A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 18
Mas quase nunca é o suficiente — parte final: O beijo | A Seleção


Notas iniciais do capítulo

Continuação do anterior! ♥



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—  A princesa pediu para eu te entregar isso. — Layla disse, me estendendo um envelope pequeno. — E para ler sem nenhuma companhia. Bem, está na nossa hora, então, até amanhã, boa noite. — Seus irmãos já tinham saído do quarto e me desejado boa noite antes, só que ela voltou para me entregar isso. 

— Boa noite, e muito obrigada. — Sorriu feliz, e saiu correndo atrás dos irmãos, fazendo com que eu sorrisse sincero, porque eles são realmente parte da minha família, porque são meus amigos.

"Meia-noite, na casa da árvore. Espero que não use nada espalhafatoso. Mantenha a discrição."

Sorri, colocando o papel na gaveta, junto com as cartas que recebo da minha família, e olhei para o relógio, que marcava 19:37. Tenho tempo! 

Eu gosto de desenhar, mas eu sou o pior desenhista do mundo, mas como gosto de pintar, peguei algumas tintas, passando com o mesmo cuidado que cuido das flores, deslizando o verde na base, já que Amélia havia pedido um esboço do jardim. Eu sei que ela estava brincando, mas só para entregar pra mamãe. 

Fiz alguns círculos vermelhos, sobre os traços verdes, como se imitasse as rosas, e também fiz alguns brancos, outros amarelos — mas esse foram como os raios do sol, já que era um girassol — e pintei o resto da folha A3 de azul, com leves manchas brancas, simbolizando as nuvens. Era nada profissional, e eu seria vaiado por qualquer um, menos pela minha família, pois era sincero. Não sei o que lhes dar, algo que venha de mim. Recebi um desenho de Ben, da família, com seus traços todos irregulares, mas foi tão do coração dele, sem que ninguém visse ou mandasse, que me emocionou, querendo desesperadamente ir vê-lo, e o abraçar até meus braços ficarem dormentes e ele rosadinho pela falta de ar, assim como eu. 

Sorri satisfeito para o desenho, colocando algo para não deixar a folha voar. 

Fui para a minha cama, vendo que ainda eram 21:48. Fechei os olhos, e apaguei, cansado. A semana foi meio tensa.

Havia um tempo em que

Eu costumava olhar nos olhos do meu pai

Em um lar feliz

Eu era um rei, eu tinha um trono dourado

Aqueles dias se foram

Agora as memórias estão na parede

Eu ouço os sons

Dos lugares onde eu nasci

Escutei a música, abrindo um pouco meus olhos, incomodado com o fato de não estar enxergando nada, pelas luzes sempre se apagarem automaticamente depois das 23:30, e... Meus olhos estavam fechados, e minhas mãos os esfregando preguiçosamente, então os abri, desesperado.

23:58.

— Ai caramba! Droga! — Peguei um casaco na cômoda, já que o ar condicionado do palácio é central, e eu, mesmo que sinta sempre mais calor do que frio, às vezes durmo com um. 

Escovei os dentes, pois eu dormi por mais de duas horas, quase, dei uma arrumada no cabelo e... Por que eu estou me arrumando para ver a Katniss? Só vamos nos encontrar bem depois do toque de recolher, em uma casa na árvore, onde eu não faço ideia de onde fica, nesse clima extremamente viciante, com uma brisa e uma lua minguante. 

Abri a porta do meu quarto, colocando apenas a cabeça para fora, então, como não tinha ninguém, olhei para os lado só mais uma vez, e peguei a chave do meu quarto, pois eles trancam às uma da manhã, só por precaução. 

Coloquei uma toca na cabeça, e fui, sem me incomodar com o fato de estar com calças de seda pretas com azul e uma blusa toda branca, com um casaco que ia até um pouco abaixo da minha cintura, de tecido leve. A noite estava fria, mesmo que eu ainda não tenha saído. 

Desci as escadas um pouco apressado, pois já passava da hora, eram meia-noite e quinze já, e eu não fazia ideia de onde ficava essa tal casa na árvore. Provavelmente no jardim, ou no parque do qual eu havia andando de skate com Prim. Isso! O parque!

Passei por alguns guardas, desejando boa noite, e os mesmos assentiam, com um aceno amigo, já que era de meu costume andar por aqui, mas um pouco mais cedo, porém, ninguém questionou. 

Fui em direção ao parquinho, que era na direção contrária ao jardim e estufa, e o caminho até lá, curto. Segui a trilha de pedra, descendo um pouco mais minha toca vermelha, sentindo minhas orelhas gelarem pela brisa cada vez mais fria, algo geralmente incomum em Angeles. Estou aqui há um mês e duas semanas, e nunca havia ficado tão frio assim, mas nada indicava que iria chover.

— A casa na árvore fica aonde, Brooks? — perguntei, para o guarda que está aqui todo sábado e domingo à noite.

— Continua na trilha, e quando ver um ipê-roxo, você vai para a direita. Está com uma lanterna? — Arqueou uma sobrancelha, vendo que eu não tenho nada em mãos. — Pega a minha. E me devolva amanhã. — Sorri, agradecendo de verdade, então continuei a leve caminhada. Guiava para um campo, quase, com diversas árvores altas, médias, tão formosas quanto um dia ensolarado. 

Vi o ipê-roxo, no ápice da beleza, onde o vento passava, mexia seus galhos, fazendo algumas flores se soltarem, vindo em minha direção, já que eu estava contra a brisa gentil. Fui para a direita, onde não tinha mais a trilha de pedras para me guiar, e foi fácil ver as luzes de lâmpadas antigas, e algumas velas em uma casa pequena na árvore. Sorri imediatamente, reconhecendo a silhueta de Katniss, dançando de leve, comendo alguma coisa.

Tinha um balanço para duas pessoas, e um balanço de roda, e uma bola em baixo. A escada era de ferro, no canto, bem presa no solo, mas quando toquei no primeiro degrau, senti-me na obrigação de não chegar lá de mãos vazias. Minha mãe sempre insistiu quer eu e meus irmãos levássemos sempre algo quando íamos visitar alguém, ou em um aniversário. Eu sou convidado da Katniss.

Ao redor da casa, tinha um campo com rosas vermelhas, brancas e margaridas amarelas. As margaridas eram as mais belas, então foram elas que eu colhi, e fiz um buquê improvisado. Uni todas as flores com um pouco que desfiei do cabo de uma, e sorri satisfeito pelo meu trabalho. Não era muito, mas é melhor do que chegar de mãos vazias. E era sincero. 

Voltei a subir as escadas novamente, com o buquê em minha boca para não amassar. Quando alcancei o deck, peguei com as mãos novamente, e por alguma razão desconhecida, arrumei meu sobretudo, e tirei a toca da cabeça, dando dois toques na porta de madeira, com um sorriso no canto do rosto. 

— Oh, Peeta! — ela abriu a porta, com um arco em mãos, e a alijava em seu ombro esquerdo — Eu poderia ter te matado! 

Ri, divertido, entrando no lugar aconchegante. Tinha um colchão alto encostado na parede, extremamente bem arrumado, com travesseiros de com fronhas vermelhas e laranjas, para combinar com a casa, que era de madeira, tão bem polida que refletia meu reflexo, mas não tão nítida como um espelho, é claro. Os lençóis eram marrons e bege, com detalhes laranjas, e a casa tinha um aroma de flores e terra molhada, que me fez fechar os olhos, abrindo um sorriso torto. Era o aroma de casa, da minha casa. 

— Choveu por aqui hoje de tardinha, de acordo com a minha nova criada. — disse Katniss. — Ela é tão gentil! Encarregou-se voluntariamente de vir até aqui, escolheu o aroma das velas e arrumou tudo, até a nossa comida. Você gostou? — Virei-me para a morena, que estava com as mãos timidamente unidas na frente do corpo, com os olhos preocupados. 

— Está perfeito, não se preocupe. Só a vossa presença vale, Alteza. — Aproximei-me dela, olhando em seus olhos, então me curvei, um pouco, estendendo-lhe as flores

— Eu amo margaridas. — disse, pegando-as da minha mão, com cuidado. — São mais bonitas do que as rosas. 

— Flores mudam de pessoa para pessoa, mas devo informar que são minhas favoritas depois dos girassóis e tulipas. — Sorriu, aqueles sorrisos sinceros, que mostram as covinhas, aquele sorriso que não me dá visão de seus dentes brancos perfeitos, mas eu sabia que vinha do coração. 

— É um prazer descobrir isso, caro Selecionado. — disse, suave, entrelaçando seu braço direito ao meu esquerdo, guiando-nos até uma mesa, onde era meio iluminado, pois tinha um lustre no topo da casa, totalmente brilhante, como um calidoscópio, – de acordo com a descrição que ela me deu no dia da cachoeira, – com algumas outras poucas luzes em três paredes. Onde a mesa estava, não tinha, mas era melhor assim, porque a lua batia na direção da cama, onde os travesseiros estavam, e nessa lua minguante, não poderia estar melhor. 

Duas velas estavam no canto, quase encostadas a parede, acesas, com uma garrafa com um líquido arroxeado e outra transparente, com bolinhas.

— Vem, vem. — Sentou-se de frente para mim, em uma almofada, e eu fiz o mesmo, tem uma almofada também, precisando o som dos animais noturnos, e a cigarra indicando que amanhã fará sol.

— Acho melhor colocar uma música. — disse, balançando a cabeça, então colocou seu relógio no pulso, tocando três vezes, abrindo uma lista com diversas músicas entre nós, com o fundo azul claro, e as letras pretas. Às vezes, a tecnologia me assustava e fascinava. 

— Acho melhor essa. — falei, depois de descer um pouco as diversas opções. 

— Hm... Nunca ouvi. Vamos ouvi-la então. — Sorriu para mim, puxando o nome, e em um gesto com a mão, lançou para o rádio, e logo a voz do cantor era audível de forma ambiente na casa.

Você tem que me ajudar

Eu estou perdendo a cabeça

Continuo tendo a sensação

Que você quer deixar tudo isso para trás

Pensei que estávamos indo bem

Pensei que estávamos aguentando firme

Não estamos 

— Papai sempre toma com a minha mãe. — comentou, tirando de um balde de video cheio de gelo, uma das duas garrafas do líquido transparente. — Ela diz que tem gosto de estrelas. Mas eu não sei como podemos beber estrelas. Qual seria o gosto delas? — Ri, pegando a garrafa, na intenção de abrir, e Katniss bateu as mãos em animação, com um sorriso enorme no rosto. Sorri novamente, sem dizer uma palavras. — Mas espera! — pediu, tocando minha mão. — Tem que dar uma sacudida, para ser como nos filmes! 

— Assim? — Dei uma chacoalhada, e a mesma riu, muito animada. — Não vai explodir, vai?

— Claro que não! Vai! Abre! Abre! — Puxei a rolha, com um pouco de medo, porque ela estava animada demais pro meu gosto, e a tampa diferente dessa coisa foi longe, batendo na parede, e da garrafa saiu um pouco de espuma, com um baque gostoso de se ouvir, e novamente eu e Katniss rimos, animados. 

Não, eles não ensinam isso na escola

Agora meu coração está se partindo

E eu não sei o que fazer

Pensei que estávamos indo bem

Pensei que estávamos aguentando firme

Não estamos?

Coloquei até a metade em sua taça, porque acho que é o lugar certo de por esse tipo de coisa, na taça  flauta, que era mais fina e comprida, depois coloquei a mesma quantidade na minha, enquanto ela colocava algo em meu prato. 

— Um brinde à... Meu final de semana de férias! — Assenti, com um sorriso torto, levantando um pouco a minha taça, como ela, e encostamos as mesmas, que fizeram um som de vidro baixo, algo como "tim-tim".

Tomamos um pouco, então, nos entreolhamos, e começamos a rir.

— Isso tem álcool? — eu perguntei, sentindo as coisas ficarem mais claras. Ela assentiu, sorrindo, arrumando a alça de seu pijama. Ela estava sem sutiã, mas não parecia se importar. Enrolou-se um pouco no sobretudo que era mais longo que o seu vestido para dormir, que ia até metade de suas belas coxas. Era um vestido bonito, que lhe marcava com perfeição, com umas flores na base, e o sobretudo era vinho, deixando isso casual, pelas roupas dela, mas o clima que nos rodeava era estranhamente romântico.

— Sim, mas é pouco. É um espumante para iniciantes, até porque acho que nunca bebeu. Eu já, bebi vinho branco, mas era com meus pais em cima. É como beber com coronéis! E o gosto era desagradável.  — Ri. — É como beber estrelas? Porque eu acho que sim.

— É como se elas fossem reduzidas a pó e misturadas com isso! — exclamei, me sentindo bem. — Eu vou querer mandar isso para os meus pais um dia.  — Assentiu, com um sorriso gentil.

— Pode ficar tranquilo. Eu farei com que chegue como chegou as tortas. — Colocou a taça na mesa, assim como eu, então eu peguei o garfo pequeno que tinha, para sobremesas, e quase me joguei pra trás, com um sorriso enorme quando vi o bolo de morango. 

Você e eu temos muita história

Nós poderíamos ser o melhor time que o mundo já viu

Você e eu temos muita história

Não deixe isso acabar, podemos fazer um pouco mais

Nós podemos viver para sempre

Eu estava gostando do bolo, do champanhe, da companhia e principalmente da música. Era gentil e agradável.

Todos os rumores, todas as brigas

Mas nós sempre encontramos um jeito de sair delas vivos

Pensei que estávamos indo bem

Pensei que estávamos aguentando firme

Não estamos?

Terminamos de comer o bolo, cada um comeu três pedaços para não haver culpa, mas na verdade, ela comeu um por mim. 

— Isso é o que? — perguntei, curioso, quando estávamos quase no final do espumante, mas sóbrios, conversando banalidades, como por exemplo sobre sua nova criada, mas não me revelou dados como o nome, aparência ou lugar onde veio, porém veio para substituir Johanna, que está grávida, e logo teria de escolher outra, pois essa nova era para auxilia-la com os estudos. 

— É vinho! Quer beber? Eu quero, mas é que tem um pouco na garrafa de espumante. — disse, mordendo a almofada do polegar.

— Ah, não seja por isso! — Coloquei mais das estrelas na minha taça, e na dela também, que riu, e tomamos juntos, devagar, mas era mais como se fosse refrigerante, e não algo realmente chique e fino.

— Conversei com Papà sobre o que me disse semana passada, durante a semana toda. — contou-me. — Foi essa a razão de eu ter pedido para te entregarem o pedaço da torta de limão. É sua sobremesa favorita, não é? — assenti, olhando-a em seus olhos, vendo que não eram mais foscos. Estavam vivos. 

— Eu fiquei muito pensativo. Você não falou nada comigo por uma semana! Foi horrível não ter mais alguém para conversar, pois Júlia, Stefan e Layla ficaram ocupados, e você distante com os trabalhos, foi solitário ir ao Salão dos Homens para jogar totó e não te encontrar. — Sorriu, envergonhada, abaixando a cabeça, deslizando o indicador no topo da taça, fazendo sua unha azul claro ter um brilho a mais.

— Não sei como vai ser quando eu me casar... — suspirou profundamente, fechando os olhos, jogando devagar a cabeça para o ombro direito. — Estou sendo uma amiga negligente.

— Só precisa explicar para seu futuro marido o que me diz. Escolha alguém paciente com você. Seja seu amigo antes de amante. 

— Tem algum Selecionado em mente? — Tomou um pouco de seu champanhe.

— Ainda não... — Franzi o cenho, pensativo. Era curioso que não vi alguém assim até o atual momento da Seleção. — Talvez, você deva pedir uma nova remessa de Selecionados! — Ergui as mãos em rendição, como se eu não pudesse fazer nada, e ela gargalhou, jogando a cabeça para trás, e ouvi-la rir era impossível não rir junto. 

— Mas aí eu teria que te dispensar... — Seus risos mudaram para uma expressão pensativa, e triste, um pouco.

— É, eu sei, sou uma pessoa insubstituível. — Ela riu mais uma vez, divertida. Acompanhei Katniss na risada, de forma sincera, simplesmente porque eu já não tinha mais controle sobre meus risos.

Mudamos de assunto para músicas, e no quanto interferem no nosso humor.

— Eu simplesmente fico toda deprimida quando escuto Tears In Heaven, porque mexe com todo o meu emocional, e eu simplesmente "explodo" em lágrimas. — Ri de sua expressão, e os gestos que fazia, super triste.

— Eu fico totalmente acabado quando escuto Bubbly, porque me deixa totalmente carente e apaixonado demais. Não é bom, fere totalmente a minha aparência de forte e provedor do sustento da família que carrego. Entro em desespero ao ouvir essa música, tipo, eu fico muito emocionado, de forma inexplicável. — Ela jogou a cabeça para trás, rindo de forma que deveria ser escandalosa, como é a minha, mais ou menos, mas ela não consegue rir alto, então para demonstrar que é uma risada, começou a bater palmas, depois se inclinou um pouco para a frente novamente, batendo nas pernas.

— Seu rosto é o rosto mais gentil que eu já vi, Peeta! — Ri, apoiando meu rosto na palma da mão direita enquanto este meu mesmo braço estava sustentado pelo cotovelo. — Sério! Eu juro! É como se você fosse um anjinho, mas crescido.

— Isso é tão bom de ouvir mas ao mesmo tempo tão ofensivo! — Exclamei, rindo, e totalmente chocado com a nova descrição sobre o que eu parecia.

— Não é não! Você é forte, mas acho que quando você está no seu limite de stress, no limite da saudade, no seu limite mesmo, você abre as portas para que vejamos quem é de verdade. — falou, com um sorriso gentil no canto do rosto. Não estou incomodado com absolutamente nada, e isso é incrível. Não me sinto seguro e bem há tempos.

Ela colocou a garrafa no canto da mesa, e abriu sozinha a de vinho, mas antes de colocar nas taças maiores que as de espumante das estrelas, mas menor que a que estava com água, trouxe o queijo para o meio da mesa.

— Madge disse que temos que comer queijo primeiro, antes do vinho. — Assenti, pegando nossos pratos um pouco sujos, e coloquei em uma caixa pequena, que levaríamos de volta para o palácio depois. 

— Deixa que eu corto. — falei, e ela agradeceu com os olhos, então, fiz a pergunta que não queria calar. 

— Por que me chamou até aqui? Não foi apenas para me embebedar, foi? — Ela riu, então me olhou divertida, e outra música preencheu o ar.

Vamos dar uma de Marvin Gaye e deixar rolar

Você tem a cura que eu quero

Assim como eles dizem na música

Até o amanhecer, dê uma de Marvin Gaye e deixe rolar

Let's Marvin Gaye and get it on... — Cantarolou, dançando de leve, pegando a garrafa de vinho, colocando para mim e ela, então, comeu um pedaço do queijo, para depois dar um gole discreto na taça de vinho. Não esqueci da pergunta que fiz, mas simplesmente peguei um pedaço do queijo, e tomei um pouco do vinho, sentindo uma explosão ótima. Era como tomar fogos de artifício agora. 

Temos essa cama grande só para nós

Não temos que dividir com mais ninguém

Não fique guardando seus segredos

É um "mostre e faça" de kama sutra

Tem amor nos seus olhos

Que me puxa para mais perto

É tão sútil, eu estou em apuros

Mas eu prefiro estar em apuros com você

— Vem, eu estou incomodada sentada aqui! — falou, se levantando, e pegando sua taça, depois de colocar mais um pouco, e buscar dois palitos com várias frutas cobertas por leite condensado endurecido. — Traz a garrafa. Já peguei isso pra você. — Assenti imediatamente, buscando minha taça e a garrafa de vinho, seguindo-a para fora da casa, indo para o deck. 

Vamos dar uma de Marvin Gaye e mandar ver

Você tem a cura que eu quero

Assim como eles dizem na música

Até o amanhecer, vamos dar uma de Marvin Gaye e mandar ver

Você tem que se entregar a mim

Estou gritando misericórdia, misericórdia, por favor

Assim como eles dizem na música

Até o amanhecer, vamos dar uma de Marvin Gaye e mandar ver

Tinha alguns sininhos do lado de fora, que quando o vento batia, eles tocavam uns nos outros, deixando tudo ainda mais agradável. 

— Aqui. — ela me estendeu meu palito com frutas, pelo menos uns dez pedaços de morango com banana estavam ali, com uvas no meio. Não podia ser uma combinação melhor.

E quando você me deixa só

Eu fico como um perdido, sem um lar

Como um cão sem osso

Eu só quero você para mim

Eu tenho que te ter, amor

Tem amor nos seus olhos

Que me puxa para mais perto

É tão sútil, eu estou em apuros

Mas eu prefiro estar em apuros com você

Ficamos em silêncio, olhando para a copa das árvores, ouvindo a música.

— Sabia que eu estou escondida aqui? — falou, na metade de sua segunda taça de vinho, e eu estava no final da minha primeira ainda. As coisas estavam meio legais demais. Meus pensamentos não estavam tão alinhados, mas eu me sentia ótimo. 

— Como assim? — perguntei, finalizando o que tinha, então, enchi mais uma vez. Era bom. Estranhamente bom. Mas eu prefiro espumante. 

— Me dá essa garrafa. Acho que também prefere o champanhe. Eu não estou conseguindo pensar normalmente com isso. — Ri, mas continuei com a taça de vinho, tomando mais dois dedos da bebida.

Fiquei de bruços, colocando novamente a minha toca, até metade das minhas orelhas. Júlia brigaria comigo se meu cabelo ficasse todo embolado pela manhã, já que me acordam mais tarde para as aulas da tia Effie, fico com menos tempo para me arrumar. Como se eu me importasse com isso! Digo, me arrumar, não as aulas sobre economia e geografia, ou o trabalho de Júlia, que ameaça me bater todas as vezes que penteio meu cabelo no banho, e diz que se eu não parar de dar menos trabalho para ela quando for ajeitar meus fios, vai pedir uma ordem para que eu seja acompanhado todas as vezes que tomar banho. Parei no mesmo dia. 

Layla diz que é porque eu sou um brinquedo de arrumar que eles nunca tiveram, e não tinham muitas obrigações antes da Seleção. Não estou mais sabendo no que estou pensando. 

— Trouxe água, para inibir o álcool no sangue e... — Olhou-me divertida. — Estrelas. — Eu já havia terminado a taça de vinho, então entrei e coloquei na mesa que tinha dentro da casa, e quando sai, Katniss descia as escadas com facilidade, por ter poupado as taças e toda a formalidade, levando consigo apenas o essencial: a garrafa com estrelas cadentes. 

Desci logo atrás dela, com o cuidado redobrado com qual subi, porque eu estava sóbrio, mas não muito. Poderia errar com facilidade um degrau.

Segui-a para debaixo da árvore, vendo ela se sentar no balanço, cruzando uma perna, e passando um braço por fora da corrente, segurando a garrafa de champanhe, com outra música tocando dentro da casa acima de nós. Sentei-me ao seu lado, comendo meu palito com frutas, e com um pé, fui para a frente e para trás, sem pressa, enquanto ela deixava o vento balança-la, com os pés cruzados e juntos ajudando.

— Sério, Katniss. Por que me trouxe até aqui? — Seus olhos estavam brilhantes por causa da ausência de poluição luminosa. Era distante do palácio, um pouco. Estávamos a pelo menos um quilômetro de sua casa, mas víamos muitas estrelas. Da minha casa, eu não conseguia ver tantas delas por lá.

— Porque você é o meu único amigo. E é o único que pode me ajudar. — disse tranquila como uma nuvem em um dia de sol, apenas para gerar um pouco de conforto. 

— Em que eu posso te ajudar? — Me estendeu a garrafa d'água, que eu beberiquei um pouco, enquanto ela tomou um pouquinho do espumante.

Coloquei a garrafa d'água no chão, sobre a grama, e pedi a garrafa que estava na mão dela. Não comíamos mais nada, já tínhamos terminado, então apenas ficamos ouvindo uma boa música. Almost Is Never Enough, tenho certeza.

Eu gostaria de dizer que nós tentamos

Gostaria de culpar a vida por tudo

Talvez não estávamos certos, mas isso é uma mentira, isso é uma mentira

E podemos negar isso o quanto nós quisermos

Mas com o tempo os nossos sentimentos vão se mostrar

Porque mais cedo ou mais tarde

Nós vamos nos perguntar por quê desistimos

A verdade é que todos já sabem

Cada um de nós dois dava dois goles na garrafa, então passávamos para o outro, dizendo do que gostávamos.

— Minha comida favorita? — perguntei, sabendo que era a atual pergunta dela para mim, que me olhava com um sorriso, o mesmo que eu tinha no rosto. — Cozido de Carneiro. Ou o angu que a minha mãe faz com salchichas. — ela riu, talvez nem sabendo o que é angu, mas era uma delícia. 

Só fiquei doente três vezes em meus 18 anos de vida. A primeira com 13 anos, por causa de uma catapora que peguei em um Distrito alto, acho que no Três ou Dois, a segunda aos 16 anos, quando descobrir ter me tornado intolerante à chocolate, mais especificamente o cacau, e na semana retrasada, com urticária. Tenho alguns problemas com febre e vertigem, mas nada que minha mãe precisasse se preocupar. Pobre não fica doente, doente. Costumamos dizer que isso é para rico, de ficar de cama, tomar uma renca de remédios, ser paparicado por médicos.

— E a sua? — perguntei, com um sorriso torto para ela. — Qual é a sua comida favorita?

Quase, quase nunca é o suficiente

Tão perto de estar apaixonada

Se eu soubesse que você me queria

Do mesmo jeito que eu queria você

Então talvez nós não estaríamos em dois mundos separados

Mas bem aqui, nos braços um do outro

— Estrogonofe de carne. Ou frango. Taaanto faz, desde que seja com muuuita batata palha. Eu amo batatas. — Deu um olhar apaixonado, com um sorriso bobo, me fazendo rir alto. 

— Qual sua bebida... — Dei um gole na garrafa, que já estava no fim de seus um litro e meio. — Predileta?

— Com certeza... Esse espumante. Não poderei dizer que não sei qual o sabor das estrelas, porque bebemos juntos isso aqui. — ri, dando para ela a garrafa, e a mesma deu o último gole, colocando o recipiente no canto. 

— Eu tenho isso em comum com você, Baby. — ela riu alto, e segurou as correntes do balanço, jogando a cabeça para trás. 

— Usou meu apelido favorito. Gostei. Papà ficará com ciúmes quando souber, mas vai ficar feliz se souber como usou. 

Ficamos em silêncio por instantes, apreciando a música.

E nós quase, quase soubemos o que era o amor

Mas quase nunca é o suficiente

Se eu pudesse mudar o mundo durante a noite

Não haveriam coisas como o ''adeus''

Você ficaria bem onde você estava

E nós teríamos a chance que nós merecemos

Tente negar o quanto você quiser

Mas com o tempo nossos sentimentos vão se mostrar

— Qual o seu apelido favorito? — perguntou, baixo.

— Não sei...todos os que meus irmãos me colocaram são apaixonantes. Empadão, P, Alma Gêmea, Pepe, Chuchu. — Sem querer, eu havia dito o apelido que apenas Delly usava.

— Pepe. — Katniss disse, inocente, com um sorriso nos lábios. — Amei. Posso chama-lo assim? 

— Não! — A resposta foi imediata, e quase que ela não termina a frase. Suas bochechas começaram a ficar vermelhas, e ela se encolheu no balanço, com as mãos entre os joelhos. — Desculpa, sério, perdão. Esse apelido era o que a minha antiga namorada usava. Eu não quis te magoar. — eu nunca quero magoá-la, mas parece que é o que eu faço na frequência que mudo de roupa.

— Tá. — disse ela, simplesmente, balançando-se melhor, contraindo as pernas quando estava no ar, e esticando-as quando voltava, em um círculo vicioso, para não olhar para mim.

— Eu nunca quis te deixar com raiva de mim, muito menos com raiva. — Levantei do meu balanço, e fui para atrás dela, que deixou que eu a empurrasse levemente. Assentiu com um sorriso.

— Você me ensinaria qualquer coisa que lhe pedisse? — perguntou, indo mais alto no balanço.

— Se eu souber, claro.

— Protetor. Simpatizante. Aliado. Cúmplice. Professor. — riu de si mesma, ao ouvir sua voz. — Um amigo é bem útil, não? — Sorri, admirando seus cabelos soltos, e a sua voz serena. 

— Sim, um amigo é muito útil. Na verdade, mais importante que nossos irmãos, dependendo. Há amigo mais chegado que irmão. — Logo pensei em Layla, Stefan e Júlia. Depois, pensei em Delly. Infelizmente, pensei nela, mas a bebida fez com que o pensamento sumisse como uma nuvem solta pelo ar. Pensei em meus irmãos. São mais do que de sangue.

— Você é mais chegado à mim do que Prim. — disse baixo, mas eu ouvi. 

— Não acho que eu seja tão merecedor de sua atenção. — Parou imediatamente o balanço, unindo os pés na grama, e se levantou. 

Porque mais cedo ou mais tarde

Nós vamos nos perguntar por quê desistimos

A verdade é que todos já sabem

Quase, quase nunca é o suficiente  (Nunca é o suficiente, amor)

Tão perto de estar apaixonada (Tão perto)

Se eu soubesse que você me queria do mesmo jeito que eu queria você, amor

Então talvez nós não estaríamos em dois mundos separados

Mas bem aqui, nos braços um do outro

— Minha opinião, palavra, ordem e pensamento é lei em todo o território nacional de Panem e suas ramificações, como no México e Canadá, porém — Cruzou os braços, na frente no corpo, entre a barriga e o peito, olhando-me de forma intensa e um pouco desafiadora. — Os meus sentimentos e emoções, assim como as pessoas que considero, são válidas em todo o universo. Eu estou dizendo que você é para mim, mais próximo que a minha irmã, porque você é. Se você não parar de diminuir a si mesmo, chegará um dia que não vai sobrar nada da sua alma e espírito. Tenha um pouco orgulho de si mesmo, Peeta.

— Por que você é a minha amiga? — perguntei, e ela colocou as mãos na cintura, depois de baixar a cabeça com os olhos fechados. Então, me olhou simples, sem sua coroa, sem seus cordões, com os olhos cheios dela mesma. Gentil, sincera e misericordiosa.

— Por você ser exatamente quem você é, independentemente do que façam ou aconteça. 

Ela não ergueu a voz, muito menos sua mão, mas era como se eu tivesse ouvido um berro e um soco no rosto. Onde estão meus irmãos, meus pais, meus amigos, eu não sei. Eu estava perdido em mim mesmo, sufocado por ouvir a verdade. Às vezes, o que nos falta, é reconhecermos nossos esforços, e saber o limite. 

— Não precisa dizer nada. — Aproximou-se, com passos leves, dando a volta no balanço, e segurou meu braço com suas mãos macias. — Só mostre. — E me abraçou. 

E nós quase, quase soubemos o que era o amor

Mas quase nunca é o suficiente

Eu correspondi.

**

— Acho que agora a gente tá bêbado. — falei, rindo, segurando a quarta garrafa de espumante desde que chegamos. 

— Eu estou simplesmente me sentindo nas nuvens. — disse, se jogando para o meu colo, fechando os olhos, já que nós subimos, e nos sentamos na cama, com as costas apoiadas nos travesseiros grandes e macios como um arroz que acabou de sair da panela, aquele que não grudou nem um tantinho no fundo.

Ri mais, assim como ela. Tínhamos também uma garrafa de vinho no sangue, assim como muito açúcar. Não se tem graça de tomar estrelas e fogos de artifício sem bolo e um bom pacote de biscoitos amanteigados.

— Hm... — Sentou-se, com uma mão de um lado do meu corpo, adquirindo uma expressão mais séria. Colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Sabe a razão de eu ter mesmo te chamado aqui? 

Seu tom de voz era baixo, e o seu hálito era doce, pelos biscoitos que comemos agora pouco, bolos e frutas com leite condessado. O relógio marca duas da manhã já, mas eu não estava nada cansado. Eu estava feliz. Muito feliz.

Noop, por que? — Peguei mais um biscoito de morango, passando longe do de chocolate por estar sem meu remédio para ajudar a controlar minha alergia.

— Porque eu quero que você me ensine a beijar. — Ainda bem que eu ainda estava mastigando, pois se estivesse na minha garganta, eu engasgaria. 

— O que?! — perguntei, e o álcool não era tão forte, pois eu sentia tudo agora. Mais do que o normal.

Ela se levantou, e foi até a porta, fechando, pois esquecemos aberta, então, colocou o seu relógio novamente. Em um gesto, desligou o rádio que tocava solo de piano de alguma música bem mais antiga do que imaginávamos. 

— Katniss, eu não posso fazer esse tipo de coisa! Não é assim que acontece! — Terminei logo de comer, e fui até onde ela estava. — E por que raios você quer aprender uma coisa dessas?! 

— Você disse que me ensinaria qualquer coisa que soubesse fazer! — disse, ficando vermelha, tanto de raiva como de vergonha. — Nunca te pedi nada, Peeta! Eu não sei fazer essas coisas, ninguém conversa de forma gentil e sem maldades comigo, só você. A quem mais eu pediria? — Fiquei com meus olhos dentro dos dela, agradecendo mentalmente por termos quase a mesma altura. 

— Katniss... — eu disse, suspirando. — Não é assim que acontece. Deve ser espontâneo. Ninguém nasce sabendo alguma coisa. E eu sou o seu amigo. — Mas adoraria saber qual é o sabor do seu beijo, pensei, fechando os olhos por três segundos para dissipar esse pensamento. Não deu certo. Eu não estou totalmente sóbrio, e admito estar gostando e odiando isto ao mesmo tempo.

— Só... — suspirou, e vi que seus olhos estavam cheios de lágrimas. — Ah, esquece. — Uma lágrima caiu, fazendo-a se virar, e ir até a porta, rapidamente, chegando a abri-la, mas eu não deixei que saísse, e segurei sua cintura com uma mão, enquanto outra segurava a maçaneta, depois que bati a porta com força. 

Eu não queria que ela saísse. E queria deixar bem explícita essa parte.

— Fecha os olhos. — Pedi, levando a mão que estava na porta, para o seu rosto, e fiz um carinho em suas bochechas, fazendo ela fechar os olhos devagarzinho. A luz da Lua estava sobre nós, porque no movimento que ela fez de se virar, as luzes da casa se apagaram, por serem comandadas pelo relógio que ela tinha.

Katniss estava simplesmente linda. Ela não tinha nada em diferencial, com pintas, sardas, longos cílios, ou um cabelo ruivo, mas carregava uma áurea só dela, e eu podia enxergar por causa da bebida, é claro, e porque tudo estava calmo. Não havia títulos sobre nós. Éramos só dois adolescentes de 18 anos que quase ficaram bêbados, e um fez uma proposta irrecusável como essa que nos trouxe até o agora.

Fechei meus olhos também, nossas respirações se fundiram, mas não por muito tempo. Nossos lábios se encontraram, e foi como se o mundo parasse por alguns instantes. Meu coração acelerou, eu pude sentir, e todo o meu corpo, que estava tenso e eu nem tinha sentido, relaxou. Senti ela ficar leve em meus dedos.

Afastei-me devagar, dando uma distância mínima entre nós.

— Só segue, ok? — Assentiu quase imperceptivelmente. — Na verdade... — Inspirei o seu perfume na curva de seu pescoço. — Se permita sentir tudo. — O que você ouve? — Minha voz era um sussurro.

— Nossas respirações. — respondeu no mesmo tom, em um sussurro.

— Isso... — respondi, subindo a mão de sua cintura, escorregando para suas costas, passando a ponta de meus dedos em leves movimentos de cima para baixo, e realmente, ela estava sem sutiã, mas não que eu me importasse. 

O que está sentindo? — perguntei, no pé de seu ouvido, com meus olhos fechados, assim como ela, eu podia sentir, de tão próximos estávamos, e ainda mais que isso, conectados. Eu queria tanto beijar seu pescoço... Algo me chamava para fazer isso.

— Choque. Um choque bom. E algo diferente, que eu não sei dizer. — Sorri, então novamente colei nossos lábios, e nada dessa vez me faria interromper.

Ela estava com medo e vergonha, e nada iria sentir se continuasse tensa. 

Uma mão minha foi para sua nuca, e a outra, que estava em suas costas, a trouxe em um puxão para mais perto, fazendo-a dar um sorriso, assim como eu. Beijar sorrindo é extremamente viciante. 

Abri um pouco os lábios, só um pouco, fechando-os logo em seguida, e os abri mais uma vez. 

Diferentemente do dia da cachoeira, onde eu estava gelado e ela quente, agora nós dois dividíamos da mesma alta temperatura, estando sem os nossos sobretudos a muito tempo. Estávamos quentes, pois a noite estava esfriando, mas não a ponto de fazer chover ou recorrermos a algo para nos proteger.

Fica calma. Eu não vou te machucar. Fica calma. — eu disse, tão baixo, tão baixo, que era mais baixo um sussurro. Quase uma leitura labial, e antes que ela pudesse dizer alguma coisa, eu já não tinha mais em mente ensina-la alguma coisa, e sim fazer o que eu achava melhor, para que seja uma boa experiência para nós dois.

Puxei levemente seu lábio inferior com os meus lábios, e ela segurou minha cintura, me fazendo sorrir mais uma vez, beijando o canto de sua bochecha, perto da boca, depois a outra.

O que eu faço? — disse em um sussurro muito baixo.

— Apenas faça o que eu faço. — exigi, calmo. — O que você está sentindo?

— Meu coração está acelerado. — Sorri torto, admirando sua sinceridade. — E você?

— Exatamente o que está sentindo agora. — ela sorriu, então, toquei em suas pálpebras, para que ela fechasse os olhos novamente, e assim o fez, tremendo um pouco nos meus braços, e admito que estava um pouco nervoso também. A bebida não estava ajudando muito para fazer parar com isso, na verdade, me deixava ainda mais perceptível a tudo o que acontece a minha volta. Era tudo movo. Tudo nublado, e ao mesmo tempo, limpo como a vidraça de uma Igreja.

Nós nos beijamos de verdade.

Ela não sabia o que fazer com as mãos, então coloquei uma em meu ombro, e outra na nuca, e em menos de um milésimo percorria a ponta de seus dedos por meu pescoço, causando-me arrepios dos pés à cabeça, fazendo-a sorrir minimamente, preocupada em manter em mim essas sensações.

— Shhh, não se preocupe. — eu disse, em um tom de sussurro, mas quase se mexer a boca, e a beijei novamente.

Pedi passagem, depois de entreabrir os lábios, por cerca de quatro vezes, sentindo sua mão pequena nas minhas costas trazer-me para mais perto, e foi o que eu fiz. Ela entreabriu os lábios, então... 

Se me dissessem que eu estava nas estrelas, eu acreditaria, e não quero sair daqui. Éramos como a espuma do champanhe, prestes a derramar.

Sua língua tinha sabor de menta, mas o que prevalecia era o de vinho, as estrelas e chantilly. Isso era tão gentil... 

Apertei sua cintura, só um pouco, fazendo nos movermos enquanto nos beijávamos, de forma lenta, sem nenhuma preocupação com o que se passava. Por que pressa? Hoje o dia se passa como se houvessem apenas oito horas ao invés das 24! Temos que fazer esse tipo de coisa sem pressa. Ela jogou minha toca no chão, fazendo um som mudo no chão.

O álcool foi um acréscimo para nós nos esquecermos do mundo definitivamente, e era como se meus ouvidos não ouvissem nada além dos meus batimentos cardíacos se misturando com os dela. Não sei se estava tocando alguma música. 

Eu estou interessado e fascinado demais por esse sentimento e emoção que Katniss me causava. O mundo poderia cair agora, e eu estranhamente me sentiria a pessoa mais feliz da Terra. Era como se eu estivesse completamente... Completo. 


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Notas finais do capítulo

E.. esse foi o capítulo. Em duas partes, para ficar menor, e melhor organizado. O que acharam? Cara, na moral, tô MUITO curiosa para saber o que vocês acharam do capítulo, porque são coisas da minha cabeça, uma parte, e eu nunca vi essas coisas, sabem? Mas assim, quero que sejam muito sinceros. Por favor.
Estou a muitas horas escrevendo, perdendo tempo de sono, pois tinha que postar.
Me desculpem os erros, de verdade, mas é que eu não estou me sentindo muito bem, minha vista está ardendo e minhas aulas voltaram ontem! Estarei estudando de segunda a segunda depois do carnaval, essa festa idiota, que não tem nada pra comemorar, pois a passagem está muito cara, temos sim pelo o que protestar, mas sabem como é a pátria brasileira. Adoram uma festa.
Bom, eu vou aproveitar para dormir mais, porque eu estou com um s´rio problema com o sono, onde eu não consigo dormir de jeito nenhum, e com isso, com uma série de fatores que voltaram a acontecer novamente na minha casa, eu não posso, infelizmente, estabelecer uma data para a postagem do próximo capítulo, que aliás, eu nem comecei a escrever.
No próximo capítulo, teremos a música Jar Of Hearts. O que vai ter nele será:
— Peeta reecontrando Delly, enquanto ele e a Katniss brincavam no jardim;
— Peeta enviando cartas para a família;
— Effie sendo mãe, e Haymitch um pai;
— Encontro do Peeta e da rainha;
— Briga, uma briga muito s´ria envolvendo Cato;
— Pouca conversa entre Peeta e Delly.
Tentarei ser rápida no próximo capítulo, mas nao posso prometer, infelizmente. Talvez só em março, ou na terceira semana de Fevereiro, é muito relativo. Peço perdão por isso, de verdade, pessoal. Eu odeio demorar muito para postar...mas é que eu me perco.
Posso pedir um favor a você que vai comentar se quiser? Eu estou a proxura de um apelido carinhoso para a Delly, que a Katniss vai colocar nela, entre amigas, mas não tenho nenhum em mente. Para ser um codigo, ja que a loira não quer que a Kat conte seu nome. Eu estou aberta a sugestões. Gosto de interagir dessa forma com vocês