No dia anterior havia decidido que iria treinar de todas as formas possíveis para melhorar meus poderes o quanto antes. Não ia continuar vivendo com vampiros só porque precisava de proteção. Se fosse para ficar aqui, queria ter um motivo mais forte. Passei todo meu tempo livre tentando cobrir minha mente com a névoa de proteção, mas continuava não sentindo nada de diferente. Talvez, eu não seja capaz de proteger a minha mente, pensei. Quando estava na minha última tentativa, senti algo diferente. Não sabia se tinha funcionado, mas não havia sentido isso antes.

Dessa vez, Aro não bateu na porta. Acordei, tomei meu café da manhã que estava no meu quarto – algo bastante perturbador a propósito – e segui para o que virou a sala de treino. Ao abrir a porta, vejo que Aro me espera, desta vez, sem Jane. Já estava animada para ver se o que senti foi de fato o escudo, agora sem a Jane por perto, fico ainda mais.

— Sem Jane? – provoco.

— Sem Jane – Aro confirma – Sinto muito por ontem. Achei que pudesse dar certo. Ela não irá participar dos treinos novamente.

Solto o ar, que nem sabia que estava prendendo.

— Lembra-se do que eu falei ontem, certo? – pergunta Aro – Você fará a mesma coisa hoje: imaginar a névoa.

Fecho meus olhos e imagino a névoa. Volto a sentir algo estranho e a mão de Aro toca a minha. Desta vez não abro os olhos. Permaneço com ele fechado para não perder a concentração. Aro não me solta, nem fala nada.

Quando o silêncio começa a me incomodar, abro os olhos e afasto minha mão. Aro continua olhando-me por alguns segundos e fala:

— Nada. Eu não vi nada.

Um sorriso se forma no meu rosto. Deu certo. Eu consegui. Segundo dia de treino e eu consegui! Não conseguia acreditar que havia evoluído tão rápido.

— Qual é o próximo passo agora? Eu começarei a treinar com quem? O que irei aprender?

— Você parece bem ansiosa – observa Aro -, mas ainda temos que treinar mais algumas coisas, como: proteger apenas um pensamento e proteger outras mentes.

— Então vamos lá – digo. Queria terminar todo o treinamento o quanto antes. Não queria me sentir tão vulnerável quando estivesse próxima de outros vampiros.

— Tudo bem – Aro me olha surpreso – Você vai escolher apenas um pensamento e irá impedir que eu o veja.

Esse exercício demorou a manhã inteira e mais metade da tarde quando finalmente consegui proteger um pensamento. Não achei que seria tão difícil assim, mas proteger a mente é mais fácil do que definir o pensamento que Aro não devia ler.

— Agora irei proteger outras mentes, certo? – pergunto.

— Vamos deixar para amanhã. Você está se esforçando demais.

Sim, eu estou me esforçando demais. Estou cansada e adoraria ir para a cama descansar a mente, mas não irei contar isso para Aro. Eu preciso aprender a me defender.

— Quando eu me esforço demais meu nariz sangra. Isso ainda não aconteceu. Estou bem, e quero continuar. Não era você que estava com pressa para me transformar?

— Tudo bem, minha cara, mas precisaremos de mais gente. Além do mais, eu só consigo ler uma mente de cada vez. Alec e Jane poderão nos ajudar.

Ótimo. Estou doida para ver se meus poderes funcionarão contra os de Jane.

Aro me leva para a sala de jantar e hoje ela está cheia. Parece que estavam todos nos aguardando. Caius, Marcus, Jane, Alec, Demetri, Felix, Michael e mais dois guardas que não conheço.

— Estamos precisando de uma ajuda no treinamento de Claire – diz Aro às confusas caras do salão – Ela consegue proteger a própria mente, precisamos descobrir se ela consegue proteger a de todos nós.

Caius se ajeita no trono.

— Por isso gostaria de pedir a ajuda de Jane e Alec e de todos vocês, é claro – continua Aro.

— Aro, você está sugerindo que sejamos torturados para ver se essa menininha consegue nos proteger? – diz Caius.

Preciso segurar o riso. Caius, um Volturi, com medo de gente da própria guarda. Ele que sempre parece ser tão convencido de estar protegido o tempo todo. Nunca pensei que veria isso.

— Não confia em mim, irmão? – pergunta Aro – Acha que eu sugeriria isso se não achasse que ela está preparada?

Caius não responde.

— Sendo assim, Alec, você irá cobrir a todos menos a mim. Preciso estar consciente para saber quando devemos parar – explica Aro.  Alec concorda com a cabeça. Jane olha para Aro esperando que ele lhe der ordens, mas ele não o faz. – Pronta querida?

Fecho os olhos e tento me concentrar o máximo que posso, mas é mais difícil sabendo que tem tanta gente me olhando. Projeto a névoa em minha mente, e tento o máximo possível projetar para os outros, mas falho. Abro os olhos e tento novamente. Dessa vez, eu a sinto se afastando. Aro, Caius, Marcus. Vou protegendo um a um, antes de pegar o último, Alec ataca. De suas mãos sai uma névoa preta que vai preenchendo o local aos poucos. Tudo vai ficando preto, mas alcanço o último desprotegido antes que Alec chegue primeiro.

Não sei se a proteção está funcionando nos outros, pois a névoa de Alec é muita densa e não dá para ver o que está na frente quando ela te alcança, mas eu estou perfeitamente bem. Todos os meus sentidos estão intactos.

— Alec - escuto a voz de Aro.

Imediatamente, a névoa começa a recuar.

— Magnífico – diz Aro – Conseguimos nossa própria Bella.