How much I love U – 2 escrita por Sherry


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, cá estou eu!
Espero que gostem, e qualquer dúvida, só ler os avisos, ou mandar por comentário.

Boa leitura, sz'



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Talvez, para algumas pessoas, seja loucura falar que alguém sofreu uma decepção amorosa com quatorze anos.
Certamente essas pessoas não conhecem a história dessa garota.


Recém chegada de uma escola de ensino fundamental, Yamanka Ino, chegou no colégio de ensino médio, praticamente sozinha. É claro, que seu irmão já estudava lá no segundo ano quando ela passou para o primeiro, mas ele não contava.

Mesmo assim, a garota de quatorze anos conseguiu elevar sua vida social, exatamente como queria; Conseguiu fazer novas amizades, era considerada fashion e bonita. Pelo seu bom desempenho nas aulas de educação física, ela também conseguiu atenção dos garotos, exceto do garoto que ela havia considerado o mais misterioso e bonito, Sabaku.

Ele, por ser um bom jogador de futebol, era popular também, apesar de não falar muito, ou de ser realmente sociável. Curiosa como sempre, Ino começou a “investigar”, sobre a vida de seu primeiro crush; Apesar de ser uma tarefa difícil, a garota era determinada, e conseguiu algumas informações sobre o misterioso garoto ruivo, que não falava com ninguém.

Sabaku era da mesma classe do segundo ano que Deidara, e só por isso, a loira conseguiu descobrir algumas coisas sobre a vida dele. Como por exemplo, ele era novo na cidade, e tinha uma irmã que estava no terceiro ano.

Estavam no meio do ano, e Ino já investigava a vida do garoto há quase dois meses. Uma vez, viu sua irmã Temari, falar com ele na hora da saída, e neste dia, descobriu que o primeiro nome dele, era Gaara. ( N.A: Pra quem não sabe, no Japão, apenas pessoas íntimas se chamam pelo primeiro novo, professores e colegas de classe, normalmente se tratam pelo ultimo nome. )

A situação não era nada demais, só um amorzinho bobo platônico de adolescente; Ela gostava de ter alguém por quem suspirar, mesmo que ele sequer notasse na existência dela.

Julho passou, e com ele as férias de verão. Ino voltou para a escola, contando que passara as férias com sua melhor amiga, Sakura, e “o gatinho do Sasuke”, na casa de praia dos Uchihas; Ino não era tão íntima dos Uchihas como Sakura, mas recebeu o convite de passar as férias com eles, por ser a melhor amiga de Sakura, e por Sakura ser a melhor amiga de Sasuke. Uma coisa, ligava a outra.

Havia acabado uma aula de educação física cansativa. O novo treinador colocou o pessoal pra suar camisa, e os alunos ficaram em sua grande maioria, arrasados, com isso, sua turma recebeu liberação da última aula, e Ino foi embora para casa mais cedo.

No outro dia de manhã, quando voltou do intervalo, Ino percebeu que sua agenda de anotações não estava na bolsa. Achou estranho, tinha certeza que tinha levado a agenda para escola... Mas, pensou que talvez tivesse largado em casa. De qualquer forma, não deu importância no momento, mas procurou sua agenda em casa, e não a achou.

Pensou que tivesse perdido o objeto, e no dia seguinte, após o intervalo, achou sua agenda dentro de sua bolsa, como se nunca tivesse saído dali. Muito estranho.

Na semana seguinte, exatamente no dia em que Gaara havia faltado a escola, Ino recebeu uma pequena surpresa na hora da saída.

— Yamanaka. — uma voz feminina desconhecida a chamou, do outro lado da rua.

Ino se virou procurando pela garota que a chamava. Do outro lado da rua, Sabaku no Temari, a encarava, com uma expressão séria e dura.
Confusa, e extremamente curiosa, Ino largou sua panelinha de amigas, e atravessou a rua para falar com a loira intimidante.

— Oi. — cumprimentou, e sorriu — Precisa de alguma coisa? — perguntou simpática, dando um pequeno sorriso.
— Oi. — a outra cumprimentou, seca, e cruzou os braços — Você pode me acompanhar a pé? Para conversamos? — perguntou, amenizando ligeiramente o tom de voz.

Mesmo sem entender nada, Ino assentiu, estava realmente curiosa pra saber oque sua cunhada platônica queria. A Yamanaka acenou para as amigas do outro lado da rua, dando tchau, e foi descendo a rua com Temari.

— Aonde estamos indo? — Ino perguntou amistosa.

Temari olhou para ela pelo canto do olho. Estava analisando-a.

— Te acompanho até a sua casa. — respondeu, de um jeito esquisito.

Ino ficou tensa. Oh céus, será que estava sendo flertada pela sua cunhada platônica?
Temari percebeu a expressão da outra, e rolou os olhos, explicando-se.

— Menina, eu não to’ dando em cima de você. — Temari assegurou, um pouco descontraída — Eu só sei onde você mora, porque o Gaara também sabe. — contou, seriamente.

Ino quase empacou na calçada. Garra sabia onde ela morava? Hã?

— Oi?! — Ino guinchou, dando uma risada sem graça.
— Olha, não to querendo cortar sua onda, nem nada do tipo. — Temari começou, parecendo estar repetindo um discurso cansativo — Você parece ser uma garota legal, e tudo. Bonita, popular, carismática. Você tem de tudo, pra viver uma vida tranquila... Então, poupe-se do drama. — completou, virando a rua para o lado certo.

Ino achou estranho que Temari soubesse o lado correto de sua casa, mesmo que fosse um cruzamento, mas, achou ainda mais esquisito o discurso dela.

— Não sei se to entendendo. — a Yamanaka respondeu, depois de alguns segundos de silêncio na caminhada.

Temari apertou o passo impaciente, e Ino por ser bem mais baixa que ela, precisou quase correr para acompanha-la.

— Vamos direto ao assunto menina. — Temari falou enquanto caminhava, pisando fundo — Eu sei que você anda stalkeando meu irmão. — acusou, olhando para frente fixamente enquanto andava.

Ino sentiu-se ligeiramente constrangida, com a história de “stalkear” , então, resolveu argumentar.

— Eu não diria stalkeando... — a garota começou pensativa, como se tivesse escolhendo as palavras — Diria... Interessada. — corrigiu, sorrindo satisfeita com sua colocação.
— Você não sabe o que ta fazendo. — a mais velha murmurou, dando um suspiro cansado ao final.

Atravessaram a rua, com Temari na frente, ainda tomando o caminho correto para a casa da Yamanaka.

— Olha... Eu não sei porque você ta tão irritada comigo, só porque ‘fiquei afim’ do seu irmão. — Ino começou, contendo a irritação — Mas, seja lá qual for o motivo, você não precisa esquentar a cabeça. Ele nem sabe que eu existo. — completou, amarga.

Temari a olhou novamente pelo canto do olho enquanto andavam. Ino notou que estava sendo avaliada novamente, então tentou dar um sorriso de incentivo, pra seja lá o que Temari estivesse fazendo.

— Eu sei que isso tudo, ta muito esquisito. — Temari começou, diminuindo o passo — Mas, preciso que você me responda uma coisa, e que seja sincera. — completou, em um tom ameno.

Ino não sabia oque estava acontecendo, mas assentiu. Gostava de ser sincera. Era boa nisso.

— A sua agenda de anotações... Você deu ao Gaara, ou ele pegou de você? — perguntou, cautelosamente.

Agora sim, Ino empacou no meio da calçada. Ela escancarou a boca, e passou a mão pela franja do cabelo, completamente perplexa.

— Minha agenda... — a mais nova murmurou consigo mesma, o olhar vago.
— Ele pegou, não foi? — Temari murmurou, parada ao lado de Ino — Eu tinha esperanças que você tivesse dado a ele... — completou, penosamente.
— Não, não — Ino começou a falar, um pouco exasperada — Ele não... Eu não... — balbuciou, retomando a caminhada, com Temari ao seu lado.
— Ele pegou escondido... — Temari murmurou tão baixo, que sem se quisesse Ino teria ouvido.

Caminharam em silêncio por dois minutos. Ino tentava por as ideias no lugar, e Temari parecia quase lamentosa.

— Olha, eu não to entendendo muita coisa, mas garanto que eu e seu irmão não temos nada. — Ino conseguiu formular — Não sei qual o problema que você arrumou comigo, nunca nem cheguei a falar com ele! Tem umas garotas que dão em cima dele, e falam com ele... E minha agenda não tem nada com isso. — tagarelou, confusa.
— Ino. — Temari chamou, diminuindo o passo, agora já estavam na rua da casa da Yamanaka — As pessoas se interessarem por ele não é ruim, o problema, é quando ele se interessa de volta. — contou, soturna.

Ino franziu as sobrancelhas, irritada.

— Quantas vezes, vou repetir isso? — perguntou, parando na calçada com as mãos nos quadris — Ele. Não. Sabe. Que. Eu. Existo. — sibilou, elevando um pouco a voz.

Temari trincou o maxilar, e ergueu o queixo, olhando para Ino de forma dura. Estava claro que ela não havia gostado da forma com que a mais nova falara com ela.

— Bem que o Kankuro disse, que não adiantaria em nada falar com você. — Temari murmurou consigo mesma, seca.
— Quem diabos é Kankuro? — Ino perguntou, cansada de ficar as cegas naquela conversa maluca.

Temari suspirou e rolou os olhos. Parecia realmente de saco cheio.

— Não dá essas respostas mal criadas que deu pra mim, pra ele. Gaara não lida bem com isso. — Temari começou a falar, impaciente — Agora, você só tem uma chance, presta atenção! Meu irmão é orgulhoso, se você ignorar ele nas primeiras investidas, ele sai fora, e ai nada de problemas pra você. — completou, áspera — Se for esperta, vai fazer isso. — insistiu.

Ino pestanejou, completamente confusa e perplexa.

— Você é maluca, ou oque? — foi oque ela conseguiu formular naquele segundo — Eu faço oque eu quiser, ta legal?! — completou, jogando os cabelos para o lado.

Temari fez uma rápida careta de “ Você é realmente idiota”, e deu de ombros, cansada de se importar.

— Sua vida, você faz dela oque quiser. — concordou.
— Afinal, que porra estamos falando? — Ino estava irritada, confusa, e estressada.
— Não vou perder noites de sono me sentindo culpada por não ter dito nada. — Temari quase gritou, fazendo Ino recuar um passo — Você foi avisada! — completou, parecendo estar falando mais para si mesma, do que para a outra.
— Se for pra vir falar maluquices, não fala mais comigo! — Ino falou, apontando um dedo para a Temari.

A loura mais velha deu um rápido sorriso duro.

— Bom, boa sorte com isso, cunhadinha. — falou, com um sorriso debochado, já virando-se para atravessar a sua e fazer o caminho de volta.

Ino pensou em chama-la de volta, e pressiona-la, mas não estava com estrutura ou paciência para aquilo tudo. Era muita loucura.
Então, apenas andou mais alguns metros, e entrou no condomínio de sua casa.


–--

No outro dia na escola, Ino sentou-se sozinha no pátio, na hora do intervalo. Estava de saco cheio das garotas ficarem buzinando em seus ouvidos, querendo saber o que Temari havia falado com ela. Ino não queria contar aquela conversa doida pras suas novas colegas de classe, na verdade, não queria contar pra ninguém.
Havia sido constrangedor, e esquisito.

Estava deitada na arquibancada, ouvido musica com fones de ouvido, e os olhos fechados. Suspirou, e quando foi apoiar na arquibancada para se sentar, acabou apoiando em algo mais macio que o chão.

Se virou para ver quais das garotas que foram se sentar tão sorrateiramente ao lado dela, e quase teve um derrame a constatar que não era uma das garotas de sua sala.

— Você?! — ela falou em reflexo, arfando ligeiramente devido a surpresa.

Ele não moveu o corpo, apenas acompanhou a movimentação da garota com os olhos.
Gaara estava sentado em um posição bem relaxada. O uniforme escolar estava um pouco amassado, e os cabelos completamente desgrenhados. Seus olhos estavam destacados por delineador, tornando o verde mais intenso. Ok, ele usava maquiagem, algumas garotas poderiam achar estranho, mas ele era tão lindo...

Se encararam por alguns segundos. Ela continuou de pé, com a mente vazia devido à surpresa. Ele olhava para ela de um jeito... Diferente.
Ela nunca havia visto nada parecido, sua expressão era vazia, mas os olhos eram... Ela não tinha uma definição exata para os olhos dele, mas as palavras “ardente” e “mistério”, pareciam se encaixar um pouco ali.
Não saberia dizer o que estava sentindo ou pensando.

— Hã, oi. — ela falou, constrangida com o silêncio que se seguia entre eles.

Ele pendeu a cabeça ligeiramente para o lado, e continuou encarando-a sem dar resposta.

A garota tirou os fones do ouvido, e ele observou o movimento atentamente. Percebendo isso, ela se aproximou lentamente, sentando-se ao lado do garoto, e ofereceu o fone para ele. Vai que ele queria saber o que ela tava' ouvindo né?!

Ele não se mexeu. Apenas ficou encarando-a, sem cessar.
Ino achou aquilo realmente estranho, contudo, agora que estava mais perto dele, podia notar que ele era ainda mais bonito do que ela imaginava, e muito cheiroso também.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. Ela se conformou com o fato de que ele não falaria nada, então ajeitou os fones novamente nos ouvidos, e ficou olhando para o céu, ouvindo música.
Alguns segundos depois, sem nenhum aviso, ele tirou um dos fones da orelha dela, e colocou em si mesmo, passando a ouvir a musica também.

Ficaram ali, sentados e calados, ouvindo musica dividindo o fone, pelo resto dos minutos do intervalo. Ela olhando para o céu, tentando não aparentar o constrangimento que sentia com aquela situação esquisita, e ele ao lado dela, encarando-a sem o menor pudor.

Quando o sinal tocou, anunciando o término do intervalo, ela se levantou para voltar a sua sala, desceu os três únicos degraus da arquibancada, e avistou Temari, atravessando o pátio de volta para sala, certamente de olho nos dois.

Neste exato segundo, Ino se lembrou da história de sua agenda.

— Foi você que pegou minha agenda? — ela perguntou, tentando parecer casual.

Gaara desceu os degraus da arquibancada, e parou ao lado dela. Sua expressão era indecifrável, mas a garota podia jurar que havia visto um lampejo de animação nos olhos dele quando ela perguntou da agenda.

Ela cruzou os braços e olhos para ele esperando a resposta, e ele assentiu com a cabeça.
Ino sentiu o rosto esquentar, em vergonha. Ele havia lido as anotações pessoais, e escolares dela. Por que diabos ele havia feito aquilo?

Alguns segundos se passaram, o pátio já estava quase vazio, quando ele inclinou para baixo, e inalou o cheiro do cabelo da garota.

Ino ficou dura como uma estátua. Esperava que ele fosse fazer alguma coisa, qualquer coisa, tipo beija-la, mas ele apenas se afastou, e começou a andar na direção do prédio principal, para sua aula.

A loira precisou de três segundos, para começar a andar, atrás dele.

— Por que você pegou minha agenda? — ela perguntou curiosa, nos calcanhares do garoto.

Ele olhou para ela pelo canto do olho, parecendo ligeiramente surpreso, com o fato de ela não mostrar irritação.
E como o esperado, não houve resposta, ele apenas entrou no prédio e começou a andar em direção a sua sala, deixando Ino para trás.

Ela parou no corredor, não poderia segui-lo até a sala de aula dele, era direção oposta de sua sala.
Antes de entrar em sua sala, ele virou-se para a garota rapidamente lançando um ultimo olhar.
Naquele momento, Ino pôde jurar que viu algo parecido com um sorriso nos lábios dele.

–--

O final de semana chegou, passou, e nenhuma noticia sobre Gaara.
Segunda-feira, na escola, na hora da entrada, quase se
esbarraram no portão, e ele sequer olhou para ela.

Ino começava a achar que estava louca, e delirou aquele momento na sexta-feira, quando ele se aproximou do nada, sentou ao lado dela, e ficou ouvindo musica com ela até o intervalo acabar, e ainda admitiu ter pego sua agenda.


Depois do intervalo, ela ficou ansiosa para achar algo em sua bolsa, contudo não havia nada de diferente lá.

A garota seguiu para a aula de educação física, sentindo-se paranoica. As garotas de sua sala estavam tagarelando como sempre, e ela tentou entrar na falação para se distrair.

A aula foi um massacre, o treinador não tinha dó. Ino se arrastou até o vestiário, estava dividindo lamurias sobre a aula cansativa com as colegas, quando abriu o seu armário do vestiário.

Havia uma flor ali dentro. Um lírio vermelho, em cima de suas roupas.

Ino deu um gritinho histérico chamando a atenção das outras garotas, que se aproximaram imediatamente.

— Minha flor preferida. — ela falava aos pulos, com o lírio na mão — Ganhei uma flor, não acredito! — sorria enérgica; O fato de estar suada cansada e sem energia, completamente esquecido.

Suas colegas se amontoaram ao redor dela, dividindo a animação, enquanto as outras, apenas continuaram a fazer suas coisas, como tomar banho, trocar de roupa, e etc.

— Você sabe quem foi? — uma delas perguntou.
— Ai, que romântico. — a outra falou por cima.
— Existe essa flor por aqui? — a terceira perguntou, espiando a flor nas mãos da loura.

Ino subiu no banco do vestiário, segurando o lírio com delicadeza. As garotas pararam o falatório para ouvir a resposta da loira.

— Não, sim, e não. — ela respondeu a pergunta das três consecutivamente.

Os gritinhos recomeçaram, as garotas especulavam havia presenteado Ino, com uma flor, que sequer existia naquela região.

A Yamanaka estava em êxtase! Lírios vermelhos, não davam naquela área do Japão, nunca eram encontrados para vender. As melhores floriculturas vendiam apenas sob encomenda, e cobravam bem caro por isso.

Ela suspirou, desceu do banco, guardou o lírio de volta no armário, e foi para a ducha, enquanto tagarelava com as garotas.

Na hora da saída, Ino segurava seu lírio toda sorridente, em frente ao portão. A garota esperava que seu admirador fosse falar com ela, mas não aconteceu. Então, ela entrou no carro de Sasori com seu irmão, e foi para casa, guardando o lírio dentro de um pequeno jarro com água, no criado mudo em seu quarto.


A tarde se arrastou, com a garota pensando em quem poderia ter colocado o lírio dentro de seu armário do vestiário. Ansiosa demais pensando nisso, não conseguiu dormir. Já se passavam da meia noite, e ela ainda estava acordada, no computador.

Via uma série qualquer, tentando distrair a mente, quando seu celular começou a tocar. Ela pegou para atender. Número restrito, ligando-a aquela hora da noite?

– Alo? – atendeu.

Silêncio na linha.


– Alo? – ela falou novamente.

Silêncio. Apenas o leve som de respiração na linha.
O coração da garota martelou em seu peito. Ela já tinha uma ideia de quem era.

– Pra que você liga pra alguém, se não vai falar? – perguntou, curiosa.
Vai na janela. – ele respondeu.

Ela arfou. Oh deuses, ele falou. E que voz! Grave, baixa, e cheia de autoridade.

Ino pulou da cadeira e foi até a janela de seu quarto, ela abriu as cortinas em um supetão, e olhou para baixo.

Do outro lado da rua, em baixo da luz do poste, em plena madrugada, estava Gaara. Com um casaco marrom escuro, de capuz, e jeans desbotados. Ele tirou o capuz, passou a mão no cabelo, e fechou o celular guardando-o no bolso da calça.

Se encararam por alguns segundos. Ela lá do quinto andar, e ele lá de baixo.

Ela saiu da janela e jogou o celular em cima da cama. Parou em frente o espelho por um segundo, e se encarou, tentando conter o sorriso no rosto.
Como diabos ele havia descoberto onde ela morava, e como havia conseguido seu numero? Não fazia ideia, mas isso não era importante no momento.

– Cacete! Ele ta aqui, ele ta aqui! – falou consigo mesma.

Ela voltou correndo para a janela, afim de verificar se era real, ou se estava louca. E lá estava ele, parado, olhando para a janela dela.
Muito deliberadamente, ele levantou a mão, e fez sinal com o dedo, chamando-a.
Ela reprimiu um gritinho, e fez um sinal com a mão para que ele esperasse.

Sequer pensou duas vezes antes colocar um casaco fino por cima do pijama, calçar os chinelos, e sair do apartamento sorrateiramente.

Ela saiu sutilmente do hall central, para que o porteiro não a visse, e quando passou para a calçada, ele não estava do outro lado da rua. Antes que pudesse procurar ao redor, foi puxada para o lado, e jogada contra a mureta do seu condomínio.

Ela quase gritou de susto, mas não deu tempo, já estava sendo beijada.

Não imaginava que daria seu primeiro beijo de língua desse jeito. Amassada contra a parede de seu condomínio, de madrugada, por um garoto que só trocou três palavras com ela. Literalmente três palavras.
Nunca imaginaria isso, mas não podia imaginar nada melhor.

Ele levou o beijo de maneira calma no começo, mostrando-a, como fazer. Depois de pegar mais ou menos o jeito, ele começou a empurra-la contra a parede, colando seus corpos de tal maneira, que a garota sentia-se sufocada.

Ele percebeu que ela não estava respirando direito, mas continuou. Ela mordeu o lábio dele, e tentou afasta-lo, mas ele a mordeu de volta.

Ino abriu com os olhos e resmungou entre o beijo, ele abriu os olhos também e desceu a boca pelo pescoço dela.
Imediatamente a pele da garota se arrepiou. Ele passou a mão por dentro do casaco dela, tocando sua cintura firmemente a pele macia dela.

Ela suspirou e encostou a cabeça na parede, dando mais espaço para ele explorar seu pescoço. Mas ele não beijou, e nem mordeu, apenas passava os lábios no pescoço, inalando o cheiro dela.

Ela não falou nada, estava vivendo um momento surreal. Sequer pensava direito. Apenas tirou as mãos do pescoço dele, e deslizou para dentro do casaco, tocando as costas do garoto.

— Você gostou da surpresa. — ele sussurrou no ouvido dela, e não foi uma pergunta.

Ele parou de frente para ela, com as mãos em sua cintura, e encostou a testa na dela. Ele estava com os cabelos úmidos, os fios despontados, caindo pela testa.

— Se você tivesse avisado que viria, eu ia poder me arrumar e seria melhor. — ela respondeu a meia voz, voltando as mãos para o pescoço dele.

Ele a encarou daquele jeito especulativo, e pendeu a cabeça um pouco para o lado. Já era a segunda vez que ele fazia aquilo com ela... Ino entendeu, que ele fazia aquilo, quando estava curioso.

— Você não ta falando de agora ta? — ela perguntou pensativa, tentando manter-se sã com a proximidade.

Ele acenou negativamente com a cabeça, com uma expressão suave de divertimento no rosto.

— A flor! — ela exclamou, elevando um pouco a voz — Foi você? — perguntou descrente.

Ele assentiu com a cabeça, e Ino o apertou contra si, enterrando o rosto em seu peito. Estava um pouco constrangida, mas era difícil de se manter pensando em si mesma, quando ele estava agarrado com ela de tal maneira. Céus, como alguém poderia ser tão cheiroso? Deveria ser crime.

Sem saber exatamente oque estava fazendo, ela ficou na ponta dos pés, e passou com a ponta do nariz no pescoço dele, e o beijou ali.

— Que perfume você usa? — ela perguntou, encostando a cabeça no peito dele novamente.
— Não uso. — ele respondeu casualmente.

Ino afastou a cabeça, o suficiente para olhar o rosto dele. Não que pudesse se afastar de qualquer forma, ele a segurava tão firme, que a garota tinha a impressão que ficaria com marcas nas costelas.

O encarou, com as sobrancelhas erguidas. Ela estava descrente, ninguém era tão cheiroso, sem usar perfume.
Vendo que ele não voltaria atrás com a resposta, ela resolveu falar da flor.

— Por que... Como, você sabia que o lírio vermelho era minha flor preferida? — ela perguntou, os olhos azuis enormes em expectativa.

Ele a encarou de volta, como se esperasse que ela descobrisse como ele sabia.

— A agenda. — ele respondeu finalmente.

Ficaram alguns segundos em silêncio. Ino deixando sua mente trabalhar em cima daquela conversa. Ele era tão cheio de coisas minimalistas, e falava tão pouco... Então, ela entendeu. Ele havia pegado a agenda de anotações dela, para saber mais sobre ela, por isso deu o lírio a ela. Para que ela soubesse, que ele havia pegado a agenda com a finalidade de conhecer mais sobre ela.

Deuses, ele era tão perspicaz, e estranhamente fofo.

— Você podia ter vindo conversar comigo sabe?! — ela começou, seguindo a suposta linha de pensamento dele — Poderia ter perguntado. Não precisava pegar minha agenda. — completou, dando um sorriso encantado.

Ele olhou para Ino, como se ela fosse maluca.

— Você que começou isso. — ele acusou, deslizando os lábios pelo pescoço dela novamente.
Co–como assim? — ela perguntou, com a voz frágil.

Ele passou a língua no pescoço dela, e ela sentiu as pernas tremerem. Ele desceu as mãos para os quadris dela, e apertou com força, como se estivesse tentando evitar que ela caísse.

Você ficava me encarando nos treinos de futebol. — sussurrou, a voz rouca e sedutora no pescoço dela — Você foi perguntar sobre mim, pros outros... — mordiscou levemente o pescoço dela — Você me permitiu chegar até aqui. — segurou o queixo dela, e a olhou nos olhos — To’ errado? — completou, parecendo aborrecido.

Incapaz de falar alguma coisa naquele momento, Ino apenas negou com a cabeça.

— Por que, você, não veio falar comigo? — ele perguntou, intensamente, soltando o queixo da garota.

Ela tirou as mãos dele, e cruzou os braços frente a si mesma, em uma forma inconsciente de tentar se proteger. Ele, também a soltou, mas espalmou as mãos na parede, uma cada um de um lado da cabeça da garota, com o rosto a proximidade mínima dela. Como se estivesse tentando evitar que ela fugisse, sem toca-la.

— Você não dá atenção pras garotas que chegam em você. — ela respondeu, tentando ser o mais firme possível.

Ele assentiu minimamente, como se estivesse pedindo para ela continuar a falar.

— Eu, eu não queria ser igual a elas. — ela confessou, desviando os olhos para o lado.

Estava tão constrangida, que poderia enfiar a cabeça em um buraco.

Você não é. — ele afirmou, seriamente.

Ao ouvir aquilo, Ino desviou os olhos para ele rapidamente. Ele a encarava daquele jeito estranho, não dava pra saber o que ele estava pensando, ou o que iria falar, mas parecia sincero.

Ela o abraçou novamente, quase pendurando-se em seu pescoço.

— Você gosta de mim? — ela perguntou, em um sussurro inseguro, depois de algum tempo em silêncio, agarrada no pescoço dele.

Houve uma breve pausa. Ela esperou que ele desse um fora nela, ou que a deixasse no vácuo, mas a resposta chegou.

— Você chegou em mim, de um jeito diferente das outras garotas. Gosto disso. — disse por fim, ainda com as mãos na parede.

Ino suspirou. Ela gostou da resposta. Ele não mentiu, não disse que gostava dela, ou que a amava depois do primeiro beijo, mas admitiu ter gostado da forma que ela agiu. Era sincero. Era real.

— Eu gosto de você. — ela simplificou, afastando o pescoço só para mostrar o sorriso travesso que ela tinha no rosto.

Ele olhou para Ino, como se ela tivesse acabado de dizer algo em um idioma desconhecido. Ela sorriu mais ainda em resposta. Ele a beijou novamente, tirando seu fôlego.



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Notas finais do capítulo

Então, próximo capítulo, vai mostrar ela na atualidade, maas só será postado, depois que eu terminar a primeira temporada ( que já esta bem perto de acabar )Reviews?