Ella Baldwin, na verdade, ela tinha um nome do meio que fazia questão de esconder por medo de ser reconhecida. Não era fácil ser herdeira de um dos maiores nomes conhecidos no mundo bruxo, consequentemente odiado pelo mundo trouxa. Assim como os seus outros três futuros parceiros, ela conseguia viver nas ruas fazendo o que os trouxas mais gostavam de ver: ilusionismo. É claro que para eles aquilo era mágica e ela sempre sentia o sangue ferver quando eles falavam aquela palavra estúpida, mas se obrigava a suportar para conseguir se safar da vida que recebera em frente ao Teatro Municipal, no centro de Londres.

Do outro lado da cidade, em um bairro onde apenas os piores seres que se podia encontrar na Inglaterra, estava Jonas Couteau, mantendo amizade com todos — isso incluía os melhores traficantes da região. Mesmo com as cicatrizes em cima da pele negra e algumas poucas inimizades, não fazia parte da violência. — e fazendo truques totalmente impossíveis antes de brigas de gangue, onde tinha um enorme público, ou até mesmo nos almoços comunitários oferecidos pela prefeitura. Ele achava que seria melhor se mesclar àqueles que eram totalmente ignorados pelo mundo, talvez assim não o encontrassem.

Apesar da idade, Frederick Owen estava bem demais. Olhado por vários homens e mulheres por onde passava, afinal, um nome desconhecido estar envolvido com a máfia londrina era para ser vigiado. Ao contrário do que se pensa, ele apenas se apresentava em bares alugados por aqueles que fariam negócios e se envolveriam com contratos até tarde. Era a atração do bando de trouxas ricos que achavam ser os mais perigosos ao mesmo tempo que protegidos do mundo. Recebia um cachê que o ajudava a passar o mês, fora os pequenos truques que fazia algumas vezes.

As coisas só não estavam boas para Charles Alexus, que fora detido pela terceira vez em seis meses. Sempre fora pego por estar envolvido com roubos por arrastão. Ele começava a fazer seus truques geralmente em aeroportos, rodoviárias e estações de metrô e trem para os turistas que visitavam a terra Real enquanto seus parceiros de crime faziam o serviço sujo. Como se já não bastasse, ganhava uma gorjeta das suas vítimas. Infelizmente, a polícia já estava de olho nos seus shows fazia tempo, e quando eles se descuidavam, acabavam passando dois dias em uma cela — como havia acabado de acontecer.

A semelhança entre eles era maior que simplesmente fazer truques de mágica nas ruas. Naquela semana, o mesmo homem havia assistido todas as suas aparições e estava determinado de que eles eram eles. Eles não haviam sido escolhidos por uma razão qualquer, mas porque eles eram eles. Num mundo onde os bruxos são considerados as pragas e os trouxas destruíram todo e qualquer rastro de magia, eles são verdadeiros sobreviventes.

No final da tarde de quinta feira, Ella se retirava da frente do Teatro, Jonas abria a porta de seu alojamento, Frederick retirava seu terno e Charles saía da delegacia quando eles notaram uma coisa incomum: uma pequena carta que antes não estava consigo. A carta estava endereçada, contendo os desenhos para cada um, respectivamente, um leão, uma lontra, um corvo e uma cobra.

No final da tarde de quinta feira, os quatro estavam unidos pelo mesmo objetivo. O objetivo que eles ainda desconheciam.