Recomeço escrita por Supernatural Girl


Capítulo 13
Atacada




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— Estou vendo algumas luzes ainda – diz Alec

Passaram-se três dias desde que eu começara a treinar com Alec e eu ainda não conseguia tirar completamente sua visão. Como ele mencionou, faltam alguns feixes de luzes que não saem de jeito nenhum.

Em comparação com Jane, Alec é mais fácil de lidar. Seu olhar não transmite ódio e não parece que ele está se segurando para não me devorar, então me sinto um pouco mais confortável. Além disso, ele é mais paciente que os outros membros da guarda.

— Sumiram – diz Alec – Agora mantém.

Tento seguir suas orientações, porém, é ainda mais difícil focar na tarefa quando o que mais quero é começar a pular de felicidade por ter conseguido. Aro ficará orgulhoso depois da minha falha recorde com Demetri. Ainda não consigo acreditar que ele desistiu tão fácil.

O tempo passa e começo a ficar entediada. Não posso me distrair olhando para o relógio e Alec não consegue enxergar, mas parece que se passaram horas.

— Estou cansada – digo esperando que ele entenda a indireta.

— Você precisa manter o máximo que conseguir. O tempo também faz parte do seu treinamento, Claire.

Já que a indireta não funcionou, decido ser mais direta.

— Por que você parou? – pergunta Alec. Parece que ele precisou reunir toda a força para falar num tom de voz calmo.

— Porque estou cansada – repito, encostando-me à parede atrás de mim. Alec me observa e vejo uma mistura de raiva e decepção em seus olhos – Quanto tempo passou?

— Três minutos – responde Alec checando o relógio – Você não deveria ter parado. Ficar desistindo não levará em nada.

— Eu não sou vampira ainda, Alec. Eu me canso com facilidade. Não posso ficar aqui durante horas nem com muito treinamento.

— Não saberemos disso se não tentarmos.

Reviro os olhos. É a mesma coisa que me dizer que posso correr a 100 km/h com muito treinamento. Não funciona. Se funcionasse, as pistas de atletismo teriam que ser maiores porque as competições acabariam rapidamente.

— Não te incomoda ficar sem ver por tanto tempo? – pergunto antes que ele possa voltar a falar.

— Claro que incomoda – responde rapidamente-, mas o que eu posso fazer? Alguém precisa ser a cobaia.

— Podemos continuar amanhã?

— Mas acabamos de começar

— Eu sei, mas não quero mais treinar...

Depois do discurso “Não é você quem decide blábláblá”, Alec me liberou. Eu poderia manipular sua mente, mas prefiro pedir. É mais justo. Além do mais, ele podia acabar me odiando e ainda preciso aturá-lo por mais um tempo.

Em vez de ir para o quarto descansar, vou passear pela vazia cidade de Volterra. Não estou tão cansada quanto fiz Alec pensar, mas ele não precisa saber que o enganei. Não usei nenhum golpe baixo, como meus poderes, então não é crime.

Do lado de fora da torre, um palco está sendo montado. Não faço ideia do que irá se apresentar ali em cima, mas é pequeno. Talvez uma pequena peça, ou um show de música. Seria bom para os pequenos restaurantes ao redor.

Começo a me afastar da praça. Não tenho nenhum destino, até porque não conheço muita coisa por aqui, mas conforme vou andando, o número de pessoas diminui até não ter mais ninguém na rua. Se estivesse na minha antiga cidade, ficaria com medo. Bandidos, drogados, estupradores. São nessas ruas que eles se escondem para esperar a próxima vítima, mas em Volterra não é assim. Os Volturi mantém a criminalidade lá embaixo para não atrair atenções.

Por isso, o barulho de algumas noites atrás não podia ser nada demais.

Encosto no pequeno muro do estacionamento de ônibus de turismo, que está vazio agora. Se me falassem que um estacionamento é um bom lugar para passar o tempo, eu teria rido, mas a vista daqui é linda. Seria mais linda se eu conseguisse subir na colina aqui atrás, mas tenho que me contentar com a paisagem daqui de baixo e arrumar um espaço entre as árvores para enxergar.

— Finalmente sozinha – digo para a noite.

Começo a relaxar quando ouço as folhas das árvores balançando. Não tem razão nenhuma para elas balançarem, não tem vento.

— Sério isso Demetri? – pergunto lembrando que não avisei Aro da minha saída – Eu me esqueci de avisar. Não estou fugindo.

Nenhuma resposta.

Olho ao redor e não vejo ninguém. Estranho.

“Corra” diz meu subconsciente.

Corro o mais rápido que posso tentando refazer o caminho até a torre. Agora, minha mente não trabalha mais o com a possibilidade de ser algum dos Volturi. Minha intuição me disse para correr, então eu vou correr até estar segura no meu quarto.

É muito difícil me lembrar do caminho com o pânico martelando minha cabeça. Quase entro na rua errada. Preciso dar meia volta para pegar a rua certa, mas dou de cara com um homem.

Um vampiro.

Não é Demetri. Na verdade, não é ninguém que eu conheça. O vampiro sorri e me ataca.

Ele me prende contra a parede. Sua mão no meu pescoço me ergue do chão. Ele começa a apertar. Ele pode quebrar meu pescoço, mas quer me ver perder a ar. Quer me ver morrendo aos poucos. Tento chutá-lo, mas ele apenas ri. Sabe que isso não irá me ajudar em nada.

— Mate-a logo – diz outro vampiro. Consigo vê-lo, mas não posso lutar contra os dois. Estou ficando sem ar, logo, sem energia. Mas posso pedir ajuda. Entro na primeira mente que penso pedindo socorro -, antes que alguém chegue.

Meus olhos começam a escurecer. Estou perdendo a consciência. Então, é isso. Nada de vida passando pelos olhos, apenas escuridão.

Antes que o escuro me pegue por completo, o vampiro me solta.

— Claire – diz uma voz masculina me sacudindo. Tento inspirar o máximo de ar. Meus olhos focam novamente.

— Alec? – ele parece aliviado – O que está acontecendo? – tento me levantar, mas ele me mantém no chão. Ouço barulhos. Gritos.

— Você está bem? – ele pergunta. Seu rosto está iluminado por uma luz alaranjada. Fogo?

— Não o mate – reconheço a voz de Jane. Alec vira e sigo seu olhar. Demetri está prestes a arrancar a cabeça do vampiro que não estava tentando me sufocar, mas que queria me ver morta o mais rápido possível. Parece que ele tinha razão em apressar o outro – Precisamos levá-lo para Aro.

Felix, que eu nem sabia que estava aqui, se junta a Demetri para imobilizar o vampiro. Alec me pega no colo e juntos seguimos Jane até a torre.

Onde antes havia algumas pessoas, agora não há ninguém. É como se todos soubessem que deveriam ir para suas casas porque alguns vampiros iriam passar e elas não podem vê-los.

Já estou me sentindo melhor quando vejo a torre. Meu pescoço ainda dói, mas duvido que vá melhorar essa noite. Tento descer do colo de Alec, mas ele me aproxima mais de seu corpo. Encosto a cabeça no seu ombro me dando por vencida. Não iria vencer essa luta.

Fico confusa quando entramos na rua ao lado da torre, mas me lembro de que existe outra entrada por lá, apesar de nunca tê-la usado.

Por essa entrada, a sala dos tronos parece mais distante ainda. Ou seria apenas a minha vontade de deitar no meu quarto?

Entramos na sala e os Volturi já estavam lá, e pela a aparência deles, nos aguardavam. Aro me olha, depois dirige o olhar para o vampiro que, agora, está ajoelhado na frente de sua cadeira.

— O que aconteceu? – perguntou Caius - Vocês saíram de repente.

— Claire foi atacada por dois vampiros – responde Jane.

— E onde está o outro?

— Cuidamos dele – Jane sorri.

Aro desce as escadas, e pega a mão de Jane.

— Consegue ficar em pé? – pergunta Alec para mim. Afirmo e ele me põe no chão.

Quando volto a minha atenção para Aro, ele já está soltando a mão do vampiro ajoelhado. Sua cara não parece boa.

— Então? – pergunta Caius impaciente com o silêncio de Aro.

— Os dois receberam um bilhete há uma semana – responde Aro – Um bilhete sem remetente que dizia para matar Claire.

— Mas, por que seguir as ordens de alguém que você nem conhece? – pergunta Alec. O vampiro ri.

— Eu sei de onde veio – diz o vampiro ainda rindo – O fato de vocês não saberem, significa que deu certo.

— O que deu certo? – Caius pergunta confuso. O vampiro não responde. Apenas continua rindo, mas sua risada é interrompida por um grito quando Jane tenta seus próprios meios para fazê-lo falar.

— Você pode usar seus poderes o quanto quiser – o vampiro volta a rir – Minha boca é um túmulo.

— Por que matar Claire? – Alec pergunta o que está me intrigando.

— Equilíbrio.

— O que?

— Equilíbrio – repete o vampiro.

— Eu ouvi da primeira vez – diz Alec – O que significa?

— Significa que ela desequilibra o mundo – explica o vampiro.

— Ele é maluco – diz Alec.

— Ela será a vampira mais poderosa do mundo – continua o vampiro – e ela é de vocês. O clã mais poderoso que existe. Percebe o desequilíbrio? Se com você e sua irmã, os Volturi já são indestrutíveis, com ela então... – ele olha para mim – Você não percebe? Se você não tivesse poderes, já estaria morta. Eles só a mantém aqui por causas dos seus poderes. Você acha que eles são legais e que gostam de você, mas na verdade, eles só querem ter você sob controle. Qualquer clã que tenha você pode destruí-los. Você sozinha pode destruí-los. Só é burra demais para perceber isso.

Todos me olham esperando para ver minha reação. Esperando que eu os traia. Que eu caia na conversa do vampiro. Mas nada disso é novidade para mim. Sempre soube que só estava aqui por causa dos meus poderes. Sempre soube o que minha presença significava para os Volturi. Stefan e Vladimir nunca esconderam que se os Volturi soubessem da minha existência, eles iriam atrás de mim como fizeram quando descobriram os poderes de Demetri.

Olho para Felix e aceno com a cabeça, como Aro costuma fazer, e assim, dou a minha primeira sentença de morte.


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Notas finais do capítulo

Mais um capítulo para vocês ♥ O próximo está apenas aguardando a correção da beta. Quais são suas apostas para o final da história?



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