Viajantes - O Príncipe de Âmbar [HIATUS] escrita por Kath Gray


Capítulo 23
Capítulo XXII


Notas iniciais do capítulo

Heeey!
No último capítulo, poucas pessoas comentaram (na verdade, acho que foi uma), mas como a pergunta foi muito bem-feita, decidi liberar em todos os capítulos ^^ quem tiver alguma dúvida, pergunte! Se eu não considerar muito 'spóiler', eu respondo nos comentários!
Eu não sei vocês, mas se eu estivesse lendo, já estaria ansiosa para alguma ação. Afinal de contas, eu só fico falando o tempo todo sobre as aventuras dos personagens.
Então, decidi deixar vocês a par de um resumo rápido de como as coisas se darão a partir daqui:
— Demonstração de Técnica
— Estudo Teórico
— Apresentação de Personagem
— Estudo Prático
— Treinamento
E, por fim,
— AÇÃO.
Tenho certeza de que vocês não vão se arrepender de esperar quando chegar a agitação XD Mas, por enquanto, é mais ou menos assim que planejo os próximos capítulos.
Esse ritmo de postagem está bom? Ou querem mais rápido? (acabei de acabar o cap XXIV)
.
E, para finalizar, eu gostaria de dar as boas vindas aos novos dois leitores, Maxtrome e Neptune!!! ^^



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Naquela tarde, Dean caminhava pelos corredores em um de seus raros intervalos.

Katherine sabia que ele não aprenderia de um dia para o outro, mas nem por isso dava trégua na prática intensiva de leitura.

Você consegue, dizia ela. É só tentar encontrar um significado nessas linhas.

Havia apenas alguns minutos que ela saíra para comprar o lanche com Shira, então Dean aproveitava a pausa enquanto podia.

A livraria estava estranhamente calma. Sem Katherine andando de um lado para o outro, passando o olho rapidamente pelos títulos e o dedo pelo acabamento de alguns mais interessantes, de vez enquanto pegando um ou outro para ler, tudo parecia mais tranquilo do que de costume.

– Hey.

Dean olhou para o lado, de onde vinha a voz.

Elliot estava apoiado com as costas na estante, cotovelos erguidos e flexionados para fora, as mãos apoiadas embaixo da nuca uma perna cruzada sobre a outra. De pé, mas em uma posição relaxada.

– Hey - cumprimentou o garoto.

– A Kath me contou que está te mostrando esse mundo e que você vai ficar com ela por uns tempos - comentou o garoto de cabelos encaracolados. - Está gostando do que vê?

– Bastante - respondeu Dean, sinceramente. - Seu mundo é incrível.

Elliot deu um sorriso torto.

Vagarosamente, ele se afastou de seu encosto.

– A Kath é uma boa garota. - disse ele. - Está sempre se esforçando... às vezes parece achar que consertar o mundo é uma obrigação dela e que tudo é sua responsabilidade.

– Eu ainda não conheço esse lado dela... - disse Dean, franco, mas respeitoso. - Espero um dia vir a conhecer.

Elliot encarou-o por um longo momento, sem dizer nada.

Então, andou em sua direção, até ficar lado a lado com ele. Dean virado para um lado, ele virado para o outro.

Dean ouviu sua voz, talvez não próxima, mas direcionada a seu ouvido. Baixa, mas clara.

– Katherine é uma grande amiga minha e uma ótima garota. - disse ele, em um tom de aparente descompromisso, mas que por trás das aparências trazia um tom grave e penetrante. - Se você fizer qualquer coisa para irritá-la, magoá-la ou machucá-la, eu vou pessoalmente fazer picadinho de você e jogar seus restos nas profundezas do oceano, e você nunca mais verá a luz do sol. Entendeu?

Por um momento, Dean ficou atônito demais para reagir. Era como se alguém tivesse subitamente apontado uma espada para ele no meio de uma conversa amigável.

Paralisado, ele demorou vários instantes para conseguir olhar nos olhos de Elliot.

Porém, o que viu não foi o que esperava ver.

Ao invés da face séria e disfarçadamente ameaçadora que sua voz sugerira, sua expressão era alegre e relaxada, até um pouco descontraída, como quem fazia uma brincadeira.

Por mais que tentasse, ele não conseguia entender o que se passava em sua cabeça ou a razão por trás do que poderia ou não ser uma piada. Era tudo muito confuso.

Então, os olhos de Elliot se cruzaram com os dele, e o outro sorriu.

O que viu em seus olhos naquele momento claramente não era maldade ou ameaça. Quando sorriu, seu sorriso era sincero. Aquilo dissipou as últimas dúvidas de Dean a respeito do mal-entendido.

Mais tranquilo, Dean sorriu de volta.

– Se algum dia eu fizer isso, fique à vontade para me picar. - respondeu ele.

Elliot riu com a resposta.

– Boa resposta! - brincou, dando tapinhas de leve no ombro do garoto e virando-se para a mesma direção que ele. - Espero que não tenha te assustado. É só uma brincadeira que fazemos com os novatos. Como um ritual de iniciação.

– Qual é o motivo desse... 'ritual'? - perguntou Dean.

Elliot deu de ombros, pensativo.

– É meio vago, na verdade. Nem lembro quando começou - respondeu ele. - É mais ou menos assim: desde que comecei a Viajar, eu nunca vi ninguém como a Kath. A maioria de nós, Viajantes ativos, Viaja só de vez em quando, para uma missão ou outra. Ela não. Ela é o que chamamos de Andarilha.

– Andarilha...? - ecoou Dean.

– Digamos apenas que, desde que a conheci, ela nunca passou mais do que um mês no mesmo lugar - respondeu ele. - Está sempre lutando em guerras e batalhas ferozes, mas sua principal área de atuação é as sombras. - Por um momento, Dean pensou que ele tivesse perdido o fio da meada, mas logo ele continuou a explicação. - Ela sempre faz de tudo para impedir uma luta quando pode. Infiltração, disfarce, diálogo ou até mesmo roubo de arquivos que eventualmente possam anular o motivo da disputa. Mas não é só de guerras que ela vive.

Sem perceber, ambos haviam começado a caminhar lentamente pelos corredores, sem um destino definido.

– Ela está sempre fazendo alguma coisa. Quando não está lutando, está aproveitando a vida em sua melhor forma ou acumulando conhecimento... e passando-o adiante.

Sua última frase fisgou a atenção de Dean. Instintivamente, ele virou o rosto para Elliot, totalmente concentrado na narrativa.

– Você não é a primeira pessoa que ela introduz a essa realidade. - contou o mais velho. - Eu, Ty e todos os outros Viajantes provavelmente aprendemos mais com ela do que com qualquer outro. Não só sobre Viajar, mas também sobre a própria vida e todos os seus aspectos. De tempos em tempos um novo garoto ou garota aparece, e lá está ela, ajudando-o como uma professora ensina a seus alunos as primeiras letras ou os primeiros números. Guiando-o passo a passo até que ele estivesse pronto a andar sozinho sobre as próprias pernas. Sua primeira magia. Sua primeira arma. Sua primeira aventura.

– E... o que acontece com eles? - perguntou Dean. - Com esses garotos e garotas?

– Muitas coisas - respondeu ele. - Alguns, como eu, estão muito bem e vivem suas próprias vidas. Com bastante intensidade, eu diria. Alguns resolveram desistir e voltar para casa. Mas outros...

A pausa deixou Dean um tanto nervoso quanto ao que se seguiria.

– Não é como se fosse inesperado. Em uma guerra, as pessoas morrem, e a maioria das pessoas que Katherine tentava ajudar estava em tempos de guerra. É nesses tempos que os heróis se levantam. Rebeldes, jovens querendo ser úteis ou parar a luta de qualquer forma possível... Quando julgava justo ou razoável, ela tentava ajudar, mas não foram poucas as vezes em que tudo acabou em tragédia.

Dean engoliu em seco.

– Mas... - interrompeu o garoto. - Elliot, você disse que a Kath te ensinou tudo o que sabe, não é? E Ty e aos outros...

– Sim? - Elliot não entendeu onde ele queria chegar.

– Mas... ela é mais nova que você. E não tão mais velha do que Ty. Como ela pôde ensinar tudo isso para vocês e fazer tantas outras coisas? - perguntou ele. - Quando ela teve tempo para fazer isso?

– Dean, você sabe quanto anos Kath tinha quando viveu sua primeira aventura? Quando participou de sua primeira luta?

Dean negou com a cabeça.

– Dez anos, Dean. - respondeu Elliot. - Quando lutou pela primeira vez, ela tinha acabado de completar dez anos de idade.

.

Essa informação foi uma surpresa. Dean nunca tinha parado para pensar que a Katherine que conhecia não tinha sempre sido assim, embora fosse lógico supôr. Porém, ele nunca tinha se perguntando quando ela começara. Ela tinha quinze anos e aparência de treze, mas era claro que não começara há um ano ou dois; esse tempo não seria suficiente para saber tanto quanto ela parecia saber sobre aquele mundo e outros ao redor.

Mas dez anos? Para uma aventura, já era cedo demais, mas... uma luta?

Den tentou se lembrar de quando ele próprio tinha dez. O que ele fazia? Ele nem se lembrava. Parecia uma época tão distante que estava além da sua capacidade recordar.

– Durante esses cinco longos anos de aventuras e aprendizes, não foram apenas mortes que acabaram por magoá-la. - continuou Elliot, alheio a seus pensamentos atônitos. - Nem sempre ela acertava na hora de escolher o aprendiz. Claro, às vezes era apenas um idiota ou metido que só faria besteira se pusesse as mãos no que ela podia ensinar. Nesses casos, o problema nem era tão grave, embora ela ainda ficasse triste em vê-los decair pelo caminho. Mas, durante todo esse tempo, não foram poucas as vezes que Katherine se deparou com um traidor.

Aquilo não devia ser inesperado, se ela realmente ensinara tantas pessoas quanto ele fazia parecer, mas mesmo assim a informação chocou Dean.

– Ela mesma sempre saía muito machucada quanto isso acontecia, psicologicamente ou não. Mas a dor psicológica era de longe a pior das duas. Ensinar a alguém tudo o que sabe para logo em seguida levar uma facada pelas costas... não é algo que pode fazer bem. Ainda mais a alguém leal e honesto como ela. A traição sempre foi a pior coisa que alguém poderia fazer para Katherine. Não seria exagero dizer que ela preferiria perder a visão a ser traída por um amigo, mas isso era algo além do controle dela.

Um momento de silêncio tenso.

– É... Acho que foi daí que surgiu a brincadeira. - concluiu Elliot. - Todos nós amamos a Katherine e a protegeríamos com nossas vidas. Dá até para dizer que essa brincadeira é uma espécie de teste.

– E como me saí? - perguntou Dean.

Elliot sorriu-lhe novamente.

– Ou muito bem... ou muito mal.

Dean já não tinha mais a pretensão de entender o que se passava na cabeça do garoto de cabelos ondulados. Mas nem por isso deixou de se perguntar o que aquilo significava.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que os próximos capítulos sirvam para ajudar a compreender um pouco sobre os personagens, as relações entre eles e o mundo onde a história se passa. (No próximo, falarei um pouco mais sobre os próprios personagens, e como eles se conheceram).
Agora, a curiosidade do capítulo:
— Na primeira saga de Viajantes, haverá três traições significativas, uma delas no primeiro e livro e duas ao longo da história. Porém, a traição do primeiro livro e discutível. As outras duas são graves e possuem muitos efeitos a longo prazo.
.
(Ah, e quanto ao 'perder a visão', lembre-se do que significa perder a visão em um lugar onde todas as cores são mil vezes mais belas, e ainda mais quando se é uma guerreira em tempo integral, sim? Ela poderia dizer 'morrer', mas ficar cega também tá valendo)



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