O Livro Preciso escrita por L G Bida


Capítulo 2
A biblioteca




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Na metade do caminho, ele percebeu algo que o causou estranheza, na frente do bar, onde antes só havia uma calçada cinza, agora existia um banco de praça, era branco, parecia muito antigo, e a pintura estava intacta como se tivesse sido pintado naquele dia, era muito bonito, os encostos de mão , assim como os pés eram feitos de bronze, e reluziam ao sol deixando o banco ainda mais bonito, sem nenhuma pichação ou lixo em volta, não combinava nada com o local, tudo o que Mike conseguia enxergar em volta estava pichado ou havia sido quebrado por vândalos, como as lâmpadas dos postes e os muros e paredes das casas. Até ai tudo bem, o velho podia ter mandando por aquele dia, mas o que chamou atenção mesmo, foi o mato que crescia em torno dos pés, como podia ter crescido tão rápido? Mato não nascia assim de um dia pro outro. E o fato dele nunca ter visto ali, se lembraria com certeza, ele passa por aquele lugar todo dia. Muito estranho.

Mike sentou descansar um instante, e encostou-se, mesmo sendo de madeira o banco era muito confortável. Então ele sentiu uma gota d'agua cair em seu nariz, olhou para o céu, estava escuro, parece que se aprontava uma tempestade.

Mike saiu correndo, mas a chuva aumentou muito rápido não daria tempo de chegar em casa sem se molhar. Umas três casas depois do bar do seu Rufino, na esquina ficava a biblioteca municipal. Um pouco ofegante com a roupa molhada, abriu a porta e entrou tão rápido que se bateu com um homem que saia lá de dentro, um sujeito enorme, tinha, pelo menos, dois metros de altura, enquanto Mike caiu sentado, o homem sequer deu um passo pra trás. Mike olhou pra cima era o mesmo homem que estava falando no celular la no semáforo. O homem falou já passando por ele:

—Cuidado moleque—e continuou andando, sem olhar direito pra ele.

Mike fez um gesto de sim com a cabeça , se levantou, e ficou olhando o homem estanho sair. Levantou devagar, não tinha mais ninguém próximo a porta, a bibliotecária não estava em sua mesa como era de costume, observou três cartazes colados na parede, cada um com uma foto de uma criança, escrito desaparecido em cima, uma menina de pele clara de cabelos pretos, um menino asiático, e outro loiro. A biblioteca era grande e muito alta com estantes enormes de livros pra todos os lados, e algumas mesas no fim de um dos corredores.

—O que está fazendo aqui moleque? — falou uma voz de mulher bem aguda. Mike olhou pra atrás era a bibliotecária, uma mulher alta e magra de uns trinta anos, usava uns óculos da cor roxa, parecida o formato de uma borboleta torta—quem deixou você entrar? a biblioteca está fechada!

—A porta estava aberta.— Falou baixo engolindo seco

—Não minta pra mim, eu mesmo a tranquei um minuto atrás.—Ela mostrando com o braço e apontando com o dedo fino na direção da porta.

—Eu entrei quando o homem alto saiu.

—Que homem? Não vi homem alto nenhum, chega de histórias caia fora daqui — falou de forma grosseira e bateu a porta com força. Deixando Mike do lado de fora, na chuva. Sem outra opção foi pra casa se molhando mesmo. Mulher doida, que custava deixá-lo ali esperando a chuva passar.

Quando enxergou o portão da sua casa no final da rua, foi como se tivessem dado um soco no estômago dele—Os doces!—falou alto, arregalando os olhos.

 

—Onde você tava Michael Benefoi? E cade os doces?—Mike sentado no sofá

— Já falei mais de mil vezes pra você não chegar tarde em casa!—O nome de sua mãe era Rosa, tinha trinta anos, era bonita, cabelos cacheados, mesma cor que Mike, ele era muito parecido com ela fisicamente.

—Mas mãe, precisei se esconder na biblioteca esperar a chuva passar — falou ele quase chorando de culpa por ter deixado os doces na biblioteca, devia ser, não tinha chegado em outro lugar.

—Ta todo molhado, além de tudo perdeu os doces que fizemos com tanto trabalho pra vender no semáforo e agora não tem nada, Caio chorando o tempo todo, Dodo latindo sem parar e você que não chegava nunca, fiquei muito preocupada—Dodo era o cachorro deles, um pequeno e peludo schnauzer. Rosa sentou do lado dele. Ela fazia os doces todas as noites e Mike, embrulhava e saia vender no outro dia.

—Desculpa—falou baixo, tentando tirar a água da roupa, sem muito sucesso.

—Vá pro seu quarto — Agora falava com calma, e de cabeça abaixada—está de castigo até as férias acabar, só vai sair pra vender os doces, e só porque precisamos do dinheiro, mas é só, sem bola, sem sair pra brincar na rua e nem biblioteca. Não gosto de fazer isso mas você tem que aprender.

Mike, viu uma tristeza de verdade no rosto dela, parecia preocupada , que exagero, ele atrasou alguns minutos só.

—Não vo faze isso mais—falou Mike, olhando para o chão.

—Posso parecer severa ou meio exagerada, mas é muito perigoso la fora, de dia já é imagine de noite,—Mike fez um sinal de sim com a cabeça—Moramos numa cidade violenta meu filho pessoas morrem la fora todos os dias, graças a Deus nunca fomos pegos por uma bala perdida.

—Eu sei mãe! —falou com som abafado no ombro de Rosa.

No último dia de férias ele arrumou um castigo, como conseguiu? Agora tinha que ir da escola, ao do sinal, do sinal pra casa, e só, não podia jogar bola com Murano e Tomi, e nem ir à biblioteca, que segundo sua mãe, era perda de tempo.


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