You escrita por PepitaPocket


Capítulo 16
O Preço de Uma Desavença




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Desde que Orihime recebeu uma mensagem, de Ichigo convidando-a para o aniversário de uma amiga, Orihime ficou com o coração quase que saindo pela boca, por causa de algo banal.

Desacostumada, com uma vida social, ela não tinha nenhuma noção de como se portar em algo assim, e o pior é que sua única referencial era Tatsuki que estava em uma situação mais ou menos parecida com a sua.

Naquele mesmo dia, as duas saíram para uma loja comprar uma roupa adequada, e principalmente Orihime deixou a atendente tonta, porque o tanto de aflição que a garota tinha, indicava que aquele era um aniversário de gala, e não uma reunião de amigos no apartamento da própria Matsumoto.

Por causa disto, ela comprara um vestido preto de gola alta, e frente única e que se ajustava-se bem ao corpo muito bem torneado da garota, que relutará em comprar uma sandália de salto alto, mas não totalmente confiante ela também comprara uma sapatilha, que certamente a deixaria mais confortável.

Já Tatsuki que quase nunca usava vestido, relutou muito mas escolheu um modelo azul marinho de seda que era um pouco mais soltinho, mas que se adequava bem ao corpo delgado da personal trainer.

— Tem certeza que não tem problema em eu ir nessa festa de penetra? – Tatsuki estava com esperança de Orihime desistir de leva-la na cara de pau, mas a ruivinha estava resoluta. Precisava de Tatsuki, para se sentir segura em uma situação como aquela, e a morena realmente torceu para que aquela dependência toda passasse, porque ela não queria ser arrastada para a noite de núpcias de sua amiga, por exemplo.

Ela não sabe porque pensou algo assim, mas percebendo a insegurança de Orihime era bem capaz disto acontecer.

— Já avisei Ichigo, e ele disse que isso vai até deixar Matsumoto feliz, porque ela gosta de estar cercada de gente.

Orihime não tinha ideia de quem era Matsumoto, mas Ichigo pareceu bem confiante em sua resposta.

— Você vai ir né? – Orihime pediu cheia de expectativa.

E, Tatsuki se viu em um mato sem cachorro, porque aquele dia era seu encontro com Renji e ela teria de adiar pela terceira vez, sendo que DESSA VEZ, a desculpa pelo menos era verdadeira.

 — Claro. – A morena disse, sabendo que era um problema ela não conseguir dizer não para a ruivinha.

Os dias foram se passando, na mesma rotina cansativa e estafante, Ichigo estava um pouco sobrecarregado, mas sempre dava um jeito de ligar pelo menos na hora do almoço para Orihime que sempre o atendia cheia de entusiasmo.

Mas, naquele dia, em especial ele não pode falar com ela, porque Unohana havia convidada Orihime para almoçar, e bem... Era imprudente, rejeitar um convite assim do chefe, para falar com o crush.

Isso deixou Ichigo com o humor ainda mais azedo.

— Credo que bicho que te mordeu... – Matsumoto estava trabalhando emburrada, enquanto escrevia um pequeno artigo, sobre a importância do vento para Karakura.

Seu maior desejo é que seu canal sobre moda um dia bombasse, por enquanto ela contava com sua própria inscrição apenas, e de alguns amigos que nem assistiam seu conteúdo, mas ela tinha esperança de que as coisas mudariam uma hora ou outra.

Por isso, pensar na vida dos outros, amenizava um pouco a sensação de que a própria vida estava uma caca.

— Não pude falar com a Hime hoje. – Ichigo disse com mais dramaticidade do que achou que seria possível, e isto foi um deleite para Matsumoto que começou a rir que nem uma hiena.

— Você “xonadinho” fica uma graça. – Ela disse provocativa, recebendo um olhar irritadiço de volta.

— E, você trabalhando com essa cara emburrada, fica horrorosa que nem a bruxa nariguda e horrorosa dos desenhos animados. – Ichigo sabia que Matsumoto era uma ótima jornalista, e que tinha potencial para outras funções, mas ela apenas não tinha coragem de exigir coisa melhor de Urahara, mesmo este sendo seu namorado.

Se bem que a lógica de ambos, é que qualquer promoção que Matsumoto pudesse ter, poderia ser favorecimento, e ela trabalhar em outras agências, para Urahara era “deslealdade”, porque no fundo ele sabia a boa profissional que Matsumoto poderia ser, mesmo sendo constantemente podada.

Ou seja, Ichigo ficava com pena por sua amiga ter se colocado em um mato sem cachorro. Mas, ela era a única que podia sair de lá.

— Que maldade. – Ela disse fazendo um biquinho tristonho. – Só eu deveria poder tirar sarro da sua cara, sabia?

Ela disse, levando a mão até seu rosto, e dando um sorriso radiante, afinal Rangiku ainda por cima era o tipo perigoso de pessoa que estava sempre rindo e bem humorada. Mas, ela tinha seus próprios demônios que ela tentava expurgar dessa maneira.

— Nada que é unilateral é divertido, minha cara. – Ichigo disse igualmente provocativo.

E, para sua surpresa Matsumoto não respondeu tudo porque ela recebera a ligação da distribuidora que faria a entrega da bebida... E, festas na casa de Rangiku eram sempre sinônimo de bebida demais, e comida de menos.

Mas, sempre bombava do mesmo jeito. Ichigo disse já imaginando Orihime no meio daqueles loucos pinguços.

...

Para Karin a festa de Rangiku veio em uma boa hora. Ela estava bem estressada, com as provas e exercícios práticos, e logo começaria o estágio e ela era a única de sua turma que ainda não tinha conseguido uma vaga, mesmo namorando o filho do dono de um.

Uryuu estava voltando para a casa, depois de um dia exaustivo, porém produtivo no laboratório de pesquisas. Tudo o que ele queria era tomar um banho, e se sentar na frente da televisão para terminar CSI, comendo um pote de sorvetes, mas Karin estaria o esperando emburrada.

 Como de fato estava.

— Boa tarde. – Ele disse suscinto, ela mal levantou os olhos do computador, onde estava digitando muito compenetrada, e ele sabia que ela fazia isto apenas para ter desculpa para não encará-lo, tanto que quando ele se aproximou da tela só estava escrito consecutivamente “Ishida é um idiota, filho de uma p***”.

O que serviu para que o moreno rolasse os olhos, de aborrecimento. Ele tinha prometido a si mesmo que não iria causar nenhuma briga, naquele dia em particular. Ele queria tentar levar as coisas numa boa, com Karin. Gostava muito dela, e tinha esperança que depois que ela se formasse e começasse ter a própria vida, ela amadurecesse.

— Poderia me xingar sem envolver minha mãe nisso. – Mas, ele não conseguiu ficar quieto, como deveria.

A prova é que os olhos dela, crisparam-se de imediato ao ouvir sua voz.

— Para você não faz diferença, já que você não se importa com ela. – A acusação certeira, extinguira toda a paciência de Ishida, que costumava ser um homem calmo na maioria das vezes, mas Karin o conhecia bem demais, para saber exatamente como tirá-lo do sério. – E nem comigo, né?

Ela tinha de complementar, a acusação anterior, com uma segunda acusação sem fundamento, e ainda encerrar tudo com uma risada de deboche, como se ele fosse merecedor de seu escárnio.

— Karin, eu não tenho nenhuma relação com o hospital de Ryuuken, tanto que ele deserdou eu e Nanao, ele criou uma fundação e deixara todos os seus bens para a mesma. Você acha que nessas condições, eu tenho alguma chance de conseguir o maldito estágio para você?

Karin ficara ofendida com aquelas palavras, porque Uryuu como sempre estava sendo prático demais com as coisas, e o problema não era ele conseguir ou não o estágio, era nem ao menos se interessar por aquela questão, não a ouvir, não ajudá-la encontrar alternativas... Toda vez que ele tocava no assunto, ele diminuía sua preocupação, agindo como se não fosse nada demais. E, talvez até não fosse... Mas, no momento era algo que estava a fazendo sofrer, ainda mais a julgar pela atitude de seu namorado, com quem ultimamente só conseguia se entender na cama.

E, o sexo entre eles tem ficado cada vez mais mixuruca, isso sim.

“Será que foi uma boa ideia, parar com os anticoncepcionais?” – A garota se perguntou, antes de fechar o notebook com certa força, na tentativa de não brigar, mas o gatilho já estava puxado, e a merda já estava feita.

— Eu não vou ficar ouvindo aqui suas infantilidades. Ao contrário, de você eu trabalhei o dia todo, estou cansado, e tenho questões adultas para me preocupar... – As palavras baixas e controladas dele, lhe machucaram mais do que qualquer grito.

Mesmo tendo apenas dois anos de diferença, Ishida estava formando, enquanto Karin que sempre se preocupou com o mundo todo, para depois dela, colhia os frutos de sua abnegação. Quando saiu do ensino médio, ela tentou ajudar o pai o quanto pode, e manteve-se firme ajudando Ichigo que tinha entrado na faculdade, e havia começado a trabalhar. Yuzu estava se preparando para um intercambio, e ela apenas achou que poderia esperar um pouco mais, já que diferente de seus irmãos, ela não tinha nem ideia do que queria.

Então, ela se envolveu com Uryuu, e em seis meses estava morando com ele, porque seu irmão mudou-se para um pequeno apartamento e pretendia se casar com Senna, e ela que sempre colocou todo mundo como prioridade, não foi prioridade para ninguém.

Eles perderam a casa, e Ichigo nem por um momento a convidou para morar com ela. Quem fez o convite foi Uryuu, mas essa dependência financeira com relação a ele nunca a agradou, mas ela rodara no vestibular que fez para educação física, e todo o emprego que ela conseguia Uryuu acabava colocando tanto defeito, que ela desistia da vaga, a espera de algo melhor... Mas, o que haveria de melhor para uma garota apenas com ensino médio?

Quando Unohana lhe ofereceu uma vaga na sua escola, Karin aceitou porque era sua chance. Mas, como tudo que vinha de Unohana, Uryuu torcia ainda mais a cara, e ele pouco a apoiava, embora ela pela primeira vez estivesse vendo sentido em algo, como se finalmente estivesse encontrando o caminho.

"Poxa, custa ter um pouco mais de paciência, Uryuu?" – A última fala viera baixa, e chorosa e ele quase se sentiu culpado pelo modo que a tratou, mas ela vinha o enervando com todas aquelas picuinhas.

Ele era um homem prático, se ela tinha algo o incomodando, que ela lhe desse um esporro de uma vez, ele ia revidar, e depois as coisas se ajeitavam, mas cara feia, apenas para atingi-lo o deixava sempre irritado.

— Já estou sem paciência há muito tempo, Karin. Poxa, digo eu. – Ele falou secamente atirando a chave em um canto do apartamento, e caminhando até o banheiro, tentando ignorá-la, mas sem sucesso.

Furiosa, ela empurrou um vaso com calêndulas para o chão, fazendo com que o rapaz quase tivesse um treco, porque ele sofria de misofonia e não suportava barulhos estridentes, ou repetitivos. E, até isto ela sabia.

— Não é só você que está sem paciência, Uryuu... Você mudou nos últimos tempos, tudo que eu falo é motivo para você colocar defeitos, acho que eu não estou a altura daquela mulherzinha com cara de macho que anda sempre com a Orihime...

As bochechas de Uryuu avermelharam, ao ver Tatsuki ser trazida, meio que do nada, para a discussão.

— Deveria ter mais respeito para falar das pessoas Karin. – O tom paternalista de Uryuu enfureceu ainda mais a estudante.

— Viu como a defende? – Ela perguntou de novo com um sorriso cínico que alterou ainda mais os ânimos.

— Sim, a defendo, porque ela não tem nada a ver com nossos problemas. – Ele disse totalmente sem jeito, odiava discutir a relação com toda força de sua alma, mas as coisas entre eles e Karin já estava no limite faz tempo.

— Eu vejo que você mudou... No inicio eu achei que fosse por causa de Orihime. – Ele arqueou a sobrancelha surpreso com essa ideia de Karin. – Até que eu vi o jeito que vocês se olharam no dia se nos encontramos no apartamento de Orihime, eu vi vocês conversando, e o modo como se olhavam, acha que eu sou idiota? Aquela desculpa estupida da chave, sendo que ela estava com ela o tempo todo no bolso... PORRA! PARA DE ME FAZER DE IDIOTA URYUU.

Ela disse tentando sair correndo do alcance dos olhos azuis frios dele, mas ele a segurou não deixando-a passar.

— Está imaginando coisas Karin. Meus problemas com você são com você. – Ele disse levando as mãos no bolso, fitando-a com seus olhos frios.

— Então seja claro, e me diga que problemas são esses Uryuu? – Ela perguntou de novo com a voz embargada pelo choro. E aquilo machucou o bioquímico, porque ele sabia que sua namorada nunca chorava, ou quase nunca. – Eu sou quase a mesma de dois anos atrás.

— E esse é o problema... – Ele disse sabendo que estava sendo cruel com as palavras, mas não ia deixar de ser sincero. – Você não avança, continua no mesmo lugar, andando em círculos como uma barata tonta.

Ele disse tentando fazer piada, mas sem conseguir, porque a situação não dava espaço para isto.

 Uryuu foi criado em uma família exigente demais. Resultados escolares e profissionais, tinham muita importância para ele que sempre foi avaliado friamente, apenas por seu desempenho, não por seus esforços ou boas intenções. E, estar com alguém um tanto perdida, quanto Karin, era uma experiência estressante para o jovem que talvez usasse isso, apenas como desculpa para afastá-la, por outro lado.

— Eu estou progredindo. Eu vou conseguir esse maldito estágio, eu vou terminar meu estágio, eu vou ter uma profissão se é por causa disto que você fica me olhando com esse desdém todo. – O choro sentido e as palavras dela, o deixaram um tanto envergonhado, porque de alguma forma eles não estavam falando a mesma língua, ao mesmo tempo.

Ele tentou se defender, ele chegou abrir a boca, mas ele sabia que se dissesse alguma coisa a mais, iria machucar mais ainda.

— Dane-se. – Ela disse enxugando as lágrimas, ela não era o tipo que chorava com facilidade. – Não vou ficar aqui, aguentando mais isso. – Ela disse repentinamente fria, afinal ela tinha seu orgulho.

E, até Uryuu foi pego de surpresa por isto.

— Você não tem renda, não tem dinheiro, nem lugar para ir, Karin... – Ele falou todas aquelas coisas, mais por preocupação, mas aquilo soou de novo como uma afronta.

— Posso não ter nada disso, mas eu tenho família. Ichigo está quebrado, mas a Yuzu pode me emprestar algum, trocado. E, eu tenho alguns poucos amigos, e eles não vão me negar um sofá por alguns dias. Eu não sou como você, Uryuu... QUE É TÃO INSUPORTÁVEL QUE VAI ACABAR SOZINHO, SE CONTINUAR ASSIM.

Sem nem mais esperar por uma resposta, ela apenas saiu agarrada ao seu notebook, rumo a qualquer lugar, mas longe dali. E, Uryuu ficara ali parado sem acreditar naquele desfecho, as coisas terminariam assim?  Ele perguntara-se, enquanto se deixara cair no sofá, onde fez algo que não fazia há algum tempo: chorar. E, absolutamente sozinho.

...


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