P.O.V Emily

Quando nos distanciamos depois do intenso e apertado abraço da Rachel, foi quando senti uma mão pesada no meu ombro, porém com uma delicadeza de quem eu já sabia quem era. Nos distanciamos devagar, porém, assim que vi o loiro com quase dois metros na minha frente, não evitei o abraço no Thor, e ele me abraçou apertado também.

—Bom te ver de novo, Lady Emily – Thor me cumprimentou cordial como sempre, do mesmo jeito que ele fazia anos atrás. Sorri quase sem conseguir respirar de novo.

—Bom te ver de novo, Thor – respondo um pouco sem fôlego, e ele notou, pois afrouxou o abraço. Nos distanciamos e percebi que Rachel abraçava a Brianna, e Loki observava tudo sorrindo, com dois passos de distância da gente.

—O que vocês estão fazendo aqui? – foi a primeira coisa que Rachel perguntou depois de abraçar a minha filha – Não que eu esteja chateada ou coisa do tipo, somente surpresa ao extremo – ela explica e rio brevemente.

—Bom... Algumas coisas...

—Estamos aqui somente para visitar Asgard e vocês – me interrompeu Brianna, e agradeci mentalmente isso a ela, pois eu sabia que eu entraria em assuntos desconfortáveis para agora. Sorri concordando com o que ela disse. Rachel concordou e Thor sorriu também.

—Chegaram hoje? – pergunta o loiro e afirmo com a cabeça.

—Faz menos de uma hora – respondo e a morena arregala os olhos puxando nós duas para o final da mesa, onde haviam várias cadeiras vazias.

—Devem estar famintas e cansadas! – disse enquanto nos puxava e tentávamos acompanhar seu passo, mas era tão rápido – Loki! Porque não as deixou descansar? Você sabe que a viagem é muito cansativa para nós! – Rachel perguntou ao moreno e nos acompanhou com as mãos por de trás das costas.

—Não culpe a ele, Rachel, iriamos jantar normalmente agora – o defendo calma me sentando ao lado do lugar onde Rachel estaria – E além do mais, nem estamos tão cansadas assim – digo e ela assente colocando o guardanapo de pano por cima do colo.

—Eu iria deixa-las comer em paz, mas você as puxou para cá – respondeu Loki se sentando ao meu lado, e Brianna na minha frente, enquanto Thor de frente para Rachel. Dois criados levaram um prato vazio e uma caneca com um tipo de bebida até Loki, pois ele estava sentado do outro lado da mesa, e agora está aqui conosco.

Rachel dá de ombros voltando a comer normalmente. Sorrio animada com esse jantar e começo a colocar comidas no meu prato, e Brianna faz o mesmo, enquanto Thor coloca um frango inteiro no seu prato e começa a come-lo.

—Desculpem o atraso – alguém pede se sentando ao lado da Rachel, vejo e é um rapaz, loiro, olhos incrivelmente azuis e com uma armadura asgardiana, parecida com a do Thor. Olho surpresa para Rachel, já adivinhando quem é, e ela confirma com a cabeça orgulhosa – Olá, sou Erick – ele nos cumprimenta se levantando e oferecendo a mão para aperta-la, sou a primeira.

—Oi, sou Emily – o cumprimento com um sorriso e ele retribui. Mas quando se vira para cumprimentar Brianna, ela simplesmente trava, o observa sem piscar, e é preciso eu bater na sua canela com os meus pequenos saltos para ela acordar, apertar a mão do rapaz e cumprimenta-lo direito. Logo uma coisa se encaixa, ambos devem ter a mesma idade e a reação da Brianna...

—Brianna Rogers – ela cumprimenta em pé com um leve sorriso nos lábios, tímida e nervosa. Sorrio de lado cutucando Rachel pelo cotovelo discretamente, ela segura um grande sorriso e eu cruzo os dedos, ela já entende o que eu quero dizer.

Os dois se sentam normalmente na mesa, e observo Brianna discretamente, aquele sorriso bobo não saía dela, e é preciso muitos goles de água para ela se acalmar. Adorei isso! E espero que Rachel me ajude a pelo menos dar uma forcinha! E espero ainda mais que Erick tenha gostado de Brianna tanto quanto ela gostou dele!

O jantar é repleto de risadas e brincadeiras. Eu contei algumas coisas que haviam acontecido depois que a Rachel havia ido embora da Terra para sempre. Ela simplesmente ficou doida ao saber que Hannah já estava na faculdade, e ficou orgulhosa pela Brianna, havia crescido tanto desde a última vez que elas se viram.

Thor me perguntou várias vezes sobre o Steve, pois eram amigos próximos na época em que foram embora, e tentei responder escondendo a mágoa. Eu sabia que Rachel ainda me conhecia bem, e se fosse para contar tudo, que fosse em particular, e não em público desse jeito.

Eu já havia terminado o meu prato a alguns poucos minutos, Loki conversou comigo enquanto eu esperava pelos demais. Combinamos que ele iria apresentar os principais pontos do castelo para que eu não me perdesse. Concordei de imediato.

Brianna terminou, e ficou mexendo com os dedos sobre o colo tímida de cabeça baixa. Sabia que aquela sua reação tinha nome, e estava a dois assentos de distância. Erick. Que conversava com o pai animadamente, mas que não comia tanto quanto ele, apesar da grande variedade e disponibilidade de comida.

Eram diferentes, Erick e Thor, e apesar do mais novo ter os mesmos olhos azuis e cabelos loiros feito ouro, eram bastante diferentes no quesito personalidade. Erick era gentil e educado, enquanto Thor era mais bruto e barulhento, não que deixasse de ser educado, mas era da maneira dele.

Outra diferença significativa era o resto da aparência. Apesar daquela armadura de prata e ouro com uma capa vermelha como o pai, em estatura é menor do que Thor, parecido até com Loki, magro porém com músculos.

Mas outra semelhança era o charme, Thor e Erick esbanjavam em charme, e aposto que isso atraiu Brianna, como atrairia qualquer garota de dezesseis anos como ela. E Rachel cochichou no meu ouvido para conversamos sobre isso amanhã de manhã no café da manhã.

Loki me avisou que poderíamos ir agora, se eu quisesse, confirmei e chamei Brianna, que despertou e logo se levantou, pedindo licença e nos acompanhando até a porta. Pisquei para Rachel já na porta que me jogou um beijo. Ri baixinho e fechei a porta.

Seguimos por um extenso corredor, e Loki contando histórias sobre alguns acontecimentos aqui do castelo, como as invasões e guerras que aqui ocorreram, e eu ouvia interessada, enquanto Brianna se distraia olhando para os quadros.

Cheguei a perguntar o porquê de não ter tantas esculturas ou quadros na sala do trono, porém nos corredores parecer mais um museu de tantas que haviam. Ele me respondeu que uma sala de trono tem que mostrar soberania e força, e que as esculturas deixavam o salão muito... Delicado para o gosto dele. Segurei o riso com a escolha da palavra.

Conhecemos mais alguns cômodos, apenas os mais próximos, como a biblioteca e o jardim sul. Ele prometeu apresentar mais alguns depois que Brianna bocejou pela primeira vez, por educação, o moreno havia cortado o passeio para que não ficasse cansativo para ela, agradeci pela gentileza.

Fomos acompanhadas até o nosso quarto, ele se despediu com um beijo delicado nas costas das nossas mãos, cada uma, e piscando para mim, sorri e ele se foi, caminhando tranquilamente até o seu quarto, que segundo ele, dois corredores a direita e um a esquerda.

Fui a primeira a tomar um banho, e foi tão relaxante quanto o primeiro. E agora, com mais calma, reparei que o banheiro era definitivamente o maior que eu já vi, era mais ou menos do tamanho do meu quarto no prédio onde eu morava em Nova Iorque.

Fiquei espantada por ter duas banheiras, e não uma só, eu sabia que era porque haviam duas pessoas no mesmo quarto, minha filha e eu, até que não é tanto exagero. As duas banheiras estavam postas uma ao lado da outra, e eu podia sentar que o meu corpo até o pescoço ficaria coberto totalmente por água e espuma, e ainda poderia esticar as pernas.

Era tudo em dobro, pias, privadas, pequenos armários de madeira rústica, toalhas e todo qualquer tipo de creme ou sabonete. Haviam diversos, quase uma loja de perfumaria inteira, outro exagero. E ainda haviam chuveiros por cima das banheiras. E até acessórios como encosto para prender na banheira e relaxar melhor.

Retirei o vestido sem qualquer tipo de dificuldade, e ele escorregou pelo meu corpo até o chão, pendurei num cabide no banheiro mesmo. Amarrei o cabelo num coque e retirei o restante das peças de roupa, entrei na água devagar, estava morna e repleta de espuma por conta dos sais de banho que coloquei.

Respirei fundo relaxada, sentindo os meus músculos quase derreterem, e minhas pernas agradeceram pelo pequeno descanso que estavam tendo. Permaneci quase todo o dia em pé, e estavam cobrando o seu preço enquanto andávamos pelo castelo.

Dei um sorrisinho bobo escorregando um pouco mais, ficando na altura do queixo. Brinquei com a água fazendo movimentos com os braços calmos e lentos. Era tão grande que quase parecia uma pequena piscina.

Ainda não acredito que eu estava aqui, em Asgard, podendo usufruir de todo o luxo que asgardianos tem, e que agora, eu também. E apesar de não querer pensar nele agora, eu gostaria muito que ele estivesse aqui podendo aproveitar tudo isso, porém, nele, o orgulho fala mais alto sempre.

Não demorei muito no banho, apenas o suficiente para quase dormir de tão cansada ali. Saí da banheira, me sequei e me envolvi numa toalha, saí do banheiro com o vestido pendurado no meu braço. Percebi que Brianna havia dormido, respirei fundo e guardei o seu vestido, que estava caído ao lado da cama. A cobri e vesti o meu pijama deitando na minha cama e dormindo de imediato.

—

O sol bateu no meu rosto, acordei bocejando sentindo meus olhos pesarem, queria dormir mais, porém, sabia que já estava tarde, e lembrei do convite da Rachel para tomar um café da manhã, e alguma coisa me diz que tenho pouco tempo para me arrumar, novamente...

Suspirei cansada me sentando na cama, esfreguei as minhas mãos no rosto tentando espantar qualquer sono, mas que foi totalmente inútil. Levantei e comecei a tentar acordar Brianna, que dormia tão pesadamente que foi difícil acordá-la, mas no fim, reclamou e acordou finalmente.

Avisei para se levantar pois iriamos tomar café da manhã com a Rachel. Abri a mala suspirando, não teria nada o que vestir. Tudo o que Brianna e eu trouxemos foi pequenas coisas, como lingeries, escova de dentes, cremes para a pele e tal, mas nada de vestidos.

Lembrei do guarda-roupa, e me perguntei se eu teria que usar aquele vestido de ontem, e mesmo aqui sendo outro mundo um pouco diferente do meu, eu sabia que aquele vestido era demais para um simples café da manhã, ou era um café da manhã de gala?

Abri o guarda-roupa sabendo que teriam aqueles dois vestidos, mas meu queixo caiu de surpresa, haviam dois vestidos realmente, porém diferentes, totalmente diferentes! Quem havia entrado aqui? Como substituíram os vestidos da noite para o dia?

Deixei aquela misteriosa pergunta de lado e escolhi entre os dois vestidos o meu, pois o outro seria de Brianna, e como fui a primeira a escolher, seria o que eu queria. O outro era bonito também, mas esse aqui... Combinava comigo.

Dourado, de corte que favorecia a minha cintura, até a altura dos joelhos, um pequeno cinto dourado na metade do vestido, um tecido transparente e dourado cobrindo o colo, e vários desenhos abstratos por todo o cumprimento dele, para acabar numa leve esvoaçante saia.

Fui ao banheiro animada para vesti-lo. Era bonito e macio, como o de ontem. E tão fácil de vesti-lo quanto aquele. Talvez porque aqui os vestidos são assim, diferentes dos de Midgard, que era necessário reservar um tempo na hora de se arrumar somente para vesti-lo.

Tomei um rápido banho, dando tempo para lavar o cabelo, e secando com a toalha, e me surpreendendo ao ver o meu cabelo tão seco e macio como se tivesse usado um secador. Sorri surpresa com os resultados e comecei a penteá-lo.

Brianna entrou no banheiro enquanto eu ainda me arrumava, e tomou seu banho pouco se importando se eu estava ali ou não, apenas reclamava por ter que acordar tão “cedo”, e reclamando que tudo ontem a deixou cansada e tal. Revirei os olhos com as suas reclamações.

Terminei quando ela terminou o banho dela, e reclamou pela quantidade de cabelo que eu havia deixado na pia, e acabei arrumando para que ela parasse de reclamar. Talvez fosse melhor deixa-la trancada no quarto por causa dessas reclamações, assim não irritaria ninguém.

Fomos juntas, e indo ao jardim sul, onde Loki havia nos mostrado ontem e onde seria o café segundo Rachel. Chegamos sem dificuldade, porém, Brianna ainda reclamava dos pequenos saltinhos que ela tinha que usar. Ela odiava usar salto alto, e a mandei calar a boca impaciente.

Encontramos o jardim, e um sol quente e aconchegante bateu na minha pele me aquecendo imediatamente, era bem melhor do que o sol que fritava a minha pele na Terra. Cumprimentamos Rachel, que tomava café sozinha numa mesa posta ao sol.

—Bom dia! – ela nos recepcionou com abraços apertados e beijos no rosto. A cumprimentei de volta com bastante carinho. Nos sentamos na mesa com uma espécie de guarda-sol nos protegendo do sol, apesar dele ser bem fraco.

—Bom dia – respondeu Brianna seca se sentando na mesa e já pegando com o pegador pequenos pães doces com recheio em cima. Revirei os olhos e pedi desculpas pela indelicadeza da minha filha.

—Está tudo bem, eu passei por essa fase, e você também – lembrou e afirmei com a cabeça risonha – Não fazem tantos anos assim, não é? Seis, sete anos talvez – chutou e neguei com a cabeça me surpreendendo pelo desatento da morena.

—Dezoito anos, Rachel – a corrigi, e ela me olhou assustada, mal acreditando que fosse tudo aquilo, mas insisti dizendo que ela havia ido embora quando Hannah tinha um ano, e hoje tem dezoito. Ela ainda não acreditava.

—Dezoito anos desde que fui embora de Midgard? – perguntou ainda com dificuldades de acreditar, afirmei com a cabeça e ela suspirou se encostando na cadeira – E os meus pais? Tem notícias deles? – perguntou preocupada e afirmei com a cabeça.

—Mandam cartões de natal para a gente até hoje. E pelo o que me lembro da última vez, estão bem morando na Suíça – respondi e ela afirmou com a cabeça agradecendo pela informação. Suspirei sabendo que ela tinha saudades da antiga família, eu a entendia perfeitamente.

—Irei com você quando voltar, irei visita-los, preciso disso, e irei levar Erick também, eles precisam conhece-lo – afirmou convicta, passando a mão pelos cabelos castanhos escuros, e revelando o grande anel de casamento no seu dedo.

—Eu sei, afinal, Erick é o único neto deles, não é? – pergunto e ela afirma com a cabeça sorrindo, e eu sabia que ela queria chorar, e por isso, a convidei para dar uma volta depois que terminássemos o café da manhã, ela aceitou sem rodeios.

Terminamos o café bem rapidamente, e Brianna foi a primeira a terminar, porém, assim que ela se levantou da cadeira, bem justamente naquela hora, parecia mais do que coincidência, mas Erick chegou bem naquele momento indo cumprimentar sua mãe.

—Bom dia mãe – ele desejou beijando a boceja dela, e logo foi a minha vez um aperto de mão – Bom dia, Emily não é? – perguntou descontraído e concordei com a cabeça apertando sua mão.

—Isso mesmo – afirmei e ele sorriu. Dei duas batidas leves com o pé no tornozelo da Rachel por baixo da mesa para avisá-la do que estava por vir, Brianna estava tão nervosa que se prestasse atenção, tremia feito um chihuahua.

—Bom dia Brianna – desejou o loiro, e minha filha suspirou discretamente retribuindo e oferecendo a mão para ele aperta-la. Porém, Erick pegou em sua mão, mas não a apertou, apenas conduziu aos lábios para beijar as costas de sua mão – Nos vemos em breve – sorriu.

Erick sorriu para nós três e se despediu rapidamente, avisando a mãe que chegaria mais tarde no almoço hoje, ela concordou e ele se foi. E assim que ele sumiu de nossas vistas, Brianna caiu sentada na cadeira respirando pesadamente.

—Eu não sabia que Erick causava um efeito tão grandes nas garotas... – comentou Rachel risonha, e pude ver na sua face um pouco de orgulho, eu sei como é, quando os garotos babavam pela Hannah a minha reação não era diferente.

—Eu não sei as outras garotas, mas na Brianna é um efeito devastador – comentei e recebi um tapa no braço vindo da mais nova. Foi o estopim para eu rir da expressão dela, assustada e envergonhada.

—Para gente, eu só fiquei nervosa! – explicou nervosa e concordei com a cabeça aceitando a sua justificativa – E além do mais, o que ele veria em mim? – pergunta cabisbaixa e reviro os olhos, e Rachel toca a minha mão piscando o olho para mim.

—Ah, então como, Thor, o Deus do Trovão, me percebeu anos atrás, Brianna? – pergunta a minha amiga, e concordo com ela – Erick te percebeu, criatura, eu acho que só você não percebeu! – disse Rachel, e quase ri da expressão de surpresa de Brianna.

—Sério mesmo? Tem certeza? – pergunta ela sorridente ao extremo, e nervosa também, pois uma de suas pernas batia freneticamente no chão. Aiai... Definitivamente, Brianna está apaixonada, e isso é ótimo!

—Claro que tenho, você viu, não é Emily? Ele lembrou o nome dela, mas não lembrou o seu – comentou ela e concordo, mas logo percebo o lado pejorativo da frase, mas que decido ignorar.

—Ele lembrou... – comentou minha filha sorridente, mas do que nunca, e se levantando correndo quase saltitando na direção de onde Erick havia ido. Meu queixo caiu com aquela reação dela, pensei que fosse ter uma completamente diferente.

—Ok... – digo baixinho estranhando o que havia acabado de acontecer – Ela foi falar com ele? – pergunto para a morena na minha frente tomando uma xícara de café tranquilamente, e ela concorda colocando a xícara delicadamente na mesa.

—Com certeza – afirmou e fiquei desacreditada, ainda não havia caído a ficha – Mas fica tranquila, Erick é um bom rapaz, nunca faria nada de mal a Brianna – Rachel tenta me tranquilizar, mas o que não é necessário.

—Fique tranquila Rachel. Erick foi educado por você, e para mim já basta – respondo e ela agradece – Bom... Agora o meu medo é Brianna fazer alguma coisa de errada – comento e a morena revira os olhos.

—Está tudo bem, ela vai se sair bem, e como ela parece não ter muita experiência, para quem você acha que ela vai pedir conselhos? – pergunta de maneira óbvia e sorrio animada com a expectativa de Brianna vir me pedir conselhos.

—Isso é bom, já que ultimamente temos estado muito afastadas – comento e a morena pede para que eu explique, mas primeiro, eu teria que contar muito, e por isso, a chamei para dar uma volta, e enquanto isso, eu contaria as coisas que aconteceram nesses últimos tempos.

O jardim era gigante, com tantas espécies de flores, plantas e árvores que era difícil ver tudo e não perder nada, e o cheiro era de natureza pura, e não como aqueles jardins em Midgard que sempre teria cheiro de poluição. Até alguns pássaros aqui havia.

O caminho a ser percorrido é uma espécie de trilha, um pouco estreita, mas o suficiente para nós duas andarmos lado a lado com conforto. E o caminho não era interrompido ou obstruído por plantas que cresceram demais, e assim temos que afasta-las, o que era ainda melhor.

Comecei a contar assim que nos levantamos, começando lá do início, apenas superficialmente, e me aprofundando em detalhes medida que nos aproximávamos do agora. E Rachel prestava o máximo de atenção, e perguntando algumas coisas, mas sempre com os ouvidos atentos.

Assim que terminei, já havia passado quase meia hora, e Rachel me escutou atentamente por meia hora, e nos sentamos num banquinho perto do final do jardim, que daria num corredor, e dali, eu poderia ir ao meu quarto.

A morena suspirou, pegou na minha mão e me abraçou apertado, sabendo o que havia acontecido comigo não foi fácil para mim. Retribui ao abraço não querendo soltá-la nunca mais, mas era preciso.

—Vocês assinaram o divórcio? – pergunta e nego com a cabeça, ela desfaz o abraço e olha nos meus olhos – Mas ainda estão juntos? – pergunta e digo que eu não sei, pois era tão confuso o que aconteceu com a gente que eu nem sei.

—Eu sei que ele ainda me ama, e eu ainda o amo, porém tanta coisa aconteceu nesses meses que eu não sei se daria certo de novo – confesso e Rachel aperta a minha mão com carinho. Sorrio de lado adorando tê-la por perto de novo.

—Quer a minha opinião? – pergunta e assinto com a cabeça ansiosa – Vocês ainda estão juntos sim, e são parte um do outro. Aquilo que aconteceu só aconteceu porque vocês não estavam juntos como era antes – explica – Você fez bem ter dado um tempo a si mesma para pensar, porém, estão há seis meses separados! E isso é muita coisa! Terminando essas duas semanas que você vai ficar aqui, você vai correr para cima do Steve e reatar tudo aquilo que vocês “terminaram”, ok? Estamos entendidas? – pergunta autoritária.

—Eu não sei Rachel... – digo receosa – Ele errou comigo, e a Brianna disse tempos atrás, e se ele fizer de novo? Eu vou ter forças para não aceita-lo de volta? – coloco as minhas dúvidas em cima da mesa. A morena concorda, sabendo que essas dúvidas são normais.

—Pelo o que você me contou, você não foi totalmente sincera com ele sobre os problemas que você estava tendo – ela lembra e abaixo a cabeça sabendo que isso foi errado, e nem tento explicar – E isso separa um casal.

—Mas foi uma série de outras...

—Não quero saber Emily! – ela me corta e sei que eu merecia aquilo, fiz muita coisa errada nesse tempo – Vocês dois estão errados e aposto que pensam que quem é o errado na história é o outro, e não a si mesmo!

—Mas a gente sabe que estamos errados, mas ele não entende que eu queria muito vir para cá – digo e ela passa a mão pelo rosto cansada – E Steve insiste que foi tudo culpa de outra pessoa, que ele estava enfeitiçado ou coisa do tipo, e não assume o que fez!

—Mas assumiu as consequências, não é? Não desistiu de você, esteve do seu lado por todos esses anos! – me lembra e um sorrisinho bobo acaba saindo dos meus lábios – Emily, Steve não é perfeito, não importa quanto ele pareça, mas ele não é! Ele comente erros!

—Eu sei disso, mas...

—E você age como se cometer erros fosse a pior coisa que ele poderia fazer! – ela me interrompe novamente – Desde que erámos adolescentes, você não mudou em nada em uma coisa: O seu orgulho! Você não consegue perdoar as pessoas facilmente por causa da porcaria do orgulho! E o pior é que o Steve ficou igual! Parece que de tanto você rejeitá-lo por causa da porcaria do orgulho, ele ficou igual! Meu deus Emily... Você tem que parar de ser assim!

—Não foi por causa do meu orgulho... – tento me defender, mas ela estava me colocando contra a parede muito facilmente. Rachel me olha de maneira duvidosa, com aquela cara “eu-sei-que-você-está-mentindo”.

—Ah é? Foi o quê então? – pergunta cruzando as pernas e os braços. Respiro nervosa e começo a bater no chão com o pé freneticamente.

—Ele me traiu! E isso é uma coisa muito grave! – tento justificar, mas ela não caí nessa, dá para ver nitidamente pela sua expressão. Suspiro sabendo que fui vencida. E ela não perde a oportunidade de colocar o argumento final.

—Já se passaram seis meses, eu acho que você é madura o suficiente de superar isso. Não importa o que você viu, o que passou, passou – lembra e concordo com as suas palavras – Vocês se amam para caramba e tem uma família linda juntos. Não jogue isso fora.