Pokémon - Through a New Look escrita por Allen Isolet, Consigliere


Capítulo 20
Calabouços sem dragões


Notas iniciais do capítulo

Sem muita demora estou eu de volta! XD

A aventura da vez tem um pouco de joguinho de RPG de mesa! Aehoou! o/ *joga os dados*
Afe, tirei números baixos e minha arma quebrou no ataque... *vai para o canto*

E quem aqui gosta de flores e fadas? Esse capítulo está recheado dos dois e mais outras fofuras, além de uma pequena aventura arriscada pelo mato alto ~

A fanfic não tem foco em drama, mas não quer dizer que não vá ter momentos desses. A memória de um passado ruim volta para um dos personagens e o deixa mais atento com as sombras ao seu redor. As vezes são mesmo o que parecem.
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Depois que lerem verão essa última frase como spoiler, mas não é, tá? Nada a ver mesmo (será que não?)

Enfim. Boa leitura = 3



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Um passeio curto e pouco atraente pelas informações tão escassas sobre o tema mais interessado do momento, a misteriosa Megaevolução. Talvez no ginásio tenha mais, mas os dois rapazes querem evita-lo enquanto não for para um desafio. Ainda mais que pretendem treinar constantemente até se sentirem prontos, especialmente Aren que agora está com a Lonnie no lugar do Scare. Ela talvez se saia bem em sua estreia, é muito ágil e aperfeiçoando Bounce pode se tornar uma adversária imbatível junto do Azin. Que por acaso começou do jeito errado com ela...

Slime ainda terá sua chance, mas por hora ginásios são grandes demais para alguém tão pequena.

Passaram maior parte da manhã só andando pela cidade e conhecendo a torre, fazendo disso como um último dia de moleza. Agora é treinar e estudar com afinco para conquistar suas metas. E o quarteto tendo compartilhado seus últimos dias entre si, Melizzana decide viajar um tempo com o grupinho para ajudar nas tarefas, treinos e assistir a uma batalha entre rivais mais tarde.

— Mas olha só quem conquistou uma rival nessa história. — Melizzana olha para Marjorie como uma mãe que vê mais uma das travessuras de sua criança. — De todos aqui achei que Aren ou Kaito é que fossem ter um, mas você? Tinha medo até carregar uma Poké Ball, quanto mais atira-la para uma batalha.

Melizzana se diverte com a contradição, achando muito bom que a amiga tenha se tornado menos insegura em relação as batalhas.

— E eu só entrei nisso por causa daquela chata... assim está me tirando do rumo inicial. — Falando isso, ela abre sua boca para um rápido grito histérico. — E se ela me desafiou de propósito para me tirar do foco do Pokaron?! Ela sabe que não batalho e com o desafio eu teria que treinar batalhas!

— Calma, calma! Aposto que é apenas uma coincidência, né? Bom, espero... — Aren tenta alertar pensando se a acusação é plausível, não conhece bem a rival da Marjorie para confirmar nada.

— Não está ajudando. — Marjorie fecha a cara para ele.

— Vamos deixar isso de lado e focar só no que interessa... — suspira.

— É, sim. E eu vou ajudar vocês nas suas paradas. Ou melhor, adoçar um pouquinho essa jornada. — Melizzana pisca.

 [...]

Ainda é de manhã e enquanto o dono da torre não está, deixam a cidade pegando o caminho para a rota 12 a fim de continuarem com os treinos. Essa rota dá início a parte de ranchos e fazendas que tem por ali perto, por isso muitos campos bem abertos, estradas extensas e nenhuma pessoa a quilômetros metade das vezes. Adentram um bosque e em sua clareira darão início as aulas técnicas antes dos treinos práticos. Agora que se organizaram melhor e tem uma segunda pessoa mais madura no grupo, vão seguir à risca o calendário de tarefas.

Aren e Mel improvisam uma sala de aula carregando alguns tocos de madeira para servir de banco para os dois alunos, Kaito e Marjo ficaram com a parte de limpar a área tirando o excesso de folhas, pedras e gravetos do caminho.

Seguindo o exemplo, os Pokémon também procuram limpar o espaço onde vão ficar. Não podem entrar na “escola”, então todos ficam na área ao lado esperando pelo término das aulas. Sem muito o que fazer se separam em dois grupos, os que vão treinar, na maioria os mais velhos, e os que querem apenas relaxar. Os da Melizzana também são deixados com os do trio. Eles são, o Bulbasaur, Brutahoot, a Smoochum, Sho, e a esquentada Teddiursa, Teddy.

“Legal ter mais amigos com a gente” comenta Slime, animada.

“Mas assim tem mais bocas para comer e menos comida.” Ivy brinca esperando pela reação da amiga.

“N-nãããooo!” Sacode os bracinhos em desespero querendo seu treinador por perto.

“Ei, só estava brincando. E aqui deve ter umas frutinhas, vamos colher algumas.”

“Eu posso ir com as duas?” pergunta Brutahoot. O roliço Bulbasaur da Mel pede tímido, não está acostumado a ter amigos.

“Claro, só não pode comer minha parte” avisa Slime.

Por perto dos pequenos está Alex que não gosta de estranhos perto de seus companheiros, mas fica na sua, Bruta não parece ameaça.

Teddy está treinando só, quebrando pedras com raiva de ter perdido duas vezes para alguém ali do grupo de três treinadores. Quer evoluir o quanto antes e pedir revanche para sua rival. Sho está ajudando levando as pedras e dando um beijo de despedida em cada uma para depois serem destruídas pela ursa.

Com os humanos numa verdadeira brincadeira de escola, Aren passa uma revisão do que ensinou nos últimos dias e se ambos se saírem bem no exame, a partir disso serão deixados por conta própria aprendendo no velho estilo de “só aprende se tentar”. Batalhando contra Pokémon selvagens ou outros treinadores.

— Alguma pergunta? — Aren para seus alunos.

— Isso, tirem suas dúvidas agora antes das aulas mais legais ou calem-se para sempre. — Mel completa como professora estagiária do Aren.

Ela não é especialista na matéria e nem nada, mas ajudará no que puder.

Os alunos entenderam bem o assunto, fica mais fácil quando os exemplos são seus conhecidos monstros de bolso. Agora é o treino prático onde cada um vai escolher um de seus Pokémon sem revelar sua escolha um para o outro e só na hora da batalha os anunciarem. Um treino prático sem o uso dos monstrinhos reais.

A luta será apenas com os nomes dos movimentos de cada um. Como nos jogos de batalhas por turnos estilo RPG de mesa, onde cada um escolhe seu personagem, determina suas habilidades e força, e com uso de números e porcentagens guiados por dados seguem cada turno na história até enfrentar o chefe do calabouço. E assim, vencendo o jogo ganhando experiência e recompensas para crescer seu herói.

Mas aqui será muito mais simples e direto, escolhendo o Pokémon Aren dará aos dois apenas quatro golpes comuns que podem aprender e o tipo deles para usarem um contra o outro seguindo turnos até o seu término. Cada um terá 10 pontos de vitalidade, e cada golpe vai tirar esses pontos de acordo com sua efetividade. Super efetivo: 3 pontos; dano normal: 2 pontos; e o pouco efetivo vai dar apenas 1 de dano no adversário.

As regras são simples: o mesmo golpe não pode ser usado duas vezes seguidas. E o Super efetivo, caso tenha, pode ser usado apenas uma vez.

Terão quatro turnos para isso e, só para deixar algo mais preciso, tiram no cora ou coroa quem dos dois iniciará a partida.

— Vocês entenderam mesmo, não é? — pergunta Aren pela última vez.

Os dois maneiam a cabeça positivamente.

— Então podemos começar. Venham aqui comigo dizer qual de seus Pokémon escolheram para eu determinar os golpes.

Um de cada vai até o garoto para dizer sua escolha, e depois de um tempo recebem uma anotação com os quatro golpes prometidos e os tipos de cada um. Com o que estudaram já devem ter uma ideia da eficiência de cada tipo, mas durante a luta Aren vai avisar os danos para que não se percam, e se não entenderem algo vai tirar a dúvida na hora.

Marjorie escolhe o Kirlia por levar vantagem sobre Type a dois dos Pokémon do Kaito e não ser fraco ao que sobra. A Lopunny por enquanto não lhe pertence mais e com o Cacturne estaria encurralada caso Kaito escolha o Butterfree. Confirmada a opção, os golpes que recebe são: Confusion, do tipo psíquico; Magical Leaf, do tipo grama; Thunderbold, do tipo elétrico; e por último o Shadow Ball, do tipo fantasma.

Kaito pensou no Butterfree por ser o único com nenhuma desvantagem de Type contra os dois disponíveis da garota. O Umbreon por ser Dark apanha para fadas e a Bulbasaur para os psíquicos. Confirmada a opção, os golpes que recebe são: Gust, do tipo voador; Energy Ball, do tipo grama; Silver Wind, do tipo inseto e por último o Venoshock do tipo veneno.

— Isso parece divertido, é menos tenso do que ver eles lutando de verdade — comenta Marjorie, feliz em não chamar os Pokémon.

— Eles merecem um descanso — completa Kaito, igualmente contente.

— Com certeza merecem, e falando em diversão... penso num outro jogo de aventura como aquele que fiz, mas com caçada ao tesouro. O que acham? — Aren fala bastante empolgado e olha para seus amigos esperando o mesmo ânimo.

— Do que estão falando? Meus monstrinhos e eu também podemos participar? — Melizzana se coloca entre eles para não ficar no vácuo.

— Claro, quanto mais melhor. Né? Mas agora que tal voltarmos para o treino aqui. — Aren olha sério para os jogadores enquanto espera eles se posicionarem. Cada um está com sua folha de papel com o Pokémon desenhado pelo próprio Aren e com os poderes escolhidos escritos logo abaixo deles.

— Aqui a moeda. Escolham aí que lado querem. — Melizzana se prepara com a moeda pronta para ser lançada.

[...]

Do outro lado da clareira, depois de Ori pegar no pé de alguns para um ligeiro exercício físico de meia hora, os libera para descansarem até serem chamados de novo. Para Lonnie o treino tem sido em sua velocidade, e Scare, que prefere ataques a distância, precisa se aperfeiçoar no corpo-a-corpo. Button também está participando e treina agilidade desviando dos obstáculos que lhe são atirados por Ivy — Button lhe pede ajuda depois dela já ter passado um tempo com seus amigos. — Por hora esse é o grupo mais focado nos treinos.

“Minhas pernas estão doloridas de tanto correr e saltar” reclama Lonnie, massageando as pernas.

“Isso que dá querer ser algo a mais no grupo.” Fala Scare de si mesmo, acompanhando a Lopunny em reclamações.

Para descansar ele senta no chão bem onde está mais ensolarado a fim de absorver os raios ultra violetas, e em seu banho de sol aproveita para armazenar energia até que sejam chamados para o almoço. Não é uma árvore para viver só desse tipo de nutriente.

“Vendo assim parece fácil ser meio planta.” Lonnie o observa, cobiçando essa habilidade.

“Nem sempre.”

“Oi. Se você se recupera com sol, então pode ser regado também?” Button pergunta se aproximando curioso do Cacturne, e esse apenas o evita. “Hã? Tem mesmo medo de mim?”

“Não é medo.” Encara para responder e no mesmo instante paralisa em ter o inseto tão perto do seu resto.

Sem saberem o que Scare expressa, deduzem ter se enojado.

“Oh... será que todo predador se sente assim quando rejeitado?” Button pergunta para si mesmo pensando na situação do Cacturne quando tratado como vilão ou o Golbat com quem tem certo receio.

Para não forçar nada, Button se despede dos dois e vai procurar o que comer. Com o afastamento Scare fica menos tenso, quer superar essa antipatia por insetos, mas não é tão fácil.

“Hm? Para onde está indo?” Pergunta Scare para Lonnie que se afasta ligeiramente estranha.

“Só quero esticar um pouco as pernas.” Fala sem jeito como se quisesse conter algo, e antes que recebesse mais alguma pergunta sai do local.

Ainda no mesmo campo, ela atravessa uma pequena variedade de flores perfumadas que se localizam mais próximas da parede de árvores, onde Ralts está sozinho colhendo algumas pensando no que fazer com elas. Mas está desanimado demais para qualquer inspiração.

Ah, Lonnie! Você gosta de flores, não é? — Volta um pouco da animação ao avista-la, mas se esvai no mesmo ritmo em que ela se afasta sem dar atenção. — Espera, eu vou com você!

Ralts usa seu famoso Teleport e surge do lado da coelha, assustando-a.

“Ai, pare de fazer isso!”

Que tensa, por que toda essa agonia?

“Não é da sua conta.”

Ele ia devolver na mesma moeda, mas repara uma preocupação esquisita na coelha. Fica vigiando ao seu redor parecendo perdida. Os dois andam sem rumo de volta a estrada da rota 12, é toda de terra e cercada dos dois lados por pequenas árvores e arbustos.

Está procurando alguém?

“Não, ninguém... esquece. Já disse que não quero te contar.” Dá as costas toda emburrada.

— Ah, não faça como o Ori que não gosta de dividir nada com ninguém. — Ralts fala sério, seu semblante aborrecido transparece em vermelhidão.

“Nem é nada, só vi algo que me desagradou depois de treinar e vim andar um pouquinho.”

E o que foi esse algo? — Muda de expressão para uma mais energética.

Ela suspira sentindo-se derrotada em querer um pouco de espaço. Cruza os braços apertados e olha feio para Ralts que devolve expressando firmeza em querer resposta. Os dois trocam faíscas entre os olhos por alguns passos até ela voltar a falar. Palavras um pouco carregadas de raiva, talvez.

“No mato vi um Pokémon que... que aquele cara também tem... um da mesma espécie e fiquei muito incomodada. Poderia ser o mesmo, quem sabe. Talvez ainda esteja atrás de mim...” Abraça a si mesma atrás de segurança. Sente-se mal com as lembranças, tendo aversão até de pronunciar o nome de seu antigo treinador.

Pera aí, quê? Uma coisa dessas tem que falar pro pessoal! — Ralts fica chocado se apressando em que querer voltar. Toca o braço dela preparando-se para seu Teleport.

“Não! Com certeza foi apenas um Pokémon comum, não precisamos alertar por nada!” Desvencilha-se da fada antes do uso de seu poder.

Pode ser, mas se acha que ele pode mesmo voltar é melhor todos estarem precavidos. — Vez dele cruzar os braços para ela.

Lonnie pensa um pouco na real possibilidade. Se ela estiver muito fora de alcance, ele desistirá da caça, a não ser que tome como vingança o desprezo dela. Mas ele com certeza ainda está por Kalos, e deduzindo que os garotos estejam desafiando ginásios pode fazer paradas entre eles também, como sua última tentativa de recuperar o que lhe foi roubado. Tudo isso apenas para suprir a ilusão de posse. Muitos humanos não passam de dominadores, pensa ela.

“Tá bom.”

No caminho de volta Lonnie está ainda menos vivaz que de costume. Por um momento cogita se tornar um peso e ser abandonada a própria sorte, assim como era antes de ser acolhida na marra pela garota. Mas a própria que a resgatou não teria essa coragem, não consegue imaginar Marjorie fazendo isso.

De volta ao acampamento, como andaram apenas ao redor do lugar e os humanos ainda estão em suas atividades, ninguém deu por falta.

— Os humanos estão ocupados, então vou procurar o Ori primeiro.

Diz Ralts que na sequência some num piscar de olhos, aparece ao lado de Ori e puxa assunto com o chacal. Ambos olham na direção de Lonnie enquanto conversam, deixando ela inquieta com toda essa atenção.

“Onde eu fui me meter? Só queria acordar logo desse pesadelo...” exclama ela, escondendo-se atrás de suas orelhas.

Ao seu lado sem muita pressa surge Scare que analisa tal comportamento.

“Você só se esconde assim quando não está muito bem, né? O que houve?”

“Logo vai saber mesmo...” suspira revelando um pouco do rosto. “Acho que aquele cara não desistiu de mim. Relaxei muito e tinha até me esquecido dessa caçada...”

“... imaginei mesmo algo assim, na verdade Ori também. Quando acha suspeito ele usa a aura para ler o campo inteiro ao seu redor em busca daquele humano. Enquanto for uma ameaça não é bom deixa-lo impune.”

Scare fala tudo muito tranquilo e um pouco absorto em pensamentos, e em contrapartida Lonnie recebe a informação com um grande baque. Enquanto ela estava de guarda baixa para seu predador, os outros se mantinham atentos desde sempre. Dos humanos Aren é o único que compartilha disso para não deixar todo o resto muito preocupado.

“O que foi?” Scare pergunta quando percebe a vermelhidão no rosto de Lonnie. Tão vermelha que se nota através de seus pelos.

“Agora sim me sinto uma inútil! Todo esse tempo só estou dando trabalho!”

“Não está e você não é inútil. Prova disso é estar treinando com a gente, quer independência de ser “a protegida”, não é?” ela assente ainda pensando no que ouve.

“Então é assim que me veem?”

Ele fecha a cara como quem diz não é essa a questão. Depois de um longo suspiro volta a falar, um pouco acanhado.

“Continuando, quero te dizer uma coisa que está me incomodando um pouquinho.” Abaixa a cabeça juntando seus punhos na frente do corpo, dá leves batidas entre eles. “Naquele dia que “lutamos” eu realmente não queria te enfrentar, não só por inexperiência sua, mas não consigo te ver como adversária...”

“Ahá! Eu sabia!”

“Sim, mas se quer mesmo batalhar comigo aceito seu convide. Parece querer defender seu orgulho ou provar algo, respeito isso.”

Lonnie bufa olhando fixa para o Cacturne que se intimida.

“M-mas o que foi agora?”

“Seu chaaato! Odeio você ser tão legal e eu não corresponder à altura! É assim toda vez!” Dá alguns socos no peito dele, mas seus punhos são tão cobertos de pelos que não o machucam em nada. O efeito que teve é de ser puxada para um abraço apertado para provocar sua irritação. “Ai, me coloque no chãão!” Cora.

“Mas eu nem te ergui tanto assim.” Depositando-a de volta no chão o abraço é mais aceito. “Seus pelos são tão macios que dá vontade de ficar assim para sempre!”

“Mas não pode, gosto da minha liberdade, tá?” Encosta o nariz no rosto dele.

“Que gracinha, o que foi isso?”

“Um beijinho.” Esconde o rosto com suas mãos.

Chegamos para atrapalhar a brincadeira dos dois. — Ori importuna, gosta do papel de chato.

Não me inclua no meio, depois quem paga sou eu levando cascudo dela! — fala Ralts, dando uma cotovelada no Ori.

“E vai mesmo!” responde Lonnie, ainda segura nos braços do Cacturne. “Dá para me soltar agora?”

Como resposta recebe um não movido com a cabeça antes dele voltar sua atenção para o Lucario. Ela se choca com a teimosia repentina, talvez tenha absorvido energia demais com o sol.

“Acha que os outros devam ser alertados da perseguição?”

Não, é melhor que o clima continue esse. — Olha para dois como sugestão. — Vamos manter a rotina, qualquer coisa fora do normal e alertarei os humanos. Não acho bom essas informações vazarem para o resto do grupo, vai assusta-los por nada. — Olha de relance para Ralts ao seu lado.

É, já me explicou tudinho.

Bom, daqui a pouco quero vocês dois e mais Ralts de volta treinando comigo. Chega da pausa de quinze minutos.

Senhor! Sim, senhor!

Pare de gracinhas.

[...]

Enquanto metade dos Pokémon voltam a treinar por conta própria, os humanos terminaram o exercício num empate entre os jogadores. Aparentemente tiveram a mesma estratégia, mas ambos passam com a mesma nota pelo esforço tendo colocado em prática tudo que aprenderam.

Com o dia ainda livre, Kaito pede para explorar um pouco do bosque antes de voltarem à cidade. Eles têm evitado adentrar muito qualquer floresta ou caverna por conta dos perigos e serem responsáveis por diversas criaturas. Mas esse garoto quer experimentar um pouco de uma jornada mais arriscada, uma onde explora de verdade.

— Vou com o Button, se eu me perder ou acontecer algo ele pode encontrar o caminho de volta e buscar ajuda — adverte Kaito, quer mostrar o quão é maduro para seus veteranos.

— Uhum, sei que vai ser cuidadoso. Só não vá muito longe — fala Aren.

— Traga alguma lembrancinha pra gente — pede Marjorie.

— Eu estou com fome, se achar algo de comer, traga — sugere Melizzana.

— Pode deixar! — Kaito mal fala e já dá meia volta para sair dali.

O garoto pega sua mochila e chama apenas o Button. Tinha convidado os outros dois também, mas Alex não se interessou muito e Ivy está mais preocupada com o banho de sol para nutrir seu bulbo. Parece querer desabrochar com o forte aroma adocicado que exala, e ela está a um tempo vigiando suas costas esperando algo dele.

O bosque da rota 12 não é muito profundo e as árvores logo se tornam escassas dando lugar a mais prados com ou sem muitas flores ou mato alto. Tão quieto e solitário, parece perfeito para observar de perto Pokémon selvagens ou ser atacados por eles. Sabendo disso, fica mais cauteloso enquanto procura algo que lhe instigue.

No alto algo acontece, olhando para cima acompanha uma grande horda de Chatot, um pequeno pássaro colorido com a pena do alto de sua cabeça em forma de nota musical. O grupo voa para as copas das árvores atrás de seus frutos e uma confusão de gorjear se inicia.

— Olhando eles, me lembra do ginásio lutador. — Encara o Butterfree por um momento. — Acho que será pesado demais para vocês...

Suspira se achando fraco demais para o terceiro ginásio. Aren, por parte de mãe, vem de uma família dona de um dojo de Pokémon desse tipo e avisou serem durões até os ossos. É de lá que vem Ori, por isso o temperamento sério e tão ligado a disciplina.

— Ori é tão incrível como Pokémon, e esse ginásio não deve ser diferente. — Volta de novo para a borboleta, agora mais decidido. — Temos que ser assim também! Mais bravos!

Button se alegra com a energia e voa de um lado para o outro para corresponder.

Continuam o passeio e atravessam o mato alto e flores para de novo entrar entre as árvores do outro lado, se afastando cada vez mais do acampamento. São observados pelos Pokémon local, e esses parecem se incomodar, mas a maioria só se esconde com a aproximação. Os mais agressivos tentam repelir os intrusos de seus territórios e são mandados embora com o Gust de Button.

Pokémon maiores e mais fortes aparecem de acordo com a profundidade que alcançam, e ter que tirar cada um do caminho está cansando Button muito rápido. Era para ser algo mais tranquilo, mas com a agitação que começa a aumentar decide sair de vez dali, antes que algum Pokémon realmente feroz apareça e os nocauteie. Kaito quer algo emocionante, mas não tem preparo suficiente ainda.

— Não é mesmo uma boa ideia andar sozinho por aí, agora entendo melhor. — Ri sem jeito para o Butterfree. — Vamos, Button. Não estou gostando da atmosfera raivosa que está crescendo por aqui.

Voltando por onde entraram, na direção do prado de flores um pequeno Pokémon se coloca na passagem deles. Apesar do tamanho miúdo e aparência frágil, sua face mostra o oposto. Não é a ideia de “realmente feroz” que esperava encontrar, mas não vai subestima-lo por isso.

Kaito pega sua Pokédex no bolso da mochila e o liga apontando para o Pokémon. A criatura se atenta a coisa que lhe apontam, mas se mantem calma.

Um Pokémon com menos de trinta centímetros que flutua parado diante da dupla. Parece uma criancinha com o corpo todo branco tendo a parte de baixo na cor verde. Não tem pernas, no lugar disso se prolonga para uma curta cauda com ponta de flecha. Das duas laterais de sua cabeça se prolongam apêndices lembrando marias-chiquinhas brancos presos por “broches” amarelos, e de cada um dos olhinhos pretos sai um longo e graúdo “cílio” do mesmo verde de sua cauda. Seus finos braços seguram uma flor de pétalas vermelhas. Sua pose lembra estar de guarda-chuva.

“Floette, o Pokémon flor simples. Flutuam sobre os campos de flores e cuidam delas até que comecem a cair.”

“A flor que carrega faz parte de seu corpo, são escolhidas assim que nascem como Flebébé e a partir disso não devem mais ser separadas. Em batalha têm a capacidade de usar o poder oculto das delas.”

— Que bonitinho. E acho que amassei ou quebrei algo seu pelo caminho, né?

A Floette balança sua flor na direção do garoto para atacar e Button se coloca entre os dois, bate suas asas rapidamente provocando uma ventania e afasta a fada das flores até ela bater na árvore que tem atrás de si. Não se machuca, mas fica tonta o suficiente para que possam fugir.

— Cuidado, Button! Não quero machuca-lo! — Se apressa na direção de Floette para verificar se está bem e ela se ergue como se nada tivesse acontecido. — Você é brabinho, hein?

Ela puxa sua flor para frente para outra tentativa de ataque, mas é parada pelo garoto desesperado que seja atacada de novo pelo Button.

— Calma, calma! Desculpa se quebrei algo seu, não tive intenção. Mas gostei de você, não quer ir comigo? Assim tento reparar o prejuízo cuidando de você. Que acha?

Button interpreta para a fada as palavras do humano para melhor compreensão. O menino se torna reluzente com sua aura amigável e Floette aceita a desculpa, não parece mesmo ter feito de propósito. E sobre o pedido de acompanha-lo, antes olha para seu lar que é o campo florido e pondera. Pensa um pouco e aceita isso também, e para ficarem quites ela bate na cabeça dele com sua flor. Nem foi sentido nada, mas a intenção é que conta.

— Que bom que terminou tudo bem.

Tudo bem nada, sem chance para festejar é ouvido um rosnado furioso do fundo daquele pedaço de floresta e o som aumenta gradativamente acompanhado de passos frenéticos na direção dos três. Temerosos, eles correm dali sem querer saber o que irritaram com a discussão e barulho dos ataques que causaram. Atravessam como um raio a campina até saírem do alcance de seu possível agressor.

É um Nidorino que os persegue só até saírem de perto de seu território. Com todos longe, solta fumaça das narinas como aviso para não voltarem enquanto os observa sumindo de sua vista.

— Pokémon veneno para mim só se for dual com planta. — Kaito suspira aliviado recuperando o fôlego. Verifica seus dois companheiros que estão no mesmo estado se recuperando do susto. — Vocês estão bem?

Ambos respondem que sim e retornam para o acampamento. Um pouco amarrotado, cansado e até sujo de terra, mas a primeira coisa que faz ao chegar é apresentar a nova fada do grupo, ainda sem nome. Está muito ansioso com a novidade e pela experiência quase desastrosa que teve. Mel até dá a ideia de dormirem por ali, o que causa um certo pânico no garoto e na pequena fada, mas a maioria vence para pernoitarem no Pokémon Center.

— Mas, mas... natureza é melhor, é liberdade e descompromisso. — Melizzana choraminga como recurso final de ficarem.

— O que eu queria era deixar os Pokémon mais à vontade em natureza e tiveram a manhã toda disso. Vamos voltar, agora é nossa vez pela cidade. — Aren sorri dando sua última palavra.

— Eu também quero voltar, quero comer e ter um banho decente numa banheira de verdade. — Marjorie comemora com a vitória.

— Eu idem, correr tanto me fez suar... e estou sujo de terra. — Kaito já está pronto com sua mochila nas costas apenas esperando o resto.

— Todos retornando para suas Poké Balls! — Aren atira sobre cada um dos seus, suas respectivas esferas que retornam para as mãos do garoto assim que pego seus residentes.

Kaito e Mel fazem o mesmo e Marjorie chama os dois que sempre sobram.

[...]

Parada numa pizzaria para o almoço, escolhem o externo do ambiente para acomodarem os Pokémon com suas rações e frutas.

— O que faremos durante a tarde? — pergunta Kaito.

— Seria uma boa dar uma olhada na torre e ver se o tal vovô já está por lá. — Aren responde depois de engolir seu pedaço de pizza.

— Eu quero começar meu ensaio para as apresentações Pokémon. Mel disse que vai me ajudar nisso. — Marjorie comenta um pouco cautelosa olhando para os lados, em todas as vezes que queria treinar Alice aparecia do nada.

— Calma que o feitiço dela só deve funcionar quando sua vítima está sozinha. — Melizzana sorri tentando animar.

— É, né? Espero que sim. — Sorri de volta, terminando de comer sua fatia.

Entre os Pokémon, Ivy se agita empolgada na direção dos humanos. Chama a atenção de seu treinador estacionando ao lado de sua cadeira, grunhi tentando dizer algo enquanto uma das folhas de seu bulbo começa a se soltar. Sem chance para reação, o corpo da Bulbasaur começa a emitir uma forte energia que a faz brilhar e mudar sua forma em ritmo acelerado.

Maior e com olhar mais desafiador, seu bulbo se abre revelando o botão de flor rosa. Ivy sofre a metamorfose instantânea mais conhecida como “evolução”, é comum entre os Pokémon do tipo planta evoluírem não só pela experiência e força como também por sua idade, e ela tem o bastante dessas coisas para seu tão esperado crescimento. Agora ela é uma Ivysaur.

— O-o quêêê? Assim de repente?! — Kaito se assombra com o tão súbito que foi, fazendo Ivy acobarda-se em dar a notícia. — Não, espera aí, estou feliz com sua evolução. Vem cá!

Apanha a Ivysaur para abraçar e fazer festa em sua cabeça.


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Notas finais do capítulo

E aí, quem vocês acham que é melhor professor? Aren ou Ori? Eu não consigo decidir, para mim os dois são ótimos cada um do seu jeito e.e'

Finalmente dei uma trégua para o único casal se curtir um pouquinho! (até tentei atrapalhar na verdade, mas desda vez não cederam...). Mas nada de subir degraus aqui, fazem o estilo mais infantil/inocente u.u
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Para o próximo capítulo agora:

Marjorie finalmente consegue treinar para o Pokaron e nada da Alice!
(infelizmente não consigo acompanhar a série e nunca encontro nada que preste sobre esse tema na internet, por isso tanta pobreza disso na fic).

Voltam para a torre e desta vez o dono está presente!

Talvez tenha alguma demonstração de Megaevolução e o resto não sei ~
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Não escrevi nada do novo ainda, mas com certeza terá algo ao longo da semana. Não consigo mais parar de escrever XD

Até o próximo encontro u.u



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