Artista

Inojin

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Com a volta de Boruto parecia que tudo voltaria ao normal e se complicaria ao mesmo tempo. Não que eu não estivesse feliz com a volta de meu amigo, mas o gênio de Boruto era bem conhecido e eu tinha a sensação que ele não aprovaria meu relacionamento com Sarada, se é que se podia chamar assim. Saiamos algumas vezes quando ambos estávamos de folga, mas apenas isso. E por falar na Uchiha ela acabou de entrar na floricultura de minha mãe, que estava grávida e com um humor dos infernos.

– Sarada-san! – a chamei delicadamente e os orbes negros intensos se desprenderam do novo quadro que meu pai fizera, para mim.

Eu sempre me sentia estranho quando os olhos dela se prendiam em mim. Observadores e poderosos. Serenos e misteriosos. Sarada era uma contradição. Uma linda contradição. Até hoje eu não conseguira achar uma flor adequada para ela, por isso sempre lhe dava uma diferente.

– Inojin-kun, bom dia. – seus lábios se repuxaram num sorriso mínimo.

Como ela estava com roupas de civis imaginei que não estava saindo em missão, afinal Boruto havia chegado umas semanas atrás, o time Konohamaru estava passando por treinamentos matinais para equilibrarem-se novamente. Era bem verdade que Boruto e Sarada tinham uma sincronia perfeita, assim como diziam que o Nanadaime e o pai de Sarada tinham. E aquilo me incomodava de certa forma.

– O que deseja?

– Gostaria de falar com sua mãe. – embora Sarada parecesse relaxada fiquei em duvida se aquilo era apenas uma fachada para encobrir algo, mas antes que eu pudesse perguntar minha mãe apareceu aos berros.

– Inojin! Não deixe seu equipamento ninja jogados pelos cantos, droga!

Minha mãe parou com o sermão quando viu Sarada com as mãos nos bolsos do moletom branco.

– Sarada-chan! – como estava acontecendo nos últimos cinco meses, o humor de minha mãe mudou rapidamente me deixando um pouco zonzo e apenas sorri sem qualquer humor. – O que faz aqui? Veio ver o Inojin?

Sarada não corou, eu sim. Ela deu um sorriso amarelo antes de responder minha mãe que a soltou do abraço.

– Não dessa vez. Gostaria de falar com a senhora sobre uma coisa.

Minha mãe logo mudou para o modo desconfiada. Analisou Sarada atentamente antes de me envergonhar.

– Achei que a Testuda tinha falado sobre proteção com você.

Dessa vez Sarada corou e coube a mim dar um sorriso para amenizar aquela situação embaraçosa. Depois de Sarada explicar gaguejante para minha mãe que não era sobre esse assunto que ela gostaria de falar, as duas foram para dentro de casa e eu avisei que iria encontrar Chou Chou e Shikadai. Como já estava com meu uniforme segui pelas ruas movimentadas de Konoha observando as pessoas e atento a tudo.

Quando o treinamento acabou, fomos até a churrascaria para comermos algo. Fiquei observando Shikadai suspirar entediado enquanto Chou Chou esperava ansiosamente a carne grelhar. Nosso sensei tinha alguma coisa para fazer e não pode nos acompanhar. Enquanto Chou Chou comia como se o mundo fosse acabar nas ultimas horas, eu continuava intrigado com o que Sarada fora falar com minha mãe. Sakura-san ainda estava em Suna e parecia que não voltaria tão cedo. Olhei para a janela, para a rua movimentada e vi o pai de Sarada caminhando com o irmão mais novo dela, Haru. Logo depois Boruto e Mitsuki.

– Boruto realmente ficou bonito! - Chou Chou comentou entre uma garfada e outra – Os genes do Nanadaime são realmente lindos!

– Desde quando você repara em Boruto e não no seu prato de comida? – perguntei incomodado.

Chou Chou deu de ombros e soltou um “você não entende o coração de uma mulher” e voltou a comer. Era bem verdade que Chou Chou não era mais gorda, na verdade a gordura dera lugar a curvas bastantes generosas, mas ao meu ver ainda estava gorda.

– Isso é um saco. – Shikadai murmurou comendo preguiçosamente sua porção de arroz.

Meus companheiros de time tinham sérios problemas. Mas no campo de batalha éramos incríveis. Nossa formação era infalível e harmoniosa na maior parte das vezes, mesmo assim...

– Boruto está mais forte. O que é um saco, já que Sarada e ele vivem numa competição. – meu amigo Nara suspirou e riu sarcástico – Vai ser bem interessante ver ambos em combate. Pelo o que eu soube os dois iram ter mais um treinamento, parece que ambos tem se desentendido.

– Não é para menos, Boruto e Sarada vivem em pé de guerra desde a academia. – Chou Chou comentou terminando com sua parte e a minha da comida – Até antes disso.

Era verdade, Boruto e Sarada tinham uma relação que ia entre tapas e beijos (isso não significa que eles sintam qualquer atração um pelo o outro, que fique claro), embora os pais de ambos fossem companheiros de equipe e amigos os dois não se entendiam bem, mas o suficiente para criarem um laço de amizade. Boruto provocava Sarada, e ela revidava. Sarada dava broncas em Boruto e o mesmo a ignorava algumas vezes. Sarada apoiava Boruto. Boruto apoiava Sarada. A relação dos dois era mais complicada do que as mudanças de humor de minha mãe. Uma hora estavam bem e na outra poderiam estar querendo voar no pescoço um do outro, mas havia Mitsuki que com sua estranheza conseguia fazer os dois pararem de brigar.

Quando me despedi de meus companheiros segui meu caminho para casa. Eu não queria me demorar, mas Boruto apareceu na minha frente; sujo, irritado e de uniforme. Deveria estar treinando. E aquelas inseguranças voltaram.

– Inojin! – o Uzumaki disse surpreso.

– Boruto-kun.

Ele abriu um enorme sorriso, e assim me desviei de meu caminho para ir lanchar com o filho do Nanadaime Hokage. Enquanto Boruto desabafava reclamando de que Sarada era metida e etc. Me perguntei se Boruto tinha algum interesse a mais na Uchiha, afinal eles passavam muito tempo juntos... Droga, passar tanto tempo com Chou Chou estava me afetando... Estava mesmo cogitando perguntar de Sarada para Boruto?

– Nah, Boruto... – comecei inseguro, ele voltou sua atenção para mim – Sabe se Sarada gosta de alguém?

As sobrancelhas de Boruto se arquearam de inicio não compreendendo, mas quando começou a compreender e disse um “Aah” tratei de me explicar.

– Chou Chou falou alguma coisa, fiquei curioso. – dei um sorriso para amenizar a situação.

– Hmm – Boruto pensou – Não que ela tenha me dito. Mas não é como se fossemos amiguinhos de confidências... – ele tomou seu refrigerante – Mas sabe, - fiquei atento – Sendo a Sarada, duvido até que saiba flertar com o sexo oposto!

Eu sabia que era mentira. Sarada sabia flertar. Mas Boruto não precisava saber disso. Eu gostava de pensar que eu era o único que sabia desse lado de Sarada. Que era o único que era observado por aqueles orbes negros. Porém, Sarada sempre esteve observando Boruto. E eu não sabia lidar com os conflitos que surgiam dentro de mim...