100 Dias com Oliver Queen escrita por daisyantera


Capítulo 1
Prólogo




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Felicity estreitou os olhos, dessa vez não havia feito nada de errado, então por que diabos, Sr. Queen estava a chamando no seu escritório? Tá bom que não deveria ter entrado na sala de reunião e acabado com aquela pouca vergonha, há minutos atrás, mas foi inevitável.

Ele iria comer Isabel Rochev na mesa de reuniões! Na mesa. Na mesa que ela limpava sempre. Na mesa que pessoas sérias ocupavam para discutir coisas sérias! Se o Sr. Robert estivesse vivo, iria ficar de coração partido por saber a maneira como o seu filho levava a vida e os negócios da família. Não que se ele estivesse vivo, ele fosse parar em algum momento do seu dia, para tomar chazinho com ela e reclamar do filho. Não quando ela era apenas uma empregada-escrava do Sr. Queen, mas talvez se ela fosse uma empresária como Isabel... Suspirou dramaticamente, se debruçando na sua mesa.

Deveria aproveitar enquanto ainda podia ter uma mesa. Tinha a certeza absoluta que o Sr. Queen iria a despedir, ele nunca, nunca, havia a olhado daquele jeito. Era como se ela fosse o próprio Judas na terra! Tá, pensando bem, depois que o calor do momento havia passado ela percebera que de fato havia errado por ter entrado na sala de supetão daquele jeito.

― Mas... Ele iria transar com ela! ― Resmungou baixinho, tentando se justificar. Não ligava exatamente com quem, por que, onde, quando, o seu chefe transava, mas... Pelo amor de Deus, na mesa de reunião? Em plena luz do dia? Bufou, enrolando uma mecha do cabelo ao redor do dedo. Não estava errada coisa nenhuma!

― Srta. Smoak, agora no meu escritório.

Felicity pulou da sua cadeira, ao encarar a feição do seu chefe vermelha, os olhos dele destilavam todo o seu ódio e ela engoliu em seco. Okay, ela de fato estava errada. Muito errada. Tremendamente errada.

― Sr. Queen, eu qu-

Foi interrompida bruscamente pelo o olhar de aviso que ele lhe lançava.

― Agora, Felicity.

Juntando toda a coragem, Felicity se levantou lentamente, tentando se manter firme sobre os seus pés - que agora pareciam feito gelatina. Só não sabia se aquele efeito era causado por saber que entraria na lista de desempregados logo, ou quem sabe, por seu chefe ser um Deus Grego na terra que fazia qualquer uma derreter os neurônios e perder a habilidade de pensar com coerência - e infelizmente, aquilo ocorria bastante no seu caso.

Não gostava do Sr. Queen - até porque, ele era um tirano sanguinário que lhe passava as tarefas mais estúpidas para fazer - mas não podia negar que ele tinha o sex appeal que deixaria os outros homens da cidade, envergonhados.

Silenciosamente, entrou no seu escritório e reparou quando ele se sentou naquela sua majestosa poltrona, como se fosse o poderoso chefão. Se segurou para não revirar os olhos, diante a cena. Oliver Queen era um idiota prepotente, com mania de grandeza. Mas um gostoso que a teria lavando suas calcinhas à qualquer momento do dia, naquele seu tanquinho de tirar o fôlego (ela simplesmente sabia que ele tinha um tanquinho... E talvez algumas revistas de fofocas tenham contribuído para essa imagem na cabeça dela).

― Você sabe por que eu estou te chamando aqui? ― Ele perguntou, com um olhar sério. Era a quarta vez no mês que a chamava ali, ele meditou com um profundo desgosto.

Felicity Smoak, era sua secretária iria fazer exatamente cinco meses e já havia lhe causado grandes problemas. A melhor solução, seria a despedir, entretanto, se sentia relutante com a ideia - já que ela era a única que ainda não havia pedido demissão. Todas as suas outras secretárias pediam demissão após algum tempo, quando percebiam que ele não daria a mínima para elas. Mas também circulava por aí que algumas secretárias correram para longe, porque, ao que parecia, Oliver as atribuía tarefas ridículas demais. Obviamente ele discordava disso. Portanto, não pensava muito profundamente nesse problema. E sim no problema anterior, secretárias ou secretários dando em cima dele na esperança de fisgar o CEO, que acabavam conduzindo a demissões frustradas.

Com Felicity, aquele não era o caso. Não tinha a menor chance de ocorrer algo parecido, já que ele definitivamente não estava interessado nela - e o jeitinho tagarela da secretária, com certeza não fazia parte de um plano mirabolante para o conquistar. Ele na realidade julgava que a mulher não calava a boca nunca justamente para o irritar. Então, não, ele e Felicity não estava acontecendo.

Não gostava que as mulheres o questionasse e Felicity tinha exatamente o perfil do tipo de mulher que não parava de falar. Nunca. E ele não estava nem brincando quanto a isso. 

Sem contar no desastre ambulante que a garota parecia ser. Cada tarefa que passava pra ela, ela fazia de um jeito diferente - e na grande maioria das vezes, acabava por o deixar encrencado. Como nessa tarde, quando ela invadiu sua sala de reuniões e interrompeu uma transação muito importante.

Só de lembrar do ocorrido, sentia os nós se formando em suas têmporas. Havia perdido milhões.

― Uh-hum.

Oliver curvou os lábios num sorriso irônico, pra uma pessoa que sempre tinha muito o que falar, naquele momento, Felicity parecia até muda. Quase sentiu pena do jeito amuado que sua secretária se encontrava em pé, perto da porta parecendo prestes a correr. Quase.

― Então, você deve saber que acabei de perder milhões e tudo por sua culpa, certo?

Felicity sentiu sua boca secar, ele havia dito milhões? Ele havia perdido milhões? E por sua culpa? Sem perceber, já começava a tremer dos pés à cabeça, pensando naquela quantia absurda de dinheiro.

Oliver piscou os olhos tomando uma respiração profunda, abrindo a pasta branca que segurava com tanta força sobre a mesa e pegando alguns documentos, que agora valiam de nada. Só Deus sabia o quanto teve de aturar Isabel nos últimos meses, para chegar no fim, sua desastrada secretária estragar tudo.

— Aqui continha um documento onde estava um contrato valendo milhões de dólares — Ele dizia, desviando os olhos vez ou outra dos documentos, para o rosto dela que começava a exibir um semblante preocupado se não chocado. —... e eu tenho certeza que você não tem nenhum meio para consertar essa situação, certo? — Ele perguntou com um pequeno sorriso zombeteiro. 

Isabel era osso duro de roer, não aceitaria as desculpas de sua secretária nem de joelhos - apesar que ela apreciaria a cena, aquela louca.

― E-eu... ― Felicity gaguejava, tentando encontrar em sua mente alguma solução. Como assim ele estava fazendo de fato negócios com Isabel Rochev? Não parecia estar fazendo negócios pela proximidade que eles estavam compartilhando na sala! Felicity mordeu o lábio inferior, maldita sala com paredes de vidro! Se não tivesse interpretado mal as coisas, não estaria naquele tipo de situação!

― Você... ― Oliver incentivou, e podia-se notar pelo o seu tom a ironia.

E aquilo irritou Felicity profundamente, era muita humilhação para um dia só!

― Sr. Queen, eu tenho certeza que poderemos chegar numa solução juntos! A srta. Rochev com certeza vai entender a situação, caso eu lhe explicar tudo detalhadamente e pedir desculpas pela minha intromissão no assunto de vocês!

Ah, a inocente! Não sabia se ria ou se chorava pelo o seu contrato perdido. Felicity, de fato, não parecia fazer nem ideia no que havia se metido.

― Isabel, não vai querer ouvir.

― Tenho certeza que você tem meios de fazê-la te escutar.

Ele arqueou uma sobrancelha, ao perceber o tom insinuativo. Era óbvio que sua secretária não tinha travas na língua, mas dessa vez, ela poderia ter feito algum esforço. Estava cada vez mais se enforcando sozinha e ela pareceu notar aquilo, ao seu rosto tomar a tonalidade vermelha.

― Me desculpe, Sr. Queen, não queria insinuar isso.

― Queria sim. ― Curvou os lábios ― Mas vou considerar que você esteja completamente nervosa por estar prestes a perder seu emprego.

Oh sim, estava mesmo! Felicity fechou os olhos, pensando em todos os outros problemas que sua demissão iria causar. Já estava terminando sua faculdade, não podia se dar o luxo de ficar sem emprego bem naquele momento. Não quando ganhava tão bem!

Não era por nada que aturava todas as exigências do Sr. Queen todos os dias.

― Eu não tenho dinheiro para te pagar pelos danos que eu te causei, Sr. Queen. ― Falou, enquanto cruzava os braços num claro sinal de defesa ― Sei que estou exigindo muito, ainda mais na minha posição, mas por favor, tente me manter ao menos no emprego até o fim do ano. Posso fazer horários extras e mais o que senhor quiser, eu prometo! Só preciso manter o emprego até o final desse ano.

Se ela mantivesse o seu emprego até o final do ano, conseguiria terminar a faculdade e com o diploma, conseguiria um outro emprego, ou seja, ela já tinha um plano! Para começar a comemorar o seu plano totalmente de ultima hora, faltava apenas Oliver concordar com aquilo.

Ah, Deus, vai, vai, aceite! Ela rezava internamente, esperando do fundo da alma, que alguma entidade, fosse qual fosse, tocasse no coração daquele tirano e lhe desse alguma chance de sobreviver naquele mundo cruel.

Oliver a encarou seriamente durante longos segundos - dos quais, ela passou prendendo a respiração. Até ele sorrir na sua direção e aquilo foi o suficiente para fazê-la ter uma arritmia.

Ele estava sorrindo! Na sua direção. Oliver Queen, estava sorrindo, pra ela. Aquilo não poderia ser bom. De repente, a ideia de cavar um buraco no chão e sair rapidamente daquele lugar, lhe pareceu ótima.

― É isso! Um contrato por um contrato! ― Ele parecia entusiasmado e Felicity franziu o cenho, confusa. Ele estava falando coisa com coisa. Será que a perda daqueles milhões o havia afetado de tal maneira que ele acabou ficando desequilibrado? Já desconfiava antes que ele fosse uma pessoa doente, agora tinha a total comprovação.

Porque só uma pessoa doente iria reclamar de em hora em hora, de cada coisa que você faz. Oliver Queen não era nem um pouco paciente, ela havia aprendido.

― Desculpe, Sr. Queen, não entendi.

Oliver revirou os olhos, fazendo um movimento com as mãos de pouco caso. Não esperava que ela fosse entender mesmo.

― Faltam exatos 100 dias para o ano acabar. ― Comunicou, após fazer os cálculos mentalmente ― Essa é a solução, um contrato por um contrato. Até o fim do ano, você será... ― Parou por alguns instantes, tentando encontrar a palavra certa, quando não conseguiu, deu de ombros e suspirou, soltando logo a notícia ―... minha submissa. Ou escrava, mas acho a palavra muito feia, só que submissa é sexual demais. ― Pausa ― Tá bom, você escolhe a palavra, só saiba que vai ter que fazer tudo que eu mandar durante cem dias.

Se a porta não estivesse fechada atrás dela, Felicity tinha certeza que teria caído dura no chão após ouvir tal absurdo. Ela? Submissa? Escrava? O que?! Fechou os punhos, indignada. Oliver Queen só podia ser louco, pronto, era isso!

Apontou um dedo na direção dele.

― Você só pode estar louco por pensar que eu vou aceitar uma coisa dessas! De onde surgiu essa sua ideia? Em que século você pensa que estamos?

Adotando um olhar entediado, Oliver se levantou da sua poltrona. 

― Que retórica entusiasmada, Srta. Smoak. ― Elogiou, abotoando os últimos botões do paletó e ela entrou em alerta. Oh não, oh não, ele a estava elogiando, péssimo sinal, péssimo sinal... ― Não queria dizer, mas nos últimos meses perdi várias oportunidades por culpa da sua falta de experiência e mesmo assim, escolhi sempre te dar uma segunda chance. Hoje, você provocou danos quase irreparáveis e já que eu sei que você não tem como me pagar por isso, estou te oferecendo esse novo contrato. Não acho que minha proposta seja do século passado, já que se fosse, eu teria há muito tempo mandado te executar na guilhotina. E se usei um termo antigo, é porque ainda tô pensando em um novo, desculpe.

Felicity o encarou inerte. Ele estava diabolicamente correto (sobre ela ter arruinado muito mais que um contrato no decorrer dos meses), mas só porque ela não havia nascido para o cargo de secretária! Era verdade, tentara de todas as maneiras ser uma boa secretária, mas ele sempre parecia dificultar o seu trabalho - sem contar com os berros que vivia soltando perto dela. Não era muito justo colocar só a culpa em cima dela.

― Ei, eu tento fazer o meu trabalho direito, okay? Não é minha culpa se você é... você!

Oliver arqueou uma sobrancelha ― Isso era pra ser alguma ofensa?

Sim.

― Não, Sr. Queen.

Oliver riu, conseguia ler na sua testa que estava mentindo.

― Então, já que você não quer aceitar esse nosso novo acordo... Devo considerar que você tem como me reembolsar por todos esses danos, né?

Não, ela não tinha. E ele sabia muito bem disso quando chegou com essa ideia absurda.

Oliver nunca foi um homem vingativo, mas a raiva que nos últimos meses essa mulher o havia feito passar, merecia ser descarregada de alguma forma. E achou a arma perfeita para aquilo, sabia muito bem que ela não iria recuar. Afinal, ela não tinha como o pagar.

― Okay, hipoteticamente falando, se eu aceitasse esse... contrato, o que exatamente o senhor me pediria pra fazer? ― O olhou tenebrosa, como se ele fosse algum tipo de serial killer e estivesse esperando por uma parceira de crime.

― Tenha certeza que não é pra nada disso que você está pensando. ― Ele resmungou ― Aceite o meu acordo, que irei esquecer imediatamente o valor que você me deve.

Incerta, Felicity deu um passo na sua direção, só a mesa os separavam.

― O senhor vai me obrigar a fazer algo que me mande para a cadeia? ― Quis saber e Oliver segurou a risada ao imaginar a cena cômica dela na cadeia.

Provavelmente seria solta por falar demais.

― Não. ― Respondeu com um ar distraído, que foi notado imediatamente por Felicity.

― Oliver!

Oliver ergueu a cabeça para encará-la, nunca naqueles longos cinco meses ela o havia chamado por seu nome - em alguma outra situação, teria chamado sua atenção, mas naquele momento, sentiu um certo divertimento por vê-la tão... alarmada/nervosa/enlouquecida daquele jeito.

― Não se preocupe, Felicity, meus advogados são ótimos, não vão te deixar presa por muito tempo.

Ela arfou, incrédula.

― Pare de brincar com isso, Sr. Queen!

Ele riu brevemente, até se tornar sério novamente.

― Então, o que você decide? ― Insistiu e ficou satisfeito quando ela soltou um suspiro rendido.

― Tudo bem, eu aceito.

E foi naquele momento que Felicity percebeu que teria de vender a alma para o demônio, para só assim, conseguir se safar daquela situação toda que havia se metido. Pena que o demônio estava parando bem à sua frente, com um sorriso vitorioso.

Oliver 1 x Felicity 0.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Se sim, deixem um review e incentivem uma autora! XX, daisy.