A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 35
Eu sou um problema, e agora? | A Elite


Notas iniciais do capítulo

O que eu gostaria de dizer antes de lerem o capítulo? Que eu estou muito triste por não ter tido postar anteriormente, porque eu não conseguia terminar de forma alguma.
Uma série de eventos aconteceram, como o falecimento do meu pai, depois de um bom tempo no UTI, depois CTI, até que em 5 de junho ele faleceu, mas nem é só isso. Um série de coisas aconteciam há muito tempo, coisa de dois anos, e não foi fácil e nem vem sendo. Não acho que ninguém entenda até passar por isso, e saber o quão horrível é o feeling, ainda mais ter que ficar brincando para poder ter alguém para conversar sério, mesmo que você só queira ficar falando de si, e de como seu relacionamento com o pai era ruim, mas bom o bastante para você sentir como se estivesse sem os pulmões para respirar.
Mas eu encontro forças todos os dias em Deus, e os comentários de vocês foram o que me motivaram enormemente a vir até aqui e postar mais uma vez. Eu tinha até desistido, depois que Jesus levou o meu pai para Si, até eu sentar e escrever algo de novo realmente foi um mártir. Foi muito difícil, gente.
Muito mesmo.
Estou postando hoje, mas meus planos eram para quando eu terminasse totalmente o próximo, mas como é aniversário da Jennifer Lawrence, nossa eterna Katniss Everdeen, que hoje completa 27, top como sempre, resolvi vir aqui dar o ar da graça, completamente arrasada por não ter vindo antes.
Mas, agora que voltei, e pretendo ficar por muito tempo. Tenho novidades no final do cap, e espero que não seja tarde demais para recomeçar com vocês. Sei que dei muita bola fora com vocês, por todo esse tempo "desaparecida" e sem dar uma resposta para vocês.
Um super beijão para a Jennifer, que recomendou a fic, me pegando de surpresa, e foi uma GRANDE inspiração para mim, porque comentários, recomendações, favoritos, mensagens, fazem com que nos sentimos especiais!!!! Nossa, muito, muito, muito, muito obrigada!!!!
Gostaria de dar alguns agradecimentos especiais para a Clara, essa linda que mesmo sem a gente nunca ter se visto e nem saber o número de telefone da outra, ela me add no FaceBook, me mandando mensagens que transformaram a minha vida, com versículos que minha alma tinha que ler, mesmo que não quisesse, obrigada, Clara!!! Amo você!
Também a Thayná Mano, né, não podia deixar de mencionar ,obviamente, que me fez rir quando eu sem falar nada puxava um assunto chorando demais aqui do outro lado da tela, nem sei como teria sido esse processo sem ela! E vocês depois deveriam até dar uma lida nas fics dela, que são incríveis, gente, sério, ela é profissional (o id é Sorvete Ed Sheerano).
Bel, Mari, Mandy, Karly, todos os que comentaram em toda essa fic e em todas as minhas outras histórias, está aqui meu grande obrigada por tudo, mas principalmente ao Senhor, que me deu forças para lidar com tudo isso até agora, e me permitir levantar todos os dias.
Não é fácil, até porque eu tenho muitas crises, onde eu simplesmente paro, apago, sem a menor razão para isso, e fico. Do nada, estagnada, não é fácil mesmo, mas continuamos seguindo, porque parar é muito pior.
Espero que me desculpem, de coração, mas que aproveitem esse capítulo, que eu estou escrevendo desde março!



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Quando está ao meu lado

E percebo que a culpa é minha

Porque eu sabia que você era problema quando você apareceu

Tanta vergonha em mim agora

— I knew you were trouble, Taylor Swift.

Olho pela milésima vez a minha roupa no espelho, ajeitando o terno azul caneta, mais escuro que os meus olhos, nervoso.

— Eu sugiro que nós desistamos dos... — estava repetindo milhares de vezes o que vou falar em cinco minutos e venha causar impacto social e funcione caso eu seja coroado.

Parte de mim disse quando eu for coroado, mas exterminei isso de dentro de mim, pois causa muito frio na barriga, e o suor nas minhas mãos por causa do nervosismo. Eu sou tímido pra caramba. Em um nível tão alto que eu posso ir para o café da manhã quase morto de fome, mas não como nada até outra pessoa comer também.

Agora, falarei em público, para mais — bem mais —, de cem pessoas. Eu vou falar para toda a nação de Panem.

— Peeta, está na hora. — Stefan avisou, abrindo a porta do quarto.

Assenti, tentando manter a calma, buscando livro-diário de Nicholas Panem e outros dois de história, assim como um quadro, com três folhas, todas com gráficos bem fáceis e grande de compreender.

Não contei para ninguém o que vou falar, mas sei que Stefan sabe bem, sendo o mesmo quem me ajudou a encontrar respostas certas para entender como eu poderia abordar o assunto com facilidade. E também foi a pessoa com quem fiz a apresentação três vezes.

Ele me acompanhou lado a lado, ouvindo-me com prontidão o que eu tinha a dizer, falando mais uma vez o que apresentarei, recebendo um tapinha nas costas.

— Você vai se sair muito bem! — exclamou, me fazendo suspirar aliviado. — Relaxa, e coma chocolate.

Passou para mim uma parte de sua barra de chocolate branco, que eu posso comer, por não conter cacau. Resolveu muita coisa, afinal, mesmo com um gosto muito inferior de bom do de chocolate ao leite, ainda é chocolate.

— Hm, nem te contei um bagulho aí, né — começou, comendo sua parte da barra, enquanto ainda caminhávamos até o estúdio.

— O quê? Me contou nada não — falei, olhando para a frente. O chocolate me faz perder os sentidos, e eu fico só pensando em nada.

— Estou namorando. Cara, eu amo ela demais.

Meus sentidos voltaram em um piscar.

— Como?! — Até me engasguei, ficando um pouco desconcertado. Não é por sua aparência ou algo assim, muito pelo contrário. Stefan se daria muito bem como um Três ou Dois, porém ele é tão absurdamente centrado em comprar logo a carta de liberdade, junto com as irmãs, e tudo mais, que eu não esperava isso dele.

Ele riu meio sem jeito, enquanto eu estou completamente desconsertado.

As coisas estão andando mais depressa do que eu imaginei, entre eu e Katniss, Finnick e Annie, Stefan e alguma garota.

Coisa demais acontecendo em pouquíssimo tempo. E coisas muito significativas. Um amigo namorando é quase como se fosse você namorando!

Disse que estão ficando desde Novembro, durante umas três semanas, mas disse que ela não é jovem para ficar, mas para ter um relacionamento estável e sério. Pediu ela semana passada.

Quando ia dizer algo sobre casa, ou talvez revelar o nome da moça, eu infelizmente precisei entrar no estúdio.

— Você vai me contar o resto disso na segunda-feira! — exclamei, balançando a cabeça, enquanto entrava, e ele riu, assentindo, com as mãos no bolso. — Eu quero saber quem é, seu mané!

Stefan riu mais, dando meia volta, para ir para seu quarto.

Sentei ao lado de Gale, e eu estou um pouco anestesiado ainda.

— Conseguiu terminar? — o moreno perguntou, deslizando os slides na tela de seu Smarter. Assenti, olhando para Katniss, que tinha o cabelo arrumado por uma moça alta, com cabelos castanhos claros, e pareciam se divertir. Acho que o nome dela é Madge.

Voltei minha atenção para Gale.

— Só imprimi três folhas — contei, sem mostrar o que é.

— Eu fiz uns seis slides rápidos, vai durar três minutos, dama Effie acabou de informar. Eu estou perdido.

Ri, mas de nervoso. Sei exatamente como ele se sente.

— Acredito que eu estou mais do que você. Ensaiei o dia todo, depois de formular tudo em cinco horas, e constato que eu vou fazer alguma besteira.

Ele gargalhou, balançando a cabeça.

— Vou fazer o mesmo, provavelmente. Ensaiei nas últimas duas horas.

— Ah! Estamos em situação similar! — ele sorriu, e ficamos quietos, relendo nossas falas, conforme os outros iam chegam, aparentando bem nervosos.

Cato foi o primeiro a apresentar, sorrindo no começo, cumprimentando aos presentes, e então o público geral, mas ficou sério quando começou a apresentar sua proposta, que visa retirar 15% do salário anual de todos os cidadãos dos Distritos Dois, Três e Quatro, ou de todos com renda superior à US$17.000 anualmente, para cobrir os custos da educação para pessoas que não podem pagar.

É um plano bom, mas acho que na prática não vai funcionar tão bem, pois muitos de Distritos superiores odeiam os de Distritos menores.

Calvin apresentou um muito interessante, acerca de bolsas governamentais para pessoas em situações desfavorecidas, porém que demonstrem interesse nas áreas de ciências, ou seja, química, física e matemática, representando Panem mundo a fora, sendo remunerado por isso. E para os que não possuem inclinação para as ciências exatas, bolsas também para as ciências sociais. É algo bom, e que vai funcionar, mas fico pensando na fragilidade do sistema educacional para os Distritos Cinco, Seis e Sete. No Oito nem tem. Como essas pessoas vão ser encontradas?

Gale apresentou o Saúde Sem Fronteiras, onde os médicos do Três são mais remunerados para, semanalmente, ou mensalmente, como quiserem de acordo com uma escala própria, irem até o Oito, e treinar pessoas comuns que apresentem algum interesse para cuidarem de si mesmas e de outros. Quando o projeto terminar, o próximo Distrito é o Sete e assim sucessivamente, um auxiliando o outro, até que tenhamos um país saudável e com conhecimento básico acerca dos Primeiros Socorros, reduzindo as mortes por acidentes e doenças que podem ser cuidadas em casa desde que tenha conhecimento acerca delas.

Blane apresentou uma proposta sobre educação, e eu sei que foi boa porque Katniss abriu um sorriso com a proposta, aparentando realmente feliz. Não prestei atenção não porque não queria, mas porque eu sou terrível com as palavras, e mais uma vez estou passando minhas falas.

Aplaudi meu amigo, sabendo que ele se saiu bem, então fui apresentar o meu, e tive um intervalo de dois minutos para organizar meus dois cartazes, um cobrindo o outro, para eu ir movimentando com razão as mãos, que eu sei que sem querer gesticulo mais quando fico muito nervoso, ou então eu fico completamente estátua. Pode acontecer as duas coisas, que são péssimas.

O primeiro gráfico já ficou exposto mesmo, mas aí quando disse que eu estava no ar, acabei olhando para a Katniss, que me olhava bem tranquila. Aquilo me animou, e me tranquilizou. Comecei a apresentar. E a primeira frase desestruturou com os presentes na sala.

— Sugiro que exterminemos os Distritos — fui bem direto, e acho que toda a sala com quase cinquenta pessoas perdeu ar. Me motivou.

Expliquei que o fundador do país, Panem, expôs que era apenas como forma de controlar e organizar a sociedade. Mas eu disse que agora nós estamos estáveis – já que eu não posso criticar mais o governo –, e é hora que paremos de nos dividir. Somos um só.

Mostrei os outros dois gráficos, que mostraram como a violência vai diminuir significativamente.

Terminei em dois minutos e quarenta segundos, fui o mais rápido, porém a expressão de “eu não acredito que ele disse isso!” é impagável em todos, mas é dividido entre “eu não acredito que ele disse isso, louco!” e “eu não acredito que ele disse isso, finalmente!”.

Todo mundo me aplaudiu, e alguns de pé, me deixando com o rosto todo corado. O rei e a rainha são os únicos que estão completamente desconcertados e Katniss me olhou com uma cara de “eu vou te matar”, mas de forma só para mim fez um positivo com o polegar.

Suspirei, mas meio incerto, enquanto voltava para meu lugar.

— Você é uma pessoa morta — Gale sussurrou, um pouco nervoso, enquanto o rei fechava o programa.

Meu estômago se contorceu em mil, e eu fiquei com medo.

— Falei algo que não deveria?

— Não, e por isso mesmo. Você falou o que todo mundo concorda que deve acontecer, mas — Gale foi interrompido pelo sinal que indica que estamos fora do ar. Antes que pudesse falar mais alguma coisa, a rainha já vinha feito um furacão, e Katniss logo atrás com o rei.

Não entendi muito bem tudo o que aconteceu no instante seguinte. Vi apenas um vulto branco e loiro puxar tudo da minha mão e de Gale, lançando furiosamente no chão, até pegar um livro-caderno fino e com a capa mole.

— A sua única obrigação era guardar este livro, Katniss! — A raiva bramou, e eu me arrepiei da cabeça a planta dos pés, nem ousando respirar direito, assim como todos os outros.

— Mas... mãe... — Katniss tentou se explicar, dando alguns passos para trás, segurando o exemplar. — Não...

— Você é uma incompetente! Como ousa deixar o livro nas mãos de um Selecionado?! Como deixa nas mãos de qualquer outra pessoa que não seja autorizada?! Você é louca?

O escândalo dela não pode ser descrito. Katniss simplesmente abaixou a cabeça, e ouviu todas as palavras de baixo calão ditas pela mãe nos dez segundos seguintes, até que senti meu corpo ser convidado a se levantar pelo rei, que não estava com a melhor das aparências.

Tendo se dado conta da minha presença mais uma vez, a rainha ordenou aos berros que estou fora. O rei me acompanhou para fora, e eu não consigo dozer nada.

Lancei um último olhar para meus amigos, Gale, Blane, Cato e Calvin, que estavam com a mesma expressão: boquiabertos e sem quaisquer palavras por essa sequência de situações.

— Qual é o seu problema?! — O rei perguntou, segurando-me pelo ombro. Seu tom de voz é de muita, muita raiva. — Tem alguma noção do que acaba de fazer?

— Não, senhor.

Respondi, quase chorando de medo.

— Desculpe. — Falei, baixo. — Só quis apresentar um trabalho que pudesse ajudar outras pessoas. Resolver problemas.

Ele ficou em silêncio, e se afastou, xingou, e ficou parado, olhando para mim com uma expressão impassível, como se pensasse em como me matar, por pelo menos quinze segundos, até uma Katniss sair do estúdio apressadamente com um livro nas mãos, sem olhar para os lados. A rainha veio atrás, mas não foi dela. Virou-se para mim, e sem nada a dizer, me acertou com um tapa estalado no meio do rosto.

Uma lágrima escorreu pelo meu olho esquerdo, não pelo latejar de sua mão, mas pela dor do tapa, mas por tudo. O que eu falei demais? Só sugeri que não fosse mais investido força para nos separar e classificar.

Só sugeri uma sociedade homogênea e em paz.

Tudo contrário a essa resposta que tive.

— Você nunca mais vai falar com a minha filha, está me ouvindo? Você nunca mais, Sete, nunca mais, na sua vida inteira vai pensar em uma coisa dessas. E nunca mais, nunca mais — deu ênfase ao nunca mais em um tom quase maníaco de tão baixo, olhando bem dentro dos meus olhos, sem levantar suspeitas do tapa que tinha me dado a quem não tivesse presenciado. — irá comentar com alguém sobre acabar com os Distritos. Amanhã pela manhã, no primeiro voo, você vai voltar para aquela sua cidadezinha imunda. E não ouse em me contrariar. Ou eu mato você.

Suas palavras foram todas sussurradas para nem o rei ouvir, mas nunca escutei nada tão claramente em toda a minha vida.

— Você me ouviu? — perguntou, mais desafiadora.

Não sei como, mas arranjei forças para responder que sim.

— Snow, vamos. 

Afastou-se de mim, ainda me encarando, e o rei nos observava.

Ele olhou em meus olhos, e balançou a cabeça em negativa. Mais doloroso que o tapa de sua esposa, foi seu olhar decepcionado.

Quando sumiram no corredor, minhas pernas me levaram lentamente até meu quarto, e eu fiquei feito um disco arranhado em pensamentos, voltando cada palavra que disse, e no quão ruim isso poderia ter sido.

Roboticamente, tomei meu banho, e meus criados não vieram me ver, ou alguma coisa do tipo. Quando deu onze da noite, as luzes automaticamente se apagaram, deixando somente os abajures com uma iluminação bem fraca.

Sentei na cama, paralisado. Estou em um estado de choque grande demais para pensar.

Olhei em meu relógio de pulso, e marcam 22hr34min, não 23hrs como deveria. Senti mais medo.

Joguei fora tudo do trabalho, da apresentação, rasguei, pisei, tudo isso agora.

— Trabalho idiota, idiota! Igual a mim! Estúpido! Inútil! — Xinguei os papéis, rasgando todos, gritando, até começar a chorar, sem parar, continuando a chutar, mas com menos força dessa vez. — Perdi a Katniss por causa de um trabalho inútil feito esse... perdi tudo! Tudo o que me importa!

E tive colapsos de fúria, chorando gritando, ou só gritando, pisando fortemente em cima dos papéis.

Depois de um bom tempo, parei, aos poucos, até me sentar na minha cama, e encarar a lata de metal torta e com muitos amassos dos meus pés e mão. Meu coração bate muito forte e acelerado no meu peito, sem parar, bate, bate, bate, quase feito socos, para me machucar, e deu certo.

Minha mente se contraiu, e me nocauteou com as palavras da rainha, dizendo que estou fora e no primeiro avião de volta para Sant Cloud.

Voltei a chorar, sentindo todo pedaço da minha pele se arrepiar consideravelmente ao arrastar das minhas lágrimas pelo meu rosto.

Solucei, uma, duas, três vezes, até doer minhas clavículas.

Praticamente fui dormir porque quase desmaiei de tanto que meus olhos pesaram por causa do choro, com mais de mil motivos dos quais sair agora é praticamente um homicídio a toda minha família.

{...}

— Peeta — ouvi, uma voz, ao longe, mas me fez logo arrepiar, mas nem me mexi. Por qual razão em um restaurante chamariam meu nome?

— Peeta, acorda.

Puxei ar com força, ao ouvir a voz novamente, e caí do sonho que estava tendo com o fim do mundo, por causa de comida, em um restaurante.

Esfreguei os olhos, e apenas olhei meio sem acreditar para o rei, despido de suas extravagâncias, apenas de moletom e blusa leve, como um pai de uma família rica, pronto para dormir.

— Majestade...? — perguntei, rouco, com os olhos forçados, porque eu realmente estava dormindo, dois segundos atrás.

— Sim, senta — não disse nada, apenas obedeci, e ele tomou acento na poltrona que tem ao lado da minha cama, virando-se bem para mim. — Sabe a razão pela qual estou aqui agora, às quatro e cinquenta da madrugada, rapaz?

Balancei a cabeça em negativa, engolindo toda meu medo. O que fiz dessa vez?

— Eu estava agora na ala hospitalar com a Prim, porque ela tem ataques de pânico, sofre de esquizofrenia e bipolaridade. Quase morreu sufocada em si mesma, há poucas horas, por um trama na infância do qual eu não consegui impedir.

Ouvi, e fiquei arrasado.

— Ela está bem agora? — perguntei, sincero, mesmo reconhecendo que ele vai continuar.

— Agora, para ela "ficar" bem precisa ser sedada com morfina, ou pode tentar até se matar ou matar alguém. Não foi diferente hoje. Tudo por causa de uns Oito e Setes sulistas e imundos, que não tiveram um senso de humanidade.

Entendi o rumo da conversa, e fiquei impressionado comigo mesmo por estar ouvindo, já que estou quase fazendo xixi nas calças de tanto medo e nervosismo, e meu coração inda bate em um retumbar acelerado e fora de si.

Senti-me miserável por Prim.

— Majestade, eu... sinto muito mesmo. Não foi minha intenção, causar mais dor, seja as princesas, e nem dores de cabeça para o senhor e a rainha.

Desculpei-me, de cabeça baixa. Não posso ousar olhar em seus olhos, é uma lei real para quando o Rei e a Rainha saem, não se pode olhar nos olhos, nem das Princesas, a menos que eles façam.

Ele me olhou nos olhos, e é impressionante o quão idêntico são aos de Katniss, mas completamente singulares. É possível dizer de longe a quem pertence o olhar de cada um, mas ambos carregam um Universo nas orbes. Senti medo, ao invés da sensível sensação de conforto que Katniss me transmite.

Porém fez algo que eu nunca poderia imaginar: apertou minha mão.

— Por favor, me chame de Antoine. Já que é com você que minha filha vai se casar, não precisamos de tantas formalidades. Admito que eu no fundo esperava, mas nem tanto assim, porque você realmente nos causa problemas. Mas… sei que você não fez com maldade, e que não tem outra pessoa aqui que possa ajudá-la tanto quanto você pode. Estava esperando bem menos de você, mas nossa, a apresentação econômica foi espetacular.

Fiquei me sentindo muito confuso. O rei está aqui na minha frente, pedindo para eu chamá-lo pelo nome? E tudo isso? O quê?

— Perdão? — murmurei, sem entender.

— Olha, eu esperei minha esposa dormir para eu vir aqui. Ela vai fazer você sair a todo o custo, e isto está além do meu poder, mas se Katniss for te manter, posso fazer um esforço. Fico muito preocupado sobre quem vai casar-se com a minha filha. Você só precisa parar de causar um caos todas as vezes que aparece na TV, por favor. Não vai querer que o pior aconteça. Estamos falando de pessoas de verdade, vidas, inclusive da sua família. Cuidado.

Depois da madrugada mais real e estranha de toda minha vida, não compareci ao café alegando dores de estômago muito fortes, o que não é de tudo uma mentira.

Como o almoço somos nós quem escolhemos onde comer, ninguém nunca escolhe ter que descer. E eu não fui diferente.

Almocei sozinho na varanda do meu quarto, em pé, com o prato no parapeito, que é bem largo, olhando para os muros quilométricos, enquanto como macarronada com frango desfiado da maneira mais sofisticada possível.

Peguei papel e caneta, iniciando uma carta direcionada à Stuart. Sinto que entre nós dois tem faltado intimidade, então contei sobre a visita do rei pela madrugada, e como eu pensei que era sonho, e teria pensado que era se não fosse pelo perfume forte.

Não percebi o quão desconcertado fiquei até me ver tremer escrevendo. O que eu fiz? Murmuro em pensamentos todo o instante. Eu não pensei muito claramente sobre o que poderia acontecer com a Katniss, e se algo ruim acontecer, eu nunca, jamais, vou me perdoar.

— Ligar para Katniss — pedi para o Smater, pondo em meu ouvido, até cair em um tal lugar chamado caixa postal. Tentei mais cinco vezes, e caiam nesse mesmo lugar, que eu não sei onde é, mas posso deixar um recado. — Oi… estou preocupado com você… quando puder, me liga.

Meu tom de voz não passa da altura de uma brisa leve, porque não tenho muito o que dizer.

— Sei que fiz besteira de novo, mas… ah, me retorna assim que tiver tempo, não quero te atrapalhar.

Depois de sentir que seis ligações não respondidas foram o bastante, suspirei frustrado, e escrevi isso na carta, expondo pata Stuart que mesmo aqui as coisas não são boas como pensamos que fossem.

Espero que você esteja bem, irmão. Confio em você, e sei da sua capacidade intelectual e psicológica para lidar com toda essa situação. Nada tem parecido fácil, porém algum dia tudo vai se esclarecer, e vamos poder respirar em paz.

Amo você, amo todos vocês, e mal vejo a hora de nos encontrarmos de novo, mas dessa vez definitivamente. São uma luz nos meus dias lembrar-me de vocês!

Com todo o amor e saudade,

Peeta.

Finalizei a carta, pondo dentro do envelope, lacrando, então fui levar até o escritório responsável por isso.

— Grande apresentação, senhor! — Tory, a responsável pelo setor exclamou, com um sorriso. Já somos conhecidos, pois envio cartas com frequência.

— Hm, espero que dessa vez alguma coisa vá para a frente — Stevan disse, brincando. Falam baixo. Entendi, é um assunto proibido.

— Também espero… vai ser bom para todo mundo, não vai? — acabei soltando, em um suspiro cansado. Eles trocaram um olhar, e eu sei que tem algum sentimento entre eles, mas pelo o que sei, Stevan é um Seis, sendo criado, e Tory uma Quatro, sendo responsável pelo setor de cartas e encomendas. Ela é relativamente nova, mas já poderia estar casada, com 28 anos, e talvez até com um ou dois filhos, mas é difícil ter que abrir mão de tudo.

Nos despedimos, e eu estava absorto em pensamentos quando trombei em alguém. Mas não um qualquer alguém. Seu gemido de dor é um pouco familiar aos meus ouvidos.

— Katniss! Céus, me perdoe! Eu não te vi! — exclamei, segurando-a. Seus olhos estão abundantemente cansados, e os cabelos soltos de modo delicado, mas não tira a atenção dos olhos cansados e tristes.

— Ah, tudo bem… — respondeu, com certa indiferença, e raiva, sem me olhar nos olhos. — Preciso logo ir levar isso para a Pri — antes que terminasse, sirenes berraram por todo o palácio, e no instante seguinte, antes de uma reação nossa, um guarda nos empurrou, e pela careta de dor dela, pensei que fosse um terrorista, mas não, ele nos guiou em uma corrida até uma passagem. Outros guardas vinham atrás de nós, mas sem armas em mãos, são do palácio mesmo.

SÃO SULISTAS! SÃO SULISTAS! — Alguém berrou, e uma rodada de disparos foram ouvidas, no instante em que nós fomos empurrados e presos em um esconderijo. Ela ficou sem reação, mas não pensei duas vezes antes de erguê-la, até cairmos dentro de uma sala secreta.


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Notas finais do capítulo

Bem, pessoal, esse foi o capítulo, e me desculpem mais uma vez por estar há quatro meses, cinco, nem sei mais, sem atualizar, mesmo que para dar uma explicação, que acho que vocês merecem, por serem sempre tão bons e gentis comigo, mas eu estou bem certa de que não abandonarei vocês de novo, a menos que Cristo me arrebate ou me leve por saudade!
Obrigada pela grande dádiva de poder escrever para vocês, e por permitirem viver momentos únicos quando leio o seus comentários, com muito amor, e com meu coração completamente aberto, cheio de carinho.
O próximo capítulo é bônus, o que me deixou bem decepcionada, honestamente, porque eu queria narrar o que vem a seguir no ponto do Peeta, mas tornarei inesquecível no ponto de vista da Katniss também, tornarei épico, da melhor forma possível kkkkkkkkkkk
E nunca deixei spoilers sobre o bônus, mas eis que vou deixar dessa vez, por causa de toda essa minha ausência, né, pessoal! Vocês merecem!!!!

Música: Bad Liar e There´s Nothing Holding me Back (ainda não decidi, porque ambas se encaixam adequadamente, então será as duas, porque eu estou assim agora, para o crime.)
Trecho: "— Nossa intimidade é uma grande porcaria.
— Concordo. — respondeu, imediatamente. — Seria estranho dizer que estou curioso para saber se me perdoou ou não?
Senti seu medo. Foi estúpido. Ele me deixa lúcida. E mais insana. Me inclinei para beijá-lo, com vontade. Fui correspondida.
Nosso beijo foi tomando proporções maiores e maiores, aumentando mesmo a temperatura do ambiente, me fazendo tirar seu casaco e camisa, largando ao lado da cama, no chão, com as minhas.
Na boca, no pescoço, na bochecha, na nuca, no ombro, para ele, enquanto eu apenas recebia seu carinho.
— Peeta… — murmurei, suspirando, sentindo seus beijos na minha clavícula.
— Hm — murmurou também, ofegante, como eu, passeando as mãos em carinho na minha cintura, na lateral da minha barriga, e eu pensei que fosse beijar meus seios, até compreender que seus beijos tem uma outra conotação. Senti muita vergonha por ter pensado maldade. Estou me tratando de Peeta.
Estava beijando minhas marcas. Como se fossem perfeitas partes de mim. Meus olhos lacrimejaram, mas sorri, com os olhos fechados, me encolhendo quando estava em uma parte mais sensível, mas não o que se pensa. É minha nuca.
— Não vou passar disso, por mais que queira. Você vale muito a pena para isso. Quero que seja mais especial — disse, tranquilo, com o corpo apoiado pelo braço, enquanto sua mão direita fazem carinho no meu rosto.
— Você me faz especial. Então qualquer momento é oportuno — respondo, e ele sorriu, me beijando mais uma vez, me deixando sem fôlego. Mas também ficou sem.
Deitou-se de modo que eu ficava com meu ouvido sobre seu peito, sentindo as batidas de seu coração, batendo ritmado, forte, acelerado, mesmo depois de recuperar sua respiração.
— Ainda se sentindo culpado? — perguntei, baixo, com uma mão entrelaçada a dele. Meus seios estão bem na lateral de sus barriga desnuda, como se eu estivesse vestida. Sem a menor maldade.

— Como não me sentir? — A sinceridade com a qual ele se expressa é o que me fascina.
— Peeta… — murmurei, em um suspiro de lamentações. Não posso me fechar para todas as pessoas. Alguém precisa saber a verdade."

E é isso, galera! Eu estarei voltando, prometo, no mais tardá na sexta-feira, porque pode ser que eu não consiga escrever do jeito que eu quero, e do jeito que vocês também querem, que é com eles dois bem, mas eu também estou """seguindo""" o roteiro de A Seleção, e em dois ou três, no máximo, eu vou finalizar essa fase de A Elite para começar com A Escolha, depois só bônus, muitos bônus, acho que uns três, isso depois do epílogo.
Temos aí, no que tudo der certo, pelo menos mais sete, oito meses de fic, gente. Ainda vão me ver bastante por aqui kkkkkkkkkkkkkkk mas isso se vocês quiserem!
O que acharam do cap, quais as expectativas para o próximo, quero saber tudo, e se não gostaram, podem me dizer, por favor. Quero tornar ASDH tão única para vocês como para mim. Fortes abraços! Vocês são MUITO importantes na minha vida! PAZ, AMOR E ESPERANÇA! ♥
15/08/2017