Harry Potter e o Herdeiro Luz escrita por V Giacobbo


Capítulo 28
Encontros - Parte 2




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Era hora de o sol surgir no horizonte. Porém, ele não o fez. Uma grossa camada de nuvens bloqueava qualquer luminosidade do astro rei. A aparência nada pacifica do céu trouxe apreensão aos novos habitantes de Hogwarts. O Salão Principal já estava lotado de batalhões de aurores e membros da Ordem. Alguns retornavam das patrulhas noturnas, outros se preparavam para as patrulhas matutinas. O clima era de tensão e expectativa.

- Dia!– desejou Rony ao sentar-se oposto a Harry com Hermione ao seu lado.

- Dia. – disseram Harry e Gina.

Rony encarou Hermione, que lhe devolveu o questionamento no olhar.

- Aconteceu alguma coisa? – sussurrou Hermione.

Harry suspirou. Gina segurou a mão do namorado sobre a mesa, lançou-lhe um olhar terno e um sorriso carinhoso.

- Harry teve um pesadelo. – respondeu Gina, fitando o irmão e a amiga.

- Outro?! – exclamou Rony.

Hermione deu uma cotovelada nas costelas do namorado, a expressão séria. Rony engoliu um gemido e massageou o lado do corpo, enquanto seu café da manhã se materializava.

- Mas agora está tudo bem. – informou Gina com um sorriso.

Harry concordou com as palavras de Gina com aceno da cabeça.

- Como foi a noite de vocês? – perguntou ele com um sorriso divertido, os olhos fixos em Hermione.

- Bem tranquila... e a de vocês? – respondeu ela, o rosto corado e o olhar fuzilante.

Gina chutou-a por debaixo da mesa. Rony ergueu os olhos de sua refeição e fitou Hermione com dúvida.

- O que você falou? – perguntou.

- Nada não. – Hermione forçou um sorriso, depositando um beijo sobre os lábios do namorado – Come ai, Rony.

Harry abafou uma risada. Gina sorriu largamente, os olhos sobre o namorado.

“Finalmente...” – suspirou ela – “Um projeto de risada... ele deve estar melhor”.

Os quatro se alimentaram em silêncio. Harry e Gina terminaram antes e ficaram analisando os movimentos do salão. Ela colocou os cotovelos sobre a mesa e apoiou o rosto nas mãos. Ele aproximou-se mais dela e cruzou o braço em suas costas, depositando a mão em sua cintura, o queixo em seu ombro.

- Potter! – Moody aproximou-se devagar.

- Sim?! – Harry ergueu a cabeça na direção do bruxo sem se afastar de Gina.

- Os centauros querem falar com você. – informou o bruxo.

- Já volto. – sussurrou Harry aos companheiros e deu um beijo rápido em Gina.

Ele seguiu Moody através do salão e do Saguão de Entrada. Nos jardins haviam grupos de três aurores ou membros da Ordem fazendo patrulhas. Moody guiou Harry na direção da Floresta Proibida, a alguns metros da cabana de Hagrid. Ao se aproximarem da orla da Floresta, foram surpreendidos pela visão de dezenas de centauros armados com aljavas cheias de flechas e arcos reluzentes.

- Bom dia. – desejou Harry fazendo uma leve reverencia.

- Não se curve perante nós. – pediu Agouro com uma mão erguida – Os centauros foram seguidores de Merlim no passado e agora te seguimos. – e, ao terminar, inclinou-se.

Os outros centauros imitaram seu líder. Harry, que já havia passado por uma situação parecida, não pôde impedir o choque. Dezenas de centauros, criaturas mais sábias que os humanos, curvando-se perante ele era algo que nunca havia sonhado.

- Estamos prontos para a batalha. – Agouro endireitou o tronco e bateu no chão com a pata.

Os centauros ergueram os arcos e gritaram. Todos pareciam estar animados.

- Obrigado, Agouro. – agradeceu Harry – Vossa ajuda será de estrema valia.

- Parte dos nossos permaneceram na floresta, protegendo-a. – Agouro apontou para um grupo de centauros que se inclinou e galopou floresta a dentro – Nós permaneceremos nos terrenos de Hogwarts. – ele abriu os braços, indicando os outros centauros – E auxiliaremos no que nos for possível.

- Obrigado novamente. – Harry sorriu.

- Já sabem o que tem de fazer! – gritou Agouro.

Os centauros inclinaram-se para Harry e galoparam em várias direções, formando pequenos grupos.

- Obrigado. – agradeceu Harry mais uma vez e se inclinou para o centauro, que retribuiu o gesto antes de cavalgar para longe.

- Quem diria... – Moody bateu a bengala no chão – os centauros superaram os preconceitos para com os bruxos e estão nos ajudando.

- Eles não sentem preconceitos, Moody. – afirmou Harry – Somos nós, os bruxos, que nos achamos superiores às outras raças. – ele começou a andar, com Moody seguindo-o – Veja a fonte do Átrio do Ministério da Magia. – ele fez uma careta de repugnância – É completamente...

- Entendo o que quer dizer. – assentiu Moody.

Eles retornaram ao castelo.

- Harry! – uma mulher acenou para ele.

- Até mais tarde, Potter. – Moody tomou outro caminhou.

- Dia Sarah! – ele caminhou até a mulher e a abraçou.

- Tudo bem? – perguntou Sarah em tom preocupado.

- Tranquilo. – respondeu ele com um sorriso – Cadê o Owen?!

- Foi buscar o Cassius. – um sorriso cintilante ordenou os lábios dela.

- É ótimo saber que eles estão em paz, não é? – Harry sorriu.

- É perfeito, Harry. – admitiu ela – Você não tem ideia de como o Owen sofria.

- Cassius também. – assentiu ele.

- Que bom que vocês voltaram. – Sarah abraçou-o novamente.

Ele correspondeu ao abraço. Sentia pela mulher um carinho fraternal, assim como sentia por Sirius um amor paternal.

- Sarah! – o maroto surgiu às escadas.

- Tio! – ela soltou Harry e caminhou de encontro ao homem.

- Não te esperava aqui tão cedo. – Sirius abraçou-a com carinho.

- Precisam de todos que puderem. – ela sorriu – Eu não vou fugir da batalha.

- Uma Black nata! – Sirius riu, soltando-a - Eis o orgulho dos Black. – ele olhou para Harry, apontando para a sobrinha.

Sarah girou os olhos, mas sorriu com o elogio.

- Bom dia. – desejou Harry ao padrinho.

- Dia! – Sirius aproximou-se do afilhado e lhe deu um abraço terno – Como passou a noite? – sussurrou divertido.

- Bem. – Harry riu.

- Que ótimo. – Sirius soltou-o e lançou um olhar para dentro do Salão Principal – Como estão as coisas?

- Tensas. – Harry assumiu uma postura mais séria – Todos estão sentindo a tensão e a ansiedade.

- Imagino. – assentiu Sirius.

- Dia Sirius! – Rony saiu de dentro do Salão, ladeado por Hermione e Gina.

- Dia trio. – Sirius riu.

- Sarah! – as garotas pularam em Sarah, abraçando-a.

- Oi. – a mulher riu, correspondendo ao abraço múltiplo.

- Cadê o Owen? – perguntou Rony.

- Potter! – um grito chamou a atenção de todos para o saguão.

- Cassius?! – Harry arqueou uma sobrancelha.

- Cadê o Owen?! – Sarah se desvencilhou dos braços de Hermione e Gina e caminhou até Cassius.

A expressão de Cassius era tensa e preocupada.

- Eu... – ele balançou a cabeça e olhou Harry – preciso que encontre o Owen.

- O que aconteceu?! – perguntou Sarah, sua voz mais estridente que o normal.

- Você tem que achar o Owen, Potter! – exclamou Cassius.

- O que aconteceu, Cassius? – Harry caminhou até Cassius.

- Lars. – a voz de Cassius saiu com dificuldade.

Sarah exclamou, as mãos pressionando a boca, os olhos arregalados. Sirius sentiu-se perdido e fitou Gina.

- Lars é filho do Cassius. – sussurrou Gina rapidamente – É um comensal.

Sirius espantou-se. A história se repetia. Dois irmãos. Um comensal e outro não.

- Você não consegue achá-lo? – perguntou Harry, curioso.

- Não. – Cassius passou as mãos pelos cabelos grisalhos – Ele é forte o suficiente para me impedir.

- Certo. – assentiu Harry – Gina! – ele virou-se para a namorada – Ache-o.

- Pode deixar! – ela sorriu e fechou os olhos.

Antes mesmo que ela pudesse pensar no que queria, gritos de alerta soaram por todo o castelo. Um urro forte e demoníaco estilhaçou os vidros das janelas. Ela abriu os olhos, alarmada.

- CHEGARAM! – gritou um auror entrando correndo no castelo.

- Quem chegou? – perguntou Rony.

- Tom e seu exército! – o auror não parou de correr - ATAQUE! – gritou ele ao entrar no salão.

- Vamos! – Sirius sacou a varinha e correu através do saguão.

- E o Owen?! – Cassius fitou Harry.

- Desculpe-me Cassius. – Harry balançou a cabeça.

- Se o Owen é forte o suficiente para te impedir de rastreá-lo... – Hermione sorriu para o mago – será forte para vencer o irmão.

Os aurores e membros da Ordem saíram correndo do Salão Principal e tomaram o saguão. Outras centenas de bruxos começaram a descer pelas escadas. O barulho era alto demais para permiti-los falar baixo.

- Vamos! – gritou Harry.

Sarah engoliu as lágrimas que surgiam e sacou a varinha, seguindo o fluxo de bruxos.

- Boa sorte! – gritou Cassius, pesaroso, e saiu.

“Tomem cuidado.” – suplicou Harry.

“Ele vai morrer de medo da gente.” – Rony sorriu confiante.

Hermione puxou o ruivo para um beijo rápido e carinhoso. Gina pulou no pescoço de Harry.

“Não se preocupe comigo.” – pensou para ele.

Eles se soltaram e se encararam uma última vez. Os bruxos ainda saíam do castelo. Agora, misturado ao som de correria, podia ser ouvido os gritos de feitiços e de ordens vindos dos jardins.

- Até o fim. – Harry estendeu a mão.

- Até o fim. – os outros pousaram suas mãos por sobre a dele.

Aquilo fora um gesto simples, mas que carregava muita coisa.

Estavam unidos.

Até o fim.

=-=-=

Owen saiu de casa, acompanhado do pai. Ambos prontos para partirem para Hogwarts e permanecer lá até que a Guerra terminasse.

- Eu sei o caminho de Hogwarts, filho. – Cassius brincou com um sorriso.

- Sarah fez questão que eu viesse. – Owen deu de ombros – Até parece que ela não acredita que estamos bem.

- Vamos então.

Uma risada cortou o silêncio da rua vazia. Pai e filho dirigiram seus olhares para a fonte de som.

- Olhe só o que temos aqui... – a voz era fria, a expressão vazia, os olhos verdes-oliva.

- VOCÊ! – Owen sacou a varinha.

- Não, Owen! – Cassius tentou segurar o filho, mas ele já estava correndo.

- Minha conversa não é com você, Owen. – informou Lars, os olhos fixos no irmão – Onde está Sarah?

- Você não vai chegar perto dela. – Owen ergueu a varinha - Fuoco Corporeo!

Lars deu um passo para o lado, desviando-se do feitiço. Cassius sacou a varinha e correu atrás de Owen. Lars viu o movimento do pai e retirou a varinha das vestes, a expressão tornando-se sombria.

- Você escolheu assim. – disse seco, erguendo a varinha – Portale!

Cassius congelou no lugar.

Um lampejo branco voou na direção de Owen. Ele se abaixou para desviar. No entanto, quando o feitiço passou por sobre sua cabeça, uma explosão de luz e de som aconteceu e, no segundo seguinte, o moreno não estava mais ali.

Lars fitou Cassius e sorriu sombriamente.

- Volto para pegar você. – disse rápido antes de aparatar.

Owen o aguardava. O campo era plano e sem nenhuma vegetação além do gramado seco.

- Meus olhos devem estar me enganando. – Lars riu debochado – O destino é algo realmente irônico e engraçado. – parou e gargalhou com gosto.

- Não devia rir, Lars. – bradou Owen, erguendo a varinha – Você vai morrer!

- Não, Owen... – Lars ficou sério e ergueu a varinha também – Você é quem vai morrer. Mas antes... – ele deu um sorriso cruel – vai me dizer onde posso encontrar minha amada Black.

- Você nunca vai tocá-la. – grunhiu Owen – Sequer vai vê-la.

- É o que veremos. – Lars agitou a varinha.

Um feitiço voou até Owen.

- Difesa!

Uma barreira azul petróleo materializou-se a tempo de protegê-lo do feitiço.

- Vou me divertir. – Lars sorriu diabólico.

- Eu vou me deliciar com a sua morte. – os olhos de Owen brilharam mórbidos – Congelare!

Lars riu e fez um movimento seco com a varinha. Uma barreira verde escura surgiu, protegendo-o.

- Terá que fazer melhor do que isto. – o loiro riu, a barreira se desfazendo.

Owen urrou. Sucessivos movimentos de varinha resultaram em feitiços ágeis e poderosos. Lars gargalhou. Desviou-se dos feitiços com velocidade e precisão, parecia uma dança.

- Ataque! – gritou Owen.

- Como queira. – ironizou Lars.

Ao contrario de Owen, que permanecera parado ao lançar os feitiços, o loiro começou a correr na direção do irmão. A varinha girava em seus dedos devido à velocidade dos movimentos. Owen deu passos rápidos em várias direções, desviando-se dos feitiços, e pôs-se a correr de encontro do irmão. Os feitiços lançados por ambos iluminavam o campo e enchiam o ar de sons.

Owen deu dois passos para o lado, girando, para desviar de alguns feitiços. Antes, contudo, de retornar a corrida, Lars surgira à sua frente, a mão em punho, pronto para lhe acertar. Graças aos reflexos adquiridos através dos anos de treinamento, Owen ergueu a mão livre e capturou o punho do irmão antes de ser atingido. Em um movimento rápido, o moreno ergueu a perna para acertá-lo com um chute nas costelas. Lars abaixou o braço e aparou o golpe com o cotovelo.

O moreno contraiu o rosto pela dor. O loiro sorriu deliciado. Soltaram as varinhas. Owen preparou-se para desferir um soco potente, Lars segurou-lhe o punho, impedindo-o. Encararam-se, ofegantes. Cada um segurando o punho do outro.

- Acho melhor pegar sua varinha, Lars. – sugeriu Owen com desdém – Você precisa dela.

- Acha mesmo? – os olhos de Lars brilharam e ele murmurou com um sorriso triunfante – Esplosione.

Owen teve tempo somente para arregalar os olhos. Foi tudo muito rápido. A aura de Lars se materializou em uma esfera sobre seu tórax e explodiu. Owen foi arremessado a vários metros, bateu, rolou e arrastou-se pelo gramado, arrancando a vegetação seca. Ele arfou, os olhos semi-cerrados, a expressão banhada em dor. Toda a frente de suas vestes estava chamuscada, em alguns pontos o tecido havia sido todo consumido e sua pele queimada.

Lars permaneceu imóvel por algum tempo, recuperando as energias. O Explosão era um dos feitiços que mais lhe causava danos. Ele estralou o pescoço e os dedos, o sorriso cruel retornando aos seus lábios. Owen se levantou com dificuldades, os olhos fixos no irmão.

- Onde... aprendeu isto? – questionou.

- Então você notou a essência. – Lars sorriu superior – Eu mesmo criei.

“Maravilha...” – bufou Owen pondo-se ereto – “Droga, pai. Você tinha que errar na análise do Lars?!”

- Pronto para morrer, Owen? – Lars flexionou os joelhos e assumiu uma posição felina.

Owen riu e abriu as palmas das mãos, um brilho azul petróleo tomou-as fracamente. Pensando no feitiço, passou-as por sobre as queimaduras, curando-as.

- Isso não vai adiantar... – advertiu Lars – Não contra o que eu farei com você.

- Isto se você fizer qualquer coisa. – Owen sorriu, assumindo uma posição felina como a do irmão.

Encararam-se por algum tempo. O céu nublado iluminou-se e o trovão inundou seus ouvidos. A umidade do ar elevou-se rapidamente. O vento trazia o aroma de terra molhada.

Sincronizados, os dois irmãos lançaram feitiços e aparataram. Os lampejos se encontraram e explodiram, ao mesmo tempo em que eles aparatavam lado a lado e iniciavam uma luta corporal. Socos e chutes eram desferidos e aparados. Encaravam-se, olhos nos olhos. Azul e verde, ambos sutis e vorazes. Quando um olhar era ligeiramente alterado, o outro aparatava instantes antes de um feitiço ser lançado e ressurgia ao lado do inimigo, retomando a luta.

Apesar de se odiarem, de se repudiarem e de desejar a morte um do outro, não podiam negar que possuíam estilos muito parecidos, se não idênticos. Um adivinhava o movimento do outro e agia de acordo com o que lhe era melhor. O outro utilizava dos mesmos artifícios para se defender e contra-atacar. Estavam lutando em sincronia e no mesmo nível de poder. A velocidade era um artifício natural e o reflexo era puro extinto.

Depois de algum tempo no mesmo estilo de luta, ambos notaram que não venceriam daquela maneira, teriam que utilizar de outros meios.

Lars aparatou, desviando de um forte soco do irmão, e ressurgindo às costas do mesmo. Sua expressão tornou-se selvagem, os dedos se contraíram e garras cresceram, a boca escancarou-se, mostrando os dentes impecavelmente brancos desenvolvendo-se em presas afiadas. Ele ergueu as mãos e enterrou as garras nos ombros de Owen, segurando-o firmemente e arrancando de seus lábios um urro de dor, inclinou-se com a boca aberta pronto para, com as presas, dilacerar o pescoço do oponente.

As mãos de Owen foram erguidas e seguraram Lars pelas laterais da cabeça. O loiro urrou. Owen puxou-o e arremessou-o por cima de si próprio, lançando-o para frente e se livrando de suas garras. Apesar da dor, Lars moveu o corpo e caiu de pé, os olhos selvagens fixos na figura do irmão que também havia se transformado, utilizado da animagia parcial.

Lars sentia o sangue escorrer pelos cortes feitos em torno de suas orelhas, exatamente onde as garras de Owen haviam se fixado. O vermelho também tingia as vestes de Owen, transbordando de seus ombros. Ambos ignoraram os ferimentos e a dor.

Owen rosnou e, caindo no chão, assumiu a forma de um imponente tigre siberiano branco. Mostrando as presas afiadas, disparou na direção do irmão. Lars grunhiu e começou a correr de encontro com o tigre. Alguns metros antes de o encontrar, porém, deu um salto e transformou-se no ar, caindo por sobre o irmão como um majestoso tigre siberiano marrom-alaranjado.

Rosnados, urros e grunhidos acompanharam os sucessivos trovões dos raios que iluminaram o céu. Este desabou sobre os gêmeos que lutavam feroz e cruelmente. A chuva encharcou o gramado seco e a pelagem dos felinos.

A luta entre eles permaneceu intensa e voraz com o decorrer do tempo. Ambos arfavam e sofriam com os golpes sofridos e o sangue perdido.

"Isto tem que acabar." - pensou Owen, desviando-se das presas do irmão.

Ele aproveitou-se do movimento de desvio e pulou sobre o dorso do irmão, enterrando suas garras e presas na carne dele. Lars desabou com a dor e o peso do irmão, um urro fugindo-lhe por entre as presas. Todo o seu corpo tremeu e abandonou a forma animada. Owen afastou-se do corpo humano, esticando as garras e cuspindo o sangue da boca. Lars arfou, o sangue escorrendo pela boca entreaberta, os olhos fitando o vazio. O tigre desapareceu, transformando-se em homem.

- Isto acaba aqui. - murmurou Owen, a voz entrecortada pela respiração pesada.

Lars gemeu, contraindo o rosto em uma máscara de dor, e apoiou-se sobre os braços.

- Como quer morrer, Lars? - perguntou Owen destituído de sentimentos - Posso lhe conceder a escolha.

Lars cambaleou ao ficar de pé, os olhos semi-cerrados e a boca escancarada, os destes, antes brancos, manchados de vermelho.

- Você não vai me matar... - sussurrou ele, cuspindo o sangue que possuía na boca.

- Decida, Lars, como quer morrer e eu cumprirei sua vontade. - Owen sorriu e completou arrogante - Serei misericordioso.

Lars soltou o ar, rindo. Owen fechou as mãos em punhos, irritado.

- Você é incrível, Owen. - a voz de Lars era fraca e profundamente divertida - Acha mesmo que tem o que precisa para me matar?

- O que quer dizer? - o moreno arqueou uma sobrancelha.

- Você é como o Cassius... - Lars riu antes de prosseguir - Não mataria alguém da família.

- Você não me conhece. - bradou Owen.

- Não, Owen... - Lars fitou-o sério e sombrio - Você não me conhece.

Um brilho verde escuro emanou do corpo do loiro. O brilho logo se tornou uma fonte forte de luz, obrigando Owen a erguer o braço para proteger os olhos. Quando o brilho cessou, Owen não teve tempo para pensar em nada, muito menos impedir qualquer coisa. Um punho acertou-lhe certeiro e forte no rosto, arremessando-o para trás. Antes que caísse no chão, sentiu uma dor latejante nas costas, exatamente onde um joelho o havia golpeado. Caiu sobre os joelhos, a dor nas costas imobilizando-o. Sua visão estava embaçada pela dor e ele não conseguiu ver o que aconteceu a seguir, apenas sentiu. Um chute potente acertou o queixo dele, jogando o corpo e a cabeça do moreno para trás.

Owen ficou imóvel no chão. O corpo latejando de dor começou a amortecer conforme a chuva forte caía sobre ele. A visão ainda estava embaçada. Contudo, ele pôde distinguir o contorno do corpo do irmão. Lars ficou ereto sobre Owen, os pés ladeando seu corpo. Ele inclinou-se sobre o irmão e segurou-o pela gola da blusa encharcada de sangue e água.

- Isto acaba aqui. – Lars repetiu a frase do irmão com um sorriso maníaco nos lábios ao aproximar o rosto do dele.

Owen tossiu, o sangue escorrendo pelo canto dos lábios. A visão tornou-se mais nítida e permitiu-lhe fitar o corpo do irmão. Lars não possuía nenhum ferimento grave, apenas as marcas e cicatrizes dos mesmos.

“Então foi isto...” – Owen conseguiu pensar – “Ele se curou...”

O moreno contraiu o rosto, a dor dando lugar a um sorriso maroto.

- Tenho de admitir... – tossiu novamente, o sangue salpicando na face de Lars – você é forte. – uma dor aguda transpassou pela sua expressão, desfigurando-a em uma mascara mórbida – Mamãe... – completou fraco – ficaria orgulhosa.

- Não ouse falar dela! – Lars jogou a cabeça de Owen contra o chão, a mão pressionando seu pescoço – Não fale da minha mãe!

- Nossa... mãe. – Owen conseguiu pronunciar, sufocando sob a pressão em sua garganta.

O rosto de Lars transfigurou-se em uma mascara de ódio. Sua mão fechou-se ainda mais em torno do pescoço de Owen, fazendo este gemer e ofegar.

- É aqui que você morre. – sussurrou Lars.

Ele espalmou a mão vazia sobre o tórax de Owen. Um brilho verde emanou de seus dedos e desviou-se para sua palma, concentrando-se ali.

- Que forma mais triste de morrer, Owen... – comentou Lars irônico – Um guerreiro branco morrendo pela magia branca de um bruxo que sequer foi ensinado. – e riu sombriamente.

Owen gritou de dor. Os olhos comprimindo-se, deformando ainda mais sua expressão. Lars pressionou a mão sobre o tórax do irmão, o rosto lívido de prazer.

- Te encontro no inferno. – murmurou Lars, deliciado.

O berro dolorido de Owen uniu-se a um grito mortificado do próprio Lars. O loiro se afastou de Owen, cessando o ataque, as mãos pressionando o próprio tórax, o rosto manchado de dor. Owen gemeu, sorvendo o ar com urgência.

- Maldito! – a voz de Lars soou rebelada e dolorida.

Ele se inclinou, a face contorcida de dor, as mãos sobre o peito. Owen fechou os olhos, procurando reunir forças e se concentrar para se curar. Os gritos de Lars permaneceram constantes, atrapalhando Owen, por um longo tempo. Depois, Owen só podia ouvir sua respiração fraca. O som de passos despertou-o e o fez abrir os olhos.

Lars estava novamente sobre ele, a face ainda contorcida de dor. Ele segurou-o pela gola da blusa e o ergueu, emparelhando seus olhares.

- Eu volto para acabar com você. – murmurou o loiro.

Com um movimento brusco, Owen foi jogado contra o chão e Lars aparatou.

“O que aconteceu?” – Owen conseguiu completar o raciocínio apesar da dor latejante no corpo todo.

A visão dele ficou turva. Ele começava a se sentir fraco, afinal, o sangue escorria de seus ombros em abundância. Fechou os olhos, procurando se concentrar. Tinha que se curar.

Um formigamento em seu tornozelo o fez gemer. Harry precisava de sua ajuda. Apesar do jovem ser muito mais forte que Owen, este ainda sentia quando o outro precisava de ajuda. Harry nunca tirara a tornozeleira prateada que Owen lhe dera.

“Eu tenho que me recuperar!” – rosnou Owen contra si mesmo.

A chuva ainda caia com força. Raios iluminavam o céu e trovões enchiam o ar de som. No meio de um gramado um brilho azul petróleo surgiu.

=-=-=

“Chegou à hora.”

Um gigantesco dragão negro surgiu no horizonte. Sobre ele, um homem estava de pé com um sorriso maníaco e vitorioso. O dragão brandiu as grandes asas, lançando uma rajada de vento sobre os terrenos de um castelo.

- Ataque! – um homem gritou, correndo através do gramado.

O dragão comprimiu o tórax e esticou o pescoço, abrindo a boca. Um jorro de chamas negras voou até o chão, atingindo o portão de ferro. O céu nublado ficou negro. Incontáveis dementadores guincharam, planando na direção do solo, as bocas abertas prontas para dar O Beijo. Centenas de homens encapuzados aparataram a frente das chamas, aguardando.

- Acabem com eles! – gritou o homem sobre o dragão assim que as chamas se apagaram.

As centenas de bruxos gritaram, correndo gramado a dentro. Maldições imperdoáveis foram lançadas no ritmo das respirações. De dentro do castelo explodiu um enxame de bruxos sedentos por luta. O terreno foi iluminado pelos patronos conjurados, que voaram até os dementadores. Estes não se deixaram abater e os patronos perderam as forças ao se aproximarem do imenso contingente de dementadores.

Duelos individuais se instalaram. Através do gramado surgiram centauros. Os arcos prontos para dispararem flechas cujas pontas brilhavam enfeitiçadas. Da Floresta Proibida, figuras altas e vorazes surgiram, uivando e grunhindo. Entre as centenas de bruxos encapuzados muitos uivaram e, rasgando suas vestes, transformaram-se em lobisomens altos e perigosos.

O caos estava instalado.

- Não tenham piedade! – gritou o homem sobre o dragão, que urrou.

“A vitória é nossa.” – a voz do dragão era banhada em prazer.

- TOM! – um grito percorreu todo o terreno, alto e forte.

O dragão virou-se para a voz, o homem sobre seu dorso possuía o semblante enfurecido.

- Quem ousa chamar o Dragão Negro por um nome humano?! – bradou ele.

- Seu pior pesadelo. – a voz gritou de volta, parecia sorrir.

“Mate-o, seja lá quem for.” – pediu Tom.

“Será um prazer.” – o Dragão Ancião das Trevas comprimiu o tórax novamente.

- Não faria isto se fosse você. – outra voz sugeriu.

“Quem ousa?!” – o dragão bufou, esticando o pescoço para visualizar melhor os humanos ao chão.

- Identifique-se! – exigiu Tom.

- OLHE PRA MIM! – gritou a voz.

Os olhos vermelhos de Tom e do dragão dirigiram-se para o ponto exato.

Sobre as escadas de entrada do castelo de Hogwarts, quatro figuras mantinham-se em pé, imponentes. Uma estava à frente das outras. Tom reconheceu-a instantaneamente.

- Potter?! – sussurrou Tom.

Harry sorriu, como se soubesse o que Tom dissera, e sabia.

- É um prazer vê-lo aqui, no final de tudo, Potter. – Tom recuperou-se da surpresa, os lábios curvando-se em um sorriso malicioso.

- É um prazer matá-lo, aqui no final de tudo. – o sorriso de Harry tornou-se superior.

- Já não está grande demais para ter sonhos, garoto? – riu Tom.

“Pare de brincar!” – rugiu o dragão, que mantinha os olhos fixos em Harry e nas figuras que o acompanhavam, analisando-os.

- Você não está velho demais para continuar vivendo? – questionou Hermione debochada.

- Insolente! – bradou Tom, os olhos fixos na morena.

- Vamos acabar com isto, sim? – perguntou Gina, um sorriso iluminando sua face.

“Ele está aqui... Nagini não deve ter proteção o suficiente para me impedir de trazê-la.” – pensou ela, marota.

- Traga-a. – pediu Harry, os olhos fitando Tom.

Gina moveu as mãos. Sob os pés dos quatro, uma enorme cobra surgiu. Tom ficou pálido. Rony retirou uma belíssima espada da bainha e, brandindo-a, decepou a cabeça da cobra.

- Acabou. – informou Harry, um sorriso aliviado e vitorioso nos lábios.

- Maldito! – gritou Tom – Mate-os!

O dragão urrou, o tórax previamente comprimido, o pescoço esticando.

Quatro fenômenos sincronizados deixaram Tom atônico. Uma labareda de fogo. Uma explosão de água. Um leve terremoto. Uma ventania. Quando o jorro de chamas negras atingiu as escadas, não havia mais ninguém.

“O que diabos...” – começou Tom.

Quatro urros tomaram todo o espaço. O Dragão Ancião das Trevas brandiu as asas, a cabeça virando-se para longe do castelo.

As nuvens carregadas de chuva foram empurradas com uma rajada de vento. Uma grande dragonesa revestida de cristais acinzentados surgiu, as enormes asas abertas, dando-lhe velocidade ao vôo. Hermione parecia entretida, as mãos amarrando os cabelos em um rabo de cavalo calmamente, os pés fixos sobre os cristais de Ária.

A floresta tremeu. Um grande dragão revestido de escamas verdes, ásperas e rochosas, saiu rastejando por entre as árvores sem lhes causar dano algum. Rony sorria, os braços cruzados, os músculos contraídos, por sobre o dorso de Terra.

A superfície congelada do Lado Negro trincou e derreteu-se em segundos. Uma belíssima dragonesa de gelo emergiu da água, as asas brandindo magnificamente, alçando vôo sob o céu nublado. Gina sorria marota, os cabelos secos e impecavelmente trançados, ereta sobre a base do pescoço de Acqua.

Da montanha mais próxima, um jorro vermelho explodiu de seu topo. Antes que o magma tocasse o solo ou qualquer coisa, estava solidificado; e a fissura sobre a montanha, fechada. Antes, contudo, que fechasse, um grande dragão coberto por rochas magmáticas surgiu, o magma líquido em seu corpo e asas brilhando vivo. Sobre sua cabeça, Harry sorria, a posição relaxada, os cabelos voando ao vento.

“Não é possível!” – exclamou o Dragão Ancião das Trevas.

“O que diabos é isto?!” – Tom estava aturdido, os olhos variando entre os quatro grandes dragões que se aproximavam.

Fuoco rugiu, parado no ar, os olhos vermelhos flamejantes fixos no inimigo.

Oscurità.” – Harry podia jurar que Fuoco estava se segurando para não rir.

“Como disse?!” – perguntou o moreno.

“Nós possuímos nomes... ele também.” – respondeu Ária.

- Oscurità! – os quatro disseram.

- O que?! – questionou Tom.

- Surpreso, Tom, com isto? – Harry sorriu, as mãos apontando para Fuoco.

Tom fitou o dragão de fogo por alguns segundos, assimilando os novos acontecimentos.

“Potter é o...” – começou ele.

“Sim. Todos os quatro são o maldito Herdeiro Luz.”Oscurità grunhiu, a boca escancarando-se para Fuoco.

- Então... – Tom assumiu uma postura ereta – vocês são os donos das energias.

- Até que ele não é tão burro, não é, Mione? – riu Rony sobre Terra, ambos sobre um grosso e altíssimo pilar de terra que os deixavam na altura dos outros dragões.

“Nunca subestime seus inimigos, Rony.” – censurou-o Hermione – “Principalmente se o seu inimigo é um dragão com o dobro do tamanho do seu.”

Rony deu de ombros.

- Você está diferente, Tom. Parece cansado. – exclamou Harry, os olhos nunca abandonando os de Tom.

- Não me faça rir, Potter. – riu Tom – Você é que está diferente... Mais confiante. – um sorriso desdenhoso surgiu em seus lábios – Mas, será mesmo que está mais forte?

- Quer provar? – Gina flexionou levemente os joelhos, assumindo uma posição perigosa.

“Vamos acabar com isto.” – exigiu Oscurità.

“Como queira.” – Tom sorriu para Gina.

Tudo foi muito rápido.

Oscurità moveu o rabo, arremessando-o contra Terra. Este rugiu, jogando o próprio rabo contra o do inimigo. O rabo negro enrolou-se em torno do rabo de Terra e o arremessou contra Ária. A dragonesa brandiu as asas, desviando-se. Oscurità girou as asas espinhosas contra Acqua, que desviou ao mergulhar na direção de Terra, envolvendo seus flancos com as patas e impedindo-o de cair no lago. Um jorro de chamas negras voou na direção de Fuoco, que cuspiu uma rajada de chamas vermelhas.

O encontro ambas as chamas produziu uma explosão de som e luz. Muitos combatentes no solo ergueram os olhos para ver.

Tom rugiu, as mãos fechando-se em punhos de frustração e raiva.

“Acabe com eles!” – ordenou.

“Cale-se!” – grunhiu Oscurità, calando-o.

- Ele é habilidoso. – Rony já não sorria, enquanto um novo pilar de terra subia aos céus para sustentar Terra.

- Mas nós somos mais rápidos. – o olhar de Gina ainda era confiante.

“Nós resolvemos nossas desavenças... agora acabe com eles!” – gritou Tom, os olhos raivosos sobre Oscurità.

“Potter e seus companheiros são o Herdeiro Luz. Isto muda tudo.” – o olhar de Oscurità oscilava entre os quatro Dragões – “Segundo a profecia humana que te liga ao garoto, ele é o único que pode te matar. Devemos tomar o dobro de cuidado.”

Tom bufou e se recompôs.

- Pronto para pedir misericórdia a alguém superior, Potter?

- Superior?! – riu Harry – Você é tão humano e mortal quanto qualquer um de nós.

- Mortal. – Tom cuspiu a palavra como se fosse um palavrão – Não sabe o que fala, garoto.

- O seu querido diário. – disse Gina, mostrando a mão com um dedo erguido.

- O anel de seu avô, Gaunt. – Rony mostrou sua própria mão com outro dedo erguido.

- O medalhão de Salazar Slytherin. – Hermione imitou-os.

- A taça de Helga Huffle-puff. – Gina ergueu outro dedo.

- O diadema de Rowena Ravenclaw. – Rony ergueu a outra mão com mais um dedo erguido.

- E sua amada cobra, Nagini. – Hermione seguiu o padrão de Gina.

- Objetos familiares? – Harry sorriu da palidez crescente de Tom.

- Vocês... – a voz de Tom tremeu tamanha era sua raiva – Vamos matá-los. – sussurrou para o Dragão Ancião das Trevas.

“Será um prazer.” – grunhiu Oscurità.

Os quatro dragões elementais moveram-se em sincronia, defendendo-se dos ataques rápidos e vorazes do inimigo.

“Mandem-no para mim assim que puderem.” – pediu Terra, o pilar de terra descendo até ele pousar no solo.

“A única coisa que não gosto de você é desse seu ponto fraco.” – Rony fechou a cara, vendo os amigos lutando contra Tom – “Seria ótimo se você voasse.”

De fato, Rony estava completamente certo. Se Terra voasse, seria um aliado importantíssimo e até mesmo decisivo naquela luta. Apesar de serem três, Fuoco, Acqua e Ária não conseguiam sequer atacar Oscurità. Ele era mais habilidoso e demonstrava mais agilidade com o passar do tempo.

A velocidade crescente do Dragão Ancião das Trevas devia-se à batalha como um todo. Nos terrenos do castelo a situação era cada vez mais caótica.

Os patronos não surtiam efeito algum sobre a grande quantidade de dementadores, que contavam cada vez mais vítimas. Os comensais aproveitavam-se da fragilidade de seus oponentes e abatiam-nos em quantidade cada vez mais crescente.

A vitória caindo nas mãos de Tom fortalecia o Dragão Ancião das Trevas. O medo e a perda de esperança dos combatentes contribuíam para essa força extra.

Os comandantes tentavam reverter à situação com pouco sucesso. Os lycans eram os que traziam esperança para os aurores. Os lobisomens não resistiam à força e velocidade dos inimigos, padecendo com facilidade. Contudo, os próprios lycans eram afetados pelos dementadores.

- Traga Andrew! AGORA! – grunhiu o Alfa a um dos seus guerreiros, que saiu em disparada para a Floresta.

Alguns dementadores, porém, interceptaram-no, dando-lhe O Beijo antes que pudesse fugir ou contra-atacar, inutilmente, de alguma maneira.

As nuvens se dissolveram em chuva e granizo, banhando o campo de batalha.

Acqua!” – gritou Gina.

A dragonesa de gelo inspirou longamente, esticando o pescoço na direção de Oscurità. Um sopro gélido saiu de sua boca, congelando as gotas de água e deformando-as em cristais pontiagudos.

Ária!” – Hermione segurou-se aos cristais da dragonesa.

Com um jogo das gigantescas asas, Ária arremessou os cristais de gelo na direção de Oscurità. Fuoco aproveitou-se dos movimentos das companheiras para voar em torno do inimigo e cuspir uma rajada constante de fogo.

O Dragão Ancião das Trevas rugiu, como se gargalhasse, e se encolheu em uma bola, envolvendo-se com suas próprias asas espinhosas. As chamas e os cristais de gelo acertaram-lhe com força enquanto ainda flutuava no ar.

“Vamos fazer algo!” – exigiu Rony com ferocidade.

“Com todo o prazer.” - Terra abaixou o corpo até tocá-lo por completo no chão – “Segure-se.”

Rony ajoelhou-se no dorso do dragão e segurou em suas escamas. Com um movimento abrupto, Terra impulsionou o corpo para o alto. O solo tremeu, levando muitos combatentes ao chão. O grande dragão voou alto o suficiente para emparelhar-se com o inimigo. Ambos, Terra e Rony, sorriram vitoriosos, prontos para atacar com força. Os outros interromperam seus ataques para não atingi-los ou atrapalhá-los.

Oscurità, no entanto, parecia aguardar tal ataque. A bola negra e espinhosa abriu-se rápida e voraz. Os longos espinhos das asas acertaram a cabeça e o tórax de Terra, ferindo-o. Oscurità escancarou a boca, o olhar lívido de prazer, e cuspiu uma grande bola de chamas negras.

- RONY! – o grito de Hermione cortou o céu.

Terra!” – o grito de Ária foi tão doloroso quanto o de sua guerreira.

- Harry! – chamou Gina enquanto Acqua já iniciava um mergulho.

Fuoco seguiu-as, mergulhando na direção de Terra, que caia rápido em direção à floresta.

A gargalhada fria de Tom ecoou vitoriosa.

“Isso!” – exclamou.

- Sua vez. – virou-se para Hermione, que se mantinha parada sobre uma Ária ainda mais imóvel.

“ACORDE ÁRIA!” – o urro de Terra soou forte e sofrido.

A dragonesa despertou e brandiu as asas a tempo de desviar de uma rajada de chamas negras.

- Vingue-se. – clamou Hermione, os olhos semi-cessados de raiva fixos em Tom, inclinando-se sobre Ária para diminuir o atrito com o ar e dar-lhe maior velocidade e flexibilidade.

- Não seja tola, garota. – desdenhou Tom – Se vocês não podem conosco atacando em grupo, quem dirá você, sozinha.

Ária rugiu e voou veloz na direção de Oscurità.

Enquanto isto, Acqua e Fuoco já seguravam o companheiro ferido e carregavam-no até o chão. Terra tentou erguer-se, porém, suas pernas tremeram e ele foi ao chão.

- Rony? – Gina esticou o pescoço para tentar ver o irmão.

“Ele está bem.” – informou Terra, chacoalhando o corpo.

As escamas verdes moveram-se e revelaram Rony, deitado, com os olhos arregalados e atônitos.

“Vão ajudar Ária.” – pediu Terra“Vou me recuperar e logo me unirei à vocês.”

Os dragões do fogo e da água alçaram vôo.

Quando alguns metros separavam Ária de Oscurità, a dragonesa fechou as asas e girou o corpo, voando como um parafuso na direção do inimigo.

“Patético.” – desdenhou Oscurità.

Comprimindo o tórax e escancarando a boca, o Dragão Ancião das Trevas lançou um jato de chamas negras na direção de Ária. Esta, porém, devido ao seu movimento giratório, dispersou as chamas. O movimento parou e o olhar de Ária foi vitorioso sobre o surpreso de Oscurità. A mandíbula da dragonesa contraiu-se e ela mordeu feroz na base do pescoço do inimigo, arrancando-lhe um urro doloroso.

“Reaja!” – exigiu Tom.

“Ataque-o!” – ordenou Ária.

Oscurità foi mais rápido que Hermione. Seu rabo foi lançado com toda a força contra o dorso da dragonesa, que urro e relaxou a mandíbula, brandindo as asas para se afastar.

Sem ter tempo para se recuperar, Oscurità abriu ainda mais as asas, esticando seus afiados espinhos, e girou.

Fuoco e Acqua, que se aproximavam velozes, foram atingidos, assim como Ária, que não se afastara o suficiente, e foram jogados a esmo.

Tom gargalhou vitorioso e deliciado pelos gritos dos inimigos.

Assim como na luta entre os dragões, na batalha sobre os terrenos Tom levava vantagem. Era certo que grande parte dos lobisomens já havia sido abatida e que os lycans dirigiam-se em uma luta sem esperança contra os dementadores incansáveis e insaciáveis. Comparando os centauros com os bruxos, as criaturas tinham vantagem contra os comensais. Eram fracamente afetados pelos dementadores e, assim, tinham total controle sobre suas emoções e ações, não deixando que os inimigos tirassem vantagem disto, como faziam contra os bruxos.

Os únicos bruxos que pareciam levar total vantagem sobre os comensais não estavam, de fato, usando de seu total potencial.

- Concentre-se, está bem? – pediu o homem.

- Cala a boca, Cassius! – bradou a mulher – Você está tão desligado quanto eu. Dorme!

- Eu sei, Sarah. – suspirou Cassius – Mas, mesmo estando desligado, eu ainda estou conseguindo acabar com os comensais. Congelare!

- Cale-se! – gritou Sarah, pondo mais alguns comensais para dormir.

- Eu também estou preocupado com o Owen. – admitiu Cassius sem perder a atenção da luta.

O mago ouviu um suspiro da mulher e decidiu encerrar o assunto. Ele dirigiu o olhar para o céu, buscando seus antigos aprendizes.

O Dragão Ancião das Trevas planava imponente, os olhos fixos nos inimigos caídos. Tom gargalhou e permitiu-se admirar a batalha. Sentiu-se pleno ao perceber que estava caminhando para a vitória.

“A Elite pode entrar na batalha.” – informou Oscurità sem que seus olhos desviassem dos inimigos.

“Sim. Estamos ganhando com este contingente. A Elite pode entrar na batalha e trazer o resto.” – Tom riu sob a eminente perspectiva da batalha.

Concentrando-se, Tom chamou todos os membros da Elite. A marca gravada no tórax de cada membro da Elite ardeu e todos souberam que era a hora de entrar na batalha.

O Dragão Ancião das Trevas urrou e Tom gargalhou quando um enxame de comensais aparatou na frente do portão de Hogwarts. Mais da metade dos novos lutadores urraram e se transformaram, adentrando como lobisomens nos terrenos.

“Assim que eles se erguerem...”Oscurità apontou com a cabeça para os dragões caídos – “Daremos nosso golpe de misericórdia.”

“Separe Potter daquele dragão... quero eu mesmo arrancar a vida de seu corpo imundo.” – os olhos de Tom brilharam deliciados.

=-=-=

Terra arfava. O corpo contra o solo.

- Você está bem? – quis saber Rony ao ver um líquido vermelho escorrer pelo chão.

“Os espinhos dele são muitíssimo afiados.” – murmurou Terra, concentrando-se em se curar – “Ficarei bem em alguns minutos.”

=-=-=

Ária estava estirada no chão, entre as árvores da Floresta Proibida. Ela tossiu e cuspiu um líquido negro e pegajoso.

- O que é isto? – perguntou Hermione.

“É o sangue dele.” – a voz de Ária foi fraca, para surpresa de Hermione.

- O que foi? – Hermione preocupou-se.

Ela se virou e visualizou o ferimento no dorso da dragonesa. Parecia ser fundo e já sangrava com abundância, contudo, não parecia ser muito grave para os padrões dos dragões. Ela já conseguia ver o corpo de Ária se curando. A fraqueza na voz da dragonesa não podia ser explicada pelo ferimento.

“É venenoso...”Ária tossiu novamente, despejando mais líquido negro, que agora levava mesclas de seu próprio sangue – “O sangue dele é venenoso.”

=-=-=

Acqua fora arremessada contra o castelo. Numa manobra rápida, ela se metamorfoseou em água líquida e atingiu com toda a força a parede de pedra da escola. A parede permaneceu inabalável. A dragonesa, entretanto, sentira toda a força do impacto como se estivesse na forma normal, urrou de dor e caiu no chão, onde não havia combatentes. Gina, também metamorfoseada, rolou sobre o dorso de Acqua e caiu no gramado.

“Você está bem?” – a voz de Acqua foi como um fio de água.

Gina gemeu, voltando à forma humana, e forçando as pernas para se erguer.

- Vou ficar... e você? – ela aproximou-se da dragonesa, enquanto esta também voltava à forma normal.

A resposta foi a pior que Gina gostaria de ter. O tórax de Acqua se comprimiu, sendo seguido pelo pescoço. A boca dela escancarou-se quando uma bola de sangue abriu passagem.

- Acqua! – Gina correu até a cabeça da dragonesa, os braços envolvendo-a.

“Não se preocupe.” – pediu Acqua“Foi somente um ferimento causado pelo impacto no cast...”

Novamente o corpo dela se contraiu e a boca deixou escapar outra golfada de sangue.

- Por Merlim, Acqua! – exclamou Gina, desesperada.

=-=-=

Sob as águas geladas e escuras do Lago Negro, Fuoco tentava voltar à superfície. Ao conseguir tal feito, urrou tanto de raiva quanto de dor.

- Você consegue sair daqui? – perguntou Harry, a face em uma mascara de preocupação.

“Ainda não.” – gemeu o dragão.

- Você tem que se aquecer. – Harry fitou os fios de magma escurecer.

“Não se preocupe.” – disse Fuoco.

- Vou te aquecer. – Harry se ergueu.

“Não!” – rugiu Fuoco.

- Por quê? - questionou Harry.

“Você sabe por quê.” – respondeu o dragão.

=-=-=

Cassius voltou sua atenção para os inimigos, vencendo-os com rapidez. Sarah fazia um belíssimo trabalho, de costas para ele. Ela arfou, o ar fugindo de seus pulmões. Cassius ouviu-a e sentiu uma sensação estranha, a mesma sensação que ela sentia, mas em proporções menores. Havia uma nova energia na batalha, uma energia forte e instável. Automaticamente, Cassius olhou em volta, procurando o dono da energia.

- Quem é? – perguntou Sarah, respirando fundo – Eu reconheço... mas não consigo dizer de quem.

- Lars. – sussurrou Cassius pouco depois.

Sarah gelou. Se Lars estava em Hogwats era porque Owen havia... Ela não podia sequer cogitar a hipótese.

- Vamos atrás dele. – exigiu ela, enraivecida.

Cassius engoliu em seco. Havia chegado a hora. Lutaria contra Lars sem saber realmente se gostaria de fazê-lo. E pior, não sabia se Owen estava vivo. Sarah não esperou nenhuma resposta à exigência dela, virou-se na direção dos portões e começou a abrir caminho por entre os comensais. Cassius seguiu-a, cuidando das costas de ambos, calado.

Com a chegada do novo contingente de Tom, as faces dos aurores foram tomadas por máscaras de desespero.

- Lutem! – gritavam os membros da Ordem.

Os lycans desistiram de lutar contra os dementadores e despejaram seus ataques contra os recém-chegados lobisomens. Os centauros galoparam velozes sobre os comensais e brandiam seus arcos, atirando as flechas enfeitiçadas contra os inimigos.

- Acabem com eles! – rosnou Fenrir Greyback enquanto se transformava.

- Greyback! – um urro veio do batalhão de lycans, um lycan castanho tomando a frente – Você é meu.

O lobisomem gargalhou, curvando-se para pular no inimigo.

“Vou te vingar... limparei a honra de sua linhagem, de seu sangue.” – pensou o lycan movendo-se veloz na direção do inimigo – “Uma promessa feita por Remo Lupin sempre é cumprida.”

As lutas entre os lycans e os lobisomens eram ágeis e brutais, contudo, nenhuma foi tão feroz quanto a entre Grayback e Lupin.

Os membros da Elite comandavam os comensais recém-chegados e os que já lutavam. Estavam claramente visíveis Lúcio Malfoy, Rodolfo Lestrange, Amico e Aleto Carrow e Dolohov movendo as varinhas com habilidade e gritando ordens e feitiços.

- Snape?! – exclamou Lúcio ao encontrar com ele no meio da batalha.

- Surpreso, Malfoy? – desdenhou Snape, atacando.

- O que está fazendo?! – defendeu-se Lúcio.

- Sectusempra! – um grito veio do lado de ambos.

Lúcio foi atingido em cheio e voou por vários metros. Snape virou-se para o atacante, um sorriso orgulhoso nos lábios.

- Parabéns Draco. – parabenizou sincero.

- Vamos acabar com eles. – sorriu Draco, a varinha apontando para os próximos oponentes.

O cansaço já atingia os defensores de Hogwarts. A chuva era tempestuosa e o granizo feria todos com a força do vento.

Um rugido cortou o céu.

O Dragão Ancião das Trevas abriu a boca, os olhos desejosos por luta e, principalmente, por morte.

Os dragões elementais se ergueram, recuperados. Seus guerreiros voltaram aos seus dorsos. Fuoco, Acqua e Ária alçaram vôo.

“Como vocês estão?” – perguntou Gina.

Ária está envenenada. Não aguentaremos por muito tempo.” – a voz de Hermione era embaçada, era evidente que havia chorado.

“Não se preocupem conosco.” – disse Terra, erguendo-se sobre as patas traseiras e urrando para o inimigo – “Preocupem-se em manter a concentração em nossos movimentos e em nossas habilidades.”

“Concentrem-se em si mesmos. Estamos unidos... nossas habilidades são um reflexo da de vocês.” – a voz de Ária era fraca e não conseguia ocultar toda a dor.

“Vamos acabar com isto.”Fuoco urrou, aproximando-se veloz de Oscurità.

- Querem mais uma seção de surra ou já vão pedir por misericórdia? – desdenhou Tom.

Uma segunda luta se iniciou. O Dragão Ancião das Trevas não teve piedade. Sua velocidade e força estavam elevadas e ele as usava com brutalidade. Os três dragões elementais estavam mais fracos, mais lentos, os ferimentos ainda levemente abertos e sangrando.

Terra não ficou parado desta vez. Em parceria com Rony, ele moveu a terra, criando um caminho através do lago e rastejou até ficar sob o inimigo. O dragão esticou todo o corpo e, após contrair o tórax, escancarou a boca.

- Wow! – exclamou Rony, excitado.

Um jorro de lama voou denso e rápido.

“Congele.” – pediu Terra com um sorriso.

Acqua afastou-se de Oscurità, interrompendo uma tentativa de ataque, deu um loop para trás e soprou o ar gélido na direção da lama, que congelou instantaneamente, transformando-se em rochas pontudas.

“Ridículo”. – desdenhou Oscurità“O mesmo ataque nunca funciona duas vezes.”

“Nem o primeiro funcionou.” – riu Tom – “Acabe logo com isto.”

“Não precisa pedir.” – urrou o dragão.

Pouco antes que as rochas lhe atingissem, Oscurità girou as asas completamente abertas. Ária e Fuoco desviaram-se a tempo, mas não preverão a próxima ação do inimigo. Com a boca, o Dragão Ancião das Trevas segurou Ária, que, devido ao envenenamento, estava cada vez mais fraca e lenta, pelo pescoço e arremessou-a contra as rochas. A dragonesa urrou pelo ataque do dragão e pelas rochas que a atingiram com força, perfurando-a.

“Não!” – o grito de Terra foi desesperado.

- Hermione! – exclamou Harry que, por estar mais acima, viu uma rocha atingir a amiga e feri-la gravemente.

Ao prestar atenção na amiga, Harry esquecera-se de Tom e de seu dragão. Oscurità aproveitou-se disto e se aproximou, a boca aberta e pronta para cravar as presas em Fuoco.

- Harry! – gritou Gina.

Sincronizados, Fuoco e Harry ergueram o olhar e depararam-se com o inimigo muito próximo, próximo o suficiente para não lhes permitir desviar.

- Acabou, Potter. – exclamou Tom, confiante.

A mesma confiança do bruxo era visível nos olhos do dragão, uma confiança forte e inabalável.

“Confiança em excesso.” – Harry sorriu levemente – “Ataque.”

“Você é maluco... mas eu gostei da ideia”Fuoco comprimiu o tórax o mais rápido que pôde.

Uma bola de chamas vermelhas voou contra o Dragão Ancião das Trevas, pegando-o, pela primeira vez, desprevenido. Em um movimento rápido, Acqua modificou a estrutura da água que molhava o corpo de Oscurità, transformando-a em combustível. A bola de fogo atingiu o corpo do dragão quando ele brandiu as asas, para tentar desviar, e deixou o tórax completamente exposto. As chamas espalharam-se rapidamente, arrancando urros do dragão e do guerreiro.

Enquanto isto, Ária caia no ar. Terra moveu a terra e se pôs abaixo dela, pulou e a segurou, caindo firme sobre as pernas logo depois.

- Hermione! – Rony pulou do dorso de Terra para o da dragonesa.

Hermione estava caída, ajoelhada e de cabeça baixa, as mãos pressionando o flanco direito. O sangue já empapava suas vestes e tingia suas mãos de vermelho. Ária tossiu. O sangue da dragonesa atingiu o tronco de Terra, mesclando-se ao sangue do dragão. Ele abaixou-se e soltou delicadamente Ária sobre o solo.

Ária?” – perguntou Terra, preocupado.

- Rony... – gemeu Hermione quando ele se abaixou à sua frente, os olhos encontrando os dele.

- Ah, Mione. – Rony estendeu as mãos para tocá-la, ela gemeu ao toque e ele recuou – Desculpa.

- Tudo bem. – Hermione fez uma careta de dor – Ajude-me a me curar.

Ela retirou uma das mãos do ferimento e segurou a mão de Rony, colocando-a sobre o ferimento. Ambos se concentraram e murmuraram o feitiço de cura. Um brilho verde amarelado circulou as mãos dos dois e inundou o ferimento dela, curando-o lentamente.

Ária concentre-se, está bem? Vou te ajudar.”Terra se inclinou sobre o corpo da dragonesa.

“Não!” – urrou ela, abrindo as asas e afastando o companheiro.

- Ária! – exclamou Hermione, escandalizada – Assim você vai morrer!

“Eu sei o que estou fazendo...” – gemeu a dragonesa – “Vá para o seu dragão, Corpo.”

- Tome cuidado. – pediu Rony, as mãos acariciando o rosto ligeiramente pálido de Hermione para, em seguida, beijá-la rapidamente.

- Você também. – ela sorriu enquanto ele pulava sobre o dorso de Terra.

Ária ergueu-se tremula e brandiu as asas feridas, alçando um vôo lento e instável.

O Dragão Ancião das Trevas se contorceu aos berros, as chamas vermelhas queimando-o. Acqua aproximou-se de Fuoco.

“O que vamos fazer agora?!” – perguntou Gina, uma mescla de desespero em sua voz.

“Não faço ideia.” – suspirou Harry.

Oscurità mergulhou, descendo na direção do Lago Negro.

“Não deixe.” – ordenou Fuoco.

Acqua e Gina concentraram-se por alguns instantes. Logo depois, a superfície do Lago Negro estava completamente congelada.

O Dragão Ancião das Trevas abriu a boca e um jorro de chamas negras voou em direção à superfície congelada. Antes, entretanto, que as chamas chegassem perto do gelo, uma rajada de vento dissipou-as.

“Obrigado, Ária.” – agradeceu Acqua.

“É o que eu consigo faz...” – uma tosse interrompeu a dragonesa do ar e o sangue salpicou na superfície do lago.

Um impacto estrondoso atraiu a atenção de todos. Oscurità estava sobre a superfície de gelo, caído.

“Ele achou mesmo que conseguiria quebrar o todo o lago congelado.” – riu Acqua.

Terra riu do comentário da companheira e rastejou rápido sobre a superfície congelada. O corpo do Dragão Ancião das Trevas ainda queimava e os gritos de Tom eram ensurdecedores. Terra chegou mais perto e brandiu o rabo pesado na direção da cabeça do inimigo.

Os três dragões no céu sorriram, certos que era um golpe forte o suficiente para matá-lo. O grito que se ouviu, logo depois, deixou todos em choque.

O rabo de Terra estava preso entre as presas de Oscurità. Nenhum resquício de chamas permanecia sobre as escamas espinhosas e negras do dragão. Tom sorria triunfante, ereto.

- Achou mesmo que nós seriamos facilmente feridos? – gargalhou ele.

O Dragão Ancião das Trevas apertou ainda mais a mordida, arrancando de Terra um urro de dor. Em seguida, Oscurità arremessou o dragão da terra para os céus, na direção de Fuoco e Acqua, rápido demais para que eles desviassem.

Terra era muitíssimo pesado e, somente o impacto de seu corpo no corpo dos companheiros, foi o bastante para feri-los. Os três dragões, embolados uns nos outros, caíram entre as árvores da Floresta Proibida, produzindo estrondos consecutivos.

Ária tossiu mais uma vez e suas asas não suportaram mais. Ela deu um último impulso e voou na direção da floresta, caindo sem controle por entre as árvores.

- A vitória é nossa! – gritou Tom.

O Dragão Ancião das Trevas rugiu triunfante, um jorro de chamas negras sendo lançadas no céu.


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