Harry Potter e o Orbe dos Universos escrita por RedHead


Capítulo 24
A Festa de Natal


Notas iniciais do capítulo

Noite de segunda pra terça feira, vocês sabem o que isso significa! Capítulo fresquinho :D Então gente, não vou encher vocês com lenga-lengas hoje não. Boa leitura, e até as notas finais.



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Harry acordou sobressaltado. Ele não percebeu quando havia caído no sono, mas dormira o dia todo, o sol já estava posto e ele perdera o café e o almoço. Ele estava tendo o mesmo sonho com o orbe negro novamente, e como sempre, acordou assustado e suando sem ao menos saber por que.

Ele ouviu batidas vindo da porta, e antes mesmo de se levantar para atender, ele percebeu que foi isso que o acordou. Ainda zonzo, ele arrastou os pés para abrir a porta, praguejando não ter levado chinelos; o chão estava frio. Ele precisaria fazer algumas compras para continuar nesse universo, ou pelo menos para continuar até que derrotasse Voldemort novamente.

— Ainda não está pronto? – Lottie entrou em seu quarto antes mesmo dele terminar de abrir a porta. Ela estava muito bonita com um vestido de lã cinza e os cabelos muito bem presos em um rabo de cavalo alto – O jantar vai começar em vinte minutos.

— Na verdade eu acordei agora – Harry foi bocejando até o armário separar um conjunto de roupas limpas – Mas deve dar tempo de um banho rápido...

— Você não está pensando em usar isso, está? – Ela apontou para as roupas que ele jogou sem cuidado na cama – É véspera de natal!

— Não é como se eu tivesse recebido um convite com dress code quando vim para cá – Harry jogou as roupas de novo para dentro do armário.

— Tudo bem, eu resolvo isso. Só tome seu banho, eu volto em dez minutos.

Harry ainda ficou bocejando em frente ao armário por mais alguns segundos antes de se dirigir ao banheiro. Parecia uma maldade deixar sua cama tão quentinha, mas a água do chuveiro também estava, e o vapor terminou de aquecer todo o banheiro. A água quente e o cheiro amadeirado que exalava dos sais disponíveis para o banho acabaram por convencer Harry que ter deixado sua cama para trás não foi uma ideia ruim, no final. Quando ele fechou o fluxo de água e reparou em uma enorme e felpuda toalha branca pendurada, ele sorriu e se enrolou cuidadosamente no tecido macio. Já mais aquecido e acordado, ele saiu do banheiro tateando a parede, já que o vapor tornava impossível que ele enxergasse alguma coisa com os olhos. Usando a memória para se guiar, Harry se dirigiu ao guarda roupas para vestir pelo menos um roupão até que Lottie chegasse, pelos seus cálculos ela já deveria estar chegando.

— Deixei suas roupas na cama.

— Lottie! – Harry quase tropeçou com o susto, mas ainda assim bateu o pé no sofá, causando uma dor aguda no dedo mindinho – Você entrou sem avisar! Achei que voltasse em dez minutos e... Por Merlin, estou só de toalhas!

— Primeiro, eu avisei que estava entrando. – Ela estava com um sorriso divertido, como se tentasse segurar uma risada, e Harry a xingou mentalmente por isso enquanto enrolava melhor a toalha branca em volta de sua cintura – Segundo, eu já estou aqui faz um tempo, você demorou meia hora no banho, eu já estava preocupada que você tivesse se afogado. E terceiro, assim que você colocar as roupas que estão em cima da sua cama você não estará mais só de toalhas.

Bufando e corado, Harry foi até a cama em passos duros. Lottie trouxe para ele uma calça simples um grande casaco fechado de aparência confortável de um tecido que parecia lã. Ele pegou o tecido do casaco e se surpreendeu que era muito macio e agradável ao toque.

— É de lã de chemilys escocesas... Elas são mais raras do que as ovelhas comuns, e mais difíceis de se tosar por causa dos chifres mágicos, mas Carlinhos Weasley cria um pequeno rebanho delas em Hogsmeade, usamos muito para fazer nossas roupas. – Lottie explicou, ainda sentada na poltrona onde estava desde que ele saiu do banheiro. – Er... Pode vestir, vai ficar bom, meu pai disse que tudo bem se eu te emprestasse. O que foi?

— Bem... eu preciso me vestir. – Harry explicou, ainda sem realmente se mexer.

— Eu sei. Oh! – A compreensão chegou até Charlotte como um raio, e ela pareceu fazer uma força muito grande para manter o rosto sério. – Eu prometo que não vou olhar.

Harry preferia que Lottie o desse um pouco de privacidade para se vestir, mas ela disse que estava muito confortável naquela poltrona e que prometia manter as mãos nos olhos até que ele a dissesse que podia abrir os olhos.

As roupas, como Lottie suspeitava, serviram muito bem, inclusive os sapatos de couro de dragão que também pertenciam à James. Depois de devidamente vestido, Harry até tentou abaixar os cabelos pelo menos um pouco, mas assim que ele passou o pente nos fios negros, Lottie despenteou os cabelos molhados ainda mais, deixando-os arrepiados como se ele tivesse acabado de sair de uma partida de Quadribol.

— Abrace seus fios rebeldes, Harry, ficam bem em você. – Harry se sentiu como um boneco sendo arrumado, o que o lembrou muito do Baile de Inverno em seu quarto ano quando Parvati Patil o exibiu para toda escola como um cachorrinho de exposições, mas dessa vez ele não se importou tanto.

Não estava nevando mais, mas o castelo estava coberto por neve fofa quando Harry e Lottie se encaminharam até o salão principal. Harry pensou que eles fossem jantar todos juntos na mesa dos professores já que os alunos não retornaram ainda do recesso de fim de ano, mas ele foi surpreendido por um salão principal barulhento, alegre e lotado. As quatro mesas das casas estavam em seus devidos lugares, com vários rostos desconhecidos de Harry, de bruxos e bruxas de todas as idades, comendo e conversando entre si.

— Tem sido assim desde que Voldemort tomou o poder oficialmente – Lottie explicou enquanto eles caminhavam entre as mesas – Os moradores de Hogsmeade ainda fazem o almoço de natal em suas próprias casas, mas o jantar da véspera é aqui no castelo. Nós vivemos em mundo dominado por trevas, Harry, onde os que se atrevem a lutar por justiça não sabem se vão sobreviver o próximo dia, então um momento como esse, de comemoração e alegria, é sempre bem-vindo.

Harry já passara vários natais em Hogwarts, mas nenhum deles se assemelhava a esse. A comida, como sempre, estava estupenda: uma centena de perus assados com diversos recheios, montanhas de batatas assadas, cozidas, amassadas ou fritas, travessas de salsichas e ovos mexidos, ervilhas temperadas aos montes, centenas de espigas de milho passadas na manteiga e muitas outras receitas que não couberam no prato de Harry. Lily e James já estavam comendo quando eles chegaram, mas não estavam na mesa dos professores como de costume, dessa vez estavam na extremidade mais distante da mesa pertencente à Grifinória, ao lado dos Weasley, com quem conversavam amigavelmente entre uma garfada e outra.

Ronald estava jantando ao lado da mãe e de Hermione, mas se levantou assim que viu Harry e Lottie se aproximarem de braços dados. Ele esbarrou no ombro de Harry com força ao sair do Salão Principal, dando a desculpa que iria ajudar a patrulhar as fronteiras do castelo. Harry tentou se sentir alguma simpatia e chamou Ronald para voltar para a mesa, mas foi devidamente ignorado.

— Oh, ignore o Ronald – a senhora Weasley falou com as sobrancelhas franzidas e o rosto vermelho – Ele tem andado intratável ultimamente.

Harry prontamente se sentou no lugar que Ronald havia desocupado, e Hermione e Lily logo trataram de mudar o rumo da conversa para algo mais inofensivo, oferecendo aos jovens recém-chegados uma tigela cheia de balas e estalinhos bruxos. Harry pegou um estalinho por educação e assim que ele estourou com um ruído de canhão, envolvendo todos em sua volta em uma nuvem de fumaça multicolorida e com estrelinhas que brilhavam alguns segundos antes de se transformar em um grande chapéu com um visgo pendurado que surgiu em sua cabeça. James praticamente implorou para que Harry lhe desse o chapéu que ganhara, e o garoto o cedeu para o pai com muito prazer. James ficou muito satisfeito com seu novo chapéu e passou a seguir Lily para roubar-lhe beijos pelo resto da noite, ou pelo menos até quando ela “acidentalmente” fez o chapéu pegar fogo.

Sirius só chegou quando quase todas as travessas salgadas estavam vazias e aos poucos eram substituídas por bolos, tortas, sorvetes, frutas e pudins. Lily encontrou uma estrela de prata em sua fatia, o que significava que ela encontraria algo que achava que estava perdido, mas Lottie precisou de ajuda para desengasgar de um pequeno anel de ouro que ela não havia visto antes de colocar uma generosa porção de pudim na boca.

— Acho que Lottie finalmente vai encontrar seu príncipe encantado – Hermione limpou cuidadosamente o anel antes de devolve-lo à amiga, que tinha os olhos marejados e a face muito corada pelo engasgo.

— Lottie encontrou o anel? – Fred gritou algumas cadeiras de distância – Ele veio junto com um par de óculos? – Lottie atirou um punhado de passas na direção de Fred, mas ele as transformou em bolhas de sabão perfumadas com um aceno de varinha antes de voltar para sua discussão sobre o melhor jeito de se fazer uma poção contra ressaca com os irmãos.

James e Lily ficaram muito animados com o anel de Lottie e ficaram diversos minutos discutindo estilos de festas de noivado e casamento (contra a vontade da filha). James às vezes embolava as palavras, e seu rosto estava ligeiramente avermelhado devido à quantidade de vinho que ingerira, mas Lily estava sóbria e estava claramente se divertindo com o repentino talento do marido de organizar grandes eventos, até que Sirius interviu, batendo com força a própria taça na mesa, derrubando vinho na toalha.

— Pelas meias listradas de Merlim, Pontas, aja como um pai! – Sirius também estava vermelho, e lágrimas escorriam pelo rosto comprido – Essa é a nossa bebezinha...

— Ela não é sua bebezinha, Sirius... – Lily falou em uma frustrada tentativa de interromper o amigo.

 -Ontem mesmo ela estava voando na primeira vassoura de brinquedo dela, e hoje você está querendo casar o nosso bebê, Pontas? – Harry tentou a todo custo segurar as risadas, mas ele não foi capaz de realizar uma tarefa tão hercúlea, mesmo sob o olhar assassino de Lottie.

— Novamente, ela não é sua bebezinha, Sirius. – Dessa vez Sirius prestou atenção nas palavras de Lily e fez um gesto de impaciência com as mãos na direção da mulher.

— Por favor, Lily – Sirius revirou os olhos de um jeito que lembrou Harry de Mione – Ela é o bebezinho de todos.

— Sirius – Lottie inclinou o corpo na mesa com cara de muitos poucos amigos – Não está na hora da sua apresentação?

Aquelas palavras foram tão eficazes quanto um feitiço de fazer desaparecer. Feliz e com a barriga cheia de peru e pudim, Harry pensou consigo mesmo que se eles estivessem em um desenho animado trouxa, Sirius teria deixado uma fumacinha no formato do seu corpo antes de sair de onde estava. Quando ele viu o padrinho fazer um gesto para Dumbledore – que parecia exultante na mesa dos professores com um chapéu florido conversando com a professora McGonagall, Lottie sorriu e sentou melhor em seu lugar, animada.

— Meus queridos amigos, peço desculpas por interromper o seu jantar. E Derek, fico feliz que tenha se recuperado da sua gripe. – Dumbledore se dirigiu à um pequeno menino que não deveria ter mais de dez anos, que ficou muito nervoso pela súbita atenção do diretor e quase derrubou o copo de onde bebia - Enfim. Mais um natal juntos. Sei que esse foi um ano de muitas perdas, e também sei que não posso nem imaginar a dor que sentiram, mas ainda assim ofereço a vocês meus pêsames mais uma vez. E mais uma vez vos peço para que não percam a esperança. É difícil mantermos a cabeça erguida em tempos como esses, mas o apoio que damos a cada um de nós tem sido primordial em nossas vidas. E não é porque estamos em tempos difíceis que precisamos erguer muros em nossos corações, porque quanto menos unidos estivermos, menos fortes somos. Nossa força está nos nossos laços de amizade, nossos laços de família. E é assim que eu os enxergo, como uma grande e unida família, e por isso e vos agradeço. – Palmas irromperam pelo salão, e Dumbledore precisou erguer as mãos para que todos voltassem a se aquietar. – Obrigado. E agora, como todos os anos, o senhor Black gostaria da sua atenção por alguns minutos.

Assim que Dumbledore voltou a se sentar, as luzes no salão diminuíram. Harry ficou instantaneamente tenso e preocupado, levando a mão à varinha, mas Lily colocou a mão delicadamente em seu braço e o tranquilizou. Uma grande coluna de fumaça surgiu no centro do salão, revelando Sirius em um smoking trouxa roxo e brilhante, os longos cabelos negros presos em um rabo baixo, que chegava à sua cintura. Toda comida que tinha nas mesas sumiu magicamente, deixando os pratos e talheres dourados devidamente limpos. Harry achava que só a escolha de roupa era interessante o suficiente, mas o salão estava silencioso e as pessoas olhavam Sirius com expressões animadas, então Harry ajeitou os óculos para enxergar melhor o que iria acontecer. Em passos fluidos, Sirius começou a andar até a frente da mesa dos professores e enquanto caminhava, sua voz ressoava melodiosamente pelas paredes:

Sei que nunca fui um bom moço

Minha educação é só um esboço

Não sei como falar ou me portar à mesa

Mas apesar desse meu jeito bronco e pouco principesco

Me de uma chance, você pode ter uma surpresa! OH LA LA!

Eu não danço tango nem a marselhesa

Até mesmo na valsa sou ruim

Mas acredite, ó madame, que não vai se arrepender de dizer sim

Minha dança vai te deixar a noite inteira acesa! OH LA LA!

Sirius parecia muito confortável em estar cantando para um salão cheio, apesar da roupa brilhante e todas os fogos de artifício que subiam pelo salão ao fim de cada verso. As bochechas de Harry estavam doendo de tanto rir, a cada estrofe e música ficava mais e mais sugestiva, e ele estava esperando o momento em que algum pai fosse tapar os ouvidos de uma criança ou até retira-la do salão.

Ó madame, não se acanhe

Essa nossa dança não é vexame

E no final garanto total satisfação.

Posso ser um simples camponês

Sem posses ou um bom inglês,

Mas sei que vamos nos entender bem no francês, OH LA LA!

Sirius dançava e rebolava a cada verso, a voz grave e afinada acompanhava os instrumentos que ele enfeitiçou, e ao fim de cada estrofe ele chamava a todos que o acompanhavam e gritavam em coro:

— OH LA LA!

A música ficava mais animada com o tempo, e as palavras mais rápidas e ousadas. James puxou palmas no ritmo dos instrumentos, e logo o resto do salão o acompanhou. Algumas pessoas dançavam em seus lugares, outras – como Fred – dançavam em cima da mesa, e era difícil de lembrar quaisquer problemas que tivessem. Lily chamou Harry para dançar, mesmo ele repetindo que não sabia como. Eles rodopiavam mais e mais rápido, seguindo a velocidade da música, risadas preenchendo a noite.

Mas agora madame, não chore nem se queixe

Nunca disse que seria para sempre o seu amado

Sou um espírito livre, não nasci para ser casado

Mas se me chamar, venho correndo

Para dançar ao seu lado

Outro lado, ou em cima, ou embaixo, OH LA LA!

No último verso, Sirius já estava suado e a camisa brilhante desabotoada e aberta. Sorrisos estampados no rosto de todos. Harry estava ainda mais despenteado do que o normal, e Dumbledore aplaudiu entusiasmado quando a última leva de fogos de artifício brilhou no teto do salão principal. O barulho de risos e fogos de artifício era alto e doía os seus ouvidos, mas mesmo assim uma sirene aguda e ritmada pode ser escutada debaixo desses sons. No princípio, Harry pensou que isso fosse parte do show, mas quando todos os sorrisos morreram e cadeiras começaram a ser arrastadas freneticamente, ele soube que aquilo, sem dúvidas, não foi planejado.


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Notas finais do capítulo

OMG, o que será que aconteceu! Prometo contar mais só no próximo capítulo :D Se ele será postado terça que vem ou antes... aí é com vocês.

Comentem, digam o que gostaram, o que odiaram, o que esperam :3

Até o próximo capítulo, amados.



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