Entropia escrita por Reyna Voronova
XLVII
Notícias Inesperadas
— Senhora, mais uma vez Kurt está aqui — avisou Aaron, como sempre, da chegada do espião da Rainha.
— Ótimo, você já sabe o que tem de ser feito. — A cabeça da Rainha estava cheia demais pensando em planos bês, cês, dês para caso algo desse errado com seus planos, então não havia tempo nem paciência para formalidades.
Aaron saiu, e não demorou até que Kurt entrasse. Ele, depois de tanto conhecer mais da força da Rainha, não mais andava com uma postura dominadora, mas sim mais obediente e submissa à Rainha. Contudo, também havia algo diferente no andar dele naquele dia, uma pressa incomum no seu caminhar.
— Senhora — ele disse, mas não como sempre dizia. Havia um certo temor na forma com que ele falava, naquele dia. — Eu falei com o Hasir para que verificássemos o paradeiro de Adam e nos certificarmos de que Annik está morta. Ele aceitou e ordenou que mandassem corvos para observarem e relatarem o que viram.
— E o que viram?
— É nessa parte que eu pedirei à senhora para... bom, para manter a calma. — A Rainha sempre a mantinha, mas seu coração pulsou um pouco mais rapidamente quando ele falou aquilo. Para ele ter falado aquilo, alguma coisa deveria ter acontecido para mudar o curso de seus planos. Ou para solidificá-los ainda mais. — Sobre Adam: não encontraram vestígio dele, o que nos leva a pensar que ele está morto ou que chegou ao seu destino, seja lá onde ele for. Ou seja, sobre Adam, continuamos com as mesmas incertezas de sempre. Já quanto a Annik... Bom... também nem sinal dela. Os corvos foram até o lugar onde ela foi supostamente morta e não encontraram seu corpo nem a menina que a acompanhava. Eu espero que a senhora tenha se segurado na cadeira, porque essa última notícia chocou não apenas ao Faraó, mas todos os seus aliados.
A Rainha não apenas se segurava na cadeira como também segurava um sorriso de satisfação. Seus planos estavam indo até melhor do que o esperado. Ainda tinha o problema Adam, mas não imaginava que ele estaria morto. Se estivesse, quem teria o matado? Poucos eram os que ousavam ir tão longe quanto Adam, desbravando regiões cujas areias ainda eram desprovidas do contato humano.
— A senhora tem duas incertezas muito grandes em seus planos — Kurt interrompeu seus pensamentos.
— Duas? — ela perguntou retoricamente. — Acredito que não temos nenhuma incerteza, senhor Kurt — a Rainha respondeu, levantando o indicador. — O que você me disse sobre Annik é a comprovação de que ela está viva em algum lugar do Deserto. Digo, se ela estivesse morta, o corpo dela estaria ali, não é mesmo?
— Talvez. A garota que a acompanhava poderia ter carregado o corpo dela, não?
— Para onde, eu lhe pergunto?
Kurt manteve-se em silêncio.
— E sobre Adam: também acredito que esteja vivo e que tenha ou encontrado o seu destino final ou ido para tão longe que nem os corvos o encontraram. Quem iria matá-lo num lugar tão remoto?
— Então o que a senhora vai planejar...
— O que nós vamos planejar agora, senhor Kurt. Lembre-se: estamos no mesmo navio juntos. E quanto à resposta da sua pergunta, é simples: não vamos planejar nada. O plano está seguindo conforme o esperado, apesar de alguns contratempos. Nós já cumprimos a primeira parte da primeira fase, senhor Kurt, e agora o resto está nas mãos de Adam. Apenas teremos de esperar para que possamos finalmente agir.
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