Love Is On The Radio escrita por isa, Jones


Capítulo 1
Starts with "L" and it's got four letters


Notas iniciais do capítulo

Bom, pra quem não sabe sobre dia 31, eis uma informação aleatória: A primeira fic que escrevemos juntas foi para o Halloween de 2011. Era Rose e Scorpius. E isso gerou uma parceria que - com algumas pausas no caminho - dura até hoje. Por essa razão, decidimos continuar a 'tradição' e escrever uma one pequenininha no dia de hoje.
A gente escreveu tomando cervejas e escutando isso em looping, então talvez vocês gostem de ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=jtRuvM89vbk ♥
É uma fic bem leve e boba e nós esperamos que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/656541/chapter/1

O dia era 31. O mês era Outubro e o loft que dividiam a menos de cinco semanas estava infestado de decorações e motivações muggles das quais Scorpius pouco entendia. Bolas de luzes coloridas estavam estrategicamente ligadas perto da parede de tijolinhos expostos, sofás e pufes, tornando o cômodo mais aconchegante. Morcegos coloridos recém conjurados flutuavam em torno da escada que dava para o segundo andar e todo o ambiente cheirava a lavanda e a felicidade.

Não pela primeira vez, Malfoy pensou em como aquela era a decisão mais inteligente que havia tomado. Da bancada americana, Rose parecia concentrada em colocar aboboras enfileiradas, adiando ao máximo o momento de cortá-las e limpá-las. James decidira chegar horas antes da festa – talvez dar uma cópia da chave para o melhor amigo não fosse assim uma coisa tão boa a segunda vista – e agora estava sentado sobre o umbral de uma das janelas, dedilhando Nat King Cole no ukulele.

Apesar de ter resmungado quando Potter chegara, a verdade é que, se Scorpius tivesse a chance, não mudaria uma coisa sequer naquela cena. Aliás, ele a eternizaria para sempre. A maneira com a qual ela estava até os cotovelos atolados em abóboras assobiando a música que apenas ela e James pareciam conhecer era de certa forma apaixonante.

– Quando você pretende parar de ser esquisito e vir me ajudar? – Rose o encarou com uma careta que o fez sorrir. – O que foi?

– Parece ser divertido. – Ele encolheu os ombros e começou a revirar os armários da cozinha.

– O que? – Perguntou, enquanto fazia desenhos com a ponta da faca nas abóboras enormes.

– Essa escavação toda de abóboras. – Scorpius parecera ter encontrado o que procurava, já que falava com a cabeça enfurnada em uma das portas. – Me explica mais uma vez o que isso tem a ver com o Halloween.

– Algo a ver com a crença de que os espíritos andavam a solta na noite anterior ao dia de todos os santos. – Rose adorava quando tinha a oportunidade de dividir suas histórias de livros didáticos. – Então todos se fantasiavam para se esconderem dos espíritos e usavam abóboras como disfarces para que os espíritos não os possuíssem.

Scorpius adorava vê-la sorrir: toda vez que via seu rosto iluminado por um sorriso sem um motivo especial, pensava em como seu estomago vivia embrulhado e seus dias eram menos coloridos, inclusive cinzentos antes de conhece-la.

– Merlin me ajude a entender por que você está usando luvas. – Rose soava divertida, enquanto tentava parar de gargalhar das luvas até os cotovelos que ele usava.

– Suas mãos delicadas não podem tocar as abóboras. – James a acompanhou nas risadas. – Eu tenho tantas coisas para falar sobre isso que não consigo formar uma frase coerente então vou resumir: Cutículas! Frescura. Mãos de fada. O que foi Malfoy? Tem medo das suas mãos ficarem alaranjadas? HA-HA. Merlin, isso é tão Malfoy.

Scorpius girou os olhos e agarrou uma poção de sementes com as mãos devidamente protegidas.

– Vocês podem rir a vontade, não vou tocar nesse negócio. Não importa a quantidade de espíritos disposta a me possuir. – Avisou, depositando o conteúdo no lixo. – E James está aqui, até onde posso observar, mas não se voluntariou em nenhum momento na tarefa. Por que será?

– Porque sou convidado. – O rapaz se apressou em responder.

– Desde quando? – Rose inquiriu, franzindo o cenho.

– Desde quando é conveniente, obviamente. – Scorpius resmungou, ainda limpando o recheio de abobora.

James piscou em afirmação, sem nenhum outro sinal de que se moveria do local onde estava. Mas Rose apontou a faca de serra em direção ao primo e ele resmungou algo, mexendo-se com preguiça.

– Pegue o saco de ao lado da estante e enfeite o andar de cima.

– Você só quer uma desculpa para que eu saia do seu campo de visão. Assim você e Scorpius ficam livres para serem melosos um com o outro.

– Precisamente. – Ela respondeu, despachando-o.

– Quando começa a parte em que somos melosos um com o outro? – Scorpius perguntou, interessado. Rose riu, encostando a boca na dele brevemente.

– Quando deixamos de ser, na verdade?

– Você tem um ponto. A propósito, feliz aniversário.

– É a décima vez que você diz isso! – Mas ela parecia radiante mesmo assim.

– Não há nada que eu possa fazer para evitar. É o meu dia preferido. Gosto que você esteja feliz nele.

Ela o acertou com o punho sujo de sementes de abóbora, consciente de que ele nunca apreciaria o gesto, porém o olhava com tanto amor que ele se sentia desconsertado de certa maneira. Scorpius vivera uma vida de privilégios que não se igualavam ou chegavam perto da sensação de amar Rose, sabia que se amavam na mesma medida e proporção, mas ainda achava que a beleza dela era demais para ser real.

Ela era demais para ser real.

– Você não está fazendo direito! – Rose usou aquele tom autoritário, depois de soprar a mecha de cabelo que caía em frente aos seus olhos. – Você precisa desenhar o que vai fazer antes.

– Quem te fez a expert das abóboras? – Ergueu uma sobrancelha, após franzir o nariz. – Estou no caminho certp.

– Ah, claro. – Rose girou os olhos e riu. – No caminho certo de esculpir uma abóbora caolha.

Scorpius analisou sua abóbora por alguns segundos e riu.

– O objetivo do Halloween é assustar os infantes que aparecerão sem serem convidados nos obrigando a enche-los de doces e cáries. – Ele se justificou, fazendo-a sorrir. – Te disse, estou no caminho certo.

– Se você diz. – Rose fez aquela cara de quem não estava convencida ainda.

Achava o dia 31 de outubro especial desde que aprendera os números, não porque nascera naquele dia, mas porque lembrava-se de sua mãe com as mãos nas abóboras enquanto ela e seu pai se sentavam no tapete e faziam os desenhos mirabolantes e desafiadores nas frutas. Gostava de se fantasiar e sair de mãos dadas a Ronald ao fim da tarde por uma vizinhança trouxa qualquer perguntando por doces e travessuras para voltar para casa e ser presenteada com o bolo mais delicioso de todos.

Era uma data mágica e ela sabia que continuaria sendo ao ver Scorpius sorrindo para ela.

A verdade é que embora estivesse confiante a respeito da mudança, do relacionamento e de todas as coisas importantes em sua vida, vinha sentindo frequentemente um friozinho na barriga que não era necessariamente ruim, mas era inédito, bem como tudo que vinha acontecendo.

Felizmente Scorpius parecia um ponto fixo e constante na sua linha do tempo. Aqueles olhinhos cinzentos, cabelos claros e 1,88m emanavam segurança. Não havia espaço para muitas dúvidas ou medos. Sua vida virara um filme de comedia romântica bobo e alegre desde que o beijara pela primeira vez.

Gostava dessa sensação de felicidade, de se sentir a heroína da própria história e ser presenteada com beijos e amor ao fim do dia. Sentia-se satisfeita quando se via ao lado do homem que amava e quando notava a pessoa que tinha se tornado ao longo desses anos de relacionamento.

Agora que via as abóboras caolhas e as suas tradicionais (e mais bonitas) acesas por velas, as luzinhas que piscavam incessantemente penduradas de forma perfeita – uma vez que James era preguiçoso demais para usar os braços e não a varinha; os potes enfeitados carregados de doces até o topo e toda sua infância reinventada em seu loft, não conseguia evitar a expressão maravilhada que não se dissipou nem mesmo quando os convidados começaram a chegar no que pensavam ser fantasias adequadas.

A primeira a tocar a campainha e presentear Rose com álcool foi Abigail, que felizmente entendia o suficiente sobre Halloween trouxa para ir fantasiada de algo tão óbvio quanto múmia. Era engraçado ver seus grandes olhos castanhos adornados por lápis de olho preto e seus cabelos enrolados mais rebeldes que de costume no meio de todo aquele papel higiênico branco e fita adesiva.

– Feliz aniversário! – Disse em seu tom sempre animado e genuinamente feliz. – Juro que tenho coisas mais decentes a dizer no cartão.

– Certamente, já que queremos evitar constrangimentos em público. – Rose sorriu, abraçando Abbie.

– Com quantos dias de antecedência meu namorado chegou à festa? – Abbie perguntou, procurando James com os olhos. – Me diz que ele não fez isso.

– Isso o que? – Rose também procurava James pelo loft.

– Se vestir de múmia. – Girou os olhos. – Já falei que não faço isso de combinar fantasias, essa coisa de casal...

– Vocês são um casal. – Rose disse para o vento, já que Abbie saiu marchando até James.

A aniversariante voltou os olhos para a entrada quando Scorpius abria a porta para Alvo e Izzie, vestidos, respectivamente, de Doctor Who (décima primeira regeneração, como ele fez questão de salientar) e Tardis.

– Então você é uma máquina do tempo? – Ela ouviu Scorpius, um tanto confuso, perguntar para a amiga. – Parece... Conceitual.

Izzie riu, abraçando- o com seu vestido azul que imitava uma cabine de policia britânica antiga.

– Nerds! – Rose gritou, chamando-os. – Obrigada por virem.

– Eu não perderia seu doce de abobora por nada nesse mundo. – Izzie confessou, abraçando-a.

Depois disso, não tardou para o lugar ficar cheio de parentes e amigos. Até Draco fora coagido por Astoria a aparecer e Rose sentiu o coração exultar de alegria quando o pai e o sogro se cumprimentaram com caras naturais, ao invés daquelas afetadas de educação com as quais se falavam durante os anos anteriores.

Scorpius ás vezes a observava de longe, já que ela movia-se radiante pela festa como se iluminasse o local com sua alegria contagiante. Pensou que viveria por dias em que pudesse colocar um sorriso em seu rosto, porque assistir suas maçãs do roso ruborizadas de excitação por simplesmente se sentir feliz era a única garantia que tinha de que ele seria igualmente afortunado.

– Me concede o prazer dessa dança? – Scorpius estendeu a mão de maneira pomposa, fazendo-a rir.

Oui, Monsieur. – Ela sorriu, enlaçando os dedos macios aos dele. – O que acha de seu primeiro Halloween trouxa?

– Surpreendentemente divertido. – Apertou o corpo no dela, com o pretexto de escutá-la melhor. – Até Draco parece estar se divertindo, veja.

Apontou para o pai, que tinha nas mãos o que parecia ser a sétima taça de vinho enquanto Astoria parecia entretida em uma conversa com Hermione.

– Hoje ele está com cara de mais amigos que o habitual. – Soava divertido enquanto a girava numa música um pouco agitada demais para isso.

– É a magia do dia 31 de outubro. – Rose falou, encolhendo os ombros enquanto ria nos incessantes rodopios de Scorpius.

Era provável que fosse.

Mas Malfoy tinha uma teoria de que muito mais do que o significado do dia, era o amor – por mais clichê, por mais bobo, por mais batido que fosse – que sustentava o real significado de magia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!