Imperdoável encantamento escrita por Jude Melody


Capítulo 7
Entre as estantes - Draco Malfoy




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Eu sinto uma pontada nas costelas quando afasto o livro de capa vermelha. Imagino meu pai cutucando meu corpo com sua bengala, exatamente como ele fazia com aquele elfo doméstico imundo. Talvez eu esteja sendo benevolente demais comigo mesmo. Se meu pai visse seu querido filho agora, certamente pensaria em feitiços ainda mais aterrorizantes do que o Avada Kedrava.

Concentro-me na pequena abertura que criei na prateleira da estante. Concentro-me na Granger. Ela está sentada em uma mesa a alguns metros de mim. Sozinha.

Meu estômago produz um ronco silencioso. Minhas mãos suam frio. Oculto em meu esconderijo, reconheço a ansiedade. Ela me domina aos poucos. Chamando-me. Seduzindo-me. Faz um convite para que eu me junte à Granger. Como se isso fosse possível! No instante em que ela olhar para mim, meu cérebro criará ordens paralelas, ordenando a meus lábios que pronunciem palavras dignas de uma reação de repulsa.

Por isso, permaneço onde estou, observando a grifinória por entre os livros de magia.

A Granger esfrega o pescoço, visivelmente cansada. A luz suave do crepúsculo ilumina seus cabelos bagunçados. Vejo a mão delicada enterrar-se naquele mar de cachos, dando suporte a uma frustração silenciosa.

Engulo em seco, sentindo minhas pernas fraquejarem. Acho que o Avada Kedrava não seria suficiente para lavar a desonra que este sentimento proibido proporciona à minha família.

O rosto dela ergue-se de súbito, voltando-se para o recanto em que estou abrigado. Seus olhos não disfarçam a surpresa. Ela está olhando diretamente para mim. Não há escapatória. Com o orgulho ferido, contorno a estante, dirigindo-me até ela.

Granger... Eu sei que isto é estranho, mas... Algumas palavras simplesmente não foram feitas para serem ditas. Perdoe-me. Eu fui um tolo. Apenas esqueça o que viu. Não vou mais lhe perturbar...

Ah. Droga!

O sorriso de deboche congela em meu rosto quando vejo os livros caídos no chão. Quando foi que eu fiz isso? Lembro-me apenas de sustentar o olhar da Granger, mergulhado em um monólogo interno humilhante. Minhas mãos moveram-se por vontade própria... ou por alguma ordem paralela de meu cérebro... Esse maldito que está sempre buscando uma nova forma de recuperar a honra da família.

Ela inspira fundo, e eu vejo suas narinas dilatarem. Está com raiva de mim. Eu sei que está com raiva. Não espero sua resposta. Apenas sigo em frente. Penso, mais uma vez, em como gostaria de viver em um mundo mais justo.


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