Recomeço escrita por Supernatural Girl


Capítulo 19
O protetor




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Apesar de ser considerado falta de educação, não o respondo. Eu não o conheço. Nunca o vi antes. Como ele pode saber quem eu sou? A menos que...

Alec me empurra com o braço para trás dele. Vampiros do grupo invasor e da guarda entram numa batalha que consome o salão e fora dele. Alguns sendo arremessados, outros com os membros sendo removidos e não demora muito para surgirem os primeiros indícios de fogo. O cheiro é horrível.

— Se tranque no seu quarto – me diz Alec apressado.

— Eu não vou te deixar aqui.

— Isso não é hora pa...

Um vampiro pula em Alec e com uma chave de braço, começa a arrancar sua cabeça. Entro na mente dele e ele solta Alec gritando de dor.

— Não meu namorado, idiota.

Alec arranca a cabeça dele e joga em uma fogueira, que não vi sendo acesa.

— E você disse que eu não estava pronta para uma batalha – provoco Alec.

Depois dele, muitos vampiros vêm para cima de nós. Sei que sou o alvo principal, apesar de não saber o motivo. Faço o melhor com meus poderes para ajudar Alec e os outros, mas me sinto mais fraca a cada vez.

Dor para distrair os inimigos, manipulação para fazê-los errar o golpe e dar uma chance para o nosso lado. Tudo isso está sendo de grande ajuda, mas ainda são muitos deles e alguns têm poderes. Se eu soubesse fazer mais coisas...

— Alec – grita Jane. Ela parece indignada. Talvez, porque seus poderes só podem alcançar um de cada vez, mas Alec, assente, e lança seus poderes sob os invasores – algo que ele não estava fazendo, sabe-se lá por que.

Uma mão masculina se fecha em minha boca. Tento usar meus poderes para fazer quem estiver me segurando me soltar, mas não encontro sua mente.

O protetor.

Alec está distraído, e não me vê sendo levada. Ninguém vê. Todos estão lutando com alguém e se virarem o rosto, podem acabar morrendo. Tento alcançar a mente de alguém da guarda ou do clã, mas também não consigo. Estou no escuro. Meus poderes não funcionam.

O sequestrador me faz subir as poucas escadas que formam um pequeno altar onde parte do clã se senta, mas ao invés de virar para os quartos, ele segue para um corredor escondido atrás dos tronos. Nunca havia reparado nele. Quem quer que esteja comigo, conhece muito bem a torre. Parece que temos realmente um traidor, afinal.

Entramos em uma sala escura, vazia e úmida. Parece um calabouço. A pesada porta se fecha e vejo quem me trouxe aqui.

— Você? – pergunto – Mas, por quê?

— Por que tão surpresa, Claire? Você nem me conhece tão bem assim para afirmar minha lealdade – diz Michael.

— Você sempre me pareceu...

— Invisível? Inútil? Fraco?

— Quieto – completo o que queria dizer – Você me ajudou nos treinos

— Ajudei? – Michael ri – Você realmente achou que eu estava lá, sendo torturado e usado porque eu queria? – ele ri novamente – Fracamente garota, se os Volturi contratassem por inteligência, você teria sido morta assim que colocou os pés aqui dentro.

— E você estaria governando por ter elaborado um plano desses?

— Mas, não foi ele quem planejou tudo isso – sai um vampiro das sombras. Não havia notado sua presença aqui, mas é o mesmo que estava na frente do ataque. O alto, loiro e com cara de psicopata – Fui eu.

— E por quê? Eu nem te conheço.

— Não vamos levar isso para o lado pessoal, Claire – diz o vampiro loiro – A culpa não foi minha se você resolveu procurar abrigo com o clã mais odiado do mundo e no pior momento possível. Eles já governaram tempo demais e não fizeram nada por nós. Somos proibidos de beber quanto sangue queremos, enquanto eles estão aqui. Achando que isso é o certo.

— Ninguém disse que isso é certo e ninguém é proibido de beber sangue. A única proibição é deixar os humanos nos descobrirem.

— Ela já está falando como eles – o vampiro diz para Michael – Querida, me reponde uma coisa. Por que os humanos não podem nos descobrir? Você teme o quê? Somos mais fortes que eles, mais espertos, mais rápidos, mais tudo! Eu só quero liberdade, enquanto seus preciosos Volturi só gostam do poder. Só isso que eles querem. Querem governar o mundo. Não fazem nada de bom para nós.

— É isso que você pensa, Michael?

— Sabe Claire, eu estava na minha monótona vida aqui quando Dom me encontrou e me mostrou seu plano. Nunca entendi o porquê de ele ter me escolhido, mas depois eu percebi. Ele sabe que serei uma boa peça na nossa civilização. Ele viu potencial em mim e os Volturi não. Você só gosta deles porque eles te protegem, e eles só gostam de você porque você protege a eles. Você dá grande poderes a esse clã, Claire, e precisa morrer.

— Se você tivesse ficado com os Romenos, poderia ter tido uma vida longa e talvez até feliz – diz Dom – Stefan e Vladimir só pensam em destruir os Volturi. Quando isso acontecer, eles ficarão com um humor melhor. Você só precisava aguentar um pouco mais. Talvez vocês até se unissem a nós. Você não saberia o que ia perder e os atacaria sem dó. Como você estava comprometida a fazer. Sua lealdade muda muito rápido.

— E agora você vai tentar comprá-la? – pergunto e Dom ri.

— Claro que não. Você se apaixonou Claire, e não sou idiota em achar que você o deixaria para se manter viva. Não sei o quanto vocês se gostam, mas não irei arriscar meu plano por você.

— Por que vocês resolveram me atacar agora? Os Volturi já haviam saído e sairiam novamente dentro de alguns dias. Por que agora? – pergunto. Dom começa a andar de um lado para o outro em minha frente.

— Na verdade, isso acabou sendo um imprevisto. Como os Volturi saíram meio de surpresa da última vez, não sabíamos quando eles iriam voltar e ainda não estava tudo pronto. Michael disse que a próxima saída deles seria ontem, então marcamos tudo para hoje, mas, aparentemente, teve uma mudança de planos e como Michael não estava aqui, ele não ficou sabendo.

Claro, minha sugestão de que poderia haver um ataque fez com que os Volturi precisassem rever os preparativos e isso os atrasou.

— Não se preocupe Claire. Temos forças suficientes para matá-los – diz Dom – e a você é claro.

Dom se move em minha direção, cansado da conversa. Seus dentes estão à mostra em um sorriso ameaçador. Tento chamar alguém usando meus poderes, mas uma dor de cabeça enorme me atinge como uma pancada. Dom ri.

— Não adianta tentar – Dom diz rindo – Sou eu quem protege as mentes do meu clã. Meus poderes são um pouco mais limitados que os seus, mas também tenho algumas cartas na manga. Sabe Claire, eu posso fazer uma barreira mental assim como você. Proteger apenas pensamentos específicos e deixar os outros a mostra, como fiz com meus amigos que te atacaram da primeira vez. Mas para fazer isso em tempo real, eu preciso estar a poucos metros da pessoa e manter contato visual e isso dá um pouco de trabalho.

— Então, por que eu não consigo... – tento terminar a frase, mas a dor em minha cabeça ainda é muito grande. Chega a ser insuportável.

— Porque eu não estou protegendo a deles – Dom responde -, mas a sua.

— Como assim? – perguntei com um sussurro.

— Eu disse que tinha cartas na manga – Dom se agacha e segura minha mão – Eu fiz uma espécie de bolha em sua mente Claire. Isso é uma coisa interessante. Você precisa entrar na mente da pessoa para protegê-la, eu não.

Não posso garantir que ele esteja falando toda a verdade, mas sei que ele não entrou em minha mente. Desde que aprendi a protegê-la, faço isso o tempo todo. Ele continua:

— Tudo o que você tentar fazer, se voltará contra você. Fiquei surpreso por não ter tentado nos torturar.

Eu até tinha pensado em fazer isso, mas sabia que não estaria forte o suficiente para atingir os dois, fugir e lutar lá fora. Alec tinha razão, não estou pronta para uma grande batalha. Pelo menos, não sozinha. Isso é o que iria acontecer se eu fosse com eles até os Cullens e houvesse um ataque. Eu morreria e levaria Alec e mais alguns comigo. Nem sei se ele ainda está vivo.

— Agora, chega de conversa – Dom puxa minha mão e morde.

A dor da mordida me consome. Sinto que estou enfraquecendo, mais do que já estava antes. Tento me soltar, puxo, chuto e me debato, mas ele é forte demais. Ele me solta e sinto o veneno se espalhando pelo meu corpo. Arde. Imagino que essa seja a sensação de queimar em uma fogueira.

O fogo é insuportável. Pior do que qualquer dor que já senti na vida. Talvez, pior que a fogueira. Eu não podia me afastar porque ela estava dentro de mim. Onde eu fosse, ela iria comigo.

Eu gritava o mais alto que podia, mas não aliviava. Não conseguia ouvir nem ver nada da sala em que estava. Dom e Michael devem estar rindo de mim neste momento. Rindo da minha dor e do meu desespero. Tento parar de gritar para ouvir o que está acontecendo. Para não deixar que eles vejam meu sofrimento, mas não adianta. Quando tento fechar minha boca, ela se abre novamente com um grito que arranha minhas cordas vocais.

— Claire – escuto quando tento parar de gritar mais uma vez. A voz está desesperada, mas não é de nenhum dos meus sequestradores – Aro?

— Não tem mais nada para fazer Alec – diz Aro tristemente – Precisamos esperar.

Tento falar algo, mas nada sai, e então tudo fica preto. Ainda sinto a dor, mas não da mesma forma. Não é meu corpo que queima, mas minha mente. Não enxergo nem ouço nada. Tudo o que posso fazer é esperar a transformação, que não deveria ter acontecido agora, me transformar para sempre. Serei forte, rápida e imortal. Se eles tiverem matado todos os invasores, é claro.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado deste capítulo - eu adorei :P
O próximo capítulo será maior. E eu quero saber o que vocês acham que acontecerá.



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