A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 23
A ponta do Iceberg parte 4


Notas iniciais do capítulo

Semana de provas chegando, então não sei se terá capítulo semana que vem. Em todo caso, voltaremos com nossa programação após a terrível semana.
Fiquem ligados e boa leitura.



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Ares seguira Macha e agora espionava os ciclopes. Ele não achava nada de preocupante em um bando de ciclopes escavando terra. Um segundo, ciclopes não escavavam terra.

— Olhe aquilo ali. – Macha apontou para uma espécie de mulher cobra com vários braços que coordenava a escavação.

— Nunca vi algo assim antes.

— Nem eu. Eu mato a metade e você mata a outra.

— Quem você pensa que é para me dar ordens?!

— Está bem, eu mato todo mundo então.

— Nós nem sabemos o que eles querem!

— Não preciso saber para perceber que boa coisa não é.

— Você é irritante.

— Me falam isso o tempo todo. – Respondeu mostrando a língua.

Um ciclope tinha ouvido e agora se encontrava a frente da dupla. Macha simplesmente pegou a espada e a enterrou na clavícula do ciclope, de baixo para cima. Aquilo chamou a atenção dos demais e os dois foram obrigados a revelar a posição.

— Você se vira com uma lança quebrada, certo?

— Ah, vai se catar, mulher! – Exclamou desembainhando a espada.

— Devia ter pensado nisso quando lutou comigo.

— Se eu soubesse que era tão boa, teria matado seu cavalo e sumido.

— Aí sim estaria morto.

O aspecto travesso de Macha foi mudado para o terrível após sua última frase. Os dois caíram em cima dos ciclopes e da criatura estranha.

De volta ao acampamento, murmúrios frenéticos tomavam conta do ambiente. Exclamações, teorias e perguntas, principalmente perguntas. O clubinho da treta formado por Eliot, Tyler, Marcos, Travis, Connor e Hermes tinham arrumado mais pipoca enquanto Hefesto esperava o responsável pela câmera.

— Alguém pode me explicar que caralhos está acontecendo porque eu não entendi porra nenhuma?! – Exigiu Poseidon, mais alguns segundos e Zeus teria dito o mesmo.

— Eu explico. – Começou o irmão. – Depois da novela da Perséfone, quando ela foi visitar a mãe pela primeira vez, eu fiquei sozinho e então decidi imaginar como seria se eu e a Perséfone tivéssemos uma filha. Algumas vezes eu tinha visões com uma criança, fui moldando a criança até que um dia, ela surgiu.

— Que drogas o Loki andou te dando?!

— Na verdade foi uma sugestão da Néftis.

— Isso explica muita coisa. – Comentou Morrigan.

— Essa criança se tornou uma mulher muito bonita e adorável, até que Afrodite tomou conhecimento dela. Mesperyian não era assim antes, isso ocorreu após sua primeira vinda à superfície. Então Afrodite deixou um pente amaldiçoado perto dela e quando ela tocou, acabou se queimando, já que esqueci da imunidade ao fogo. Após estar toda queimada, ela pediu para Hefesto criar uma máscara para que ninguém visse seu rosto, e depois ela mesma criou suas asas e as garras de metal e se tornou a deusa da tortura e da punição.

— Isso é terrível! – Exclamou Macária.

— Você podia ter me contado isso antes. – Reclamou Morrigan desapontada. – Você só me pediu ajuda depois que ela saiu de controle e passou a torturar seus mortos sem distinção!

— É verdade, eu te procurei para reabilitá-la depois que tocou o terror no meu submundo.

— Quando a Melinoe nasceu e pensou que fosse a sua filha, e não a do seu irmão!

— E o que você poderia ter feito?!

— O que eu poderia ter feito?! O que eu poderia ter mandado Dagda fazer ou feito com minhas próprias mãos! Somos celtas! Sabe o que significa?!

O clima tinha ficado tenso de repente, mas o suspense só aumentava. Murmúrios se alastravam por todo lado, mas nada disso impediu Macária de se aproximar da recém-descoberta irmã.

— Mesperyian?

— Finalmente nos conhecemos.

— Eu posso?

— Não vai gostar do que vai ver.

— Isso não importa para mim.

A mais nova teve um pouco de dificuldade devido a altura, mas conseguiu tirar a máscara de ferro da mais velha. O rosto da mais velha tinha a cor de carvão, era queimado e desfigurado, mas nada impediu Macária de lançar um belo e puro sorriso e abraçar a irmã. A princípio, Mesperyian não fez nada pro conta do choque, mas depois acabou abraçando a mais nova.

— Esquece a porra da câmera, vou escrever uma novela e mandar gravar!

— E desde quando você sabe escrever novelas, Hefesto? – Brincou Apolo.

— Ah, vai tomar...

— Sei que está aí, Badb. Apareça.

Um corvo saltou de um galho e tomou a forma de uma mulher. Não era bela como Morrigan, era singular e parecia nunca sorrir e mantinha a espada de platina na cintura.

— Quem é essa aí? – Perguntou Zeus.

— Corvo de Batalha. – Respondeu o irmão trevoso.

— Corvo de Batalha é uma mulher?!

— É uma Morrigan, não se esqueça disso.

— Minha irmã, Macha a chama para ver algo.

— Senhora Morrigan!

Dessa vez foi Arke quem apareceu, exibindo suas novas asas prateadas. O silêncio e a fúria dos deuses gregos eram presentes, tanto que chegou a temer, mas ao perceber os olhares impacientes de Morrigan e Badb, engoliu o medo.

— Sucellus solicita sua presença.

— Eu não tenho tempo para isso. – Ninguém ousava contestar. – Vocês duas. – Disse se dirigindo às filhas de Hades. – Irão com Arke até Dagda, se ele não estiver, falem com Brigid, contem toda a história. Depois disso, diga a Sucellus para me esperar. Hades, não se esqueça, a próxima reunião do RDMSA será na sua casa.

— Por que na minha casa?!

— Porque é a sua vez e temos que decidir logo sobre o destino das almas do ator do Chaves, do ator do Spock, do Christopher Lee e ao que parece, o cara que fez o Snape também.

— Só pode ser brincadeira! Esse povo todo morreu e só estou sabendo agora?! O Spock não! O Snape não! E até o Sauroman e Conde Dookun não!

— Controle-se, homem! Depois que perdemos a alma do Michael Jackson para os maoris, você faz drama por tudo!

— Mas era o MJ!

— Você perdeu o MJ para um bando de índio?!

— Índios nascidos para a guerra. A culpa não foi minha se a Hine ganhou o último jogo.

— Na sua casa no horário de sempre. Vamos Badb.

Morrigan e Badb só se foram quando Arke levou Macária e Mesperyian. Novamente um monte de perguntas surgiram, nem os deuses estavam livres delas. Apolo se apressou a prestar os primeiros socorros a Afrodite. Ela chamou por Ares e foi então que todo mundo se deu conta: o deus da guerra não estava com eles.

— Mas onde está Ares?! – Esbravejou Zeus.

No segundo seguinte, viram um ciclope voar e depois cair, causando um terremoto. Os deuses deixaram tudo como estava e foram ao local.

Rhode se encontrava em uma caverna. Não tinha nada de importante na caverna, era uma caverna comum cheia de pedras e morcegos, com exceção de um buraco que permitia a entrada de luz. Foi um alívio quando encontrou o tal buraco. Perto estava uma cama com lençóis brancos de seda e nela estava um rapaz. Ele era belo, definido, sua pele queimada de sol por conta do trabalho que tivera como pastor, seus cachos castanhos estavam um pouco grandes e ele fedia como um gambá. Seu sono era profundo, mas necessário, pois se acordasse, poderia perder toda a beleza, apesar de ser imortal.

— Endimião. – Chamou Rhode tentando acordá-lo em vão. – Ok, será do jeito difícil.

Rhode pegou um gongo e tampões de ouvido, pôs os tampões e bateu no gongo o mais forte que pôde. O som ecoou pela caverna e o homem acordou sobressaltado e caiu da cama. Rapidamente, ela pegou a poção que conseguira com Àine e enfiou goela abaixo quase engasgando o sujeito. Quando terminou, o deixou em paz.

— Mas que diabos...?!

— Era uma poção de beleza eterna, não se preocupe, não precisará mais dormir.

— Quem é você?

— Rhode, sua co-cunhada.

— Onde está Selene?

— Desapareceu?

— Como assim?!

— Muita coisa aconteceu enquanto dormia. Irei te explicar tudo, mas preciso que seja paciente e acredite em mim. Não temos muito tempo.

— E por que eu?

— Não parece, mas estamos no mesmo barco. Acho melhor tomar um banho primeiro. Há quanto tempo não toma banho? Uns dois mil anos mais ou menos?

Endimião só entendeu o que ela queria dizer quando cheirou o próprio sovaco. Foi buscar materiais de higiene e tirar aquele cheiro de putrefação cavernosa do corpo. Queria ouvir o que Rhode queria dizer e conseguir respostas.

Macha era esperta. Aproveitou quando Ares não estava olhando para enviar uma mensagem a Badb pelo Godcel. Só pediu para trazer Morrigan, mesmo antes de iniciar a luta. Precisava se garantir.

A luta contra os ciclopes e a estranha criatura rastejante de vários braços era um bom aquecimento. Ela e Ares mataram a todos e até mesmo lançaram um ao ar só para empalá-lo na lança quebrada.

— É, você não luta tão mal assim com uma espada.

— Eu sou o deus da guerra, luto com qualquer coisa!

— E perdeu miseravelmente.

— Você teve sorte, só isso!

— Não foi o que pareceu.

— Sua...!

Macha o pegou pelo colarinho e aproximou os rostos. Sangue e morte se encontraram no processo. Os olhos dele eram vermelhos como sangue e os dela escuros e vazios como a morte. Novamente um sorriso divertido e insano brotou da face da mulher.

— Quer revanche? Podemos resolver isso. Mas em um outro dia.

Ela o soltou e seu cavalo cinzento apareceu.

— Tenho um compromisso com minhas amigas e não posso faltar. Tem telefone? Podemos marcar outro dia.

— É o que?! Hei, que história é essa de pedir o meu telefone?! Eu é que devia pedir o seu!

— Quer o meu?

— Sim, quer dizer, não! Você me deixa louco!

Ela ainda deu um rizinho. Deixar os outros sem reação era divertido. Novamente se aproximou, mas desta vez foi para roubar os óculos escuros. Quando Ares a impediu e foi reclamar, Macha roubou um selinho do deus da guerra e correu para o cavalo. Ela subiu no animal e o virou em outra direção.

— Macha. Lembre-se do meu nome então. Até mais ver!

O cavalo saiu trotando, deixando o deus sozinho. Ares caiu em cólera. Nunca sentira tanta raiva na vida.

— Mas que mulher maluca!

Alguns minutos depois chegaram outras duas mulheres de cabelo preto. Uma linda e a outra nem tão bonita assim.

— É este o local?

— É sim. Onde está Macha?

— Aquela maluca?! Saiu trotando.

— Típico.

— O que é isto?

A mais bela olhava para o buraco. Nele havia uma pedra estranha e grafada em alguma língua que não entendia.

— ARKE!

No instante seguinte, a mensageira estava ali.

— Senhora Morrigan, eu fiz o que me pediu, mas...

— Traga Ceridwen aqui! Badb, vigie esta pedra! Irei ver o que Sucellus deseja.

Tão rápido como apareceu, ela sumiu, seguida pela Morrigan. A mulher chamada Badb não fez nada além de sentar em uma pedra. Logo depois, os deuses gregos chegaram com alguns semideuses na garupa. Percy, Annabeth, Jason e Piper acabaram pegando carona com os pais.

— Vocês de novo?! – Irritou-se Badb.

— Só pode ser sacanagem! – Reclamou Zeus. – Ela de novo?!

— Mas afinal, quem é ela?! – Perguntou Percy.

— Ora, ela é...

— Filhão! Só agora que eu te vi! Vocês não estavam queimados?

— Acho que sim.

— Isso foi graças ao pessoal da Embaixada. – Disse Piper. – O celta ajudou a curar as queimaduras externas e a filha da Gaia ajudou nas internas.

— E deviam ter continuado na enfermaria. – Reclamou Annabeth. – Mas vocês os conhecem.

— E alguém pode me explicar quem é essa doida que a Morrigan colocou aqui comigo? – Perguntou o deus da guerra.

— Vou mostrar quem é a doida.

— Calma, Badb, ele não falou por mal. – Interviu Hades. – Essa é a Badb, irmã da Morrigan, Corvo de Batalha.

— Corvo de Batalha é uma mulher?!

— Sou uma Morrigan, idiota.

Antes de Arke atender o chamado de Morrigan pela segunda vez, ela tinha deixado Macária e Mesperyian na casa de Dagda. Como o deus não estava, conversaram com a filha dele, Brigid. Brigid possuía pele alva, olhos azuis claros e cabelos ruivos até a cintura com a franja formando dois caracóis. Ela vestia um longo vestido celta inteiramente branco com adornos de ouro nas mangas e um colar de ouro com pedra branca.

Macária saudou Brigid com cortesia e amistosidade. Não parecia ser muito mais velha que ela, era uma jovem muito bela cujo cabelo lembrava morangos. Mesperyian esperou pacientemente até começar a contar a história.

— Já sei como resolver isso. Podem vir comigo, eu sei como consertar isso.

Brigid as guiou até sua sala pessoal. A sala era um misto de forja com sala de curandeiro ou alquimista e um cantinho musical.

— Sou uma deusa tríplice, ou seja, tenho três aspectos diferentes. Sou a deusa do fogo da inspiração, das forjas e da cura. Então não reparem na bagunça. – Disse amigavelmente.

Mesperyian tremeu com a menção à palavra fogo e Macária teve que segurar a mão da mais velha. Brigid fez Mesperyian se deitar em uma espécie de cama de pedra e correu para uma espécie de vestíbulo onde trocou seu vestido branco por roupas velhas para então pegar um balde.

— O que vai fazer? – Perguntou Macária.

— Primeiro, irei consertar os estragos usando lama. Não se preocupe, não é tão difícil e não preciso de calor, somente lama. Pode esperar ali?

— Claro. Isso me lembra que tenho marquei de encontrar a Thrud e a Seshat! Tenho que ligar para elas. Se importa se eu usar algumas coisas?

— À vontade.

Macária pegou um vidro, encheu de água e colocou na luz. Quando conseguiu o resultado desejado, jogou uma moeda na água e começou a mensagem de Iris. Viu Thrud de calça preta, regata branca com um monte de coisas escritas, colete preto, uma espécie de bracelete de tachas, várias pulseiras negras com cristais e coturnos, ela estava muito diferente de quando se conheceram. Já Seshat se encontrava com uma camiseta amarela, blusa xadrez verde short preto, chapéu de feltro preto, uma mochila estilo sacola roxa e botas marrons de cano baixo.

Olhando para o fundo e para a cara de Seshat enterrada em um livro, Macária percebeu que estavam em uma livraria.

— Quer parar de cheirar esse livro?!

— Mas eu não resisto! – Disse retirando a cara do livro, mostrando que usava óculos de hastes vermelhas.

— Seus pais te deixaram cair em um barril de hidromel quando era criança?

— Eles nunca deixariam uma criança perto de um barril de hidromel.

— Quanto tempo isso vai durar?

— Meninas! – Macária chamou a atenção das duas.

— Onde é que você está?! E está com roupas de deusa ainda!

— Desculpe, mas eu...

— Está usando esse método arcaico para uma Mensagem de Iris? – Perguntou Seshat.

— Eu não tenho Godcel.

— Podia usar pelo menos um prisma.

— Um prisma?

— Não precisa de muita coisa. Veja a pulseira da Thrud. Basta por no sol.

Seshat agarrou o braço da nórdica e o pôs no sol. Os cristais, em contato com a luz solar, produziram vários pequenos arco-íris.

— Farei isso da próxima vez.

— Não mesmo, estou com seu Godcel bem aqui.

— Quando é que vai vir e segurar vela junto comigo?

— Segurar vela?

Thrud apontou para Seshat, que tinha pegado outro livro, enfiado na cara e cheirava. Algumas pessoas que passavam por ali olharam a cena com estranheza.

— Estão olhando o que?! Não perceberam que essa menina nasceu drogada?! – As pessoas saíram de lá apressadamente. – E largue este pobre livro!

— Mas é lançamento!

— Eu mereço! O que você ia falar mesmo?

— Eu vou me atrasar. Tive um imprevisto de última hora, é uma questão de família.

— Não esquenta, eu consigo sobreviver à cheiradora de livros por mais um tempo.

— Obrigada, Thrud, você é a melhor.

— Vou tomar um café. Qualquer coisa, me avisa.

— Está bem.

Macária encerrou a mensagem e se voltou para a mesa. Brigid ainda trabalhava, mas ria ao mesmo tempo.

— Suas amigas são engraçadas.

— É, eu acho.

— Pronto, está feito. Pode me passar aquele espelho.

Mesperyian se sentou e olhou para as partes queimadas. Não havia uma só cicatriz de queimadura, a lama fizera seu trabalho. Macária passou o espelho para a irmã com um grande sorriso. A mais velha hesitou, mas acabou pegando e vendo seu reflexo. Seu rosto não era mais um monte de massa queimada, estava como era, linda, como Hades tinha imaginado. Seus olhos negros se encheram d’água e novamente foi abraçada pela mais nova.

— Esta...

— É você, minha irmã.

— Sinto interromper, mas falta uma coisa. Pode me ajudar com a forja?

— Com a forja?

— Barro só restaura que veio dele. Todos nós viemos de uma Mãe-Terra. Mas o fogo... Ah, o fogo... Sua irmã ainda não está imune a ele, por isso preciso da forja.

— O que eu preciso fazer?

— Não muita coisa. A maior parte é minha.

De volta ao acampamento, Sienna segurava o espelho das ilusões enquanto Diana tinha usado um truque para criar um telão a partir do espelho. Assim todos poderiam ver o que estava acontecendo.

— Onde aprendeu isso? – Perguntou Eliot interessado.

— Com o Loki. Ele sempre usa quando meus irmãos estão usando o Godphone tempo demais e acaba vendo as conversas do Whatsap e Facebook.

— Por que não me surpreendo? – Raven rolou os olhos.

— O que é um Godphone? – Perguntou um dos campistas em sussurro.

— Eu sei lá.

— Isso não vai dar certo. – Comentou Frísio.

— Como?

— Eles estão sozinhos com Badb. Isso não vai dar certo.

— Como se ela fosse uma ameaça.

— Nunca duvide de uma Morrigan, principalmente Badb.

Na clareira que os deuses estavam.

— Ou que aconteceu com você? – Provocou Hermes. – Esteve em uma guerra e não nos chamou?

— Isso? Uma maluca que conheci a pouco.

Arke retornou rapidamente com uma mulher de cabelo cacheado cor de mel, olhos verdes e pele clara, trajando um vestido azul e ornamentos de prata, assim como seus sapatos.

— Você...!

Zeus se enfureceu, mas parou o que quer que fosse fazer ao sentir um fino toque na garganta. Lá estava a lâmina da espada, fria como a morte. Badb a segurava e olhava com irritação. Os olhos de todos se arregalaram, pois não a viram penetrar por entre os deuses. Fazia apenas um segundo que estava sentada sem dizer nada.

— Essa foi rápida. – Brincou Percy, mas levou uma bela pedalada de Hades.

— Não brinque nessas situações, idiota.

— O que foi? Ela realmente deixou Zeus sem palavras. – Dessa fez a pelada foi em Jason.

— Hades! – Reclamou Poseidon.

— Então ensinem seus filhos a calarem as porras das bocas!

— Vá para casa, Arke.

Arke obedeceu e sumiu rapidamente. Badb retirou a espada e foi falar com a mulher misteriosa. Zeus tentou conjurar um raio, mas Hades interviu.

— Não comece.

— De que lado você está?!

— Do mais sensato. Declarar guerra a uma Morrigan, ainda mais à Badb? Comeu merda por acaso?

— Ninguém me ameaça e fica impune! Ares!

— Agora não dá. Maldita maluca. – Reclamou pressionando o ferimento.

— O que aconteceu com você? Perdeu o jeito? – Provocou Hermes.

— Uma maluca que encontrei me pegou desprevenido, só isso.

— Parece que levou uma surra.

— Ah, vai à merda!

— Deixa que eu mesmo cuido disso!

— Corvo de Batalha, lembra-se? Nada de confusão, ainda mais com ela.

— Por que Morrigan me chamou? – Indagou a mulher misteriosa.

— Por causa daquilo, Cerridwen. – Apontou para a estranha pedra escavada. – Sabe o que é.

— Irei descobrir agora mesmo.

Cerridwen invocou seu caldeirão e começou a trabalhar em uma espécie de feitiço.

— Que ótimo, uma macumbeira. – Comentou Poseidon e levou uma bela pedalada. – Hei!

— Cuidado com o que fala.

De volta ao acampamento.

— Quem é essa mulher? – Perguntou Lou Ellen ao celta.

— Cerridwen. Ela é uma deusa tríplice que usa o caldeirão para seus feitiços, poções e rituais. É tipo a sua mãe, mas com uma habilidade de metamorfose sem igual e aquele caldeirão.

— Gostei dela.

— Graças ao pai do Di Angelo, as coisas vão ficar impunes!

— Graças ao pai desse Di Angelo, vocês não vão ser condenados a uma guerra.

— Como se nunca tivéssemos tido uma guerra antes.

— Isso é outro tipo de guerra. – Dessa vez foi Tyler quem rebateu. – Vocês têm ideia do que nós estrangeiros fazemos em uma guerra? Ou o que nossos deuses fazem?

O filho de Tangaroa estava com uma voz sinistra e um olhar que fez gelar a espinha de alguns. Marcos teve que segurá-lo pelo ombro.

— Fica frio, Tyler. Eu também sinto isso, mas acho que eles cometeriam o maior erro da vida deles, não é Frísio?

— Erro é beber do caldeirão da Cerridwen, como Taliesin fez. Declarar guerra à Badb é suicídio.

— Do que eles estão falando? – Perguntou Thales, o filho de Atena do primeiro trabalho social e que gostava da mitologia nórdica.

— A guerra mexe muito com os maoris e os maias. – Respondeu Parvati. – Eles foram criados para ela. Mesmo o pai do Marcos sendo amigo de muitos deuses, ele ainda é um guerreiro.

— Temos que agradecer por ele não ser filho de Tohil. – Comentou Eliot.

— Eu estou bem aqui.

— Eu sei.

— Tem algo sobre a Badb que não sabemos? – Perguntou Raven.

— Quando ela aparece antes de batalha, ou significa que a batalha vai ser longa e bem sangrenta ou ela canta os nomes das pessoas que têm mais destaque e que irão morrer, como uma profecia de morte.

— E se não morrer na batalha? – Indagou Katie. – Digo, há essa possibilidade, não há?

— Há sim, mas aí acaba morrendo como aqueles caras de Premonição.

— Ta de zoa! – Espantou-se Travis.

— Não se pode escapar da morte, principalmente das profecias de morte da Badb.

Três pessoas não estavam presentes para assistir a treta. Nico, como sempre, porque não interessava o que os deuses estavam fazendo, Helena, que tinha saído irritada com Angus, e Angus, que ia atrás da amiga. Eles passavam por uma grande e robusta árvore quando o egípcio chamou a atenção da nórdica.

— Helena, dá um tempo!

— Já disse para não me seguir.

— Só porque eu puxei seu capuz de novo?!

— Você me expôs.

— Mas qual é o problema?! Só porque um bando de pau no cu nunca viu cabelo preto e branco?!

— Não é o seu cabelo que causa medo e desconfiança nos outros.

Angus a pegou pelos ombros e a girou, de forma que ficasse de frente para ele. Ele continuou segurando os ombros da garota.

— Helena, não há nada de errado com o seu cabelo. – Em seguida, passou o dedo por uma mecha branca. – É o perfeito equilíbrio entre o branco e o preto, o claro e o escuro, a luz e as trevas, a vida e a morte. Ele não merece ser escondido.

— Você não entende. Minha mãe...

— Se alguém tem algum problema com a sua mãe, isso não é problema seu! Ele que levante a bunda e que se resolva com a sua mãe! Muitas pessoas e criaturas não gostam da presença dos filhos dos deuses da morte e do submundo, mas quer saber? Elas que se fodam! Você não pode deixar de ser quem você é porque um bando de filho da puta caga de medo da sua mãe! Eles que arrumem um abacaxi para enfiar no cu!

— Angus...

Ele a puxou e a abraçou. Helena se surpreendeu com a atitude, e olha que ela conseguia contar nos dedos quantas vezes fora surpreendida. Mesmo após o choque inicial, ela não o retribuiu.

— Helena, eu amo o seu cabelo, de verdade. – Ele se afastou para encará-la. – Se alguém se sentir incomodado, não se preocupe. O Duat e o Elvidner sempre estarão com suas portas abertas.

— Hei, vocês dois, vão namorar em outro lugar! Vocês fedem à morte.

Ambos encararam a ninfa dona da árvore a qual estavam debaixo. Helena possuía um olhar tão mortal que parecia que a própria Hel tinha baixado no corpo da garota, já Angus abriu um sorriso sarcástico, desfez o abraço, mas deixou um dos braços por sobre os ombros da garota. Ele tirou uma foice maior que ele da Chain e cortou a árvore em um só golpe. Depois ele guardou a arma. A ninfa estava no chão, já sem vida alguma.

— A morte chega para todos, inclusive para as ninfas.

— Enlouqueceu?! – Reclamou se livrando dele. – Não valia à pena matar uma ninfa!

— Talvez. Mas olhe pelo lado bom, esse toco servirá muito bem de banco.

— Você não tem jeito. Irei pedir à Jasmine para regenerar a árvore.

— Para depois regenerar a Amazônia também. Sério, as temperaturas estão aumentando cada vez mais.

— Então não corte mais árvores.

— Não posso prometer isso. Se alguma engraçadinha perturbar um amigo, vai prestar contas com o meu pai. Da mesma forma que não é justo matar uma ninfa por um comentário como aquele, também não é justo que excluam as pessoas, mesmo que elas cheirem à morte.

— Não, não é. Acredito que o filho de Hades também concorde com isso.

— Está ouvindo, Di Angelo? Pode parar de espionar e sair das sombras. Ou prefere que o tragamos para a luz por livre e espontânea pressão?

Enquanto isso, Brigid finalizava seu encantamento com fogo. O fogo tinha envolvido Mesperyian depois que Brigid e Macária trabalharam na forja. Quando acabou, a mais velha estava ilesa.

— Pronto, está feito.

— O que você...?!

— Imunidade contra o fogo. Não se preocupe, sou especialista em fogo.

— Muito obrigada, Brigid! Por ajudar a minha irmã.

— Não precisa me agradecer.

— Devo retornar ao castelo de Morrigan antes que ela mande Macha ou Badb me procurar.

— Mas você não pode ir para casa?

— Não até que Morrigan me julgue digna de voltar para casa.

— Então, irei aguardar ansiosamente por este dia. Adeus, minha irmã.

— Adeus, Macária.

Mesperyian abriu as asas e alçou voo. Macária e Brigid estavam sozinhas no “escritório” da ruiva.

— Você não tinha que encontrar suas amigas?

— Sim, é claro! Quer vir também? Eu posso apresentá-las.

— Pode ser divertido.

— Você vai adorá-las!


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Notas finais do capítulo

RDMSA - Reunião dos Deuses da Morte e do Submundo e Associados: é uma espécie de conselho de deuses que discutem quem fica com a alma de que famoso quando este morre.
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Os atores que morreram recentemente e causaram comoção no Facebook foram o do Chavez, do Spock (que tem até a charge do pedra, papel, tesoura, lagarto e Spock que nunca mais será o mesmo), o Christopher Lee (que fez o Sauroman em Senhor dos Anéis e Conde Dookun em Star Wars) e agora o do Snape. Que descansem em paz.
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Endimião era um cara por quem Selene se apaixonou e pediu a Zeus para que o tornasse imortal, só que esqueceu de dar a ele beleza eterna, então o fizeram cair em sono profundo para manter-se sempre jovem e Selene pudesse ficar com seu amado. Tiveram 5 filhas. O mito varia, mas todos terminam com o cara dormindo para sempre. E essa é a história da Bela Adormecida dos tempos antigos.
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Brigid é a filha de Dagda e uma deusa tríplice, sendo considerada a deusa do fogo, da inspiração, da cura e da forja. Uma das possíveis mães de Brigid é a Morrigan.
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Prisma é uma forma geométrica, geralmente usada em materiais transparentes para causar o que chamamos de refração da luz (a luz solar bate nele e cria um arco-íris). Não precisa muito, basta pegar uma daquelas pulseiras cheias de cristais e por no sol ou ver aquele famoso álbum do Pink Floyd que tem um triângulo desenhado, de um lado tem um risco branco e do outro um arco-íris.
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Maoris foram feitos para a guerra e maias e astecas cultuam a guerra e o sangue (principalmente o sangue). A simples declaração de guerra pode mexer com seus filhos.
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Tohil é o deus maia do fogo, da guerra e do sacrifício. Como um bebê precisa de leite materno, Tohil precisa do sangue jorrado de um coração arrancado. É um dos mais fortes e o mais sanguinário.
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Bem, é isso. Até a próxima. ^^



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