Stay Strong escrita por Queen Manuela


Capítulo 4
Stay With Me




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Guess it's true
I'm not good at a one night stand
But I still need love
'Cause I'm just a man
These nights never seem to
Go to plan
I don't want you to leave
Will you hold my hand?
Oh, won't you stay with me?
'Cause you're all I need
This ain't love, it's clear to see
But darling, stay with me
Why am I so emotional?
No, it's not a good look
Need some self control
And deep down, I know this never works
But you can lay with me so it doesn't hurt

Oh, won't you stay with me?
'Cause you're all I need
( Stay With Me - Boyce Avenue )

Não sei ao certo em qual momento fui vencida pelo sono, mas acordei com a campainha soando irritantemente sem cessar. Eu deveria me preocupar com o fato do porteiro não ter interfonado, mas Sara e John tinham acesso livre ao meu apartamento, o que me levou a crer que um deles estivesse muito nervoso em minha porta. Levantei-me cambaleando com os olhos inchados e fui atender a porta.

— Oliver ? — esfreguei os olhos não acreditando no que eles viam. Ele estava escorado no batente todo molhado, provavelmente pelo temporal que caia la fora — o que aconteceu? entre .. — ele hesitou alguns instantes encarando meu rosto, mas então assentiu e passou por mim, fechei a porta e permaneci ali alguns segundos encarando-a.

— Eu sei que está tarde, mas não consegui adiar mais, eu não agüentaria esperar até amanhecer — sua voz rouca soando próximo ao meu pescoço fez um calafrio descer pelas minhas costas. Girei sobre meus calcanhares e me afastei.

— Você precisa se secar vai acabar pegando um resfriado — me dirigi até um armário e peguei uma toalha, ele ainda estava parado próximo a porta, seu olhar varria toda a extensão da minha sala, sua feição estava indecifrável, talvez tenha achado tudo simples de mais, mas também, quem poderia julgá-lo? ele faz parte da família mais rica do país — você ainda não disse nada, o que quer Oliver?

— Estive pensando, você precisa saber de todo o resto para me julgar — fiquei imóvel o vendo se aproximar, ele pegou a toalha de minhas mãos e começou a passar pelo cabelo, eu deveria me concentrar na conversa que teríamos a seguir mas eu só conseguia pensar em como ele era lindo, ou em como talvez eu tenha sido injusta com ele — Tommy e eu havíamos chegado de mais uma noitada de NY, era cedo e Thea estava se levantando para ir a faculdade, gentilmente ela preparou um café forte e sem açúcar, típico curador de ressaca para nós, ela odiava que nos comportássemos assim, mas ainda assim nos o fazíamos. Passávamos a noite toda em boates com mulheres diferentes e pela manhã a procurávamos, apesar de irritá-la, Thea nunca nos afastou. Abria sua porta e colocava nos dois dentro do seu apartamento, nem parecia que era a mais nova. Foi então que em um trabalho da faculdade ela nos procurou com algumas teorias, e acredite minha irmã tem o poder de persuasão irreversível, me lembro até hoje a cara que Tommy fez, Thea nos colocou sentados no sofá, levou as mãos a cintura e começou a nos dar uma aula sobre infertilidade e esterilidade, o que aquilo tinha a ver com nós? tudo. — Franzi o cenho e me sentei no sofá, fiz sinal para que fizesse o mesmo e gesticulei para que continuasse — Foi meio confuso no inicio, mas então começamos a freqüentar algumas palestras na clinica onde ela começou a estagiar, havia casais desesperados para terem seus filhos, mas disfunção dos órgãos reprodutores não permitia. Era descomunal ver o planejamento da vida daquelas pessoas serem adiadas, e então eu resolvi ajudar. Claro que eu não resolveria o problema de todos eles, mas estava ali ao meu alcance e eu pensei por que não?

— Oliver eu não...

— Eu não queria ser pai Felicity, e nem consigo pensar que as crianças geradas pela minha doação são meus filhos, não seria justo com os receptores, não seria justo com aquelas famílias se de repente eu quisesse me tornar pai deles — Seu olhar se dividia entre mim e o porta-retratos que John havia me dado, por outro lado eu não conseguia encará-lo. Eu estava envergonhada demais por tudo que tinha dito a ele sem ter conhecido o seu lado, por mais absurdo que pareça o fato dele não se importar é que faz a diferença nas famílias que recebem a doação — olhe pra mim Felicity — sua mão veio até meu queixo virando meu rosto para olhá-lo. A imensidão daqueles olhos despertou algo dentro de mim, eu podia sentir algumas lagrimas se juntares em meus olhos, mas não era tristeza, era orgulho das ações desse cara que eu mal conheço, era gratidão, mesmo ele não sendo o meu doador eu me sentia grata por ele ter tomado essa decisão. — Sara me disse que está procurando pelo doador do sêmen de sua filha — wow agora fui pega de surpresa — por isso reagiu daquela maneira não foi? — ele estava próximo demais sua camiseta branca molhada com alguns botões abertos deixava seus músculos visíveis me desconcentrando — agora consigo compreender.

— Sara não devia ter te dito isso — balancei a cabeça em negativa e comecei a brincar com uma mecha do meu cabelo nervosa — como sabe, é crime. Mas depois de hoje perdeu todo sentido correr esse risco.
O silencio pairou entre nós, não conseguíamos manter um contato visual por mais de alguns segundos, a atmosfera desconfortável acabou nos desconsertando, me afastei e comecei a andar de um lado para o outro.

— Me sinto em divida com essa pessoa, às vezes me pego pensando se ela se parecerá comigo ou com o doador, se terá os olhos puxado, se terá meus olhos azuis, olhos negro feito jabuticabas, cabelo loiro, negro ou ruivo, se terá sardas, se terá cachos.. são tantas perguntas sem respostas, e para um mente como a minha isso é quase inadmissível.

Sua cabeça estava baixa observando os pés, voltei a me sentar ao seu lado e segurei sua mão — mas você tem razão Oliver, eu não posso chegar à vida de alguém e despejar a responsabilidade de ter um filho. Ele não é nem nunca será pai da Beatrice, e mesmo que eu pense que ela tem o direito de saber suas origens, eu não o tenho, não tenho o direito de invadir a vida de alguém, principalmente de alguém que me deu um presente tão grande como ela. — Juntei minhas mãos sobre a barriga e comecei acaricia-la, de repente tudo sumiu e só existia eu e ela, mas a mão de Oliver sobre a minha barriga trouxe uma sensação nova, parecia que agora estava tudo completo. Eu queria afastá-lo, e mudar tudo o que aquilo significava em minha cabeça, não era justo comigo me deixar iludir, não éramos uma família, mas quando Bea chutou e um sorriso apareceu no rosto dele, me senti incapaz de fazê-lo. Não era o sorriso cafajeste que ele costumava dar, era diferente, os olhos deles reverberavam uma luz que seria capaz de ofuscar até o mesmo o sol.
Eu já não tinha mais domínio sobre meus atos e pensamentos, sem me dar conta de como acontecia vi sua mão levantar a minha camiseta o suficiente para mostrar minha barriga, seus lábios se aproximaram da minha pele fazendo uma corrente elétrica nos invadir, eu estava incapaz de decifrar as palavras que ele sussurrava ali, mas Bea compreendia, não parava de chutar, nunca havia correspondido a nenhuma outra voz dessa maneira.
Inconscientemente minhas mãos foram parar na cabeça dele sobre a minha barriga, eu afagava seus cabelos enquanto algumas lagrimas desciam pelo meu rosto. me peguei olhando pra tudo isso e amando tanto, tanto, tanto, como se não houvesse nada mais que eu pudesse querer, a não ser o fato de que realmente fosse real.

— Eu queria ter as respostas para você Felicity, mas é exatamente isso que torna a gravidez tão especial para os pais — Oliver elevou seu olhar até o meu ao mesmo tempo em que junto nossas mãos sobre minha barriga — é a espera durante os nove meses que te fazem cair de amores por esse serzinho que você nem conhece — Como ele pode ser tão maravilhoso assim meu Deus? Meu coração batia descompassado ao som da sua voz, eu havia julgado tão mal, dito coisas que ele não merecia ouvir e ainda assim ele estava aqui, o que eu fiz para merecer? Não sei, mas tê-lo em minha vida agora já não era algo opcional, assim que ele soltou minha mão Bea se mexeu, resmunguei baixinho e o vi sorrindo — não existe a possibilidade dela não ser especial, ela é sua, vai ser como você, não é preciso ter tanta inteligência como você tem para saber isso.

Fiquei paralisada durante algum tempo digerindo suas palavras, e mais uma vez ele tinha razão. Era exatamente essa duvida de não saber como ela seria e essa espera interminável para o seu nascimento que dava sentido a minha vida. Estive tão focada em como deveria ser, que não percebi o quanto estava perdendo o que já estava sendo.
Levantei meus olhos para ele que encarava o relógio no pulso, percebi que o temporal já havia dado uma trégua e que a qualquer momento ele partiria. Dito e feito. Ele se aproximou beijando minha testa, um resmungo saiu dos meus lábios involuntariamente assim que ele se afastou me levantei e o levei até a porta.

— Me desculpe Oliver, acabei confundindo as coisas e disse o que você não merecia ouvir — ele abriu a boca para falar algo mas levantei a mão o interrompendo — passei algum tempo criptografando uns arquivos que consegui hackear da clinica para descobrir quem era o doador da Beatrice e te ouvir dizer que não queria aquilo para a sua vida me fez pensar no doador e se ele reagiria daquela maneira — seu rosto estava carregado de culpa, culpa que ele não tinha, mesmo assim ele sentia, eu conseguia ver — eu não sei ao certo se iria procurá-lo, estava mais curiosa em saber quem ele era, mas agora eu entendo, não vou abrir os arquivos, não tenho esse direito. Obrigada. — Lentamente me aproximei incerta do que deveria fazer, optei por beijar seu rosto, ele enfiou as mãos no bolso da calça maneando a cabeça sorrindo. Eu fiquei dali da porta o vendo esperar o elevador com as mãos na barriga, Bea já estava calma, mas faltavam as mãos de Oliver ali.

OLIVER

Deixei o apartamento de Felicity e voltei a trilhar o caminho para casa da mesma maneira que o fiz até ela, atordoado. Meus pensamentos estavam desorganizados, quando dei por mim, já estava no endereço que Sara havia me dado. Eu forçava meu corpo a andar para frente, mas algo me dizia que eu deveria voltar, eu queria voltar. Mas que diabos está acontecendo? com tanta mulher entrando e saindo da minha vida eu vou me interessar logo pela mais complicada? O que eu estou pensando, não estou interessado nela, ela é apenas uma mulher muito bonita, incrivelmente sexy com aquele estereotipo nerd, que faz cada celular do meu corpo desejá-la. Isso não tinha como negar, eu me sentia completamente atraído por ela. E isso era novo para mim, por que eu nunca desejei tanto uma mulher e tive receio de tê-la em meus braços. Mas ela não era qualquer mulher, ela é uma mulher guerreira que fez a escolha de construir uma família com um filho da puta covarde que a abandonou. Que ele não tenha o prazer de me encontrar algum dia, pois tenho certeza que não hesitarei acertá-lo.
Mas como poderia existir algo entre nos? somos duas pessoas distintas trilhando cursos contrários em suas vidas, seria possível tornar-los paralelos?
e aqui estou eu novamente imaginando uma vida ao lado dela. A verdade é que assim que botei meus olhos nela eu pensei "é com essa mulher que eu quero casar" e tudo se ficou ainda mais nítido quando estava com a cabeça sobre sua barriga e sua mão afagava meus cabelos, eu poderia lidar com isso, chegar em casa todos os dias após o trabalho e encontrar a minha esposa me esperando com nossos filhos. E de repente, eu que nunca quis ter filhos, me peguei desejando que aquele bebe na barriga dela fosse nosso.


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Notas finais do capítulo

Gente, o capitulo ficou um pouco menor mas se eu continuasse com a outra parte ficaria muito grande, então optei por encurta-lo. Continuação do outro capitulo, acontece no mesmo dia :) Aguardo o Feedback de vocês, espero que gostem.