It's just another night

And I'm staring at the moon

I saw a shooting star

And thought of you

I sang a lullaby

By the waterside and knew

If you were here,

I'd sing to you

You're on the other side

As the skyline splits in two

I'm miles away from seeing you

I can see the stars

From America

I wonder, do you see them, too?

(All of the Stars - Ed Sheeran)

 Felicity Smoak

 Cinquenta e oito mil quilômetros, essa era a distância exata entre Londres na Inglaterra e Starling City nos Estados Unidos. Essa também era a distância entre Oliver e eu. E por mais que nós nos falássemos sempre pelo telefone ou Skype, não era a mesma coisa, eu sentia falta de olhar em seus olhos e me perder naquela vastidão azul, de sentir seus braços firmes ao redor do meu corpo me confortando ou apenas de acordar pela manhã e vê-lo dormir tranquilamente ao meu lado. Emoções simples que um celular ou um computador não eram capazes de transmitir.

Eu estava na varanda do meu apartamento olhando para majestosa lua cheia que se erguia no céu escuro, perdi-me por alguns momentos ao observar as estrelas brilhantes, desejei poder dividir essa visão com Oliver. Deixei-me iludir que talvez naquele momento Oliver olhava para o mesmo céu estrelado que eu, e talvez estivesse pensando em mim também. Porque histórias de amor precisam ser tão complicadas? Porque não podemos simplesmente pular para o Felizes para sempre?

Oliver e eu nos conhecemos há dois anos em Starling City quando a empresa na qual eu trabalho desenvolveu um projeto com a Queen Consolidated. Eu não sei explicar como tudo começou. Sabe aquelas histórias de amor a primeira vista? Olhos se encontrando e não conseguindo se desviar? Mãos suando, coração tão acelerado que parece que vai sair do peito? Foi exatamente assim, eu o vi e soube naquele momento que ele era a pessoa pela qual eu sempre esperei.

Nosso relacionamento foi gradual, assim que a primeira reunião acabou ele marcou outra e mais outra, e de repente um café e depois um jantar. Quando percebi não conversávamos mais sobre os projetos, falávamos sobre nós mesmos, nossos sonhos e ambições, dividíamos confidências, foi como se existisse um vínculo único e especial entre nós dois. Eu descobri que apesar de Oliver ter nascido em um berço de ouro, ele não era como muitos desses ricos esnobes, longe disso, ele era alguém de bom coração e isso me cativou ainda mais. E quando dei por mim eu estava completamente apaixonada por ele.

Os três meses que eu passei em Starling City foram os mais incríveis da minha vida, mas nem tudo dura para sempre e eu precisava voltar para o meu trabalho em Londres. Eu não podia desistir de tudo pelo qual eu lutei para ficar aqui e Oliver não podia ir comigo. A família dele precisava que ele ficasse e gerisse a empresa.

Eu pensei que acabaria ali. Que todo aquele amor que eu senti, todas as emoções que Oliver aflorou em mim estariam perdidas para sempre, e que minha vida voltaria a monotonia que era antes de conhecê-lo. Nos últimos dias de minha estadia em Starling, Oliver evitava falar sobre a minha partida, mas eu notava que quanto mais perto do dia fatídico estávamos mais o semblante dele se entristecia e ainda assim ele se esforçou para me proporcionar os melhores dias da minha vida. Mas eu podia sentir que cada um desses belos momentos que passávamos juntos traziam um gosto amargo de despedida.

E então o dia veio. Eu acordei cedo e fiz minhas malas sob o olhar atento de Oliver, ele por sua vez permanecia pensativo embora eu percebesse que a minha partida o estava magoando. Era estranho o quão ligados nós estávamos nesses poucos meses que passamos juntos. Como um amor pode florescer assim tão rapidamente? Eu não queria ir embora eu sentia como se estivesse deixando uma parte vital de mim aqui, com ele, algo que eu nunca mais recuperaria. Eu tinha essa estranha sensação de que isso que eu senti com Oliver, eu nunca mais encontraria.

Eu queria pedir à ele que fosse comigo para Londres, eu não estava preparada para o quão sem graça e vazia minha vida seria sem ele. Mas eu não tinha o direito de exigir isso dele.

O caminho até o aeroporto e os minutos de espera pelo meu voo foram um verdadeiro tormento. Nós mal nos falamos, acho que ambos temíamos que talvez assim o tempo passasse mais rápido e então teríamos que nos despedir. Por isso apenas ficamos ali em silêncio, mantendo nossas mãos entrelaçadas e ignorando o fato de que em pouco tempo teríamos que nos despedir. Assim que a chamada do meu voo foi feita eu me levantei, respirei fundo tomando coragem, peguei minhas malas e comecei a caminhar apressadamente, eu não podia olhar para Oliver, eu não seria forte para olhar em seus olhos e dizer adeus. Seria melhor assim, se eu não me despedisse talvez pudesse fingir que aquele não era o fim e talvez eu enganasse o meu coração e esse aperto em meu peito ficasse um pouco menor.

Eu estava quase na seção de embarque quando senti que a mão de Oliver alcançou meu braço e me virou me puxando em direção ao seu corpo. Descansei minha cabeça em seu peito e inalei uma última vez aquele cheiro que eu tanto amava, queria engarrafar aquela essência de Oliver para que eu pudesse borrifa-la em meu travesseiro, e talvez assim a saudade fosse menor.

— Daremos um jeito de fazer isso dar certo. - Oliver sussurrara em meu ouvido enquanto me apertava firme contra o seu peito e beijava meus cabelos, pensei que ele nunca fosse me soltar, queria que ele nunca mais me soltasse. Deixei a sensação boa daquelas palavras percorrer todo o meu corpo e acalmar meu coração. Era o que eu precisava ouvir, eu queria ter essa certeza de que Oliver não iria desistir de nós. Que não importava a distância nós tentaríamos fazer isso dar certo, nosso amor era precioso demais para acabar assim. - Eu amo você. - Ele falou, pela primeira vez, notei. Seus olhos brilhavam emocionados para mim, e eu vi neles que ele realmente me amava.

— Eu amo você também. - falei sentindo lágrimas quentes descendo pelo meu rosto e Oliver sorriu descendo seus lábios até os meus me beijando como se o mundo fosse acabar naquele momento.

Oliver e eu nós esforçamos para fazer esse relacionamento a distância dar certo. No começo foi complicado, mas logo conseguimos entrar numa rotina. Nos encontrávamos sempre que podíamos, coordenávamos nossas férias e feriados. E, por mais vazios e tristes que fossem os dias que estávamos separados eles eram esquecidos assim que eu tinha Oliver de volta a minha vida. Tivemos momentos difíceis, brigamos algumas vezes, mas sempre nos acertávamos logo em seguida. Relacionamentos a distância eram desgastantes e a verdade é que não podíamos viver assim para sempre.

A última vez que nos vimos tinha sido há dois meses e como sempre foi rápido e intenso. Vinte quatro horas foi tudo o que tive dele. Sorri com a lembrança daquele dia, nós dois desligamos os nossos celulares e por um dia completo fomos apenas Oliver e Felicity. Como eu queria que pudéssemos viver todos os nossos dias assim, só eu e ele.

Eu me lembro de tudo o que aconteceu naquele dia com uma precisão de detalhes absurda. Também, como poderia me esquecer do momento mais feliz que passei com Oliver? Recordo-me de acordar no meio daquela noite e caminhar até a varanda do meu apartamento. Apesar da noite incrível que tivemos eu estava um pouco chateada, fiquei alguns minutos ali sentindo o vento frio tocar meu corpo e me deixar mais alerta. Deixei meus pensamentos correrem livres por todas as minhas dúvidas e incertezas, ergui meus olhos para o céu observando os pequenos pontos de luz que iluminavam a imensidão escura. Pensei o quanto deveria ser solitário para aquelas estrelas existirem assim, tão longe uma das outras... Oliver e eu éramos como elas.

Eu estava agradecida por ter aquele dia com o Oliver, cada mínimo segundo ao lado dele faziam valer a pena os meses de espera. Mas eu sabia que tão logo amanhecesse ele teria que ir embora e eu ficaria aqui sozinha.

— Amor, o que você esta fazendo aqui? Está frio, volte para a cama comigo. - Ouvi a voz de Oliver e me virei apenas para me deparar com seu corpo firme coberto apenas pela cueca box branca. Ele estava apoiado no vão da porta, numa pose sexy. Oh Deus! Aquela visão era um verdadeiro pecado!

— Você sim deve estar com frio. - Eu disse apontando para a sua semi nudez, seu rosto se iluminou em um semblante divertido.

— Bem, então talvez eu precise que você me aqueça. - Oliver se aproximou de mim me abraçando por trás e dando pequenos beijos na junção do meu ombro e pescoço fazendo os pelos do meu corpo se arrepiarem. Suspirei, eu nunca me cansaria de Oliver, eu nunca me cansaria de todas as emoções que ele despertava em mim. Porém, tão logo ele partisse, essas emoções iriam embora também, deixando apenas um vazio em seu lado da cama e o meu coração apertado de saudade. Eu precisava de mais do que uma noite com ele, mais do que alguns feriados... Eu precisava tê-lo em minha cama todas as noites e sobretudo eu queria não precisar me despedir dele todas às vezes. Era pedir muito um para sempre? - Porque você está aqui no frio ao invés de estar aninhada em meus braços na nossa cama? - Perguntou, senti uma ligeira mágoa em seu tom de voz.

—Eu só precisava pensar um pouco... - Confessei me virando dentro de seu abraço e encarando seus belos olhos.

— Em algo ruim. - Constatou em um tom baixo erguendo sua mão até o canto de um dos meus olhos, havia uma pequena lágrima ali, eu sequer a havia notado. - Posso ver isso estampado no seu rosto amor, e te ver infeliz me deixa infeliz também. - Sorri, Oliver conseguia ler as minhas emoções tão perfeitamente. - Sim, assim está melhor. Já disse que você tem o sorriso mais lindo do mundo? - falou e meu sorriso ficou ainda maior - Vê-lo em seu rosto faz meu coração palpitar... Você não tem ideia do que seu sorriso faz comigo. - abaixou seus lábios até os meus deixando um pequeno beijo ali, era quase como se ele quisesse roubar o meu sorriso. - Diga-me, em que você tanto pensava?

— Eu estava desejando que você pudesse ficar. - Respondi tristemente, sabia que ele não podia. Oliver suspirou e me apertou forte contra seu corpo, eu sabia que ele se sentia da mesma forma que eu.

— Olhe - Oliver falou alguns minutos depois apontando para algum lugar do o céu, me virei para ver o que ele apontava e a vi: uma estrela cadente rasgava a noite escura com seu brilho prateado.

— Devíamos fazer um pedido. - Falei e os olhos de Oliver brilharam com essa ideia.

— Feche os olhos. - ordenou e estranhamente assim que eu fechei os meus olhos Oliver se afastou de mim, com esse vazio eu finalmente percebi o quão fria a noite estava, o quanto eu precisava do corpo dele aquecendo ao meu. Eu podia ter feito um milhão de pedidos diferentes à tal estrela, mas acabei escolhendo o pedido mais bobo e ainda assim o que meu coração desejava desesperadamente que se concretizasse: Pedi que Oliver ficasse comigo para sempre.

Desejar esse tipo de coisa fazia de mim uma tola apaixonada? Que seja! Eu aceitava o título com prazer. Não havia uma parte de mim que não o amasse.

Assim que abri meus olhos eu arfei com o que vi. Oliver estava ali no chão ajoelhado sobre um dos joelhos, segurando em sua mão direita um delicado solitário de diamantes. Ele tinha no rosto uma expressão apaixonada.

— Você disse que deveríamos fazer um pedido. - Lembrou um pouco nervoso - Bem, eu percebi que a estrela cadente em questão não poderia realiza-lo por mim. - Respirou fundo antes de continuar - Isto é uma promessa, que eu sempre a amarei, sempre estarei aqui por você. Não importa quantos quilômetros estão entre nós, esse sentimento aqui dentro de mim é imutável. E eu amo, mais do que você pode imaginar! Então, eu preciso perguntar Felicity Megah Smoak, você me daria a honra de me fazer o homem mais feliz do mundo aceitando ser a minha esposa?

— Oliver...- Eu não sabia como faríamos um casamento funcionar dessa forma. Mas eu sabia que eu queria isso mais do que tudo. Olhei em seus olhos brilhantes que esperavam ansiosamente pela minha resposta, eu soube naquele momento que eu poderia ter milhões de razões para dizer não, mas eu nunca seria capaz de fazê-lo por que tudo em mim gritava por um sim então foi o que eu disse - Sim, eu aceito.

Oliver deslizou o anel em meu dedo, e em seguida levantou-se do chão tomando meus lábios com avidez, abraçando o meu corpo junto ao dele. Eu podia sentir o gosto da felicidade naquele beijo, eu podia sentir o amor, eu podia sentir tudo. Logo o beijo foi se transformando em algo mais e voltamos para a cama. Apesar do meu pedido a estrela cadente e do anel que agora reluzia em meu dedo, ainda assim Oliver teve que partir logo pela manhã.

 ***

Voltei meus olhos para o céu estrelado a noite estava novamente estava fria. Na verdade, frio parecia ser uma características das noites em Londres, como eu sentia falta do corpo de Oliver para me aquecer. Olhei para o anel de brilhantes em meu dedo anelar esquerdo. Era uma promessa, ele dissera. Uma promessa de que em algum momento estaríamos juntos, como um casal normal.

Porém os últimos meses separados não foram nada fáceis. Parecia que tinha sempre algo a nos separar, nós mal nos falávamos. Sempre que eu ligava Oliver estava em uma reunião importante, e para ser honesta eu também andava um pouco ocupada. A nossa última conversa tinha sido há 3 dias atrás, eu liguei para Oliver e ele estava tão apressado que desligara a ligação antes de responder ao meu “eu te amo”.

Eu sentia falta do corpo dele a noite me acalentando durante a noite, eu sentia falta do seu beijo de bom dia e até mesmo das tentativas desastrosas dele de fazer café. Eu honestamente não sabia mais quanto tempo isso duraria. Não poderíamos viver assim por mais tempo! Não era certo nos prender à um relacionamento no qual sequer conseguíamos nos comunicar. Eu tive medo de que toda essa distância estivesse estragando tudo, tivesse mudando o nosso amor, acabando com ele aos poucos.

Eu amava Oliver completamente, sempre o amaria, mas não estava pronta para ver esse sentimento se deteriorar aos poucos. Além disso, as coisas estavam diferentes agora, eu estava diferente. Não podíamos mais viver dessa forma. Eu não poderia seguir com a vida assim. Então eu tomei uma decisão baseado no que seria o melhor para nós.

Peguei meu celular, e respirei fundo tomando coragem para fazer aquilo. Eu tinha tentado várias vezes, mas eu sempre desistia. Eu o amava perdidamente, mas eu não podia mais viver assim, com um oceano entre nós, não era certo. Fiz o que devia fazer, liguei para Oliver.

***

 Oliver Queen

Eu encarava a imensa lua cheia que se erguia no céu acima de mim, era majestosa e irradiava um brilho prateado. O céu estava negro e sem uma nuvem sequer nele, as estrelas brilhavam mais do que o normal. Pequenos pontos de luz naquela vastidão sem fim, desejei que Felicity pudesse estar aqui comigo dividindo esse céu. Talvez pudéssemos encontrar outra estrela cadente.

Tinha dias como esse que a saudade era ainda maior, eu ficara a semana toda preso em reuniões chatas e tudo o que eu precisava agora era ouvir a voz dela, como eu queria pegar um avião e ir direto até ela. Esse relacionamento a distância era tão frustrante. As vezes eu queria poder simplesmente largar tudo e ir para Londres, mas eu não podia. Não ainda. Meu pai tinha morrido há três anos e eu ainda tentava ajeitar as coisas. Minha mãe e minha irmã precisavam de mim, e ainda tinha a Queen Consolidated. Eu não podia abandona-las assim.

Eu também não podia pedir Felicity para largar o emprego dela. Eu sabia o quando ela amava o que fazia, e que ela odiaria a posição de apenas esposa do CEO. Voltei para a cama vazia e acabei adormecendo pensando em Felicity, em como era injusta toda essa distância entre nós e que eu precisava achar uma solução para esse impasse, rápido.

Acordei com o despertador tocando, peguei o celular e senti uma pontada no coração. Felicity havia me ligado e eu havia perdido a ligação. Tentei retornar, mas o telefone dela parecia estar desligado, pelo menos ela havia me deixado uma mensagem de voz, meu dia não seria tão ruim se eu pelo menos pudesse ouvi-la.

— Oliver — Sorri ao escutar a doce voz dela dizendo o meu nome, Deus como eu sentia falta dela! - Eu não sei como começar a dizer isso. — disse, e logo em seguida veio uma longa pausa, ela estava nervosa e aquilo me deixou preocupado. O que poderia ter acontecido para deixa-la nesse estado? E então vieram as palavras, que partiram meu coração ao meio. - Eu não sei se posso viver assim mais. Com toda essa distância entre nós, não é certo vivermos assim! Eu sei que você nunca pediu para que eu tomasse uma decisão, para que eu escolhesse entre você e o meu emprego. Mas eu tive que escolher as coisas estão diferentes agora, por isso eu acho que será melhor se...

A ligação caiu antes que ela pudesse concluir, mas eu não precisava ouvir o restante da frase, eu já havia compreendido. Felicity estava terminando comigo.