Perdoe-me escrita por Jhulliaty


Capítulo 25
Natal


Notas iniciais do capítulo

Dos vivos

Algo diferente de poema, mas ainda possui rimas.



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Quando me perguntaram qual era meu sonho, e eu o respondi, ele foi negado.

" É impossível"

Eles disseram.

"Então, me leve para longe. "

E como uma criança embalada, eu fui.

De lá, criaram tudo, tudo lindo, belo, maravilhoso, eu estava no céu, talvez.

Mas havia aquele sentimento que me incomodava.

Lá no fundo, o peito que doía, o pulmão que machucava, as mãos arranhadas.

" Hey, olhe, são borboletas"

E eu me hipnotizei.

Todas as cores, formas, eram perfeitas, brilhantes.

Brilhantes

Luzes de natal espalhadas em um dia de nevasca, em meio a casas enfeitadas.

Minha pobre alma pensou:

Quero essa vida.

Vida de felicidade, de carinho, de amor, um jantar apetitoso, uma cama aconchegante, uma noite para iluminar, o pulmão parar de doer.

Era fogo, fogo que fazia coisas belas.

Fogo que fazia flores vermelhas de vidro e fumaça brilhante, que aconchegava as casas, que brindava as crianças com luz.

Fogo que fazia meu coração queimar, em dor.

A pobre alma que me levou, não sabia mais o que fazer.

Afinal, como animar uma alma decaída, perdida?

Aquilo era imperfeito, não havia o que podia ser feito, já estava perdido, ninguém só queria admitir.

Perdido a tanto tempo atrás, que não dava para contar na mão.

E doía como fogo, carregando a alma para a vida, vida não querida, sem desejo ou felicidade.

Vida renegada.

Vida que Deus abandonara, deixara, ignorara, que nem o ser queria.

Vida minha.

Criava de tudo, flores em meu jardim, borboletas em mim, rosas e carmim.

Nada animava a alma acabada.

Alma que se deixava entrar no abismo, desesperada.

Entrou em desespero, alma condenada.

Pobre coitada.

Deixe ela ai para ser atordoada.

Uma hora volta a ser amaldiçoada.

Alma matada.

O ser que a levou ali, a segurava.

A beira do penhasco era demais para todos, menos para a alma, que alegremente se dirigia para o vazio, silêncio e nada.

Nada, além de mim.

Eu, que fora deixada ali, jogada, no canto, reservada, para quando estivessem entediados.

Partir a alma queria.

Bem, bem longe.

Morta por todos.

Bem longe, vazio, escuro, a calma da morte, encolhida em algum canto.

O ser que ali me levara, notara o que havia feito.

Nada, nem mesmo a morte, acalmaria o ser que entrou em desespero.

Pobre alma.

O Caronte embala

Aqueles que acham a morte

E seu ultimo desejo realiza

Forma de acalmar a alma.

Pobre alma com desejo infeliz, podia ter sido evitada, podia ter sido salvada.

Pobre alma abandonada.


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Notas finais do capítulo

Para o barqueiro
Feliz natal.



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