônia? Eu e Curtis trocamos olhares, parecendo que ambos pensamos a mesma coisa.

― Ai gente, vocês me perdoem, mas eu vou furar essa fila do confessionário! ― Curtis se manifestou soltando uma risadinha tosca, cortando a ameaça da doida. Suspeitei que ele havia esquecido que estava interrompendo uma mulher completamente desequilibrada e que tinha uma arma.

Isabel estudou Curtis com desprezo, até lentamente acenar com a cabeça, concordando em deixar a bicha louca se confessar ou perguntar seja o que for.

Já sentia a merda vindo.

Feliz, ele encarou Oliver. ― Tenho uma pergunta para você, e acho que vou morrer frustrado, se você não me responder com toda a honestidade que há na sua alma.

E-X-A-G-E-R-A-D-O.

Interesse brilhou nas lazúlis do sádico-mor.

― Diga.

― QUAL. É. O. TAMANHO. DO. SEU. PINTO? ― A bicha louca perguntou pausadamente e eu senti o meu coração sofrer um solavanco violento.

CURTIS HAVIA MESMO PERGUNTADO AQUILO?

Sara soltou uma gargalhada alta.

Já Oliver...Para seu crédito, conseguiu controlar seja o que for que pensara ao ouvir a questão.

― Oh Deus, eu estou num culto de pervertidos... ― Cisco resmungou, mais do que incrédulo com a ousadia de Curtis. Barry concordou com a cabeça.

― E esse provavelmente escorrega no quiabo e não quer admitir. ― Curtis rebateu, olhando para alguma galinha qualquer, como se estivesse lhe contando um segredo.

Era muita doideira por metro quadrado. Olhei para cima, notando que Ra's assistia a cena toda fascinado. Parecia até que as coelhinhas da playboy estavam na sua frente.  

― Cara, você não vai terminar com esse sofrimento logo não? ― Perguntei, ciente de já estar assinando o meu atestado de óbito, mas...Eu começava a ficar impaciente, inferno! Se iria nos matar, que acabasse logo com aquela tortura!

Ra's abriu a boca, pronto para retrucar e quem sabe me mandar para o quinto dos céu - inferno que eu não ia -, quando o barulho inconfundível de tiroteio roubou toda sua concentração. Arregalei os olhos, alarmada. Será que a nossa cavalaria havia chegado para nos resgatar?

Isabel se adiantou a dar um passo em direção a Angu e colocou uma mão no ombro dele.

― Querido, cuide deles, que eu irei resolver o problema lá de fora. ― Disse com frieza ― Não se preocupe.

Não esperou o tinhoso nem responder que sim ou que não, já saiu toda apressada para dar uns tiros em alguém. Como eu disse antes: L-O-U-C-A.

Em silêncio, Ra's nos estudou por um momento, até decretar:

― Para deixar as coisas mais divertidas, escolham quem deve morrer primeiro. ― Apontou para mim. ― Loirinha, você começa.

POR QUE SEMPRE EU?

CARAJO!

Meu coração sofreu mais outro solavanco, devido ao susto por ouvir aquele novo berro. Olhei para o lado, tinha até esquecido que a esquisitona também estava sendo mantida em cativeiro...E o pior é que eu nem me sentia culpada por ela ter sido pega no fogo cruzado, mesmo não tendo nada a ver com ninguém ali.

Quem mandava ficar cobiçando o homem alheio? E ainda dentro de uma igreja? Vai ver era castigo do divino!

― Ela! ― Indiquei com a cabeça, a biscaranha que novamente, começou a xingar em outra linguagem.

Dei língua pra ela, sabendo o quão infantil era o gesto, mas mesmo assim, não conseguindo me conter.

― Ela? ― O Angu arqueou uma sobrancelha e se apoiou no seu cetro. Já falei que aquele cetro com ele parecia muito ridículo? Péssima combinação. ― Por que ela?

Dei de ombros.

― Falta de afinidade.

Não estava mentindo. Se fosse para alguém ir pra vala primeiro ali, seria ela. Eu a sequer conhecia!

― Ra's, queria te informar uma coisa, antes de morrer. ― Oliver se inseriu no assunto, com uma voz estranhamente calma. Os seus olhos cintilavam e a sensação de que ele estava aprontando, crescia cada vez mais no meu peito.

Qual carta na manga o sádico-mor usaria?

Enquanto isso, o tiro comia solto lá fora. Só esperava que Floyd e Carrie estivessem bem, se fossem eles o motivo de toda aquela algazarra - pois só assim, seríamos salvos.

Desconfiado, Ra's o fitou intensamente. ― O momento para confissões ou seja o que for, acabou garoto.

Como o imaginado, o Queen não aceitava um não como resposta. Jamais.

― É uma coisa importante. ― Insistiu ― É mais importante para você, do que para mim.

Agora ele não só havia despertado a curiosidade do Angu, como a minha também. Que diabos ele tinha de tão importante para falar? Torcia para que não fosse alguma piada, ou senão sua ida para o inferno seria numa nimbus 2000.

Angu soltou um suspiro irritado, porém concordou em ouvir o que Oliver tinha a falar:

― Seja rápido, garoto.

Era engraçado presenciar alguém chamando Oliver de garoto, refleti, curvando os lábios.

― Isabel tem contado com Damien Darhk e pensa em te trair com ele num futuro próximo. ― Despejou rapidamente a informação e tenebrosa, assisti a feição do Angu estragado, adquirir diversas colorações, até atingir a vermelha.

Merda!

― Explique-se melhor, garoto. ― Mandou furioso, gesticulando aquele centro pelos ares. Queria mesmo que alguém enfiasse aquele cetro no rabo dele.

Oliver fingiu um olhar inocente.

― Para te explicar alguma coisa, eu teria que ter acesso ao meu celular...E com as mãos atadas, isso é impossível.

Era impressão minha ou ele tava tirando o emo perturbado como idiota? Ra's ficou mudo e pensativo durante algum tempo, até caminhar lentamente em direção ao sádico-mor. Incrédula, assisti quando o mesmo libertou Oliver.

Ele era um otário mesmo!

Esperei que Oliver de repente, desse algum golpe ninja em Ra's e nos libertasse também, mas isso não aconteceu. Ao invés, com uma paciência quase obscena, ele retirou do seu bolso o celular, entregando-o logo em seguida para Ra's. Seja o que for que Ra's viu no celular do sádico, causou um impacto tremendo nele.

― Vadia! ― O tinhoso xingou, logo em seguida, pondo-se a chorar copiosamente como se fosse uma criança.

Pisquei os olhos. Estava numa realidade alternativa? Pois não conseguia crer nos meus olhos. 

― Ohh, finalmente! ― Sara surpreendeu a todos, levantando-se do seu lugar e jogando as amarras que a mantinham presa, no chão. ― Estava já cansada de tudo isso.

MAS QUE PORRA ESTAVA ACONTECENDO?????

― Todo esse tempo, você fingiu estar presa? ― Laurel questionou a irmã, com um olhar descrente.

Como resposta, Diggle também se levantou, livrando-se das suas amarras também.

― Eu não acredito que todo esse tempo vocês estavam fingindo! ― Os fuzilei revoltada. ― Vocês ouviram nossas confissões sem sequer fazer nada para nos impedir!

― Ainda bem que eu não confessei nada... ― Tommy sussurrou baixinho e ganhou em troca, um empurrão no ombro proporcionado por Laurel, que estava puta da vida. Não podia a culpar, também estava e nem era por causa do sádico ter tido um plano e não o compartilhado.

E sim, porque todo esse tempo estive correndo de um suposto assassino, que bastou ver alguma coisa no celular do sádico, para debulhar-se em lágrimas.

Eu estava fugindo de um cuzão todo esse tempo, porra!

Com destreza, Diggle e Sara nos libertaram e sem nem pensar duas vezes, saí correndo para fora daquele galinheiro do diabo - esperava no fundo do meu íntimo que Caitlin ou Cisco, após aquela experiência, colocassem fogo ali dentro.

― FELICITY, ESPERA!

Ouvi o sádico-mor gritar por mim, mas nem liguei, eu queria mesmo liberdade! Mas para a minha total desgraça, dei de cara com Isabitch.

PORRAAAAAA!!! Eu não tinha uma pausa mesmo, viu?! Olhei indignada para o céu. Será que Deus me odiava de verdade?

― LOIRINHA PERVERTIDA!!!!!

Foi a minha resposta. Olhei de um lado para o outro, caçando o autor daquele berro, já sentindo o meu sangue ferver.

Eu iria morrer, mas antes descobriria quem era o diabo que vivia me chamando por aquele apelido, nas piores situações possíveis!

― O que você está fazendo aqui fora? ― Isabel me deu uma sacudida, acordando-me pra vida. A fitei, percebendo seu olhar assassino. Engoli em seco, era agora ou depois que eu pedia arrego? Quais eram as chances de um cavalo sair adoidado do pasto, para lhe dar um belo dum coice?

― Pegando um ar....?

Notei quando sua mão foi parar na arma em sua cintura e antes que eu começasse a oração Ave Maria em latim, a Oferenda Estragada caiu durinha na minha frente.

Vi um ponto vermelho acenando freneticamente na minha direção ao longe, exatamente na Colina da Salvação, e logo deduzi que fosse Carrie. Lancei um joinha pra ela. Finalmente alguém tinha tombado a Isabitch do jeito que eu queria!

― LOIRINHA PERVERTIDAAAAAAAA!

Puta que pariu!

Virei de um lado para o outro, caçando a voz novamente. Por que parecia que ela parecia cada vez mais próxima?

― Felicity, sua louca! ― Um Oliver ofegante me alcançou, olhando-me de maneira hostil. Pisquei na sua direção, não entendendo o motivo da sua irritação. O que eu havia feito demais?! E...inferno! Ainda não havia identificado quem estava me chamando de Loirinha Pervertida!

― Que foi?

― Por que diabos você saiu correndo do galinheiro sem nem saber o que te esperava aqui fora? ― Bradou, gesticulando os braços para todos os lados. Oliver que até então para mim, me pareceu uma pessoa super...controlada quanto às suas emoções, começava a me surpreender com aquele nítido descontrole.

Não fazia o feitio dele.

Encolhi os ombros. ― Eu só queria fugir daquele pesadelo.

― Será que você esqueceu que estava rolando um tiroteio aqui fora, antes? ― Oliver me encarou com dureza.

Sua questão havia sido mais do que certeira, havia sido de tirar o fôlego! Eu definitivamente havia me esquecido do tal tiroteio.  

― Oh, bem, e-eu... ― Gaguejava, não conseguindo encontrar alguma resposta coerente na minha mente. Já falei que o meu cérebro parece atrofiar quando estou perto do sádico-mor?

Oh, bem, eu... ― Me imitou, cruzando os braços. ― Sim, estou esperando sua resposta.

― Você tem tanta sorte por ser bonito. ― Suspirei, derrotada. Numa briga de argumentação, eu dificilmente venceria o sádico. Seria perca total de tempo.

Um sorriso quase satisfeito se desenhou no seu rosto, até ser substituído pelo choque e...descrença. Oliver olhava algum ponto qualquer atrás de mim, com tamanho horror que me obriguei a me virar, para ter a certeza absoluta que o apocalipse não acontecia bem nas minhas costas.

Eu certamente jamais esqueceria daquela cena: Pastor West e sua filha, junto com um grupo de policias desciam a Colina da Salvação. Junto a cavalaria, vinha ninguém menos que Moira Queen, Floyd, Carrie, Nyssa e ao seu lado, os dois homens - de jovenzinhos eles não tinham nada! - que haviam me visto em Vegas segurando a revista pornô.

Puta. Merda. O que era tudo aquilo?

― Acho que eu vou desmaiar. ― Avisei o Queen, segurando no seu braço, procurando por algum tipo de sustentação. Minhas pernas tremiam igual vara pau.

― Meu Deus, me segura bofe, que eu tô arco-íris! ― Curtis chegou justo no momento, se jogando em cima do MEU Queen. Esqueci rapidinho que as pernas estavam bambas e parti pra cima da bicha abusada, tentando o separar do meu Queen.

― O que o meu pai está fazendo por aqui?! ― Era Laurel.

Imediatamente, larguei Curtis, focando na garota. Como assim o pai dela? Observei aquela multidão vindo na nossa direção, tentando adivinhar quem poderia ser o possível pai.

― Ual, homens fardados, eu gosto. ― Mamãe também chegara, ainda segurando as sandálias acima da cabeça.

― Tia Donna, você gosta de qualquer coisa com um pênis. ― Cisco gracejou, sem medo do perigo.

Curtis e mamãe bateram um high-five, de acordo com a declaração do meu primo e eu só me limitei a balançar negativamente a cabeça. Aqueles dois não tinham um pingo de vergonha na cara - o que me fazia imaginar como seria ambos juntos, por uma semana, em Vegas. Muito possivelmente, Curtis voltaria grávido da viagem.

― Mais respeito com a nossa tia, Cisco! ― Caitlin ralhou com ele, ainda tentando apaziguar a situação. Lhe enviei um olhar agradecido.

― Que diabos o seu pai está fazendo aqui, Laurel? ― Oliver virou para advogada, insatisfeito.

Laurel cruzou os braços, uma carranca começava se aprofundar no seu rosto. Tommy, como se soubesse que sua namorada iria estourar a qualquer momento, colocou uma mão no seu ombro - como se aquilo fosse conter a fera, pensei com ironia.

― Se você não percebeu, me fiz a mesma pergunta. ― Disparou ― Sabia que ele havia sido transferido para uma cidade pequena, mas não imaginava que fosse exatamente aqui!

Oliver abriu a boca, pronto para a retaliação, porém pareceu pensar melhor e a fechou. Foi incrível assisti-lo recuar tão facilmente numa discussão. Em silêncio, esperamos até que toda a cavalaria nos alcançasse, para finalmente, ficarmos informados dos acontecimentos com detalhes.

Oliver estava com uma face tranquila, quando sua mãe parou na nossa frente, assim como os outros.  Mas estava claro quanto a chuva o quão tenso ele encontrava-se com a presença da sua mãe ali. Sua linguagem corporal não mentia.

― Mamãe, pensava que você estava numa viagem pela Europa com Walter? ― Exibiu um sorriso simpático, quase travesso para mãe, a saudando com um breve abraço. Quando eles se separaram, Moira o olhou feio.

Eita, era hoje que o Queen levava tapa na bunda!Ui, posso me candidatar para o posto?!

― Oliver Jonas Queen, jamais tente me enganar novamente! Você acha mesmo que eu te deixaria sabendo que estava em apuros?!

Ual, tão direta assim? Vai ver que estava nos genes ir direto ao ponto, ponderei, ainda em silêncio.

Um vinco se formou na testa do sádico-mor e algo me dizia que seria melhor darmos privacidade para ele e sua mãe discutirem aquele assunto sozinhos. Entretanto, algo também me dizia que eu não gostaria de perder aquele espetáculo em primeira mão.

― Eu não estava em apuros. ― Retrucou, presunçoso ― Tinha tudo sobre controle, como você pode notar. ― Só para confirmar, puxou sua irmã para o seu lado, demonstrando que ela estava inteira.

O mesmo vinco que se formara na testa do sádico, segundos atrás, se formou na de Moira. Definitivamente eles eram parentes.

― Eu não acredito que você arrastou Thea p- Se interrompeu, sacudindo a cabeça e voltando atrás no sermão. ― Por que não pediu minha ajuda?

― Eu não precisava.

Teimoso até o fim!

― Não é o que me parece, Oliver. ― O policial ao lado de Moira, abriu a boca, olhando Oliver de maneira feroz. Parecia que ele o queria esfolar vivo. É, conhecia bem aquela sensação... ― Recebi uma ligação há algumas horas, pedindo ajuda pois um homem havia sequestrado um grupo de pessoas e imagine só a minha surpresa, ao perceber que nesse grupo de pessoas, estavam minhas filhas! ― Agora, encarava intensamente Sara e Laurel. ― E pra completar, havia o sobrenome Queen e Merlyn ligados a esse sequestro!

Notoriamente, o Sr. Lance não era um grande fã de Oliver ou Tommy - mas até aí, nem eu seria! A personalidade de Oliver era podre demais para alguém gostar dele - no entanto, lá estava eu, não só gostando dele, como o...Amando. De uma forma torta, mas o amando. Eu odiava aquilo.

― Oras, que coincidência agradável! ― Oliver expressou com um voz doce, ao mesmo tempo que Tommy gritava "Eu não tenho nada a ver com isso não, sogrinho!"

Resolvi deixar de lado aquela briga familiar e focar na macumbeira, que estranhamente estava no mesmo time que os policiais. Será que ela seria presa? Abri a boca, pronta para sanar minha dúvida, quando os dois homens de Vegas entraram na minha frente, tampando minha visão de Nyssa.

― Loirinha Pervertida! Não esperava te encontrar mais uma vez! ― Um deles comentou, cutucando o outro, como se não estivesse se comunicando comigo e sim entre sí.

Aberrações!

― Eu também não esperava encontrar vocês mais uma vez. ― Resmunguei, a contragosto. E os palhaços riram, como se eu tivesse soltado alguma piada.

HA! IDIOTAS!

― Espera aí um pouco, ELA é a Loirinha Pervertida que vocês tanto falam?! ― A Esquisitona exclamou chocada, se metendo mais uma vez onde não era chamada.

Diabos, que droga ela ainda estava fazendo por ali? Não deveria sair pastando agora que estava livre?

Mas espera aí...

― Vocês falam de mim? Ou melhor, vocês se conhecem? ― Não tava gostando nada, nada das informações que eu estava recebendo.

O mais baixo dos palhaços, riu.

― É claro que nos conhecemos, somos irmãos!

PARA TUDO! ELES ERAM IRMÃOS DA ESQUISITONA E...Paralisei, ao reparar só agora que além deles estarem fardados, tinham uma arma.

PUTA QUE PARIU! EU HAVIA PRATICAMENTE ENTREGADO A IRMÃ DELES DE BANDEJA PRO ANGU QUANDO ELE MANDOU INDICAR ALGUÉM PARA A FORNALHA! Era hoje que eu parava num caixão...

Por puro instinto, me aproximei da minha tábua salvadora, tendo sucesso em ignorar Oliver estreando com sua mãe mais um episódio da saga Casos de Família.

― Hããããn... ― Fiquei sem palavras. Como escapar de toda aquela confusão, ein?

Não sei se foi por pura piedade ou sei lá, mas a Esquisitona resolveu não contar aquele pequeno detalhe aos irmãos tiras dela, salvando assim, minha cabeça. Mas aí, como sou naturalmente...curiosa, resolvi soltar a pergunta de 1 milhão de dólares:

― Desde Vegas, vocês estão me seguindo?

Porque não achava possível ter sido apenas uma mera coincidência eu ouvir sempre aquele apelidinho escroto nos meus momentos mais obscuros. Nahhh, tinha caroço nesse angu!

O mais alto, novamente, soltou uma gargalhada.

― Nós não estamos te seguindo, Loirinha Pervertida. ― Sorriu de um jeito carinhoso. Já podia perceber que ele fazia o tipo destruidor de corações com aquele jeitão. ― Acontece que para todos os lugares que vamos, você acaba estando nele. Naquele dia da boate, em que aquela mulher te bat-

― ELA NÃO ME BATEU! ― Gritei, o interrompendo. Já era humilhante demais ter ficado de olho roxo por culpa de uma fanática por Oliver, não precisava que ele explanasse para todos os meus familiares aquele detalhe.

― Oh, claro, claro. ― Seus olhos riam e ele não conseguia esconder a curva de um sorriso nos seus lábios. Por que eu só conhecia gente idiota?

― Prossiga.

Ele tomou fôlego e retomou a explicação:

― Então, como eu estava dizendo, naquele dia quando você NÃO apanhou daquela mulher na boate, eu e o Clô ― apontou para o irmão, que acenou para mim ―, resolvemos sair para nos divertir, uma vez que as nossas férias estavam chegando ao fim. Foi pura coincidência te reencontrar lá e obviamente, quando vimos que ia rolar uma briga, torcemos para você!

― Vocês torceram...para mim... ― Falei lentamente ― Mas se vocês são tiras, por que diabos não separaram a briga? Pelo amor de Deus, isso não me parece uma atitude de um policial!

Pronto, falei!

Ambos me olharam extremamente ofendidos.

― Não cite o nome do salvador, em vão! ― Pastor West se meteu na conversa, me olhando de maneira reprovadora.

Murchei rapidinho.

― Ei, a gente estava de férias! ― O tal Clo tentou justificar. ― Eu e Dovil não queríamos interromper.

Uh-hum, sei... Aquilo tava mais me parecendo desculpinha ensaiada!

Arregalei os olhos, ao assimilar algo não muito importante, porém, também difícil de ignorar.

― PARA TUDO! O NOME DE VOCÊS JUNTOS É CLODOVIL? ― Nem esperei por uma resposta, já estava gargalhando alto daquela desgraça. E eu que pensava ser a pessoa mais azarada do mundo!

― Felicity, acho melhor você parar ― Barry me cutucou ―, eles tem uma arma!

Me calei na velocidade da luz.  

― JÁ CHEGA, VAMOS TODOS PARA A DELEGACIA RESOLVER ISSO!

Olhei para o lado, chocada ao ver o Sr. Lance com uma veia saltando na testa e as mãos na cintura. Ele parecia furioso.  Julguei que tentar ouvir todos ao ar livre, sem ordem alguma e muito menos câmera de vigilância para fazer todos borrarem a calça de medo, não parecia a melhor saída.

―...Pooooooorra, é isso que acontece quando eu entro numa igreja! ― Ouvi Tommy exclamar, indignado. Em troca, recebeu uma bíblia na cabeça, cortesia de Pastor West.

(...)

Eu não estava chocada, eu estava...Não tinha palavras para definir o que exatamente estava sentindo! Quando disse que era muita doideira por metro quadrado, é porque era MUITA doideira MESMO por metro quadrado.

Ra's já havia sido preso, enquanto os outros terminavam de dar os próprios depoimentos e versões dos fatos, inclusive sua filha...Nyssa...Uma assassina...Que ninguém até o momento, havia movido um dedo para prendê-la também. Ao invés, estava eu e ela num cubículo, uma encarando a outra, esperando todo o Team Queen, terminar sua rodada na Sala de interrogatório.

CACETE, POR QUE NINGUÉM PRENDIA ELA?!

Olhei Clo, encostado tranquilamente na parede, com uma perna cruzada sobre a outra, próximo a um bebedouro da delegacia. Sua irmã que não tinha nada a ver com a história, já havia sido liberada fazia algum tempinho - mas a Esquisitona não perdeu a oportunidade de me lançar um olhar assassino. Deveria ainda estar ressentida pelo o que falei para Ra's, naquele momento onde NINGUÉM conseguiria pensar com coerência...Eu ein, gentinha rancorosa! Ela nem morreu, não sei porque o motivo da graça!

Falando em morte, outra que estava vivinha da silva, era Isabitch!

Foi com muito pesar que Carrie, lá dentro do camburão - só assim para todos sermos transportados para a delegacia -, me comunicou que não havia matado Isabel e sim a dopado com um dardo tranquilizante. Aquilo explicava o motivo de eu não ter ouvido nenhum som de bala, mas não deixava de me deixar um pouquinho triste.

Poxa, e eu pensando que a humanidade havia se livrado daquela Oferenda Estragada...Alguém joga ela no mar? Ainda dá tempo!

― Você é uma assassina. ― Quebrei o silêncio, ainda fitando fixamente Nyssa. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro.

― Sim, eu sou.

Relancei um olhar entre ela e Clo - que agora fingia olhar as unhas.

― Por que não está sendo presa assim como o seu pai e Isabel? ― Perguntei, a olhando com cuidado. A qualquer movimento brusco, eu gritaria.

Em completo silêncio, sustentou meu olhar e cheguei a duvidar que ela fosse me responder, até abrir a boca e explicar sua história de maneira muito relaxada:

― Você mesma me perguntou se eu sou uma assassina e a resposta é que sim, eu sou. Não posso mudar o meu passado. ― Soltou um suspiro resignado ― Mas não trabalho mais nesse tipo de coisa. Sempre quando te via, a achava uma mulher muito...doce. Então, quando me pediu ajuda ― Escolheu as palavras com cuidado ―, logo deduzi que o seu chefe poderia ser uma péssima pessoa, por isso te indiquei Ra's. Não imaginava que fosse Oliver, o seu chefe em questão.

Franzi o cenho. Ela se dirigia a Oliver de uma maneira...Uma suspeita se apoderou do meu ser.

― Você o conhece?

― Ela é a minha ex namorada, Felicity. ― Foi a minha resposta meio cantarolada meio séria, que recebi de Oliver que acabara de sair do interrogatório. Cerrei os dentes e inflei as narinas, maldito mulherengo! Quantas mulheres ele havia traçado em Star City?

― Você é amigo de todas as suas exs? ― O olhei exasperada e ele teve a audácia de rir. De mim. E na minha cara. Na minha cara.

― De quase todas. Menos de Helena, como você bem notou. ― Apontou para os meus olhos, como se ainda conseguisse ver o hematoma que a vagabunda havia me feito.  

Voltei a olhar Clo.

― Se eu bater nele, serei presa?

Seus olhos brilharam, marotos.

― Não, mas só com uma condição.

Ah, não...

― Qual? ― Perguntei, desconfiada.

― Que você me deixe chamá-la novamente de Loirinha Pervertida.

OS HOMENS DA HUMANIDADE ME ODEIAM!

― Ei, isso é abuso de poder! ― Acusei, apontando um dedo para ele.

― Então, não, você não pode bater no seu chefe na minha frente e não ir presa. ― Fingiu bocejar, voltando a olhar suas unhas.

Soltei um suspiro derrotado.

― Okay, pode me chamar de Loirinha Pervertida mais uma vez. ― Cedi e ele abriu um sorrisão uso colgante.

― Loirinha Pervertida.

Meti a mão na bunda do sádico.  

― Srta. Smoak, o que você está pensando ao bater na bunda do meu filho?

PUTA QUE PARIU! QUEM ESCOLHEU O EXATO MOMENTO PARA SAIR DA SALA DE INTERROGATÓRIO?? Exatamente, Moira Queen!

Paralisei na hora. Será que colava com ela a doença EQMOQ?

― Sim, Felicity, o que você está pensando ao bater na minha bunda, ein? ― O Queen me provocou, com um sorriso lascivo. Mais uma vez, seus olhos riam na minha direção.

Putz, como eu queria arrancar aquelas duas bolinhas e guardar num potinho!

― Poxa patrão, sua calça estava suja bem aqui. ― Inventei cara de pau, apontando para onde eu havia batido. Seus lábios tremeram, mas ele não riu. Moira por outro lado, me estudou por alguns segundos, até abrir um sorriso caloroso na minha direção. Não entendi nadinha.

― Oh, claro, claro...Obrigada por ajudar o meu filho nessa tarefa tão difícil.

Ela estava sendo sarcástica ou o que?! Sorri sem graça, na falta do que fazer.

― Não há de quê.

― Sim Felicity, sinta-se à vontade para discutir sobre bater na minha bunda com a minha mãe sempre que quiser. ― Oliver ironizou, com um brilho perigoso nos olhos. Senti minha bochecha formigar de vergonha e para a minha sorte - oi, eu tinha isso ainda? -, Moira resolveu ignorar o comentário do filho.

Sem alternativas, engajei uma conversa no mínimo peculiar com Nyssa. E concluí afinal, que até que a macumbeira era legalzinha...Tirando o pai emo dela e sua estranha mania de pendurar cabeças de animais em sua parede do apartamento. Lentamente, um a um começou a ser liberado do interrogatório, e eu tive a decência de agradecer Iris por ter chamado a polícia por nós. No fim das contas, de fato havia uma alma viva presenciando tudo que passamos na Colina da Salvação.

― Não precisa agradecer, Felicity. ― Dizia, colocando ambas as mãos no bolso de trás do seu jeans. ― Eu faria isso por qualquer um, o que não é o caso, uma vez que eu já conheça a sua família há muito tempo... ― Deu uma rápida olhada em Oliver e Moira. ―...e também faça uma certa ideia do quanto iria repercutir na imprensa, caso ocorresse uma tragédia hoje. ― Estreitou os olhos, ao ouvir o barulho da porta sendo aberta atrás dela. Em segundos, Barry também já estava livre do seu pesadelo. ― Quem é o seu amigo? Tenho a impressão de conhecer todos aqui, exceto ele.

Claro que ela não conhecia Barry, ele não fazia parte da turminha de Star City que vivia estampando revistas de fofocas, e muito menos era um vizinho fazendeiro de Caitlin.

Puxei Barry pela a ponta da camisa, para o meu lado.

― Esse é Barry Allen. ― Apresentei e depois virei para ele. ― Barry, essa é Iris West, filha do pastor West.

Apresentações feitas, Barry e Iris começaram uma conversa que logo foi cortada por pastor West, apressado demais para ir pra casa e pensar num plano para colocar suas ovelhas no caminho do senhor novamente. Quase dei a dica dele começar com a ovelha Cachoranha, uma vez que ela obviamente estava dando em cima do homem alheio dentro duma igreja, mas mordi a língua e conformei-me em guardar a dica preciosa para mim.

Sara e Laurel saíram da sala também, as duas de braço dados, atrás delas vinha um Tommy carrancudo. Apostava que ele havia recebido um sermão do "sogrinho." Assim que notou o meu olhar, Sara se separou da irmã e veio a passos lentos, na minha direção. Obviamente, o seu sensor de "TÔ FERRADA!" estava apitando, pelo o olhar quase homicida que eu lhe lançava.

A fadinha havia me enganado! Na realidade, ela não era uma fadinha coisa nenhuma! Iria voltar a chamá-la de Garota do Vibrador, só por ter escondido as suas habilidades ninja de mim!

― Antes de mais nada, tudo isso é culpa do Oliver. ― A ex-fadinha já chegou tirando o seu da reta e botando o do lunático. Franzi o cenho, não entendendo.

― O que ele tem a ver com isso? ― Estava quase com medo de ouvir a sua resposta. Quase.

Ela ameaçou dar um sorriso, mas não o deu.

― Ele queria que alguém de confiança dele a protegesse. Me tornar sua amiga, foi completamente fora de plano e eu não me arrependo disso. ― Me olhou feito um cachorrinho sem dono ― Você é uma pessoa muito rara, Felicity, e eu não gostaria que nós quebrássemos contato, após você saber a verdade.

Oh, oh! Oliver havia mandado Sara me proteger? Algo dentro de mim se derreteu - talvez o meu cérebro.

― Hmmm... ― Como se falava mesmo? Limpei a garganta. ― Uh, ah, tudo bem! Tudo tranquilo.

Não estava nada tranquilo. Antes mesmo de saber que Oliver havia mandado alguém me proteger, eu já havia me apaixonado por ele, agora...Agora, o sentimento era tão grandioso e violento, que eu começava a temer as palavras dele de mais cedo: Felicity Smoak não pode coexistir sem Oliver Queen na sua vida.

É, lascou de vez!

(...)

Já era noite e aparentemente, todos na fazenda estavam dormindo. Segundo o combinado com o sádico e sua mãe - Moira Queen, estava hospedada na fazenda da minha família, ual! Nem nos meus mais loucos sonhos, poderia imaginar isso —, ao alvorecer todos nós iríamos embora. Afinal...Star City e a QC esperavam por nós. Além de uma possível algazarra da imprensa, por conta da notinha exclusiva que o Queen resolveu dar somente para Iris West. Eu disse que ela iria conseguir sua ascensão por meio de Oliver...Não que ela não merecesse o sucesso que a estava lhe esperando na carreira, é claro. 

Encostando-me na cerca, que me parecia muito atraente há horas - pois esse foi o único motivo plausível que encontrei em minha mente, para justificar minha parada naquele exato lugar -, suspirei.

― Ouvi dizer, uma vez, que quem tanto suspira perto dessa cerca, é porque viu algum passarinho.

Sobressaltei ao ouvir aquela voz, bem atrás de mim, fazendo todos os pelos do meu corpo eriçarem. Tentando recuperar minha compostura, girei lentamente na direção do sádico-mor, que olhava-me com um ar risonho. Bem típico dele, pensei tentando refrear a droga de sorriso babaca que queria aparecer nos meus lábios.

― Tá de noite, não tem como eu ver nenhum passarinho. ― Repliquei, agora segurando a cerca firmemente. Se o Queen desse mole, o agarraria ali mesmo e o pior, era que eu tinha a sensação que ele sabia disso.

Sorriu torto e tive que voltar a me encostar na cerca, para não despencar ali mesmo.

― Você definitivamente passa muito tempo comigo...Eu disse a mesma coisa, ao ouvir Diggle falar isso.

Meus sentidos aguçaram à menção que ele e Diggle tiveram uma conversa, numa noite qualquer, aqui nessa mesma cerca.

Cerrei os olhos e cruzei os braços, sentido-me inquieta.

― E o que vocês conversavam de tão importante que exigia sua presença aqui?

Talvez, estivesse sendo invasiva e petulante demais por fazer aquela pergunta para o sádico, mas algo dentro de mim, dizia que era importante eu ouvir sua resposta. Se é que houvesse resposta para a minha pergunta, é claro. Conhecendo Oliver, como eu aparentemente o conhecia, a qualquer momento ele poderia muito bem girar os calcanhares e me deixar sozinha com os sapos pulando de um lado para o outro.

Deu de ombros, também se encostando na cerca ao meu lado e deixando o seu braço roçar contra o meu. Me tremi todinha.

― Na verdade, nada exigia minha presença aqui. Só achei que seria um lugar bom para pensar. Ou não pensar. ― Completou, fazendo uma careta.

Franzi o cenho. Que diabos perturbaria tanto Oliver, para fazê-lo querer parar de pensar?

Pendendo minha cabeça para o lado, o analisei melhor sob a luz do luar. Se possível, seus dois oceanos particulares e exclusivos, cintilavam na minha direção. Novamente, senti o mesmo aperto no intestino que senti em Lian Yu, ao o ver com a recém-nascida de Slade nos braços.

Desgraçado! Por que teve que nascer tão bonito?!

― Não pensar? ― O olhei com um ar de dúvida, querendo ter certeza que ele só não estava colocando em execução seus joguinhos de palavras para confundir minha mente.

Então me ensine a como não pensar. ― Citou monótono e me olhou de esguelha. ― Conhece essa frase?

Surpresa, balancei a cabeça positivamente.

― Romeu e Julieta.

― Exato.

Estava impressionada por ele saber da existência de Romeu e Julieta, e mais ainda por saber que ele havia decorado uma frase da obra! Não pela a primeira vez, notei que Oliver Queen conseguia me surpreender, além de me deixar sem fala. Ele não era nada que eu esperava e isso não me desanimava nem um pouco.

Percebendo o meu olhar de babaca, Oliver exibiu um sorriso que ia até os seus olhos, enrugando os cantos. Aquela visão era de tirar o fôlego!

― Que foi, te deixei sem palavras com o meu vasto conhecimento? Ou... ― Inclinou-se levemente na minha direção, batendo sua respiração no meu rosto. Não conseguia fazer nada, além de seguir o movimento de seus lábios, hipnotizada. ― Ou..Não faz parte do seu dicionário, que playboys também podem ler algum livro?

Estreitei os olhos. O seu tom era sério, mas os seus olhos...

Coçando a garganta, me encostei mais ainda na cerca, tentando me afastar um pouquinho do lunático e pensar com mais precisão na sua questão.

― Hmmm...Bem, não livros de romance.

Foi o melhor que pude elaborar em tão pouco tempo e com sua presença tão evidente ao meu redor. Me congratulei por dentro, até que havia me saído bem...

― Não é um romance, é uma tragédia. ― Objetou, erguendo uma sobrancelha - do mesmo jeito que sempre fazia quando tinha algum comentário impertinente na ponta da língua. ― Falando em tragédias...

Ah, não...

―...Me diga, Felicity Smoak ― Ignorou completamente minha cara de pânico, e continuou ―, se você não é uma garota do campo e muito menos de Star City, de onde é? De que estrela você veio, querida? ― Completou, com um divertimento malicioso evidenciado em todo o seu ser.

Oh, Deus...Finalmente chegara o momento de desnudar a minha alma para o Queen - apesar, de eu achar muito mais atraente, ME desnudar para ele. De forma literal.

Tomando uma respiração profunda, resolvi que o certo seria começar desde o começo e foi exatamente isto que fiz. Até o fim, Oliver continuou em silêncio, não atrevendo em momento algum, soltar comentários sarcásticos. O que era extremamente preocupante. Toda sua falta de ação, estava me deixando ansiosa e apreensiva. Não sabia o que esperar.

― Não vai falar nada? ― Perguntei, não aguentando mais toda aquela tensão. Pateticamente, apertava uma mão na outra, numa forma de tentar me impossibilitar de sair voando dali.

― Nunca iria imaginar que você fosse de Vegas. ― Pausa ― Apesar que sua mãe ter estado lá em Vegas, me servindo coquetéis batizado, fosse uma dica.

Escancarei a boca, alarmada.

― COMO VOCÊ SABE DISSO? ― Berrei, já começando a bolar um plano de fuga muito eficiente.

Havia tido todo o cuidado do mundo em deixar aquela partizinha da história em Vegas e a minha mãe de fora do relato, entretanto, de algum jeito cabuloso o Queen havia descoberto. Agora a pergunta era: Como? Como ele sabia que a minha mãe havia alguma relação com as bebidas batizadas? Não era suposto que ele esquecesse tudo no outro dia?

Minha mente fervilhava, até uma desconfiança crescer dentro de mim. E se...Será que o lunático era um telepata?

Desconfiada, o mirei furtivamente. Só tinha um jeito de descobrir aquilo...

GOSTOSO, GOSTOSO, SE VOCÊ TÁ ME OUVINDO, DÊ UMA PISCADINHA E DEIXE MINHA PIRIQUITA DAR UNS PITACOS NA SUA ESPADINHA!

Ele piscou. E eu quase tombei, se não fosse a cerca. PUTA QUE O PARIU, O CARA ERA UM TELEPATA MESMO? Podia já chamar Oliver de novo professor Xavier?

― O que você tanto me encara, Felicity? ― Questionou, até um brilho sutil de entendimento cruzar os seus olhos ― Não me diga que você achou que eu tinha poderes?

Saindo da boca dele, a ideia até pareceu idiota. Não o respondi e aquilo lhe rendeu um bom ataque de risos.

― Eu não tenho poderes e sim boa memória. ― Começou a explicar, quando se recuperou. ― Não me lembrava do rosto da garçonete que havia nos atendido naquela noite, até ver sua mãe aqui na fazenda. De repente, tudo começou a se encaixar.

― Espera um pouco aí! ― Levantei os braços, num sinal de STOP ― Você tá me dizendo que já sabia que eu era de Vegas?

Desencostando-se da cerca, ele começou a se balançar-se nos calcanhares para a frente e para trás, parecendo pensar com extremo cuidado no que me responder. Quando pareceu chegar a um entendimento com sua mente, falou:

― Tinha uma certa ideia, não certeza. E como você bem sabe, trabalho com fatos. ― Soltou um suspiro ― Que bom que desta vez, você me contou a verdade. Não gostaria que ocorresse algo trágico.

Foi a minha vez de erguer uma sobrancelha.

― E o que você faria comigo caso eu tivesse mentido mais uma vez?  

Os olhos de Oliver queimaram, esquadrinhando todo o meu rosto. Feito um felino, se aproximou lentamente, até me ter presa contra a cerca e o seu corpo. Suprimi o suspiro prazeroso que minha alma rogava para que eu soltasse.

― Te mostraria o que acontece quando garotas más, encontram garotos maus. ― Informou, abaixando a cabeça e colando seus lábios no meu pescoço. Estremeci e ele não se moveu, deixando-me com ânsia de lhe implorar por mais. Meu coração saltava, em expectativa e quando um minuto passou, finalmente notei que aquela seria minha pequena punição.

― Ah, droga! Eu deveria ter mentido! ― Lamentei em voz alta e Oliver riu, deixando sua risada retumbar sobre todo o meu corpo, afundando mais o seu rosto no meu pescoço.

Seria hoje que eu sairia da seca? Do jeito que tava, poderia ser facilmente comparada com o Deserto do Saara...Portanto, precisava do Nilo para me inundar. Será que colava pedir pro Queen me inundar?

― Sim, deveria...Ou não...À propósito, continuo não gostando de loiras.

Recordei de mamãe perguntando em Vegas, qual era o seu tipo de mulher. Imediatamente, fechei a cara e tomei fôlego, pronta para chutar o pau, pedra, o que fosse, da barraca:

― Olha só, se voc-

Sua boca interrompeu qualquer coisa que eu tinha em mente para falar. Oh Deus, sim, sim! Cá estava eu novamente beijando o Deus Grego Oliver Queen! Mil vezes sim! Que se foda o tipo de mulher que ele gosta! Como sempre, sua mão encontrou o caminho para dentro de minha blusa com muita facilidade, fazendo-me suspirar de prazer.

O Queen poderia enfiar sua mão onde quisesse, contanto que continuasse fazendo aquilo com a sua língua em minha boca. Fantástico Deus Grego! O olimpo deveria o ter abençoado.

De repente, o Queen afastou-se o suficiente para sussurrar algo contra os meus lábios:

― Você definitivamente pensa que eu tenho algo a ver com os Deuses do Olimpo, ein?

Ah, merda! Havia pensado alto demais, outra vez!

― Bem, você tem gosto de néctar e ambrósia, não é a minha culpa acabar te associando a eles. ― Tentei me justificar, tomando a liberdade de arranhar minha unha na nuca do gostosão.

Segurou o meu queixo, beijando-me logo em seguida.

― Você sabia que te beijar é quase uma experiência religiosa?¹ ― Ofegou, apertando minha coxa. Oh, Deus! É hoje que faço as palhas naquele celeiro voarem! ― Merece um aleluia.²

― Pastor West, aprovaria isso.

Oliver riu.

― De fato, aprovaria sim.

Não aprovaria aquela putaria não, e ele bem sabia disso tanto quanto eu. Mais uma vez, o Queen deu uma investida em mim de tirar o fôlego e eu agradeci à todas entidades por estar apoiada numa cerca. Logo, ouvi o barulho de um zíper sendo aberto e a minha pele queimar de excitação. Oh sim, era hoje que a engole-espada entraria em ação no campo de batalha!

― Oliver estava te procurando para falar sobre o casam-Oh!

Sim, oh! Feito dois adolescentes pegos em flagrante, eu e o Queen nos afastamos, mas o detalhe era: Eu estava praticamente em cima da cerca e quando o Queen fez questão de se separar de mim, para evitar mais constrangimentos, acabou me empurrando para trás, fazendo-me cair da cerca.

MEU. HERÓI.

― Ei mãe, o que faz acordada essa hora? ― A voz do Queen soou casual, casual até demais. Revirei os olhos, ele era um péssimo mentiroso!

Como no último flagrante, fingi estar testando o solo.

― Você está testando o solo no escuro, srta. Smoak? ― Moira me lançou um olhar humorado, por cima da cerca, deixando claro que estava achando toda aquela cena muito divertida. Estava mais que óbvio, que ela flagrara a cena quase toda e não iria cair nessa.

― Felicity adora fazer isso. ― Oliver, colocou um pé na cerca e apoiou os cotovelos nela. Um sorriso depreciativo começava a enfeitar o seu rosto. ― Uma vez, ela até colocou essa terra no rosto...Falou que parecia argila.

Cachorro!

― Até onde eu lembre, você também colocou essa mesma terra no rosto. ― O relembrei, zangada. Mais uma gracinha e ele receberia uma mesma dose de lama na cara, igual aquele mesmo dia.

Detectando o perigo, o Queen recuou.

― Está tarde, ein? Acho que irei dormir... ― Ofereceu o braço para a mãe, fazendo o digno cosplay de bom filho ― Me acompanha?

Moira que não é boba nem nada, enlaçou o braço do filho, me desejando boa noite e mandando um tchauzinho. Oliver, por sua vez, só se limitou a me enviar uma piscadela e se eu já estava no chão, continuei ali mesmo, tentando me recuperar.

Por que o maldito tinha que ser tão terrivelmente bonito? Recuperada, me levantei, tentando limpar toda a sujeira que havia se alojado na minha roupa e xingando horrores. Sozinha e nem um pouco satisfeita por não ter preenchido o meu estacionamento com o carro do sádico, marchei em direção a fazenda, quando um pensamento me ocorreu: O assunto tão importante que Moira Queen tinha para falar com Oliver, no meio da noite, era sobre o seu casamento.

Oliver, o lunático pervertido que tinha passe livre para pegar na minha frutinha proibida, estava noivo. O que me transformava na sua amante. E ainda para completar, faltava uma semana para o fim de ano...O meu contrato de 100 dias estava chegando ao fim e aquilo me deixava desolada. Mas não mais desolada por saber que eu estava profundamente apaixonada pelo o sádico-mor e indubitavelmente lascada. E agora?

Bom, amor eu me rendo

Ao sorvete de morango

Que nunca acabe todo esse amor

Bom, eu não tive a intenção de fazer isso

Mas não há como escapar do seu amor

(...)

Era uma vez, nós dois apaixonados

Apaixonados por acidente

Vamos lá, vamos lá!

Apenas se jogue para dentro do amor dela

Eu estou apaixonado

“Accidentally in Love” — Counting Crows

¹ e ² Trecho da música do cantor Enrique Iglesias, que carrega o mesmo nome do título do capítulo.


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Notas finais do capítulo

Quem diria ein? Moira Queen de boba tem nada! Oliver bem tinha de quem puxar, né?!
Coisas estranhas ocorrem quando Tommy Merlyn entra numa igreja...
CURTIS HOLT, BICHA DESCARADAAAAA!!! Até na hora da morte, querendo saber o tamanho da espada do sádico. Se bem que morrer sem saber uma informação preciosa dessas, deve ser terrível...
No final, Ra's Al Ghul não se passava de uma pobre alma emo, procurando por amor, mas que acabou sendo traído pela IsaBitch. Uma lástima, só que não.

AHHHH, eu particularmente estou meio decepcionada com o capítulo (?) tinha o imaginado de outra maneira, mas não consegui fazer e nem tempo (Tá, eu sei que demorei bastante para atualizar dessa vez, mas mesmo assim, não foi tempo o suficiente para eu colocar as ideias em ordem.)
LOIRINHA PERVERTIDA FINALMENTE DESCOBRIU quem tanto ficava gritando esse apelidinho nos seus momentos mais...tensos. Clo-do-vil. TIVE QUE.
Falando em piadinhas internas...O Oliver da série não sabe nada de Shakespeare, mas o daqui sabe e sabe até demais! TIVE QUE²
E agora? Felicity finalmente acordou pra vida e lembrou que o sádico possivelmente tem uma noiva. Além de ter relembrado que o seu contrato de 100 dias, tem data de validade.
Não preciso nem falar que o final da fanfic está prestes a bater na nossa porta, né?!

PS: Hm, Oliver não gosta de loiras, ein....Felizmente, receberemos uma explicação no próximo capítulo para ele ficar sempre falando isso.
PS2: A fadinha não é mais fadinha! Só de pensar que a Felicity na primeira vez que viu a Sara, pensou em lhe dar uma voadora, só consigo rir. Coitada, não sabia de n/a/d/a.
PS3: Sejam muito bem vindas, leitoras novas. As que já me acompanham faz tempo, perdão pela demora, e ual! Como vocês tem paciência comigo e com os meus deslizes! Muito, muito, muuuito obrigada viu? ♥
E como sempre, desejo uma ótima semana para todas vocês. Mil beijos e até a próxima att, que segundo os meus botões, será a última! :/