De repente pai escrita por Thaynara Dinucci


Capítulo 9
Capítulo 8 - Bônus




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Alex

Quando foi que o dia ficou tão estranho? Estava tudo dando certo. Eu ia pra casa de Julia e teríamos uma maratona de sexo, teríamos nossa conversa e depois dormiríamos de conchinha. Pronto, seria perfeito. Mas não, agora estava eu aqui sentado no meu carro e olhando pra casa da mulher que eu amo. A mulher que eu magoei. A mulher que me usou. Porque tem que ser assim? Porque tudo o que é bom dura pouco? Eu sendo pai... chega ser engraçado. Que tipo de pai eu seria? Com certeza eu seria uma merda de pai, exatamente como o meu foi. Bastardo. Ligou meu carro e sigo em direção ao cemitério.

Chego ao New York memories e fico por alguns minutos sentado dentro do carro. Quanto tempo eu não venho aqui? Suspiro e sigo em direção ao portão de ferro, ele range quando eu o empurro e faço meu caminho entre as sepulturas. Algumas são bonitas e cuidadas. Eu sempre gostei de uma em especial. Ela é revestida de mármore branco, com um grande anjo, é bem cuidada e está com flores frescas, em sua pedra tem uma foto de um casal e o ano do início e fim de suas vidas. Passo por ela de cabeça baixa e sigo em direção à um pequeno morro onde vejo uma grande sepultura com vasos de flores, pequenas esculturas de anjos e a foto de uma mulher. Ela é tão linda. Tem os olhos castanhos claros, cabelo escuro e bem cortado, ela está sorrindo pra foto, parecia tão feliz. Na pedra está gravado com letras delicadas o nome Elizabeth Rose Ruppert - 05/07/1949- 24/01/2005. Me aproximo mais e sento na beirada do grande e grosso mármore.

"Eu sinto sua falta mamãe" eu digo enquanto passo minha mão delicadamente sobre sua foto, e sinto um vento frio passar pelo meu corpo. Como se fosse um sinal de que minha mãe está aqui comigo.

Fico encarando a sua foto e fico imaginando o que mamãe diria quando eu desse a noticia pra ela sobre a gravidez de Julia. Com toda certeza ela ficaria feliz. Ela sempre dizia que seu sonho era me ver feliz e com a minha família formada. Pena que isso nunca será possível. Sinto meus olhos queimarem e lágrimas começam a cair e eu choro como uma criança carente de colo. Desde que mamãe morreu eu fiquei sozinho no mundo. Meus avós haviam morrido num acidente de carro dois anos antes da mamãe, e desde então ficou eu e mamãe com tudo. Quando perdi minha mãe para um fodido câncer, meu mundo desabou e eu fiquei sozinho. A família nunca foi presente. Era meus avós e minha mãe e eu. Desde sempre. O cara que me fez, vulgo meu pai, era um filho da puta da pior espécie. Seduziu a única filha de Richard Ruppert e Clarie Marie Ruppert, a única herdeira das empresas Ruppert's, engravidou-a, e quando ela recusou a tirar o bebê no caso eu, a abandonou na primeira oportunidade. Nunca o conheci, também nunca fiz questão, mas sei da história porque quando era dia dos pais na escola o meu pai nunca estava presente e meus amigos riam de mim, e eu perguntei a mamãe o porque de meu pai nunca estar com nós dois, e ela pacientemente e com muito amor me contou e desde então eu fiz questão de esquece-lo. Elizabeth Ruppert era a melhor mãe que alguém poderia ter e eu serei eternamente grato por ter sido seu filho. Saio dos meus devaneios quando sinto o som das árvores balançando e olho ao redor e vejo que estou sozinho.

"Oh, mamãe, o que eu vou fazer? " eu peço olhando sua foto, como se de alguma forma ela fosse me dar a resposta que quero. "Que tipo de pai eu serei? Mal descobri a gravidez da mulher que eu amo e já neguei meu filho" suspiro e continuo "eu sei que a senhora está triste com o meu jeito de encarar a vida, mas eu não sei o que fazer. Queria a senhora aqui." Eu digo e engulo a nova onda de choro que se aproxima.

Fico por mais alguns minutos olhando a foto e conversando com minha mãe e quando olho meu relógio já passa das nove horas e resolvo ir pra casa. Me despeço dela com a promessa de que voltarei mais vezes e sigo em direção ao meu carro.

Chego em casa e vou direto pro banheiro e tomo um banho quente e penso em tudo o que aconteceu em menos de 24 horas. Penso nas palavras de Julia, penso no seu olhar triste quando eu pedi que ela sumisse da minha vida e no olhar cheio de ódio quando eu a chamei de aproveitadora. INFERNO! Saio do banheiro e coloco uma calça de moleton e sigo pro bar que fica no meu escritório e encho um copo com dose dupla de Jackie Daniels e tomo num gole só, o líquido queima minha garganta, mas nenhuma queimação e pior do que a que sinto em meu coração. Quando sinto a bebida fazendo efeito vou em direção ao quarto e me deito e en segundos caio no sono e sonho com um menininho branco de olhos verdes e cabelos escuros, sorrindo com apenas dois dentinhos.


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