How HE Felt escrita por Any Louze


Capítulo 1
O Primeiro Beijo


Notas iniciais do capítulo

Cena do primeiro beijo entre Kile e Eadlyn
Só lembrando que os caps são independentes
Prontos para saber como ele se sentiu??



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— Vá ao meu quarto às oito horas

Estas foram suas palavras, ou melhor, sua ordem. Fiquei curioso afinal o que Eadlyn queria falar comigo? Passei o resto da noite curioso e esperando que o relógio finalmente anunciasse o horário estipulado pela princesa.

Quando às oito horas estavam se aproximam fiz o meu caminho pelos conhecidos corredores do palácio até o quarto de Eadlyn e bato na porta me perguntando o que eu estava fazendo ali, o porquê eu havia obedecido às exigências da mimada princesa de Illéa.

Ela abre a porta parecendo nervosa e eu não perco a oportunidade de tornar a situação cômica

— Alteza - eu falo me curvando de um jeito engraçado - Vim encantar seu coração

—Hilário, entra logo.

Ela fala ainda nervosa e agora meio irritada. Entro em seu quarto e começo a analisar as estantes. Fazia muito tempo que eu não entrava aqui, se eu me lembro bem havia pôneis nas estantes que agora possuíam livros e tiaras

— Dá última vez que eu estive aqui você tinha uma coleção de pôneis de madeira - disse dando voz aos meus pensamentos

— Já passei dessa fase faz muito tempo

— Mas não da fase de autoritária mandona?

— Não, assim como você não passou da fase de nerd intolerável.

Ela retruca claramente ficando cada vez mais irritada, mas eu já a conhecia e sabia de seu limite então provoquei mais um pouco, achava engraçado quando ela ficava brava.

— É desse jeito que você se sai bem em todos os seus encontros?

— Mais ou menos - ela diz sorrindo - Sente-se. Tenho uma proposta pra você

Eu ia me sentar, mas eu notei uma garrafa de vinho e logo fiz uma taça e obviamente fui um cavalheiro, como minha mãe me ensinou, oferecendo uma para Eadlyn.

— Quer uma?

— Por favor - ela fala e logo suspira - Vamos precisar

Ok, se nós íamos precisar o assunto era sério e o assunto sendo sério eu instantaneamente fiquei nervoso, tenso.

— Agora fiquei nervoso. O que quer?

Ela brinca com a taça pensando me deixando cada vez mais nervoso

— Você me conhece, Kile. Você me conhece a minha vida inteira

Assinto e logo acrescento

— Verdade. De fato, ontem mesmo tive uma lembrança de você correndo pelo palácio sem nada além de fraldas.

Eu disse rindo e vejo que ela se esforça tentando esconder o próprio riso, mas ela logo assume uma postura séria e continua.

— De qualquer forma, você entende de certa maneira a minha personalidade, quem eu sou com as câmeras desligadas.

Bebo um pouco de vinho e tento entender aonde ela quer chegar com isso, como vejo que ela aguarda uma resposta simplesmente falo.

— Acho que também entendo você com as câmeras ligadas, mas continue.

Ela ficou parada por um tempo, sem esboçar qualquer reação, ficou apenas pensando, eu acho. Eu aguardei pacientemente, mais por curiosidade do que por cavalheirismo.

— A Seleção não foi minha ideia, porém ainda tenho que me empenhar para que tudo dê certo. A meu ver já estou me esforçando. Mas o povo espera que eu seja uma garotinha alegre e sorridente quando estou com vocês e acho que eu não consigo agir assim. Não consigo agir como uma idiota

Penso em provoca-la mais um pouco, apenas para aliviar a tensão da revelação que ela acabou de fazer, ainda sem saber o que ela queria.

— Na verdade...

— Pare!

Sorrio e tomo mais um gole do vinho, nunca imaginei que o rei e a madame América iriam pedir algo assim para a "querida princesinha" deles, então imaginei que a situação do país estivesse mais grave do que eu imaginava

—Você é tão insuportável. Por que eu estou me dando o trabalho?

— Me perdoe, por favor, continue você não quer agir como uma idiota.

Coloco a taça sobre a mesa e me inclino um pouco demonstrando interesse no que ela estava prestes a falar, mesmo que eu não estivesse muito interessado, estava apenas curioso, muito curioso.

— O povo de Illéa quer paixão, mas eu não estou pronta para me portar assim em público, não até eu me sentir envolvida com alguém. Mas de qualquer jeito eu preciso oferecer alguma coisa

Ela abaixa a cabeça envergonhada e minha curiosidade apenas aumenta, tanto que não me contenho e pergunto.

— Como o que, por exemplo?

— Um beijo

Paro alguns segundo para processar e repito o que ela disse em tom de pergunta

— Um beijo?

— Apenas um beijinho. Você é o único para quem eu posso pedir isso, pois você saberia que não é pra valer e nada ficaria complicado. Estou disposta a te oferecer algo em troca

Arqueio as sobrancelhas tanto pela proposta de beija-la como pela proposta de me oferecer algo em troca.

— O quê?

— O que você quiser. Desde que seja razoável

Não preciso pensar muito, sei o que eu mais quero: sair do palácio. A única pessoa que estava impedindo minha partida era minha querida e preocupada mãe.

— Você poderia conversar com a minha mãe? Ajudar-me a sair daqui?

— E ir pra onde?

Eu respondo, mesmo que não fosse de sua conta.

— Para qualquer lugar - suspiro - Minha mãe... Não sei o que aconteceu para ela ser assim tão leal a seus pais, mas ela botou na cabeça que aqui sempre será nossa casa. Você não faz ideia do trabalho que eu tive para fazer aquele curso intensivo. Eu quero viajar, eu quero ver e construir coisas, fazer mais do que apenas ler. Às vezes sinto que mais um dia dentro desses muros vai me matar, me sinto preso.

Eu desabafo sem pensar e me surpreendo com sua resposta murmurada

— Eu compreendo

Fico surpreso ao ver um pouco de humanidade e bondade em Eadlyn especialmente comigo estando no ambiente, mas esse momento dura pouco e ela logo endireita sua postura, como havia sido ensinada por toda sua vida, e continua.

— Assim que a oportunidade surgir irei falar com Madame Marlee sobre você deixar o palácio, não se preocupe, vou convencê-la

Penso um pouco em sua proposta. Um beijo em troca de minha possível liberdade parecia-me uma proposta razoável. Pego minha taça de vinho para terminá-la e já sei qual vai ser minha resposta para a princesa

— Um beijo?

— Um só

— Quando?

— Hoje à noite. O fotógrafo estará no final do corredor às nove horas escondido, obviamente, pois eu gostaria de fingir que ele não está ali.

— Combinado então. Um beijo

— Obrigada

Ela fala e realmente parece agradecida. Ficamos então os dois em silêncio observando o relógio e depois de alguns minutos a impaciente princesa não aguentou mais ficar esperando.

— O que você quer dizer com construir coisas?

Ela pergunta apenas para fazer o tempo passar, mas eu não me importo. Adoro falar sobre minha paixão para qualquer um, inclusive para ela então eu instantaneamente me animo.

— É o que eu estudo Design e Arquitetura. Gosto de pensar em estruturas e imaginar como construí-las

— Isso... Isso é na verdade muito interessante Kile

Ela fala realmente interessada, ou fingindo muito bem, e eu fico ainda mais animado.

— Você quer ver?

Eu falo sem pensar, mas estava tão empolgado em compartilhar o trabalho com alguém que não fosse minha mãe ou meu pai que ignorei o fato de ser Eadlyn a menina com a qual eu sempre me dava mal.

— Ver o que? – achei engraçada sua ingenuidade no assunto e prontamente respondi

— Meus desenhos. Guardo no meu antigo quarto, não nesse de Selecionado. É logo no fim do corredor

Eu falo como se ela já não soubesse onde fica meu quarto, ignoro minha imbecilidade, pois eu estava eufórico em compartilhar meus trabalhos com alguém e ao mesmo tempo um pouco receoso.

— Claro

Ela diz e eu não sei o por quê, mas sua resposta me deixou muito alegre. Nós seguimos para o meu antigo quarto no corredor quase vazio com exceção de alguns guardas que nos olharam com curiosidade afinal de contas nossa animosidade era conhecida por todos no palácio.

— Quando chegamos ao meu refúgio abri a porta e acendi a luz e fiquei contente ao ver que estava tudo exatamente como eu havia deixado. Olho de relance para Eadlyn e vejo que ela está perplexa com minha pequena bagunça e não perco a oportunidade de tentar irritá-la mais um pouco

— Eu sei o que você está pensando "como ele mantém tudo tão impecável?”.

— Você leu meus pensamentos

Ela fala respondendo a provocação e faz uma cara de nojo que ela logo tenta esconder. Não entendi o por quê dela sentir-se enojada o quarto estava apenas bagunçado, ele não estava cheirando mal, eu acho.

— Há mais ou menos um ano pedi aos mordomos que parassem de arrumar, eu mesmo limpo. Entretanto A Seleção me pegou um pouco de surpresa então deixei do jeito que estava

— Por que você não deixa alguém limpar?

— Já sou crescido posso cuidar de mim mesmo

Vejo o semblante dela vacilar um pouco e acho que mesmo sem querer ela ficou irritado com o que eu disse, mas o que eu poderia fazer se era verdade?

Meio envergonhado pela bagunça um pouco maior que a habitual eu começo a chutar algumas coisas para debaixo da cama e empilhar outras ao meu alcance.

— De qualquer forma aqui é meu local de trabalho

Eu falo olhando orgulhoso para minha parede cheia de fotografias de construções dos mais variados tipos. Minha mesa estava atolada de plantas que eu desenhava, principalmente em momentos de estresse, tinha até algumas plantas em meu quarto de Selecionado. No meio das plantas algumas modestas maquetes das quais eu me orgulhava muito de madeira e chapas finas de metal. Eu havia trabalhado duro nelas e, segundo a minha mãe, elas estavam perfeitas

— Você fez tudo isso?

Ela pergunta um pouco maravilhada tocando uma de minhas maquetes

— Fiz, mas são apenas conceitos, eu gostaria de construir prédios de verdade. Eu estudo muito, mas isso é o máximo que eu consigo aprender sem praticar.

— Kile - ela faz uma pausa olhando para minhas maquetes e minhas plantas - Isso é maravilhoso

Fico muito feliz ao ouvir isso de alguém além da minha mãe, mas mesmo assim continuo achando que não é tudo isso. Eu me orgulho do meu trabalho, mas eu poderia fazer tantas coisas fora daqui.

— São bobagens minhas

— Não venha com essa. Não faça com que pareça menos do que é. Eu nunca conseguiria fazer algo parecido

A honestidade de Eadlyn me deixou surpreso, mas também fiquei muito grato era bom ter meu trabalho reconhecido.

— Com certeza conseguiria

Eu falo, pois quando a princesa quer uma coisa ela consegue. Passo em sua frente e pego uma de minhas réguas em formato de T e coloco sobre um desenho que eu tinha começado a trabalhar mostrando para ela como era simples

— Viu só? É apenas uma questão de observar as linhas e fazer contas

— Argh... Matemática. Já tenho uma grande quantidade disso no trabalho

Dou risada e rebato seu argumento

— Mas é uma matemática divertida

— Matemática divertida é um paradoxo

Rimos de sua constatação e fomos para o sofá e começamos a folhear os livros de meus arquitetos preferidos. Adorava fazer isso às vezes ficava horas em meu quarto fazendo isso, mas hoje a presença de Eadlyn, por incrível que pareça, fez tudo ficar mais... Agradável?

Não sabia que depois de tanto tempo trocando alfinetadas eu viria a descobrir que gostava da companhia dela, que a Eadlyn não era apenas uma princesa mimada. Ela era isso, mas também era algo a mais, algo que eu não sei explicar.

Depois de algum tempo folhando os meus livros olho o relógio e vejo que estamos atrasados para o nosso "compromisso".

— Já são nove e dez

— Temos que ir então

Ela diz, mas nenhum de nós faz qualquer movimento, não sei dizer por que, mas ter ficado no meu quarto bagunçado junto com Eadlyn foi um dos melhores momentos que eu tive desde o início da Seleção, talvez desde que eu voltei ao castelo de meu curso.

— É...

Eu falo fechando cuidadosamente meu livro e o devolvendo para seu respectivo lugar em minha estante. Ao me virar vi que ela estava perto da porta e parecia nervosa, não faço piada de seu nervosismo, pois eu estava tão nervoso quanto ela. Não sabia o que fazer, nem como agir, em minha mente veio uma das milhares de lições de minha mãe e automaticamente estendi minha mão para a princesa

— Aqui. É o fim do encontro, certo?

Ela, por mais incrível que pareça segura minha mão e eu sinto sua pele suave e bem cuidado em contraste com a minha não tão bem cuidada e com alguns calos pelas intermináveis horas desenhando.

— Obrigada por me mostrar seu trabalho e estar fazendo isso. Prometo que vou cumprir com a minha parte

— Tudo bem

Eu falo meio atônito pela gentileza com que ela me tratou e tento não pensar em o como isso me deixou confuso. Abro a porta do meu quarto e a guio pelos familiares corredores em direção a seu quarto.

— Quando foi à última vez que nos demos as mãos?

— Provavelmente quando crianças, brincando de alguma coisa.

— Provavelmente

Ela fala pensativa como se buscasse em sua memória um momento em que estivéssemos de mãos dadas. Permanecemos em silêncio o resto do curto caminho até o quarto, cada passo que dava eu estava mais nervoso, não que eu não tivesse beijado nenhuma garota antes, já havia beijado algumas, mas por ser Eadlyn, por saber que iria ter uma câmera, por saber das possíveis consequências disso.

Chegamos a sua porta e ficamos de frente, ambos engolimos em seco, ambos estávamos nervosos.

— Nervoso?

— Nem um pouco.

Eu falo tentando disfarçar, provavelmente não havia dado certo já que meu corpo inteiro estava tenso.

— Então... Boa noite

Eu falo e logo abaixo o rosto para ficar na altura do dela e a beijo por um momento, apenas tocamos nossos lábios. Não acreditava que Eadlyn havia feito tanto drama por um simples selinho então abro e fecho meus lábios para aprofundar o beijo e ela permite. Beijamos-nos em uma sincronia perfeita, com a qual eu me preocuparia mais tarde, minha única preocupação agora eram os lábios de Eadlyn.

Ela se inclinou um pouco em minha direção ainda me abraçando e, sem pensar, eu levo minha mão livre até sua bochecha fazendo uma carícia na região. Aprofundo um pouco mais o beijo antes de nos separarmos, mas eu não queria me separar, eu não sei o por quê, mas eu queria mais, então permanecemos com os narizes colados

— Acha que isso basta?

Eu pergunto esperando que ela diga não

— Eu... Não sei

— Só para garantir

Eu falo pressionando minha boca na dela. Ela envolveu seus dedos finos em meu cabelo e eu fico surpreso ao perceber que eu havia gostado do gesto e que eu não queria que aquilo acabasse. Termino o beijo e olho novamente em seus olhos sentindo que algo estava diferente. Eu estava sentindo um calor estranho se espalhar por todo o meu corpo. Não sabia, e também não queria saber, o que era. Pelo menos não agora

— Obrigada - ela cochicha

— Quando quiser - digo e logo fico envergonhado - Quer dizer... - eu tento consertar e acabo rindo da situação em que nos encontramos - Você entendeu o que eu quis dizer

— Boa noite Kile

— Boa noite Eadlyn

Dou-lhe um beijo na bochecha e sigo para as escadas a fim de ir para o meu quarto temporário e, durante todo o caminho, eu não conseguia tirar da cabeça a sensação de tê-la em meus braços, de ter sua boca colada na minha. Céus o que estava acontecendo comigo?

Cheguei a meu quarto e dispensei os mordomos, eu precisava pensar, e eu também não queria que ninguém visse o sorriso bobo em minha face cada vez que eu lembrava o beijo. Seus dedos em meu cabelo, sua boca fina fazendo pressão contra a minha. Chega! Eu preciso parar de pensar nisso Eadlyn é a mesma princesa mimada de sempre, nada mudou. Mas se nada mudou por que eu estou sentindo com se algo estivesse diferente a partir do momento em que nossos lábios se tocaram?


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Notas finais do capítulo

E ai o q acharam??Alguém tem alguma sugestão para o próximo capítulo??Espero vcs nos comentários



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