- Darkness falls across the land

-Thalia!

- The midnight hour is close at hand!

-Thalia Grace!

-Creatures crawl in search of blood.

-Caramba,eu vou mandar você ir embora!

- To terrorize y'all's neighborhood.

- É isso,cai fora do meu quarto!

Era fim de tarde na minha casa. Não qualquer fim de tarde....era Halloween.

O famoso dia das bruxas.

No lugar onde mós moravamos,era muito comum que as pessoas saíssem pelas ruas pedindo doces. E até mesmo festas eram feitas com esse tema. E era exatamente por isso,que Thalia estava na minha casa esta tarde.

Um dos vizinhos do conde nos convidou para uma festa na casa dele,e bem.... Thalia não era boa em criar fantasias sozinha.

-Qual é Annie! Todo mundo ama Thriller. Até o Elvis amaria Thriller! E olha que o Michael Jackson costumava pegar a irmã ou era a filha dele... –disse Thalia.

-Você está me desconcentrando! – reclamei.

Aquele menina era folgada. Já que ela mesma insistiu para que fossemos nessa maldita festa,ela deveria pelo menos ficar quietinha e me deixar trabalhar.

A verdade é que ela acha que o garoto que vai dar a festa é afim de mim.

A Thalia viaja muito.

Luke é um amigo,vocês sabem. Ele é...confortável. Ele me deixa confortável,mas é isso. Não é como se as minhas mãos criassem vida própria e não parassem de tremer perto dele. Não é como se eu fosse ter uma parada cardíaca a cada momento.

Não é mesmo.

Mas o que Thalia não pede com aquela imensidão azul,que eu não faço reclamando,mas faço?

-Eu acho que ele vai estar de...Jason sabe? O dono da festa sempre está de Jason. –ela disse,agora mexendo no celular.

-Não sei não...Jason é comum. Os donos de festa geralmente...sabe...tentam inovar. – murmurei concentrada na minha costura.

-E desde quando você é a ninja das festas? – Thalia brincou – Cê só conhece a palavra Halloween porque lê isso nos livros!

- Você anda bem comediante esses dias. –resmunguei. – Talvez eu deva...sei lá,cortar bem aqui no centro dessa sua fantasia e deixar você vesti-la assim.

-Eu te amo.

-Chantagista. – resmunguei.

Thalia era, é e sempre será minha melhor amiga. Eu me lembro muito bem que na quinta série,eu estava perdidinha com esse negócio de troca de professores e esbarrei na menina de preto.

Eu lembro que derrubei suco na sua camiseta.

E eu lembro que ela puxou meu cabelo.

E aí eu lembro que a gente foi pra diretoria porque eu também puxei o dela. E depois disso,eu só me lembro de brigar com ela por não querer ir em festas.

Foi um inicio de amizade complicada,mas que eu sei,eu sei que não viveria sem.

Nós éramos em quatro pessoas antes. Existiam Nico e Percy entre nós.

Mas eu me lembro de brigar com Percy e Thalia com Nico e depois disso...éramos só nós de novo.

Quer dizer,talvez fosse mais fácil se eles não morassem na mesma vizinhança que nós.

Percy era....meu melhor amigo,eu acho. Ele tinha os cabelos pretos e os olhos verdes.

Mas não era qualquer cabelo preto e olhos verdes. Eram os dele. Era único.

Percy conseguia me desarmar só com uma franzida de testa. Desconcentrava só com uma passadinha de mão no cabelo..... droga,ele era mesmo mesmo muito bonito.

E então ele ficou com a pessoa que eu mais odiava no colégio. E tudo desmoronou.

Resumidamente,ele ficou com ela,ela me odiva,ela fez a cabeça dele,ele passou a me odiar,ele me trocou por ela,ele perdeu a minha amizade e dois meses depois,ela terminou com ele.

Ele deveria ter a filosofia de amigos antes de garotas.

- ...e aí ele até tentou falar comigo. – Thalia resmungava.

Outra coisa complicada,era a história de Nico e Thalia.

Eles eram namoradinhos naquela época.

Percy fez a cabeça do Nico ou Nico fez a cabeça dele mesmo,ou algo assim....e eles terminaram.

Era tudo culpa daquele Cabeça de Algas maldito e ....mesmo assim eu não conseguia ter raiva dele.Eu não conseguia culpa-lo...

Percy foi abandonado pela mãe quando mais novo. Ele morava com o pai desmiolado que era uma graça então..ele não tinha um base. Eu queria que ele tivesse uma base.

Não dizendo que os pais não sabem criar os filhos mas....vocês deveriam ver Poseidon pendurado do telhado junto com Percy soltando balões de festa pra todo lado.

A vida dos dois era uma grande diversão.

- Poxa.

-Você nem estava me ouvindo!- ela reclamou. – Você é um poço de distração.

-Você é um poço de folga. E toma aqui essa fantasia,e vai logo tomar banho – reclamei.

Thalia era como uma irmã pra mim. Eu nunca tive uma,mas.... se eu tivesse o direito de escolher,eu gostaria que fosse ela.

Thalia sabia coisas de mim que nem eu mesma sabia.

Então,se ela insistia para que fossemos a uma festa idiota...nós iriamos.

Eu só espero não me arrepender depois.

Dei três tapas na porta do meu banheiro e avisei à ela que ia comprar mais sorvetes pois ela já havia acabado com tudo,e que quando voltasse o banheiro seria apenas meu.

Mamãe estava no trabalho ainda,então saí deixando a porta fechada e imediatamente fui atingida por uma bola de basquete...

Ai,que dor.

...e risinhos.

-Seu idiota! – gritei.

-Você que não olha pras coisas que vão na sua direção,isso lá é culpa minha?!

-Você tem uma rua inteirinha pra jogar essa droga!

-Deixa de ser dramática – ele revirou aqueles olhos verdes pra mim.

Eu queria arrancar cada um deles e enfiar num lugar onde o sol não bate. Ah,como eu queria.

-Você...ughr! –levantei-me,dando um tapa na mão dele,que estava ali pra me ajudar a levantar.

- Você...urghr! –ele me imitou – Vem aqui,deixa eu ver se ficou roxo. –ele puxou minha mão bruscamente.

Ele era sempre assim...a delicadeza em pessoa!

-Sai daqui idiota –me irritei.

-Deixa eu ver se ficou roxo – ele disse novamente,agora mais próximo do meu rosto.

Percy...ele era inebriante. Eu devo confessar aqui que ele me deixa nervosa. Ao contrário de Luke.

Ele...faz parecer que eu sou uma garotinha de 6 anos. Eu evito olhar nos olhos dele,eu evito olhar pro rosto dele. Eu deveria evitar Percy Jackson. Deveria mesmo.

Ele colocou a mão esquerda na minha bochecha e a outra ele esticou meu rosto do lado direito.

-Ai.

-Shiu.

Ele olhava concentrado para a minha testa. O que seria mais patético do que ser atingida por uma bola de basquete em pleno Halloween?

Só falta uma abóbora cair na minha cabeça.

Os olhos dele passaram por todo o meu rosto,me deixando desconfortável. Ele passou as mãos no meu cabelo e deu um sorrisinho de lado.

-Tá cheirosa.

-Cala a boca.

Percy continuou olhando pra minha cabeça.

-Se você tiver me machucado eu vou socar a sua cara.

-Que fofa.

Por fim,ele passou as mãos pelos meus braços e sorriu.

-Cê tá bem. Pode ir.

-Você...o que? Virou médico agora? –reclamei,olhando pra casa dele. Tinha uma cesta na frente da garagem e o carro do pai dele estava lá. A casa era grande e praticamente espelhada. A janela de cima estava fechada,porém a do quarto dele estava aberta e de lá vinha um som de rock altíssimo.

Ele acompanhou meu olhar e bufou.

-Nico está num dilema de novo.

-A Thalia também –suspirei.

-Dois idiotas. –ele passou a mão no cabelo e suspirou – Você vai aonde?

-Não é da sua conta. –comecei a andar.

-Que fofa –ele sorriu – Você é muito fofa quando tenta.

Ok internet,pause aqui.

Preciso expressar um sentimento aqui : eu sei que a grande maioria das pessoas que acompanham os meus relatos são meninas. Meninas sentem raiva também.

Então vejam se você concordam comigo : já sentiu vontade de verdadeiramente socar a cara daquele garoto irritante? Sabe,você para por um momento e imagina a satisfação que seria em ver a cara daquela pessoinha irritante cheia de roxinhos e hematomas das cores do arco-íris?

Certo,talvez apenas eu seja louca assim,mas Percy Jackson é meu garoto irritante.

-Morra.

-Awunt –ele sorriu – Fofa.

-Para.

-Para.

-Percy!

-Percy!

--Filho da-

-Ei,sem palavras feias – ele tocou meu nariz com o indicador. – Vou parar de pertubar você,só me responde uma coisinha...

-...

-...

-Fala logo! – resmunguei.

Percy sorriu e se aproximou de novo.Ele olhou pro outro lado da rua,e sorriu ainda mais.

-Você vai pra festa do Luke? – sussurrou.

Por que você tá sussurrando,idiota?

-Por que você tá sussurrando? – sussurrei também.

É instintivo...vocês sabem.

Alguém sussurra,você sussurra.

-Só me responde,feiosa. – ele revirou os olhos.

-Depende.

-Do que? –ele virou a cabeça pro lado,fazendo o cabelo cair na testa franzida.

Ele tinha um jeito tão irritante e meigo.

-Se você for,eu não vou –brinquei. Olhei para o relógio no meu pulso.

Droga,faltava menos de duas horas pra festa. Ia ser difícil convencer Thalia de que eu não iria,mas convencer ao Luke...

O fato é que se Percy fosse,ele tornaria tudo aquilo um inferno pra mim. Percy Jackson é demais pra mim.

Demais tipo...precipício.

Eu espero mesmo que vocês entendam o que eu quero dizer.

Quando saí do maravilho mundo de Annabeth – também conhecido como : meus pensamento – reparei que Percy sorria,porém parecia incomodado com algo.

- Até parece que você não conhece o Luke.

-O que quer dizer com isso? – perguntei,realmente confusa.

-Annabeth – ele sussurrou – O Luke deve ter convidado a escola inteira,a rua inteira,o país inteiro...mas não convidou a mim.

-E você se importa?

-Claro que não – ele riu.

-Então...por que você quer saber se eu vou?

-Você vai?

-Depende.

-Do que? –ele revirou os olhos – Odeio esses seus joguinhos.

-Por que você quer saber se eu vou,Percy?

Ele suspirou,olhou para o lado e passou as mãos no cabelo.

As duas mãos. No cabelo.

Uma mão? Sexy.

As duas? Mais ainda.

-Você ficaria em casa se eu pedisse? – ele sussurrou.

Caramba. Bem...é.

Continuei olhando para o rosto daquele garoto idiota. Aquela sobrancelha arqueada que gritava : SARCÁSTICO.

Aquele sorriso de lado como se ele me desafiasse a dizer que não. Aquele nariz,aquele cabelo. Aquele Percy Jackson que eu tinha vontade morder quando éramos os melhores amigos.

Melhores amigos estilo Bob Esponja e Patrick.

Agora ele era só um Lula Molusco que estava ali pra me atormentar.

Ou talvez,eu fosse o Lula Molusco.

Volta. Volta pra narrativa.

-Você é hilário – brinquei,bagunçando seus cabelos.

Na verdade,eu só queria tocar no cabelo dele.

-É sério –ele segurou meu pulso e ficou extremamente sério. O que é bem anormal para Percy Jackson. – Fica em casa,ok?

-Você não manda em mim,Percy – soltei meu pulso – Eu não ligo,tipo,nada pra sua opinião sobre o Luke. Eu sei que ele é uma boa pessoa.

Ele virou o rosto e riu.

Não,não riu. Ele gargalhou de verdade.

E essa deve ser a história da minha vida.

Ficar parada no meio da rua com o meu ex-melhor amigo,vizinho idiota rindo da minha cara.

-Que bom que eu divirto você. – resmunguei e voltei para o meu caminho de casa.

Minha vontade de tomar sorvete passada em 100%.

- Ei não! – ele agarrou de novo no meu pulso – Não é você Annie. É... caramba- ele passou a mão pelo cabelo. – O Luke não é um cara legal,ok? Todo mundo sabe disso. Eu não sei em que mundo você vive,mas o cara é um babaca que está bem,bem caidinho por você. Cê acha que ele não vai usar uma festa a fantasia como pretexto pra ficar no seu pé?Eu ouvi umas coisas no corredor da escola,dele dizendo que-

-Cuidado Percy,eu posso começar a achar que você está com ciúme. – sorri sarcástica. – Eu sei me cuidar.

-Annabeth... –ele suspirou – A questão não é essa.

-E qual é a porcaria da questão? – gritei.

O que? Eu sei o que vocês devem estar pensando aqui.

Mas eu não saí de casa pra levar uma bolada do meu ex-melhor amigo que me trocou por uma garota que terminou com ele dois meses depois e ouvir dele com quem ou não eu devo me misturar.

Não mesmo.

-Você continua explosiva – ele disse sério. – Eu já disse que isso vai te fazer mal qualquer hora dessa. Experimenta quebrar uns pratos de vez em quando.

-E você continua o mestre em mudar de assunto. – resmunguei – Você não deveria vir até mim pra dizer com quem ou não eu devo me juntar,Percy.

-Eu conheço o Luke,ok? Eu não quero que você se machuque.

-Você conhecia a sua namoradinha bem também,até ela terminar com você.

-Ouch –ele brincou –Rancorosa.

Soltei meu pulso do aperto da mão dele,e continuei andando de volta para casa.

-Você vai desejar ter me ouvido. –ele disse bem ao meu lado.

-Me deixa em paz.

-Annie –ele parou,fazendo-me parar com ele – Eu quero ,pro seu próprio bem,que você fique em casa.

-Você é bem cara de pau –resmunguei – Me deixa em paz.

-Annabeth! – gritou,apesar de eu estar bem na frente dele. Percy tinha o rosto meio vermelho e as mãos em punho. A expressão raivosa e as sobrancelhas arqueadas – Você acha que eu não me importo com você?

-Sim!

Opa.

Ele olhou para os lados,ainda desacreditado.

-Faça como quiser então. – e começou a anda em direção a sua casa.

-x-

- E ele só...te deixou em paz depois? –perguntou Thalia.

Eu havia contado para ela sobre o comportamento de Percy quando eu saí de casa. Porque,deuses,eu preciso que vocês vejam da mesma forma que eu,apenas por um segundo.

Por que eu confiaria em alguém que simplesmente me trocou por dois meses? Eu não consigo ver isso de outra forma,a não ser....a de que Percy quer estragar tudo de novo.

-É.

-Você sabe como o Percy é....quando ele cisma com alguma coisa...é porque...bem-

-Não. Você não começa também. Você insistiu que eu fosse nessa porcaria. E eu vou.

-E se alguma coisa acontecer com você? – ela perguntou –Ele-

-Esquece que eu comentei isso com você,ok? – arrumei minha fantasia e sorri. –Vamos ou não?

-x-

A casa de Luke não era longe. Descendo duas ruas da minha , se encontrava a mansão dele.

Hoje,em especial,ela parecia muito assustadora.

Estava decorada com luzes vermelhas que vinham do chão e refletiam nas janelas. O jardim estava abarrotado de abóboras representando Jack o’lantern,e rua estava cheia de carros. Ao redor das moitas,fantasmas e demônios pendurados e lápides as enfeitavam.

Tinham pessoas sentadas no bancos do jardim,porém tanto podiam ser pessoas quanto enfeites. Não sei,dessa distância não enxergo.

Braços e pernas decepadas. Cabeças,dedos,sangue...

-Queria ter ficado em casa. –sussurrei para Thalia.

-E nós nem vimos o lado de dentro ainda. –ela sorriu.

Do lado de dentro as coisas estavam medonhas mas nem tanto. Na verdade,estava medonha porque...bem,quem disse que dois corpos não ocupam o mesmo espaço,deveria ter vindo a festa de Luke. Eram muitas pessoas no mesmo lugar.As luzes eram de todas as cores,as músicas eram sobre matar,enterrar e cortar pessoas em pedacinhos. Tinha um barzinho servindo bebidas e porções com nomes estranhos.

Não vi Luke em lugar algum.... não que aquilo que Percy tinha dito tenha ficado na minha cabeça.

“Você vai desejar ter me ouvido”

-Sai da minha cabeça.

-Oi? – Thalia olhou pra mim.

-Hun?

-O que?

-O que?

-Hein?

-Você é doidinha hein Annabeth.- Thalia riu e foi em direção ao barzinho.

E lá estava eu. Por mim mesma.

Eu deveria saber. Thalia já estava fazendo amizade com uma múmia lá no barzinho.

Múmia não no sentido literal.... se bem que hoje,até o literal vai.

Comecei a andar pela casa,cumprimentando algumas pessoaos da escola e garotos das ruas aqui vizinhas e me questionando o que diabos eu estava fazendo ali.

Eu estava ali pra me divertir e curtir o halloween como toda e qualquer garota normal aos seus 18 anos,certo?

Errado.

Erradíssimo.

Eu estava ali só pra contrariar o meu ex-melhor amigo que me trocou por dois meses e me acertou com uma bola de basquete hoje à tarde.

“Você acha que eu não me importo com você?”

-Claro que não.

- Você disse alguma coisa? – um garoto sussurrou atrás de mim.

-Meus deuses!- assustei-me –Menino não faz isso não.

-Você é a Annabeth...certo? – ele perguntou. Ele tinha os cabelos cacheados e castanhos,e os olhos estavam escondidos por uma bandana preta.

Como diabos ele estava andando pela casa sem esbarrar em ninguém?

-É...sou eu. –sorri.

Ele não pode te ver.... para de sorrir.

-Bom...talvez você queira ficar até as 22h.

E se foi.

Durante grande parte da festa,as pessoas dançavam e faziam rodinhas de conversa. Eu grudei no braço de Thalia depois do encontro com o garoto misterioso e eu não tenho do que reclamar.

Eu bebi duas doses enormes de coca cola e ganhei uma competição de arroto. Foi bem legal.

As pessoas começaram a tirar umas as outras para dançar. Um garoto de olhos negros,vestido de Zorro veio ao encontro de Thalia e eu fiquei na minha de novo.

Bem,eu reconhecia aqueles olhos negros em qualquer lugar. Eu só esperava que a noite de Thalia terminasse bem...e iria se a pessoa que eu acho que é esta com ela.

Continuei comendo minhas batatinhas,balançando a cabeça no ritmo da música,observando as pessoas.

Luke estava lá. Excepcionalmente bonito.

“Luke não é uma boa pessoa”.

-Para,você tá estragando a minha noite – sussurrei.

“Você vai desejar ter me ouvido”

-Cala a boca –pedi baixinho.

It's close to midnight
something evil's lurkin' in the dark

- Ah não! –resmunguei – Essa música não!

Under the moonlight
You see a sight that almost stops your heart

- A música incomoda você? Porque eu posso trocá-la...sabe? – Luke estava ao meu lado,sorrindo.

-Ah não...não! –que lindo Annabeth! Foi pega falando mal da festa por próprio dono. – Na verdade...a Thalia adora essa música.

-E você?

-Michael Jackson é demais pra mim –sorri.

Michael,Percy...parece que os Jackson’s são demais pra você,Annabeth.

-Fico feliz que você tenha vindo,Annie – ele sorriu.

Luke tinha um sorriso lindo. Os olhos lindos. O cabelo loiro parece nuvem de tão macio,e a expressão era bondosa a não ser pela cicatriz no rosto,que cortava desde a sua bochecha ao fim da sua testa.

Mas Luke,na concepção de alguém,não é uma boa pessoa.

-Eu fiquei surpresa com o convite,na verdade... –sorri – A Thalia queria muito vir.

- E você?

-Você faz muitas perguntas,Luke- brinquei.

Luke sorriu gentilmente e naquele momento,eu tive certeza de que Percy era um pirado.

Aquele menino não ia me fazer mal.

Cause this is thriller
Thriller night

-Vem,você vai gostar! – Luke me puxava pela mão para o segundo andar da casa dele.

Bem,depois de dançarmos milhares de músicas e comermos muitas batatinhas,ele começou a me puxar para o andar de cima da casa.

Era perto das 22h.Mas quem estava olhando com uma paranoica para o relógio ?

Isso mesmo.

Eu mesma.

-Luke...

-Olha –ele sorriu – Eu disse pra você que podia confiar em mim,certo?

-Certo.

Isso não faz diferença,Luke.

-Você confia?

Não.

-Sim.

Eu gostaria de agradecer à academia pelo prêmio de melhor mentirosa ...

-Então vamos!

Luke continuou me puxando para o andar de cima. Milhares de pessoas também estavam por lá. Ele me puxou por um corredor cheio de portas e pessoas se agarrando.A música no andar de baixo não parecia mais tão alta quanto a batida do meu coração que estava lá só pra lembrar das palavras de Percy.

Talvez ele tivesse razão...

Ou talvez ele queria realmente estragar a sua noite e Luke vai apenas lhe mostrar alguns cds.

And no one's gonna save you
From the beast about to strike

-Aqui! – Luke parou em frente a uma porta onde tinha uma plaquinha com o meu nome. –Esse aqui demorou pra ficar pronto...mas eu sei que você vai gostar gostar,Annabeth!

-Luke?

-Gostosuras ou Travessuras,Annie? –ele sorriu de lado,e arqueou uma sobrancelha. –Esquece,você não tem opção.

Agora ele parecia um maníaco.

- Relaxa –ele passou o indicador na minha bochecha,depositando uma mão nas minhas costas e a outra na maçaneta da porta.

Abriu a porta e me empurrou para dentro do quarto escuro.

Quando eu caí no chão eu tive a sensação de que era apenas uma brincadeira. E realmente deveria ser,mas alguma coisa deu terrivelmente errada. Quando eu recuperei o equilíbrio e tateei a parede ao meu lado atrás do interruptor de luz,eu me arrependi imediatamente.

Eu não deveria ter procurado interruptor nenhum.Não deveria.

No chão ao meu redor haviam aranhas de todos os tipos. De todos os tamanhos e cores.

Primeiro,eu entrei em pânico paralítico. Eu não consegui me mexer por apenas dois segundos. Foi o tempo necessário para que as aranhas percebessem que eu estava ali e que elas estavam com fome de Annabeth.

Foi o tempo necessário para que eu começasse a esmurrar a porta trancada e a gritar por Luke,por minha mãe,por Thalia,por uma entidade que me tirasse dali.

-Luke! – gritei,já chutando a porta. –Luke!

As aranhas começaram a se mover junto comigo. E eu evitei olhar para as paredes.

Porque se tem coisas que me deixam enojada além da cara da ex-namorada do meu ex-melhor amigo , são teias de aranhas.

Aranhas em geral.

Thriller night

-Luke! –gritei sentindo meus olhos marejarem – Luke!

Então eu ouvi. Eu ouvi gritos e barulhos de coisas quebrando. Eu ouvi Luke xingar e ouvi alguém cuspir. Ouvi a música parar e ouvi o coral das aranhas : Vamos comê-la.Vamos comê-la!

-Alguém – gritei –Me ajuda.

Cause this is Thriller night

Nada. Apenas barulho de coisas e mais coisas quebrando.

A mãe do Luke vai querer matar ele quando voltar.

-Luke!

Então a porta abriu e eu cai pra frente,já batendo a porta atrás de mim. Eu conseguia ouvir minha respiração ofegante e ao meu redor milhares de cacos de vidro. Eu ouvi alguém gritar por socorro na porta ao lado,mas um garoto passou correndo e pulando por cima de mim,e indo até lá.

And no one's gonna save you

From the beast about to strike

You know it's thriller

Então eu me dei conta de que estava caída em algo macio.

-Confortável? – eu ouvi.

Maldição. Mil vezes maldição. Maldição tripla.

-Eu disse que você iria ter desejado me ouvir.

-x-

Percy me ajudou a caminhar na volta pra casa. No desespero de sair correndo do quarto amaldiçoado,eu cai em cima do meu próprio Percy,porém deu tempo de torcer o tornozelo.

Dez pontos para Annabeth.

-Você sabia –sussurrei – Você sabia.

-Eu disse – ele apertou minha cintura com força – Fica quieta.

-Você sabe que eu morro de medo de aranhas.

- Medo – ele zombou – Pelos deuses,você quase quebrou a porta.Fica quieta.

-Percy - sussurrei – Ele me trancou lá. Com as aranhas.

-Eu sei – ele me apertou ainda mais no corpo dele – Eu vou voltar pra resolver isso.

Ele continuou me carregando para casa.

Talvez essa seja a história da minha vida. Ser carregada pelo maior babaca do mundo , por ter sido enganada pelo maior idiota do mundo.

- A Thalia...?

-A Thalia estava segura desde o inicio da festa – ele riu – O Nico estava lá.

Zorro

Sortuda.

Na correria eu não pude perceber que Percy estava vestido todo de preto. Os cabelos estavam uma zona, e os olhos sacanas olhavam para todos os lados atento. Ele usava all star preto e a mão estava quentinha,segurando a minha ao redor do pescoço dele.

-Então-

-Fica quieta. – ele disse.

-Você é muito mandão.

-E você é muito teimosa –ele resmungou – Eu disse que era pra ficar em casa. Tem ideia do que eu pensei que ele faria com você? As aranhas não eram nada comparado ao que eu pensei.

-Do jeito que você falou parecia que eu era uma criança!

-Fica quieta!

-Você não grita comigo!

-Annabeth Chase – ele sussurrou parando – Eu vou fazer você ir andando sozinha.

-Eu não pedi a sua ajuda ! – resmunguei,porém agarrando-me ainda mais nele.

Subir mais uma rua sozinha,com o tornozelo ruim? Acho que não.

Continuamos a andar,dessa vez sem falar nada. Eu não queria ser deixada no meio da rua,sozinha para ir para casa. Não aquela hora. Não depois de quase ser devorada por aranhas.

-O que você achou que ele faria...- ele me levantou passando por uma parte desigual da rua,para que meu pé não encostasse lá - ...comigo?

Percy continuou andando comigo em seu braço e me empurrando contra si. Em silêncio.

-Percy... quem estava com você?

Ele continuou em silêncio.

-Ok,chega – me soltei dele e cruzei os braços,tentando me equilibrar,sem fazer careta de dor ou algo do tipo.

Mas que doía....rapaz ,como doía.

-Annabeth,eu não tenho tempo pra isso agora.

- Tudo bem...você pode ir resolver suas coisas,eu vou pra casa – sorri e acenei –Passar bem.

Continuei a andar,bem devagar por conta do meu pé machucado.

-Annie-

-Passar bem.

Eu estava indo bem. Minha cabeça erguida e minha dignidade lá no alto,até quase tropeçar em uma pedrinha no meu caminho.

Eu certamente cairia de cabeça e o meu estrago seria maior se não fosse por Percy ali,segurando-me.

-Obrigada – sussurrei – Por....- olhei em seus olhos divertidos agora – Babaca.

Deixei que ele me carregasse até minha casa,porém ao chegarmos,atravessamos a rua e acabamos entrando na casa dele.

-Percy-

-Vamos cuidar do seu pé.

-Percy...são onze horas da noite. – resmunguei – Eu quero dormir.

Ele sorriu pra mim e balançou a cabeça negativamente.

-Você é adolescente mais estranha que eu já vi.

Ele me deixou na entrada da cozinha e foi até o corredor do lado esquerdo da casa atrás de alguma coisa. Eu me lembro de vir até aqui assistir filmes e séries com ele,antes de tudo acontecer. Lembro dos laches horríveis que o pai dele fazia,a gente fingia que comia e dps fazíamos pipoca.

Quando voltou,Percy estava com uma maletinha na mão.

-Você tá mesmo bancando o médico.

-Você é minha primeira paciente. –ele sorriu. – Vem.

Peguei sua mão,porém ele agarrou minha cintura com as duas mãos e me colocou sentada em cima do balcão da cozinha.

-Assim é melhor...cê sabe –ele coçou a nuca e puxou meu pé,me fazendo gritar.

-Devagar –pedi,com a voz chorosa.

-Chorona.

Percy começou a analisar meu pé e eu comecei a analisar melhor o Percy. Até porque eu sei como meu pé é. Percy tinha um traço estranho pro mundo todo. O nariz não era de Poseidon. O nariz fazia parte da mãe dele que nunca mais apareceu. E mesmo assim,ele continuava lindo.

-Eu reuni meus colegas – ele começou – depois que eu ouvi na escola que o Luke ia fazer um quão pra cada pessoa da escola,com alguma coisa que aterrorizasse cada um de vocês –ele limpou meu tornozelo que na hora além de torcer,cortou – E eu ouvi que ele ia fazer alguma coisa especial com você.

-E você achou que...?

-Eu não confio nele. Resolvi não arriscar – ele sussurrou,olhando fixamente para o meu pé. – Mas você se arriscou.

-Desculpa... deveria ter confiado em você – sussurrei.

Ele balançou a cabeça e limpou a garganta.

-Por que deveria? Eu não mereço sua confiança mesmo.

Percy levantou a cabeça e colcou as mãos ao lado do meu corpo,ali na bancada. Ele parecia especialmente bonito hoje. Bonito tipo....Capitão América.

Bme,levando em conta que ele me salvou hoje,a comparação é corretíssima.

-Qualquer um que entre na casa do Luke,quebre tudo e me tire de um quarto cheio de aranhas....merece a minha confiança –sussurrei,pegando a sua mão esquerda. – Obrigada.

-Então...- ele entrelaçou nossas mãos e sorriu – Você não quer mais me socar?

Nós rimos juntos e coloquei a outra mãos no seu cabelo.

-Eu senti sua falta,Percy – sussurrei só pra ele. Não havia necessidade de gritar.

Não quando ele estava bem ali.

-Eu também,Annie – ele se aproximou mais – Mais do que você imagina.

Ele encostou sua testa na minha sorrindo e passou uma das mãos para a minha nuca,fazendo com que o precípicio não fosse mais tão grande assim.

Não mais tão grande,não quando ele estava ali.

Bem ali comigo.

E desmentindo vários versos de Thriller.