Alex

Sete dias. Hoje faz exatamente sete dias que estou sem falar, ou ter algum contato com Julia e sinceramente, não sei como estou agüentando. Eu sinto falta dela, por Deus, como eu sinto. Já pensei em ir até a sua casa, pedir desculpas por ter sido o covarde que fui e pelas duras palavras que joguei pra cima dela. É isso, eu vou até a casa dela, a convido pra almoçar e poderemos conversar e nós iremos enfrentar isso junto.

Já estou começando aceitar o fato de que serei pai. Repasso mentalmente a conversa que eu e Joshua tivemos.

Quinta Feira – Lincoln Ristorante

“Como você pode ser tão babaca, Alex? Com certeza não foi assim que Elizabeth te criou, não é?” Joshua pergunta assim que termina de degustar o seu vinho.

Passo a mão pelos cabelos exasperados. Ok, eu sei que fui um babaca, mas preciso ser lembrado disso sempre? “Cara eu não sei. Fui pego de surpreso” eu digo enquanto me ajeito na cadeira “eu estava chegando pra fazer uma surpresa pra Julia, e aquela amiga inconveniente dela estava lá, e acabei a ouvindoela dizendo que seria pai. E porra, meu mundo caiu.” Sorrio tristemente ao lembrar a confusão que foi. “Eu acabei sendo duro com Julia, chamando de mentirosa e aproveitadora, disse pra ela e o bebê sumirem da minha vida. E hoje estamos aqui.” Eu termino e bebo um gole do vinho.

Joshua me olha como se eu fosse um animal indefeso e que precisa de ajuda, ele está procurando um jeito certo de falar comigo. Esse cara me conhece como ninguém.

“Olha, você precisa enfiar nessa maldita cabeça dura que Julia não é Luci. Julia é apaixonada por você e não precisa de nada que você tem.” Ele diz gesticulando e continua “os pais dela são bem de vida, ou você é burro o bastante pra não lembrar que o pai dela é Phillip Carson da “Carson’s Publicity”? Você ta perdendo uma mulher e tanto por conta dessa sua autopiedade. Vê se cresce cara.”

Eu tenho vontade de me socar. Vontade de socar Joshua por ele estar certo. Vontade de socá-lo novamente por ele estar defendendo Julia tão arduamente.

“Você ta certo. Eu fui estúpido e não liguei os fatos. Mas porra, em um mês ela aparece grávida. Você também não suspeitaria?” Eu peço.

Joshua fica me olhando como se eu fosse um ser desconhecido, bufa e falta pouco gritar quando diz “Suspeitaria se a pessoa que estou saindo estivesse comigo e mais meio mundo, ou se a pessoa que eu estou saindo não fosse apaixonada por mim. Ai sim eu suspeitaria. Mas Julia...” ele para procurando palavras pra defendê-la “... ela é diferente e te ama.”

Julia me ama? Impossível, ela não disse nada. Nunca nem mesmo falou se estava ou não apaixonada por mim.

“Como você pode ter tanta certeza do que está falando?” eu peço.

“Conheço Julia Alex, e coloco a minha mão no fogo por ela.”

Quando vou falar somos interrompidos pelo garçom com nossos pedidos, e deixamos o assunto de lado e começamos a conversar sobre coisas da empresa e novos contratos.

Saio dos meus devaneios quando Judith me avisa que está indo pro almoço, assinto e pego meu celular, vou até os contatos e procuro pelo nome de Julia. Será que ela ainda quer falar comigo? Será que ela toparia sair pra almoçar e conversar? Estou parecendo um adolescente em crise que vai convidar a menina que gosta e não sabe como chegar nela. Suspiro e penso num jeito de fazer com que Julia aceite o que eu estou disposto a oferecer no momento. Já sei, talvez se eu for até a casa dela e pedir pra que ela venha até um restaurante Italiano – descobri que é o preferido dela – ela não poderá recusar o convite. Tendo isso em mente, deixo um recado na mesa de Judith avisando que estou saindo pro almoço e que não sei a hora que volto, e peço também pra que ela limpe a minha agenda. Quem sabe o que esse almoço pode reservar pra mim.

Julia

Tenho vinte minutos pra ficar pronta pro almoço, que o Joshua praticamente me obrigou a ir. Quer dizer, ele disse que tinha feito reserva num restaurante Italiano, e como ele sabia que era o meu preferido, eu estava proibida de recusar o convite. Sorri assim que ele desligou o telefone. Tão fofo o meu amigo e tão mandão. A mulher que estiver saindo com ele, será uma mulher de sorte. Eu já usei todas as minhas armas de persuasão pra fazer com que ele me contasse quem era a mulher, mas ele disse que ainda não estava na hora, estava tudo muito cedo e que quando estivesse certo do que estava acontecendo entre eles, eu seria a primeira pessoa a conhecê-la. Concordei, mas continuava curiosa.

Pontualmente as uma minha campainha toca e sei que é Joshua. Esses homens são pontuais, que coisa. Saio apressada do meu quarto e pego minha carteira e celular e sigo em direção a porta, quando estou saindo quase caio dura quando eu o vejo. Ele está lindo, aliás, mais lindo que o normal. Ele está com uma calça azul petróleo, uma blusa vermelha e por cima um casaco e óculos escuros. Eu já disse como ele fica lindo assim? E os cabelos? Sua marca registrada são os cabelos bagunçados, exatamente como o Alex usa. Sorrio tristemente com esse pensamento. Eu sinto tanto a falta do Alex, chega a ser sufocante. Já pensei em ligar pra ele várias e várias vezes, na quarta feia, liguei com o numero privado e chorei ao ouvir sua voz. Hoje faz uma semana desde o ocorrido e ele não me procurou. Pois bem, não serei a fraca que dará o braço a torcer. Não cometi nenhum crime, a não ser que gravidez não planejada será crime em Nova York, porque se for, podem me prender.

Saio dos meus devaneios quando Josh entra e me pega pela mão, e dá um carinhoso beijo em minha bochecha. Tão cavalheiro.

“Você está linda, Ju” ele diz. Eu amo o jeito que ele me chama.

“você também não está nada mal, Josh.” Digo e seguimos em direção ao seu carro. Enquanto fazemos nosso caminho, ele passa um braço sobre meu ombro e automaticamente eu circundo sua cintura com um braço e seguimos conversando. Sinto os pelos do meu corpo se arrepiarem, parece que estou sendo observada. Quando olho em volta, vejo um carro cantando pneu e sair apressadamente da minha rua. Engraçado, o carro parece com o do Alex. Sorrio tristemente com esse pensamento, preciso tirar o Alex da minha cabeça de uma vez por todas.

Alex

FILHO. DA. PUTA.

Isso o que Joshua é. Como ele pode fazer isso comigo? Por isso ele estava tão certo de que Julia não estava tramando contra mim. Ele estava defendo-a demais, como eu fui tão burro, outra vez? Eu vi com meus próprios olhos quando eles saíram de sua casa, o jeito que o braço dele estava sobre os ombros dela e como ela sorria pra ele. Ele, o meu melhor amigo, o homem que eu chame de irmão por quase sete anos, está saindo com a mulher que eu sou apaixonado e que ainda por cima carrega o meu bebê, agora que certeza terei se o bebê é realmente meu? Eu pedirei um exame de DNA, é claro. Eles não irão me fazer de idiota, não mais? Será que esse tempo todo ela estava saindo com ele e comigo? Como o Joshua pôde ser tão baixo?

Raiva toma conta do meu corpo, e eu preciso extravasar ou eu posso acabar fazendo uma besteira. Ao invés de voltar pra empresa sigo em direção a academia, lá eu poderei descarregar toda a frustração e raiva que sinto. Malditos! E eu aqui pensando em tentar consertar as coisas com Julia, como eu pude deixar Joshua me convencer de que ela me amava. Claramente ela não sente nada por mim, fui só mais um babaca em sua cama, um babaca que ela conseguiu mais do que boas noites de sexo.

Enquanto corro na esteira começo a repassar tudo o que passamos em um mês, o jeito que ela se entregava a mim, o jeito que ela me beijava, o jeito que o seu corpo se encaixava ao meu. Será que ela e o Joshua também se encaixavam perfeitamente? Será que ela dava os seus melhores sorrisos pra ele? Sorrisos aqueles que eu achava que era dirigido somente a mim. Como fui estúpido! É verdade quando dizem que homens quando estão apaixonados são idiotas e agem como fracos.

Joshua terá o que ele merece. Ele não perde por esperar, traidor.