A garota do trem. escrita por Bee


Capítulo 1
Capítulo 1 - A GAROTA DO TREM


Notas iniciais do capítulo

Bom, a ideia dessa short surgiu quando eu tava assistindo a ultima temporada de Cold Case ♥ e surgiu essa cena cute. Claro, eu adaptei, e recriei. Espero que gostem, escrevi meio correndão em uma noite. E vou postar para acabar com a ansiedade da Lu. Lu, eu sei que vai dar tempo de você ler ai da Europa antes da aula, então, leia.
Bom, é isso, espero que gostem. Se alguém ler.



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Draco respirou pesadamente. Havia um problema no Ministério da Magia da Irlanda, e ele foi chamado para ajudar a resolver. Mas para isso, ele não poderia usar o pó de flu, nem aparatar, pois esse era justamente o problema. Sua única solução foi viajar de trem. Que nela viagem seria. Iria de trem de Londres à Holyhead, no País de Gales, teria de pegar um ferryboat e então seguir de ônibus até o Ministério da Magia do país. Ele estaria morto ao fim daquela aventura.

Pegou a passagem para Holyhead. O trem estava prestes a sair, e teve de correr. Como seria fácil aparatar até lá, mas toda a Irlanda estava com problemas nos transportes bruxos, ele poderia aparatar para o mar antes de cair em Dublin. “Melhor não arriscar!”. Ele entrou no trem longo, muitas pessoas já estavam ocupando seus lugares, e algumas pessoas não estavam com a melhor cara para ele.

Então ele viu uma garota, ela era bonita, ele não poderia negar, achou aqueles olhos verdes muito conhecidos, mas não saberia dizer de onde. Draco se sentou ao lado da menina sem ao menos pedir licença. “Que educação!” A menina nem sequer levantou os olhos do livro que lia. Mas ela sabia que ele estava ali, ele sabia que ela havia percebido.

_ Oi – Draco disse, atrapalhando a leitura da menina – Esse livro é bom?

_ Não posso dizer até chegar ao final dele. – uma voz agridoce saiu daquela boca delineada, ela ajeitou os olhos para mostrar que estava obstinada a ler o livro.

_ E como é o nome? – O loiro tentou mais uma vez.

_ Matadouro 27. – ela respondeu sem muito animo na voz. Ele sabia que já havia ouvido aquela voz.

Alguns minutos de silêncio. Apenas o barulho das rodas do trem nos trilhos. Draco havia esquecido como era o som e a experiência de andar de trem. Mas o pior seriam as quatro horas mais longas da sua vida. Tentou dormir. Não conseguiu, pois o barulho constante das pessoas falantes o atrapalhava. Tentou observar a paisagem, pensando sobre o mundo lá fora. Mas só via borrões. E então voltou a encarar a menina ao seu lado.

_ Sobre o que trata o livro? – ele perguntou mais uma vez.

_ Bruxos que acham que são superiores aos trouxas. – ela finalmente levantou aqueles olhos tão verdes e tão vivos para ele, e então ele respirou aliviado por ser uma bruxa ao seu lado.

Não que Draco Malfoy ostentasse a sua pureza sanguínea nesse tempo, mas ele poderia conversar mais abertamente com ela sabendo que ela também era uma.

_ Mas o que tem de interessante neste livro? – ele sorriu, aquele velho sorriso draconiano que no tempo de escola era seu maior triunfo.

_ O fato de que a possibilidade de uma família ser completamente sangue puro é raridade nos dias atuais, Malfoy. – O loiro arregalou seus olhos azuis, como ela sabia seu nome? – Não lembra de mim? Claro, como lembraria? Eu era apenas a sombra preferida dos seus amiguinhos. Sou uma Greengrass, tal como sua amiga Daphne. – Era dali que conhecia aqueles olhos verdes.

_ Você não parece nada com Daphne. – Draco disse de maneira pensativa.

_ Obrigada, você fez meu dia feliz. – Astória ironizou. Olhou o relógio no pulso esquerdo, e virou os olhos pensando que chegaria atrasada.

_ E o que está indo fazer em Holyhead?

_ Na verdade estou indo para a University College Dublin, eles tem um ótimo curso sobre a história bruxa e trouxa na realidade sociocultural pós guerra que vivemos. – a morena disse convencida, todo aquele papo nerd trouxa não agradava Draco.

_ E Daphne? – ele a cortou, não estava realmente interessado nos estudos dela.

_ Casou, está ostentando a vida que meus pais sempre sonharam. – ela tentava ler.

_ Casou? Não fui convidado? – ele se fingiu de ofendido.

_ Ela e Theo casaram, não foi convidado por medo de que fosse manchete principal no profeta diário, apenas Daphne poderia se destacar, não um convidado arrependido. – a menina suspirou, e ajeitou o cabelo enrolado atrás da orelha esquerda. Ele notou que ela fazia muito isso, mesmo que a tal mecha já estivesse atrás da orelha.

_ Por que você escolheu cursar esse curso? – Ele perguntou após algumas horas de conversa. Havia se interessado em relação ao tema do livro, e com o curso.

_ Fui fazer um trabalho por diversão – ela sorriu – E fiz uma pesquisa ancestral na família Greengrass e na família Proudblood, que é por parte da minha mãe. E ao montar minha arvore genealógica, descobri que há muito séculos, minha tataravó se envolveu com um bruxo, ela sendo trouxa. E a família dele não gostou do fato de uma trouxa ser parte da família, e após o nascimento de minha bisavó bruxa, eles mataram a progenitora. De um modo para acabar com a desonra, mas minha bisavó sempre foi uma bruxa meio-a-meio, mas a história da mãe dela nunca foi comentada. Logo ninguém nem desconfiava.

_ Posso contar um segredo? – Draco sussurrou – Eu tenho alguns primos que são meio-a-meio, conhece uma bruxa que morreu na Batalha de Hogwarts, Nhymphadora Tonks Lupin? Ela era filha da minha tia com um trouxa. Até que nossa tia a matou. É triste como minha família é preconceituosa.

_ Só agora você percebeu, Malfoy? Como se você não fosse assim no passado. Bom, aparentemente estamos chegando em Holyhead. – ela suspirou guardando o livro na mala. – Você vai para qual direção agora?

_ Tenho que ir até o Ministério da Magia em Dublin. Preciso consertar isso. – ele apontou para um bruxo perdido que logo aparatou.

_ Ow, você trabalha pro nosso ministério, certo? No departamento de...?

_ Transportes bruxos. Mas estou usando muito transporte trouxa ultimamente. – ele sorriu, aquele sorriso amarelo que se dá ao admitir algo não tão confortável. “Um grande bruxo, que controla o transporte bruxo anda de ônibus trouxa, que chocante!” (Draco sempre pensava isso.)

_ Bom, podemos ir juntos de ônibus até a Universidade, o Ministério fica a poucas quadras de distancia. – Astória estava sorrindo muito mais receptiva.

_ Tudo bem. Se minha companhia não for um martírio para você. – ele sorriu – Veio de trem por causa da confusão que está aqui?

_ Na verdade não. – a menina sorriu, ajeitou os óculos, ela não possuía cara de nerd, mas parecia precisar deles – Eu só gosto de seguir esse caminho. – Draco pareceu não entender, ela encarou aquele olhar confuso, e com um sorriso sincero retomou a fala – Quando viajamos com pó de flu o que vemos? Nada, apenas casas e lugares estranhos. O que vemos quando aparatamos? Borrões.

Eles entraram no ônibus após passar o ferryboat, e ela continuou a falar. “Quando optamos por viagens mais lentas podemos ver muito mais, vemos pessoas, vemos lugares, vemos mundos diferentes. Nisso os trouxas parecem mais evoluídos que nós.” – Ela riu.

_ E eles desejam sempre ser como nós. – Draco suspirou, havia entendido o que ela falara. Fazia todo o sentido aquilo. Mas por que parecia tão difícil desacelerar?

Quando chegaram na universidade Draco sorriu cansado. Teria de se despedir de uma pessoa incrível que conheceu em uma viagem de trem, que coisa incrível. Não percebera que ao olhar a menina só pensava em como uma menina daquelas passou tanto tempo desapercebida em Hogwarts, talvez pelo fato de ela ser meio do contra, ou meio nerd, mas ela era diferente das outras. Não de uma maneira estupida, ela era diferente das outras sonserinas. Ela nunca havia se jogado aos pés dele, não ficava se jogando aos pés de ninguém na verdade.

Astória Greengrass na escola era a menina zoada, mas não por ser nerd, mas por não acreditar no que as famílias sonserinas acreditavam fielmente, na pureza sanguínea como mérito de alguém. Ela acreditava que mérito só era mérito quando as coisas se faziam acontecer. Draco perguntou a si mesmo porque não a percebera e conversara com ela antes. Sua vida poderia ter sido diferente.

Mas talvez... Talvez sim... Talvez se ele tivesse a conhecido durante sua adolescência conturbada ele não tivesse apreciado a beleza do conhecimento dela.

_ Sinto o cheiro dos seus miolos queimando. – ela gracejou. – Bom, acho que tenho que ir, temo que esta seja a nossa despedida, Sr. Draco Malfoy.

_ Ah. – Draco suspirou vencido. – Mas foi bom conversar com você, espero conseguir resolver esse problema com os transportes logo.

_ Também espero. – ela sorriu – Então até mais ver, Draco.

_ Até mais ver, Astória. – ele sorriu. E virando as costas andou na direção da entrada do Ministério.

Draco já estava na outra esquina, quando ouviu a voz de Astória gritando seu nome. Ele parou e girou sobre os calcanhares, e então a encarou. Ela arfou ao chegar, parecia cansada.

_ Corri muito. Não. Fui. Feita. Pra. Isso. – Ela riu, cada palavra era uma arfada.

_ Você é meio louca, menina. – Draco riu – Não vai se atrasar pra aula.

_ Eu tenho minhas formas de conseguir descobrir o que rolou na aula. – ela riu. Como a sua risada era doce e confortável. Draco adorou isso. – Mas deixa eu só entregar uma coisa e te deixo livre, ok?

_ Tudo bem. – ele sorriu. E ela apenas lhe entregou seu livro, Matadouro 27, e com um sorriso meio de lado, meio canalha:

_ Quando terminar de ler, você me dizer se o livro é bom, ou não. – ela sorriu virando as costas, pronta para voltar para o campus – Se você lembrar deste dia. – ela gritou antes de virar a esquina.

_ Eu sou muito obstinado. – Draco prometeu.

E abriu o livro no qual identificou escrito a mão, em uma letra cursiva incrivelmente detalhada: “Você pode me encontrar aqui neste mesmo ônibus de segunda a sábado, às 8 da manhã, ou simplesmente aparecer nesse endereço. A.”

Ele sorriu vitorioso enquanto andava, ele queria muito terminar de ler aquele livro. Mas antes precisava consertar aquele pequeno contratempo nos transportes.

Draco era muito obstinado, e queria terminar aquele livro antes do fim do ano letivo. Mas eles já se encontravam em época de natal, então seria meio complicado. Mas ele não desistiria fácil. Talvez ele... Talvez, apenas talvez, ele tenha sentido algo estranho por aquela menina meio distraída e maluca do trem. Talvez eles... Apenas talvez eles tivessem tido aquela ligação especial única, aquela teia que os une de maneira que eles nem imaginam. Talvez, apenas talvez, aquele livro seja mais que um livro, talvez aquele livro seja uma passagem de ida para uma terra longínqua onde o amor verdadeiro na verdade é encontrado em pequenos fragmentos de um dia comum.

Astória sorriu o resto do dia, não se importava de ter perdido parte da aula, não se importava de estar sorrindo de maneira estupida. Talvez, digo apenas talvez, ela também sentisse aquela estranha teia super-resistente os unindo.


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Notas finais do capítulo

E o que acharam? Fiz uma história legal? Comentem, não joguem bombas em mim, please.
XoXo



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