Nos meus sonhos mais loucos escrita por Tha Granger


Capítulo 1
Wildest Dreams


Notas iniciais do capítulo

Wildest Dreams é minha música favorita de "1989", da Taylor Swift, e faz tempo que queria fazer uma Dramione com ela. O clipe me inspirou (tem uma fotografia linda, assistam) e cá estou, com uma short fic inspirada nela. Espero que gostem!



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Ele diz "vamos sair dessa cidade

Dirigir para um lugar afastado, longe da multidão"

Eu pensei "os céus não me ajudarão, agora

Nada dura para sempre

Sete anos. Sete anos tão poucos, tão longos. Sete anos tão insuficientes... Sete anos. Era inacreditável que parecia ter vivido uma vida e sentir-se como uma velha de 70 anos em sete anos, ao mesmo tempo que olhava pra ele e achava que sete anos pareciam sete dias, e era tão pouco. Ele.

Era pra ser um dia feliz, não era? Nostálgico, talvez triste, talvez um sopro de alívio por tudo o que foi vivido e sentido de ruim. Era o fim de um ciclo: seu último dia em Hogwarts, formada com todas as honras, ao lado dos seus melhores amigos, uma bagagem de experiências que eram o seu grande legado. Mas se sentia só, sentia frio, sentia que era pouco, tão pouco... Porque?

Descera a escadaria para o Salão Principal esplêndida como nunca havia sido; seu vestido caro e impecável vestia suas mágoas, suas tristezas, seus sonhos impossíveis. Usava um longo rosa pálido que a deixava ainda mais adorável e mulher, tecido esvoaçante, dançante, saltos altos de cetim, quase nada de maquiagem e penteado que deixavam a cascata de cachos caírem tão bem arrumados para um dos lados.

Quem ela queria que a esperasse ao pé da escada não estava ali pra ver que ela brilhava por fora, mas por dentro estava em um dia cinzento e tempestivo que não se apressava em ir embora. Harry e Rony, como dois cavalheiros que se tornaram, prometeram que fariam daquela noite a melhor de todas, e que os três iriam juntos para o Baile de Formatura do sétimo ano.

Mas isso vai me derrubar"

Ele é tão alto, e impossivelmente lindo

Ele é tão mau mas faz do jeito certo

Já dá para ver o fim, enquanto isso começa

Minha única condição é

Rony parecia se divertir muito com os outros septuanistas, Harry não parecia o mesmo desengonçado do quarto ano, já que deslizava elegantemente com Gina em seus braços pelo salão ao som de uma canção um tanto animada. Já ela preferiu sentar-se em uma das mesas livres e apreciar o momento.

Cruzou as mãos no colo e seu olhos passearam pelo salão, calmamente, até parar involuntariamente em alguém que tinha o poder de fazer seu coração falhar uma batida. Ele. Tão bonito e tão Malfoy em seu porte indestrutível, ainda que ela soubesse o quanto aquela alma estava em cacos, talvez sem conserto algum. O smoking era negro como a noite sem estrelas que o céu do castelo apresentava, sapatos reluzente, cabelos bem penteados pra trás. O olhar se perdeu nele e sua mente vagou pra uma viagem sem volta...

Diga que se lembrará de mim

Ali parada, em um lindo vestido

Encarando o pôr-do-sol, baby

Era uma casinha simples, toda branca, que ficava num topo de uma colina com um campo verdejante de se perder de vista. A brisa fazia uma carícia no vestido de xadrez vichy azul com branco, que esvoaçava de leve e batia nos joelhos. Seus cabelos estavam em um rabo-de-cavalo displicente, e olhava aquela imensidão onde o sol começava a se por, em toda a sua magnitude. Sentiu braços fortes a enlaçarem por trás e os envolveu com os seus. Sorriu discretamente, fechando os olhos por um momento.

O homem aspirou o perfume dos fios dela devagar, apreciando o cheiro bom que o entorpecia. A virou devagar e envolveu seu cinza de tempestade na calmaria dos castanhos dela. Uma das mãos subiram para o rosto delicado, que recebeu o afago de bom grado. Ela deu um pequeno beijo na palma da mão que a acariciava e a envolveu nas suas. Deu um passo pra ficar ao lado dele, e os dois voltaram sua atenção para o pôr-do-sol.

Diga que irá me ver de novo

Mesmo que seja apenas em seus sonhos mais loucos

Sonhos mais loucos, oh

A noite trouxe uma tempestade, onde começaram a se amar, cada gota de chuva selando aquele momento. A água caía incessante sobre eles, ele abriu dois botões da frente do vestido dela pra que pudesse provar da mistura única do líquido que os banhava com o gosto da pele da castanha. Beijou e lambeu sem pressa o vale por entre os seios, a fazendo arquear levemente as costas pra lhe ceder mais espaço.

Tomou os lábios macios e gélidos mais uma vez, e mais outra, e incontáveis vezes, os dedos firmes em seus cabelos já soltos e encharcados, as mãos dela o puxando pela nuca, as pernas entrelaçadas em seu tronco, a outra mão forte a prendendo forte em seu braço. Podiam fazer amor ali, de novo, mas a levou em seus braços pra dentro da modesta casinha, pra provar dela mais uma vez e fazer mais uma porção de juras de amor contra seu ouvido, sua pele, contra cada pedacinho do corpo esguio.

Eu digo, "ninguém precisa saber o que fazemos"

Suas mãos estão em meu cabelo

Suas roupas estão em meu quarto

E sua voz é um som familiar

Nada dura para sempre

Mas isso está ficando bom, agora

Aquele mesmo sol que desaparecera pra dar lugar à chuva surgiu de manhã majestoso, iluminando o quarto onde os dois ainda se amavam, as roupas esquecidas no chão, os corpos fundidos em um só. Um daqueles momentos de felicidade inexplicável.

Sentiu uma gota escorrer pela face, mas não era da chuva que experimentara; uma lágrima solitária rolou devagar, enquanto sua mente a permitia voltar para o barulhento Salão Principal, seus olhos ainda focalizados nele, as reações involuntárias do seu corpo das quais sua mente debochava e seu coração doía, apertado, lhe roubando o ar de agonia.

Abraçou-se, se obrigando a desviar os olhos dele, que andava de braços dados com Pansy Parkinson. Abaixou a cabeça, respirando ritmadamente, tentando se acalmar e evitar as lágrimas que queriam descer a qualquer custo. Se forçou a levantar a cabeça novamente, e resolveu sair do salão, ignorando as indagações dos amigos sobre o porquê estava correndo dali.

Tomou parte do vestido em suas mãos pra lhe facilitar a corrida, seus pés a levando a lugar algum. A tempestade se fez lá fora, e ela não a evitou. Deixou a dor tomar conta do seu corpo, ser inundada pela chuva que caía torrencialmente sobre ela, chutando os sapatos pra longe, caindo de joelhos na grama sem se importar em sujar sua roupa. Deixou finalmente que a barreira que impedia sua tempestade de desaguar pelo seu rosto sumisse, chorando livremente.

Você me vê novamente em suas memórias

Enroscada em você a noite toda

Pegando fogo

Um dia, quando você me deixar

Aposto que estas lembranças

Te seguirão

As mãos foram para o rosto, e no momento que ela fechou os olhos pôde sentir mãos fortes envolvendo seus ombros, obrigando-a a se levantar, a puxando pra um abraço e lhe dando um beijo apaixonado, cheio de promessas que nunca viriam.

Abriu os olhos, ainda cheios de lágrimas, e olhou em volta. Estava sozinha, como sempre se sentiu. Podia jurar que não conseguiria viver com aquela dor. As memórias lhe perturbando com cenas que eram fruto da sua imaginação, que ela sabiam ser impossíveis, mas ao mesmo tempo lhe era tão certo como respirar.

Se levantou, e com a chuva ainda caindo forte tentou limpar inutilmente a terra do vestido, agora pesado e encharcado. Esqueceu os sapatos e correu uma vez, sabia que as carruagens estariam ali pra quem quisesse ir embora antes da hora. Deixou Hogwarts sem sequer olhar pra trás, não queria despedidas.

O trem estava imponente à espera de quem fosse embarcar, a hora que fosse, e ela entrou. O calor do interior da locomotiva a envolveu e ela sentiu-se grata por um segundo. Acomodou-se em uma das cabines e deixou que as lágrimas a inundassem novamente, numa tentativa frustrante de se lavar daquele desejo. Aquele desejo que ela queria que também fosse o dele.

Olhava a madrugada através da janela com um pouco de saudosismo. Os campos verdes e as colinas do já tão conhecido caminho ao castelo fizeram com que ela desejasse que ele reunisse todas as lembranças que ela colecionava em seu coração e a quisesse com o mesmo fervor que ela.

Talvez o destino fosse um grande canalha ou um grande amigo, já que ela não era a única naquele trem que metaforicamente era o trem da sua vida. Na cabine ao lado um loiro de olhos azuis acinzentados da cor da tempestade era tão atormentado por seus sonhos, que ele queria do fundo do que sobrara da sua alma que se tornassem sua realidade.

Mesmo que seja apenas em seus sonhos mais loucos

Sonhos mais loucos, ah-ah-aah


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Notas finais do capítulo

Confesso que me emocionei um pouquinho escrevendo essa fic, espero que tenham gostado! ♥